Too Late escrita por ro_dollores


Capítulo 13
Capitulo 13




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Com os horários todos descontrolados, Grissom estava sempre à espreita notando, quando não estavam em sintonia sobre alguma prova, que ela continuava a profissional dedicada e extraordinária de sempre.

Ele a viu sair com Calebe assim que foi pegar seu carro no estacionamento. Ela parecia tão feliz! Suspirando, sentiu o amargo gosto de seu próprio veneno. Poderia estar no lugar dele, se tivesse dado uma chance a ela, uma chance aos dois. Poderia ser ele a levando para almoços e jantares, se deitando com ela, acordando ao seu lado, beijando sua boca, invadindo seu corpo. Deus, ele a amava mais que tudo! Ele sabia, desde  sempre, apenas tinha medo de admitir!

“Hei … você está bem?” 

Catherine já havia saído e ele foi pego de surpresa, talvez tivesse esquecido algo.

Ele tinha uma lágrima descendo pelo rosto que tratou de disfarçar o máximo que pode, e era nítido pela expressão dela que não havia sido convincente.

“Claro que sim … você voltou?”

“É … pegar meu … carro.” - Ele não tinha sequer reparado que o veículo estava a menos de dois metros do seu e pelo pacote em suas mãos, deveria ter ido ao Frank’s.

Pronto! Ele preferia que ela abrisse a boca e perguntasse tudo o que queria, sentiu falta da maldita curiosidade que ela sempre tinha, pois assumir o silêncio com aquela expressão acusadora tinha sido o pior dos mundos para ele.

O final de semana tinha sido trabalho e mais trabalho e ela precisava de um tempo para algumas coisas que não havia mais como adiar. 

A consulta ao seu ginecologista marcada há quase três semanas atrás e remarcada para aquela segunda feira, no primeiro horário da manhã, era uma delas.

Depois de saber que tudo estava bem,  estava dirigindo ao supermercado para reabastecer sua geladeira completamente vazia, o que também era prioridade, quando recebeu uma ligação de Calebe.

“Oi Sara!” 

Ele parecia sério, pode notar em apenas duas palavras dele.

“Oi …Calebe!”

“Está tudo bem com você?”

“Sim … tudo bem … minha consulta foi ótima.”

Ele pareceu surpreso com a resposta, mais uma vez ela achou que ele estava estranho, pois parecia não se lembrar que ela tinha tirado a manhã de folga.

“Ah … sua consulta … ainda não foi ao laboratório?”

“Eu … tirei esta manhã de folga … estou indo ao … o que há, Calebe? Parece tão sério!”

“Oh … estou sentindo sua falta, querida!” 

Ele não estava daquele jeito no dia anterior, além do mais, na sexta feira estiveram muito juntos, havia demorado até um tanto mais para voltar ao trabalho! 

“Sei … precisa de alguma coisa?”

“Apenas ouvir a sua voz …”

Com toda sua experiência em comportamento, era fácil reconhecer que ele não estava bem.

“Calebe … eu não posso aceitar que esteja tudo bem, venho notando diferença em seu comportamento....”

“Não Sara … acho que estou um pouco saudoso, preocupado com seu trabalho, este caso está drenando você!”

“A questão não sou eu, e também não é exatamente meu trabalho!”

Ele estava num impasse com os acontecimentos da última hora, com a visita da melhor amiga de Sasha. A iminência de sua namorada se envolver com o que acabara de acontecer era imensa e o futuro se tornou incerto e assustador. O segredo muito bem guardado parecia estar estampado em sua testa cada vez que seu coração batia mais forte. Estava tendo crises de pânico a cada minuto.

“Você está enganada!”

“Vamos conversar, Calebe … ainda tenho algumas horas antes de voltar …”

“Conversar? Por favor, acredite em mim …” - seu coração adoeceu de mentir daquela forma, mas nem em outras vidas contaria a verdade, o medo de perder tinha alterado até sua personalidade nos últimos dias. De um cara sincero ao extremo para um sujeito dissimulado capaz de qualquer coisa para não perder o amor dela! Agora entendia muita coisa que nunca aceitou! - “Está tudo bem sim, eu … gostaria de te ver mas estou fora da cidade em um fornecedor.”

