The Death's Journey to Answers escrita por Haruyuki


Capítulo 1
Ato 1




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Já faz alguns dias desde que eu despertei de meu sono, assustado ao perceber que, embora esteja na presença de Dioniso, Ariadne e Semele encarnados na família Katsuki, na verdade estou frente em frente com pessoas diferentes e bem mais jovens deles.

Hiroko na verdade se chama Hiroto Katsuki e é um Alfa. Toshiya, por sua vez, é uma Ômega chamada Toshiko e a filha deles é uma menina chamada Yuki, escrito do mesmo jeito que o nome que me foi dado antes de ter adormecido por séculos. Ao que parece, a família Katsuki passou a proteger minha existência durante todos esses anos e eu, graças a existência de escritas deixadas pelos Katsukis que me acolheram no passado em grego, passo a entender um pouco e, com o tempo, aprendi com eles sobre a língua, os costumes e a história deste estranho local.

Eu estou na Província de Hizen e no ano de 1248, vivendo em meio ao Kamakura Bakufu em Nippon.

Antes do estabelecimento do Kamakura Bakufu, o poder civil no Japão era majoritariamente gerido pelos imperadores e seus regentes, com ações da corte imperial e clãs aristocráticos que nela disputavam. Ocorriam disputas diárias por demarcação das terras e por posse do poder. O governo central imperial era distante, onde o imperador tinha representatividade mais divina que política. Como consequência os senhores de terras (daimyô) criaram pequenos exércitos particulares para defender seus feudos (han), ou para saquear às terras vizinhas, formados por samurais, treinados na arte da luta de espadas, que garantiam a ordem interna e resolviam algumas questões administrativas.

Ao longo dos anos, os samurais foram ganhando espaço e, no século X foi oficializado o termo "samurai", e este ganhou novas funções, como a militar na corte imperial. Quando, há muito tempo atrás, o samurai Yoritomo Minamoto tornou-se o primeiro general (xogum), um militar nomeado para cuidar da administração e da segurança do país. O cargo de xogum era vitalício e hereditário e podia ser conquistado pela força, desde que o imperador aprovasse a família vencedora. Por causa disso, a classe samurai foi oficialmente reconhecida como casta social. Que passou a ocupar o topo da hierarquia social japonesa, embora não fosse a mais rica, havia poucos samurais abastados.

Assuntos militares foram manipulados sob os auspícios do governo civil. Quando o clã Minamoto (Genji) combateu o clã Taira (Heike) na Guerra Civil Genpei (final da era Heian). Esta iniciou quando os Minamoto apoiaram um candidato ao trono imperial diferente dos Taira, que foram vencidos na batalha naval de Dan-no-ura, colocando os samurais no poder. Então, os Minamoto estabelecem um governo militar, com sede na cidade de Kamakura, iniciando o Período Kamakura ou Xogunato Kamakura, liderados por Minamoto no Yoritomo, que limitou os poderes da aristocracia.

~x~

"Hiroto-san." Eu digo, olhando seriamente para o Alfa enquanto ele me ensina a colher arroz. "Ninguém tem estranhado a minha presença por aqui?"

"Ah, não." Ele dá risadas, algo que me surpreende. "Para outras pessoas, você é irmão mais novo de Toshiko e está aqui para se recuperar de uma doença."

"Oh." Eu apenas afirmo com a cabeça, me perguntando se está tudo bem em não ajudar ainda mais aquela família.

Para a minha alegria, a resposta veio naquele mesmo dia. Observando Hiroto-san tocar para nós um instrumento de cordas com o corpo gargalo curto, com trastos de alaúde. 

"Você pode me ensinar?" Eu pergunto para o Alfa, que me olha o surpresa.

"Ensinar o que?" Ele pergunta, inclinando o rosto.

"A tocar um Biwa." Eu respondo, a vendo arregalar os olhos.

"Eu não acho que devo fazer isso." Ela diz, fazendo careta para mim. "Você pretende ser um Biwa Hoshi?".

"Não, eu irei usar para cantar." Eu digo, e ela se vê aceitando meu pedido após eu mostrar que sou mesmo capaz de cantar bem.

Ele me ensina a tocar, e se assusta quando não só eu aprendo a tocar naquele mesmo dia como também passo a cantar para a família Katsuki.

Eu não quero saber de mais nada

Sem você aqui, não há mais sentido

Eu só posso continuar seguindo

Até o dia em que te verei de novo

Eu sei, eu nunca disse de verdade

O que realmente sentia antes de partir

Porque eu acreditava que era o certo

E vi que me olhavas diferente de antes

Eu sinto a sua falta, estou perdido

Eu sinto a sua falta, estou sozinho

Eu sinto a sua falta, agora e sempre

A dor de esperar é muito sufocante

Eu não quero saber de mais nada

Sem você aqui, apenas sigo em frente

Nada possui mais significado por aqui

Mas ainda sim preciso seguir em frente

Existem pessoas que precisam de mim

Existem pessoas que me dão muita força

Para que eu possa olhar por céu, sorrir

E agradecer por ter te conhecido

~x~

Desde então, eu passo a tocar e a cantar usando roupas que escondem parte da minha cabeça em locais públicos, fingindo ser um Biwa Hoshi. Eu dou boa parte do dinheiro que recebo para a família Katsuki e junto o resto para eu usar no futuro.

