The Death's Journey to Answers escrita por Haruyuki


Capítulo 7
Último Ato




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Quando eu acordo, me deparo com dois casais no quarto. Princesa Consorte do Império Nipônico, Madame Takemi Nishigori Toyomura, o marido dela, Príncipe Regente da Família Imperial Japonesa, Yuuki Katsuki Toyomura. O Guarda-costas do Príncipe Regente da Família Imperial Japonesa, Lorde Minato Katsuki Okukawa e sua consorte, Madame Celestine Cialdini Okukawa. Eu me assusto quando encontro Lady Viktória, mas eu me acalmo quando percebo que ela está dormindo.

Eu converso com os dois casais sobre Nippon, ou melhor, Japão e sobre a família Katsuki. Yuuki e Minato, por serem da família, sabem quem Yuuri é realmente desde o início. Como consortes, Takemi e Celestine passaram a saber sobre Hades, que contou a sua versão para eles na noite da explosão.

Lady Viktoria começa a tossir um pouco, algo que interrompe a conversa das pessoas que estão ali presentes. Eu a massageia pelas costas, a ajudando a respirar melhor e observando ela abre os olhos,e perceber que está deitada em um sofá, com sua cabeça na minha coxa e que eu estou massageando suas costas. 

"Está se sentindo melhor, minha senhorita?" Eu pergunto, inclinando o rosto para ela.

"Yuuri?" Ela pergunta, erguendo a mão e me tocando no rosto.

"Sou eu, minha senhorita. Yuuri Katsuki." Eu digo, erguendo a minha mão e segurando a mão erguida dela, a levando até minha boca para a beijar. "Eu me lembro de tudo."

"Fico feliz que esteja melhor, Senhorita Nikiforov." Ela escuta e então percebe que duas Ômegas estão sentadas em um outro sofá, e há dois Alfas as acompanhando.

"Saudações, Senhorita Viktoria. Meu nome é Yuuki Katsuki Toyomura e sou o Príncipe Regente da família imperial japonesa." O Alfa ao lado de madame Takemi se apresenta, e estende sua mão para o lado, apontando para o outro Alfa. "Ele é Lorde Minato Katsuki Okukawa, marido de madame Celestine e meu atual guarda-costas."

"Katsuki?" Viktoria pergunta, olhando deles para mim, que sorri para ela.

"Minato-san e a mãe de Yuuki são irmãos de meu pai." Eu respondo. 

"Correto." Lorde Minato diz, e Viktoria olha para ele, que cruza os braços. "Infelizmente, Yuuri foi dado como morto meses atrás, e nem mesmo Príncipe Yuuki poderia desfazer isso."

"Eu não me importo. Meu lugar agora é ao lado de lady Viktoria como Yuuki Nikiforov." Eu digo, para a surpresa de todos.

"Muito bem." Príncipe Yuuki solta um longo suspiro. 

Viktoria começa a tossir novamente, e eu franzo a testa, quando ela acaba cuspindo algo estranho no chão. 

"Espera, isso é…?" Madame Celestine pergunta, de olhos arregalados.

Uma flor?

A memória de minha Perséfone explicando sobre Hanahaki surge imediatamente na minha mente.

"Não pode ser verdade." Eu digo, tocando no rosto de Lady Viktoria com as duas mãos e a olhando nos olhos. "Você é minha Deusa?"

"Quê?" Viktoria pergunta, rouca.

"Eu não acredito que eu não percebi nada. Eu estava ao seu lado esse tempo todo e eu não percebi nada." Eu começo a me tremer, a assustando.

"Quê?" Viktoria repete, apavorada. "O que está havendo aqui?"

"Você não se lembra?" Eu pergunto, empalidecendo. "Do nosso primeiro encontro, do nosso casamento, ...da guerra?"

"Do que você está falando, Yuuri?" Ela pergunta, apavorada por me ver pela primeira vez derramar lágrimas.

Eu estou chorando. De novo.

"Existe algum jeito de quebrar a maldição dela?" Yuuri pergunta para os dois casais que assistem a cena apavorados.