“Ok!” - Ela não deu tempo para ele dizer mais nada e desligou. Se era assim que queria, então ela o deixaria com suas atitudes estranhas, se parasse de insistir talvez se sentisse compelido a abrir o jogo com ela.

Sara ouviu o telefone assim que desligou o chuveiro e, ao sair apressada acabou batendo seu dedinho na quina do corredor. Afobada e amaldiçoando até a próxima geração, ela pegou o aparelho e viu o nome de Ross.

“Oi Ross …” 

“Oi Sara … parece cansada, estava correndo?”

“Mais ou menos … acabei que bater meu dedinho …”

“Ai … isso dói muito … você está bem?”

“Sim … bem ….”

“Eu … preciso que venha para o laboratório, aconteceu um sequestro em uma loja de materiais de construção, acho que é nosso homem … ou mulher!”

“Já chego aí …”

“Pode nos dizer precisamente há quanto tempo aconteceu?”

“Há menos de uma hora, eu pedi à ela para ir até o depósito do outro lado da rua, vamos organizar nosso feirão do mês, montamos os materiais no …. estacionamento - de repente ele não conseguiu mais falar. - “… Meu Deus … onde você está, minha filha?”

“Senhor … se acalme e nos conte os detalhes, por favor … queremos ajudar.”

De repente um carro parou quase em cima deles, uma mulher em prantos desceu, gritando o nome da filha!

“Onde está Sasha, James? O que aconteceu? Kenny acabou de me ligar …”

“Eu não sei querida … eu … mal consigo parar em pé ... “

A mulher se abraçou a ele, chorando convulsivamente em seu peito.

Com muito esforço e paciência, Sara conseguiu descobrir que Kenny era um funcionário que poderia ser apaixonado por ela, estava em total desespero, e também entender que um carro com vidros escuros, que mais parecia um carro fúnebre, o que os deixou com a certeza de ser o assassino, parou no meio da rua, abriu a porta do passageiro e, conforme testemunhas, deveria ter perguntado algo que fez com que Sasha se abaixasse para responder, ela foi puxada com toda força e o veículo arrancou cantando os pneus com a porta aberta, virando imediatamente a esquina e sumindo das vistas de todos. 

“Você acha que uma mulher teria toda essa força para mantê-la presa dentro do carro e sair em disparada?”

“Eu não sei Grissom … mas veja, porque um homem seria adepto a essa seita … a não ser que ...que … e se fosse realmente um homem, mas …”

“Impossibilitado de ser o que gostaria? Por algum motivo … que sabemos, pode ter muitas variáveis possíveis … preconceito … família muito religiosa … desajuste emocional ...”

“Temos menos de vinte e quatro horas, quantas pontes abandonadas … antigas … acha que pode ter neste perímetro?”

“Podemos pedir aos meninos que façam uma busca … mas, temos que antecipar os passos dele … a ponte seria o ato derradeiro, são deixadas já sem vida!

Sara mordeu o lábio e olhou ao redor.

“Pense Sara … pense … pense garota ….”

Ela viu Ross no telefone, adiantando as ordens para procurarem pontes em todo o entorno.

“Podemos usar um drone para procurarmos cabanas, lugares abandonados … acho que estou tendo um … palpite …”

Sara começou a rir em meio ao estresse daquele momento.

“Palpite … pelo amor os céus … Grissom”

Ross tocou em seu braço a interrompendo.

“Vamos ouvir …”

“Ah … claro, com toda certeza quero ouvir … mas não vou atribuir a palpite …você está acima disso.”

“Não Sara … em um caso não descarto absolutamente nada … já fui ajudado por um vidente!” - Ross sorriu para ela quando dois olhos arregalados o mediu. - “Vamos lá … desabafe, homem!”

Grissom parecia muito concentrado em seus próprios pensamentos.

“De todas as vítimas apenas  três  foram descartadas com quase todo seu sangue drenado,  há um  lapso de tempo.” - Ele consultou seu telefone, piscando nervosamente diversas vezes. 

“A cada trinta dias … praticamente.”

“Isso nos remete a …”

“Fases da lua …” - Sara terminou a frase de Grissom, deixando Ross abobalhado. 