Além disso, Hiroto-san e Toshiko-san vem me ensinando a cozinhar e a usar uma Katana para me defender. Os anos se passam e com eles eu passo a perceber cada vez mais a força causada pelos poderes de outros deuses olimpianos.

Eu solto um longo suspiro, tomando a séria decisão. Está na hora de procurar por respostas e principalmente pelos motivos que levaram meus irmãos Zeus e Poseidon terem atacado meu reino tão bruscamente.

"Você vai mesmo embora?" Yuki-chan pergunta, me abraçando com força e chorando.

"Eu preciso ir, Yuki-chan." Eu digo, me agachando e a acariciando na cabeça.

"Volta logo, tá?" Ela pede, mas eu não digo mais nada porque eu não sei se poderei ser capaz de voltar durante a vida atual deles.

Hiroto-san e Toshiko-san, que estão cientes disso, também se despedem de mim. Eu, carregando um biwa, uma katana e uma bolsa com coisas pessoais - e o meu elmo - amarrada em uma vara, dou início a minha jornada. E Cerberus, que insiste em permanecer na forma de um pequeno cachorro peludo marrom, me acompanha fielmente.

~x~

Quando chego na divisa com a Província de Chikuzen, me vejo observando com um sorriso triste no rosto, que as ruas a praça estão decoradas com grandes ramos de bambu ornamentados por enfeites de papel colorido que simbolizam as estrelas; e vários tanzaku, pequenos pedaços de papel onde as pessoas colocam seus pedidos, estão pendurados nesses bambus, prontos para o Tanabata Matsuri.

Segundo a lenda nipônica, Há muito tempo, de acordo com uma antiga lenda, morava próximo da galáxia uma linda princesa chamada Orihime, a "Princesa Tecelã".

Certo dia Tentei, o "Senhor Celestial", pai da moça, apresentou-lhe um jovem e belo rapaz, Kengyu, o "Pastor do Gado" (também nomeado Hikoboshi), acreditando que este fosse o par ideal para ela. Os dois se apaixonaram fulminantemente. A partir de então, a vida de ambos girava apenas em torno do belo romance, deixando de lado suas tarefas e obrigações diárias. Indignado com a falta de responsabilidade do jovem casal, o pai de Orihime decidiu separar os dois, obrigando-os a morar em lados opostos da Via-Láctea.

A separação trouxe muito sofrimento e tristeza para Orihime. Sentindo o pesar de sua filha, seu pai resolveu permitir que o jovem casal se encontrasse, porém somente uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar, desde que cumprissem sua ordem de atender todos os pedidos vindos da Terra nesta data.

Fico a pensar na ironia dessa lenda, porque chega a lembrar um pouco minha história como Hades e com Perséfone. Eu desfaço o sorriso, passando a relembrar desde o momento que eu a encontrei pela primeira vez até o momento que a vi dizendo que ama outro homem.

Eu, com a testa franzida, percebo que poderia haver uma explicação para a mudança de comportamento de Perséfone, se Afrodite ou Eros fossem envolvidos. Infelizmente, eu não sou capaz de encontrar os outros tão facilmente. Por isso mesmo que eu devo seguir em frente, mesmo não sabendo o que irei encontrar pela frente. 

"Será que eu devo…" Eu começo a perguntar, mas já pegando um tanzaku e escrevendo o meu desejo nele com um pincel sujo de tinta preta, o pendurando em um dos bambus.

[Encontrar Perséfone]

Aproveitando o festival para adquirir mais dinheiro, passo a tocar meu biwa para as pessoas ali presentes, que param para me escutar cantando. 

Me curvo ao terminar, recebendo aplausos e moedas. 

"Ei, bonitão." Eu escuto e me viro, olhando para duas mulheres usando kimonos chiques que eu notei terem parado para me escutar desde o início. "Não gostaria de passar a noite conosco?"

Eu inclino o rosto, dando de ombros. Eu recolho as minhas coisas, sussurrando algo para Cerberus e me aproximo das moças, que percebo ser cortesãs. 

Eu as sigo até uma Izakaya, onde elas me servem saquê e comida. Enquanto eu as vejo dançar para mim, eu me vejo elogiando a beleza daquelas mulheres, mas isso não me faz ter nenhum interesse por elas. Eu as acompanho pelas ruas, dando dinheiro e agradecendo pela companhia delas naquela noite, e sigo minha jornada para o norte com Cerberus, que deixa de ser um grande cão de três cabeças invisível para os olhos normais e se torna um pequeno cachorro de pelo marrom, rumo a província de Chikuzen.

Meu destino? O porto de Hakata, onde Toshiko-san havia me dito que eu poderia encontrar informações e transporte para Kyoto.


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