"Não. Diferentemente de você, que já viveu séculos carregando as memórias da Era dos Deuses do Olimpo e de nós, que possuímos apenas o nome de quem éramos no passado, ela parece ter se esquecido de tudo. E ela vai ficar cada vez mais doente, até finalmente sucumbir a essa maldita doença." Lorde Yuuto revela para ele, que continua a chorar silenciosamente. 

"Doença?" Viktoria pergunta, e eu olho para ela, com lágrimas escorrendo de meu rosto.

"Hanahaki. As Flores que trazem a Morte." Ele diz, soluçando. "Em seus pulmões, há raízes de plantas se espalhando cada vez mais e com o tempo, diversos tipos de flores serão formadas e o seu corpo irá forçar elas para fora usando suas vias respiratórias."

"Por quê…?" 

"Você se apaixonou por mim." Yuuri abre um sorriso triste para ela, tocando gentilmente no rosto pálido dela. "Você finalmente se apaixonou por mim. Essa é a sua maldição, minha querida Deusa. E nem mesmo todo o amor que eu sinto por você pode te curar."

"Se ela continuar assim, você não terá escolha além de guiar a alma dela para o Reino dos Mortos." Príncipe Yuuki diz, olhando para Yuuri seriamente. "Shinigami-sama."

"Eu sei." 

"Por que não tenta marcar ela?" Todos olham para Madame Celestine com surpresa, não esperando ouvir aquilo dela.

"Eu não acho que deveria fazer isso com ela…" Eu começo a dizer, nas é interrompido por Viktoria. 

"Yuuri. Me faça sua." 

"Senhorita Viktoria, você tem certeza?" Yuuri pergunta, a tocando no rosto novamente. 

"Por favor. Fique perto de mim." Ela diz, tossindo. "Não me deixe sozinha."

"Eu prometi para você que estarei ao seu lado." Yuuri diz, erguendo a mão dela e beijando a aliança de casamento. "E eu cumpro as minhas promessas."

"Eu acho que não há mais nada para nós por aqui." Príncipe Yuuki diz, estendendo sua mão para sua esposa, madame Takemi.

"Eu concordo." Lorde Okukawa acompanha madame Celestine até a porta. "Eu acho… que não nos veremos novamente."

"Não. Não nessa encarnação de vocês." Eu respondo, sorrindo tristemente. "Sayonara."

Eu carrego Lady Viktoria nos braços, a depositando delicadamente no ninho dela. A Ômega tosse novamente, me abraçando e inclinando o rosto para ele, mostrando a ele todo o seu pescoço. 

"Me perdoe." Eu a mordo, a fazendo dar um grito muito alto. "Me perdoe."

Viktoria tenta dizer alguma coisa ou se mexer, mas ela não consegue. Seu corpo, fica cada vez mais pesado antes de perder a consciência nos meus braços.

"Me perdoe..." 

Eu continuo a pedir por perdão, mesmo não tendo ninguém mais para escutar a minha dor, enquanto abraço o corpo adormecido de Lady Viktoria. Isso não era para acontecer. 

Ela não deveria se apaixonar por mim.

Ela não deveria...

~x~

Durante todo o resto da viagem, Lady Viktoria ficou em seu quarto, comigo sempre ao seu lado, cuidando dela. Apesar da minha marca em seu pescoço, ela não melhora da doença. E ela sempre fica apavorada quando começa a tossir e a sentir as pétalas atravessarem sua garganta até ela cuspir no balde que eu havia arrumado para ela. E a única coisa que eu sou capaz de fazer além de ficar ao lado dela é a acalmar contando coisas sobre o meu passado. Por causa disso, ela aprende muito sobre mim.

"Você os considera como família, mas você é imortal, não é?" Viktoria pergunta, tocando no rosto dele delicadamente.

"A família Katsuki, por diversas gerações, sempre me considerou como da família. Eu era considerado como o filho de um dos deuses japonês e por causa disso, eu não podia ser capaz de morrer. Mas a situação complicou quando o príncipe Toyomura engravidou uma empregada da família Katsuki e ela deu a luz a Yuuki. Como meu pai, Toshiya, não podia deixar de atender o Rei e o Príncipe na época, eu decidi cuidar da criança, a ensinando para que estivesse pronta para ser o futuro Imperador do Japão." Eu explico, a surpreendendo.