“Sabemos que o ciclo completo de todas elas duram vinte e nove dias e meio, ou seja, esse é o …”

“Tempo que demora para a mesma fase acontecer novamente.” - Sara mais uma vez completou Grissom. - “Espere … no livro Without Control, eles mencionam o sacrifício a cento e oitenta graus, que quer dizer …”

“O momento em que o Sol e a Lua estão de lados opostos, é o ângulo da lua cheia!”

“Esta noite teremos lua cheia?”

“Sim Sara, exatamente às vinte e uma horas e cinco minutos!”

O que era aqueles dois, que sintonia fantástica era aquela? Ross estava maravilhado.

“Ele precisa de um lugar que esteja perto, não acredito que vá percorrer quilômetros para desovar um futuro corpo. Que isso não aconteça com a pobre moça. Vou ligar novamente no laboratório, ver o que a Catherine conseguiu!”

“Oi Eloise … encontraram a Sasha? Ligaram para a polícia?” - Calebe estava nervoso além da conta.

“Eu … consegui mais detalhes, Calebe. Fiquei tão desesperada que ela pudesse estar com você que não pensei na brilhante ideia de falar com os pais dela. Temos uma amiga em comum que disse apenas que ela estava desaparecida. Ela foi sequestrada! Estão dizendo que pode ser um serial killer, assombrando há meses nossa região!”

“O quê? Como assim?”

“Fui falar com os pais dela agora, há uma equipe de cientistas forenses apoiando a família, vi seus coletes, eu … acho que que sua namorada pode estar entre eles!”

Como Sasha havia sido sequestrada? Por Deus, ele estava apavorado de verdade. Quando Eloise o procurou, tinha sido apenas uma suspeita leve, que o deixou em alerta mas não tão preocupado com o fato em si e sim no que resultaria se envolvessem realmente a polícia. Ela contou que sabia de tudo sobre o vida da amiga. Contou da paixão desde a adolescência por ele, das mudanças em seu visual, dos namorados que nunca deram certo porque ela não conseguia amar ninguém. E agora as coisas estavam naquele patamar terrível.

Eloise sabia de todos os detalhes dele, desde sempre, e Sara também estava no meio de todo seu conhecimento. Ela confessou que Sasha sabia que ele amava a CSI.

“Eu não sei Calebe se consigo ficar parada só esperando as coisas aconteceram, vou ficar com os pais dela. Qualquer novidade, eu aviso.”

Calebe usou sua imaginação extraordinária para chegar a um fato interessante. Se caso eles tivessem um suspeito, com toda certeza investigariam seus amigos, os dias próximos que antecederam seu sumiço ou algo do gênero. Além de se preocupar com Sasha, já que na verdade até gostava dela, ele deveria se preocupar também que Sara pudesse descobrir … NÃO!

Estavam todos reunidos no escritório da empresa de Sasha, enquanto Ross estava do lado de fora falando efusivamente com os meninos e Catherine. Eles estavam vasculhando algo que pudesse descartar ser o serial, ou que levasse a outras pistas, quando Grissom tentou puxar uma gaveta que estava trancada,

“Alguém saberia me dizer onde encontro a chave?” 

Os pais de Sasha se entreolharam, a amiga abaixou a cabeça, torcendo as mãos imediatamente.

“Há algo que não podemos saber?”

“É que … ela sempre manteve fechada, sempre nos diz que são segredos que não interessam a ninguém!”

“Nós precisamos saber os segredos dela, infelizmente!” - Sara não estava ali para brincadeiras, e por mais que não quisesse estava achando estranho a amiga da vítima que acabara de chegar, a encarando como se a conhecesse.

“Pode arrombar a gaveta, senhora, eu autorizo!”

Foi então que Grissom forçou com um abridor de cartas em metal e paralisou.

Suas mãos seguraram firme as bordas da gaveta e ele não ousou olhar para Sara, antes que as batidas de seu coração se acalmassem. 

“Grissom?” - Sara se aproximou assim como Eloise, que recebeu um olhar de soslaio como se ela dissesse para a garota voltar ao seu lugar. - “Alguma coisa interessante?”

Ele endireitou seu corpo e deu um pequeno passo para trás lentamente.

O coração de Sara quase parou.

Era uma foto de Sasha, talvez uma selfie que ela imprimiu, sorrindo, deitada na cama com um lençol cobrindo seu corpo, os ombros nus, ao lado de um homem dormindo, os cabelos desgrenhados e … ruivos! 

‘Calebe?”


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