Backyard escrita por Tahii


Capítulo 1
Backyard


Notas iniciais do capítulo

Oie! Meu Merlin, nem eu acredito que estou traindo o movimento scorose kakakakaka Obrigada @MissA pela oportunidade!

Essa é uma one curtinha, inspirada na música Backyard Boy.

Boa leitura! ♥

♫ "Backyard Boy" [Claire Rosinkranz]
https://www.youtube.com/watch?v=biDQTcOshy8



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— Ei — James Sirius chamou, como sempre, debruçado sobre o baixo muro de tijolos à vista que demarcava o quintal da casa de Rose. Ele estava com os seus amados cachos molhados, camiseta roxa de um time de basquete cujo nome sempre fugia à mente da garota, indo para sua casa após o costumeiro treino de quinta-feira.

— Dois minutos fora do horário — ela resmungou, esticando os braços para cima num alongamento; o rosto contorcido numa careta de cansaço.

— Dois minutos distraído pensando em você.

— Ou se esquecendo de como amarra o tênis.

— Ou lembrando que você está com os meus fones de ouvido — sorriu, assistindo-a pegar os fios cor de rosa que ela mesmo lhe dera no Natal. Rose jogou os fones na direção dele.

— O lado direito está mais fraco do que o esquerdo.

— Talvez eu tenha deixado cair uma vez.

— Algumas vezes.

— Isso significa que pode me dar um novo.

— Ou que você tem que ser mais cuidadoso.

— Sou cuidadoso — concordando num murmúrio, pegou o rádio que há poucos minutos ainda tocava a música da sua nova coreografia para deixá-lo em cima da mesa da varanda coberta. — Quer dar uma volta?

— Uma ou duas?

— Duas — ela riu, negando com a cabeça. Calçou os sapatos com o auxílio do dedo indicador, e soltou o cabelo do rabo de cavalo enquanto passava pelo portão que James mantinha aberto. Recebeu um beijo na bochecha antes de iniciarem a rotineira volta.

Às terças e quintas Rose sempre ensaiava no quintal as coreografias do clube de dança; perto das seis e trinta parava, e saía para dar algumas voltas no quarteirão de sua casa junto com James Sirius, que morava no quarteirão seguinte. Por isso sempre davam duas voltas: uma em cada quadra, e se despediam no meio da rua.

— E aí? Você parece estar chata hoje — constatou ao tirar o celular do bolso. Conectou o fone de ouvido, abriu o spotify na playlist de músicas “Rose”.

— Eu e a Domi discutimos, tirei oito na prova de Biologia, meu irmão pediu para o meu pai fazer beterraba para o jantar e-

— E…? — gentilmente, pôs o fone no ouvido dela.

— E você se atrasou dois minutos. Está tudo dando errado hoje.

— Ah, sim, quem é que pede beterraba para o jantar, afinal? — era a única coisa no mundo que não agradava o dragão que morava no estômago de Rose.

— Exatamente. Poderia ser uma pizza, hoje é quinta!

— É, hoje é quinta — repetiu, bocejando. Rose riu, as orbes verdes cintilando num alvo imaginário naquela rua vazia.

James sorriu de canto, fitando-a de soslaio durante os minutos sem conversa. Não era como se ele não tivesse consciência de que poderia passar o resto da semana andando sem rumo com ela, e não era como se ela não sentisse ele lhe observando, as batidas descompassadas de seu coração surrado e bem adaptado à doses precisamente exatas e homeopáticas de adrenalina não deixavam nada encoberto.

A brisa de primavera, gelada no grau certo, parecia querer vê-la flutuando com as asas que aquela coisa estranha, que fazia seu ar faltar, parecia lhe dar — coincidentemente, todas terças e quintas-feira.

— E como foi o seu treino?

— Normal — deu ombros. — Quer dizer, acho que o Fred vai ter que engessar o braço e, pelo o que eu ouvi, a Roxanne terminou mesmo com o Lorcan.

— Lógico, a Kira beija muito melhor que ele. Muito melhor do que muita gente.

— É... Você viu o Instagram desse “muita gente”? — era um assunto meio tenso para preencher aqueles instantes efêmeros. — Todo mundo tá falando disso.

— E eu não quero saber.

— Porque já sabe — ela assentiu, cruzando os braços, e James parou de andar para encará-la. — A vida tem dessas, Rose.

— Tanto faz. Não é como se fosse uma surpresa — e realmente não era. — Quantas vezes eles voltaram? Trezentas e setenta e nove?

— Trezentas e oitenta, mas você n-

— Por que está falando do Malfoy?

— Porque você gostava dele até semana passada.

— Fazem três meses que ficamos. Não é lá grande coisa...

— Gostar de alguém é uma grande coisa. 

— Não gostava dele.

— Gostava sim.

— E você gostava da Spinnet, mas superou. Não foi?

— Foi — à muito custo, diga-se de passagem.

— E outra, eu já arrumei um crush novo.

Era para isso ser bom?, pensou ao manear a cabeça algumas vezes, fingindo considerar aquilo como algo super legal.