"Me pergunto como foi ter de cuidar de um bebê." Ela comenta, dando risada da careta que eu faço.

"Foi algo um pouco complicado, pois na realidade, Yuuki possui corpo feminino. Claro que Lorde Minato, que também tem as mesmas circunstâncias, me ajudou em momentos importantes."

"Quem realmente é Lorde Minato?" 

"Lorde Minato é irmão mais novo de meu pai e atualmente é o guarda-costas do Príncipe e da Princesa Consorte, e no passado, ele foi meu professor quando eu assumi a posição de mordomo. Aliás, a esposa dele, Madame Celestino, é a embaixadora da Itália no Japão." 

Eu conto mais sobre minha família, e prometo cozinhar pratos japoneses para ela quando retornarmos para a mansão, algo que ocorrerá em questão de dias. Eu também conto sobre meu passado, na Era dos Deuses.

"Eu me apaixonei sim, quando estava visitando o Reino dos Céus, por uma Deusa. Ela tinha um belo sorriso, longos cabelos prateados e olhos azuis da cor do céu. Ela estava dançando, enquanto fazia flores surgirem ao seu redor. Mas então, eu pude perceber que havia outros deuses ali, entre eles, Eros. Quando eu vi que Eros havia colocado uma de suas flechas em seu arco, eu corri em direção a Deusa e a protegi da flecha, que acertou meu ombro esquerdo. Como as flechas de Eros estavam encantadas, eu sabia que se eu olhasse para ela, eu poderia fazer algo ruim. Eu rasguei um longo pedaço do meu roupão e coloquei uma venda nos meus olhos. Nós conversamos um pouco e eu me apresentei como Hades, Senhor do Reino dos Mortos. A Deusa então me disse seu nome, Perséfone."

"Perséfone." Viktoria repete, me interrompendo. "Eu sou Perséfone."

"Perséfone, ao perceber que eu a salvei, se ofereceu para me ajudar a ir para o Reino dos Mortos após retirar a flecha do meu ombro." Eu continuo, a abraçando enquanto usa a minha mão direita para deslizar pelos longos cabelos prateados dela. "Eu me recusei a levar ela para lá, e fui para o meu reino, não podendo imaginar que ela estava logo atrás de mim, me seguindo pelos longos corredores de meu castelo. Eu retirei a venda, e quando finalmente a encontrei ali fiquei apavorado."

Ela dá risadas leves, imaginando a cena. Logo ela começa a tossir novamente, melhorando um pouco após eu a massagear nas costas.

"Eu a levei para o lado de meu irmão mais velho, que não gostou do ocorrido. Ele e Perséfone brigaram e ela decidiu que queria ficar comigo. Ela abandonou a mãe, que ficou desesperada por não saber da filha e veio até nos com um das deusas que me servem para entrar no meu reino. Eu quase desmaio quando a vejo ali, implorando para ficar ao meu lado. Tentei fazer de tudo para que ela não comesse nada de lá, imaginando o momento que ela ia se arrepende de estar ao meu lado. Então, uma negociação foi feita com o meu irmão mais velho. Perséfone ficaria no meu reino durante 6 meses e depois ficaria o resto do ano no Reino dos Céus."

Eu abro um sorriso para Lady Viktoria, que ronrona de leve em seus braços.

"Nós nos casamos, onde ela finalmente comeu sementes de romã para poder ficar no meu Reino, e passamos décadas juntos durante o período do inverno humano. Nós éramos felizes, e amávamos um ao outro. Foi então que Perséfone decidiu usar suas flores para algo que representasse a morte. Eu as chamei de Hanahaki quando Perséfone me contou o que planejava com a doença. Hanahaki deveria se manifestar quando alguém se apaixona por outra pessoa mas que acredita não ser capaz de ser amada de volta. A cura para a doença deveria acontecer quando a pessoa amada mostrar que ama a pessoa doente, mas Perséfone não chegou a completar essa etapa."

"Eu… Perséfone se apaixonou por outro Deus." Viktoria comenta, o olhando seriamente.

"Perséfone se apaixonou por Adônis, após ser atingida por uma das flechas de Eros. Obviamente que quando percebi que minha amada esposa havia passado a data de seu retorno para o Reino dos Mortos, eu fui ao Reino dos Céus para saber o que estava acontecendo. Foi então que eu a vi e percebi que Perséfone já não era mais minha."

"E por isso você começou a Guerra." Viktoria franze a testa, percebendo que havia algo de errado comigo.

"E por isso que eu liberei Perséfone da magia que a prendia ao Reino dos Mortos." Eu abro um sorriso triste ao ver a cara de surpresa dela. "Eu não iniciei guerra nenhuma. Quando eu me dei conta, Deuses estavam se matando e meu irmão Zeus lançou usou as suas forças para destruir todos os reinos, enquanto eu usei meus poderes para garantir que os deuses reencarnem como humanos."

"Por que eu tenho essa doença?" Viktoria pergunta, se erguendo da cama de repente, voltando a tossir e cuspir mais flores.

"Isso eu não sei. Do mesmo jeito que você é a única reencarnação que não se lembra de nada." Eu digo, a fazendo arregalar os olhos. "Príncipe Yuuki, Princesa Consorte Takemi e outros conseguem se lembrar de quem eram no passado e terem algumas memórias da Era dos Deuses."

Lady Viktoria me olha, inclinando o rosto no travesseiro. 

"Ei, Yuuri. Quantas vezes você já 'me encontrou' depois da Era dos Deuses?" Ela pergunta, o pegando de surpresa.

Eu me lembro da menina de cabelos prateados chamada Viktoria que vi de relance há muitos anos atrás e abro um sorriso para ela.

"Esta é a segunda vez. Mas esta é a primeira que eu acabo me envolvendo com você diretamente." Eu respondo, pegando gentilmente na mão dela e a levando até meus lábios.

"Yuuri, eu posso te contar um segredo?" Lady Viktoria me observa afirmar com a cabeça e respira fundo, tossindo mais um pouco. "Eu estou com medo."

E com um sorriso triste no rosto, eu a abraça gentilmente, sentindo meu coração quebrar mais e mais a cada soluço vindo dela.

~x~

Em solo russo, eu não hesito e tomo providências para seguir em destino do Castelo Nikiforov ao invés da mansão. A família de Viktoria se apavora ao ver o estado dela e não hesita em pôr a culpa em mim, que aceito em silêncio. Com o tempo, eles percebem que é errado cumprem alguém que cuida de Viktoria o tempo inteiro, inclusive quando se trata de limpar as flores que se tornam cada vez maiores com o tempo, enquanto eles abandonaram Viktoria naquela mansão por causa das regras da sociedade. 

E em uma noite chuvosa da primavera, mesmo com os cuidados de Asclépius, Madame Viktoria Romanova Nikiforova adormece nos braços de seu amado, para não mais acordar na manhã seguinte. Eu percebo que a alma dela novamente está ligada a minha e decido não fazer nada dessa vez, pois assim poderei a encontrar com mais facilidade.

Para a minha surpresa, eu e Cerberus, que insisto em chamar de Vicchan na forma de cachorrinho, somos seguidos por Makkachin.

“Ei garota, qual é o problema?” Eu pergunto, fazendo carinho nela. “Voce… quer ficar conosco?”

Makkachin late, bastante animada. Considerando isso uma afirmação dela, eu conecto a ela a minha Linha de Magia, dando a ela a imortalidade.

...

"Está na hora de desaparecer, Lorde Hades."

"Obrigado, Asclépio." Yuuri diz, limpando as marcas de lágrimas com os dedos da mão esquerda. "Ou melhor, Cao Bin-san."

E com ele, viajo para o Império da China e outras nações pela Rota da Seda, até finalmente sentir que minha Deusa encarnou. Montado em Cerberus com Makkachin no colo, nós viajamos em direção do Império da Rússia. Onde eu fico a observar a criança que carrega a alma de minha deusa.


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