Atravessaram a rua quietos, olhando para os lados. Ao pisarem na calçada, Rose lhe cutucou com o cotovelo.

— Não vai perguntar quem é?

— Qualquer pessoa que te fizer esquecer ele é uma boa pessoa, independentemente de quem seja — era uma meia verdade; meia principalmente porque ele queria ser o cara e seu estômago corroía com a realidade de não ser.

— É, ele é uma boa pessoa. E muito gatinho.

— Gatinho — riu, desviando os olhos dela. — Isso é bom. A vida tem que seguir.

— Humhum — concordou, erguendo o rosto para fitá-lo. — E as suas?

— Suas o quê?

— Gatinhas.

— Zero gatinhas.

— Zero?

Os dois deram risada.

— Talvez uma.

— Uma? — ela pareceu surpresa. E animada. — Quem?

— Você deveria ser menos curiosa.

— E você mais fofoqueiro. Você vai na festa do Lorcan?

— Você vai?

— Perguntei primeiro.

— Nasci primeiro — a ruiva revirou os olhos, dando um empurrãozinho com os braços; ele voltou a fitá-la. Rose era um pouco mais baixa, e suas pupilas estavam mais dilatadas que o normal. Seu coração acelerou só de lembrar das besteiras de sua irmã sobre isso. Pendeu a cabeça para trás, será que sua pupila estava dilatada também? Será que, de fato, os olhos eram mesmo a janela da alma e a alma de Rose estava lhe dizendo que-

— Se você for eu vou — franziu o cenho ao vê-lo pegar o celular, abrir a câmera e aproximá-la do rosto. — É tão difícil aproveitar o vento sem se preocupar com o cabelo?

— Não posso deixar ele ficar com frizz — talvez se James não fosse tão bonito, os cantinhos da sua boca não pareciam tão arrebatadores quando começavam a formar um sorriso. Rose tentou respirar o mais fundo possível. — Então vamos. Quer que eu passe te pegar?

— Humhum.

— Que horas?

— A hora que quiser — mordeu os próprios lábios, pensando no desastre que seria para a sua saúde mental encontrar Scorpius Malfoy e a gatinha-secreta de James no mesmo ambiente. Duas preocupações opostas e irremediavelmente incômodas. — Podemos comer uma pizza também.

— Brócolis ou pepperoni?

— Brócolis e pepperoni.

— Pode ser — concordou, guardando o aparelho. — Mas aí não vamos na festa?

— Talvez depois — ele assentiu. — A arroba vai?

— Ela não tem certeza ainda. E o cara?

— Nada certo.

— O mercado namoratório não está fácil — comentou, parando na esquina com as mãos na cintura. — Não sei por que. Eu estou fácil.

— Isso está cheirando desespero.

— Deve ser essa sua blusa suada. Vou com você até o seu portão.

— Como pode ser tão chato e cavaleiro ao mesmo tempo?

— Sou o melhor dos dois mundos — deu ombros, guiando-os pela faixa de pedestres. — Por que não comemos uma pizza agora?

— Ótimo. Hugo que coma a beterraba. Ou podemos comer na sua casa.

— Sim, senhora — sentindo os efeitos colaterais do fim do curto passeio, James suspirou cansado, ou melhor, ligeiramente balançado. — Nos vemos daqui a pouco então. Quem liga lá?

— Você, claro. É melhor do que eu com palavras.

— Sou? — levou a mão no peito, fazendo-se de lisonjeado. Rose deu um tapa no braço dele, tirando o fone do ouvido, estendendo-o para James, que tocou sua mão para pegá-lo. — Morreu para estar gelada desse jeito?

— Você me deixa nervosa. E curiosa também.

James arqueou a sobrancelha, ficando impossivelmente mais bonito, mostrando as covinhas em suas bochechas e seus dentes claros; dava para sentir seu hálito de hortelã e, francamente, essa era a última coisa que ela deveria estar prestando atenção.

Por isso Rose sorriu, sentindo as orelhas queimarem por debaixo de seu cabelo ruivo.

— Boa tentativa — ele disse depois de um tempo, tocando seu queixo com o polegar. — Não vou dizer quem é a garota.

— Você é chato — segurou a mão grande com a sua própria, afastando-a de seu rosto, o que não o impediu de deixar um beijo em seus dedos.

— Vê se não demora porque eu estou com fome e não vou sentir remorso se comer tudo sem você — James se inclinou para dar um beijo na bochecha da garota, soltando sua mão.

Rose o viu andar de costas até a esquina, sentindo-se enfim livre para deixar seu corpo inteiro tremer em paz.

— Ah, Rose! — ele chamou, antes de atravessar a rua. — Você deveria ser menos curiosa. Acho que já deve ter ouvido que gatos costumam morrer disso!

 

Fim  

 


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Notas finais do capítulo

É isso!! Agradeço a todos que deram uma chance para esse fim de tarde jayrose [Scorpius, desculpa, meu loveeee!!!] Espero que tenham gostado!

Um grande beijo, e até mais! ♥

Tahii



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