Pov Ian:
Eu não podia acreditar que tinha esquecido tanta coisa. Dia 1 de Marco de 2011, segunda-feira. Eu me lembrei de tudo. Não me pergunte como eu só...Do nada eu não lembrava de nada e no segundo seguinte todas as memórias me atingiram como um grande tsunami destruindo uma cidade. Eu não sabia se tinha me lembrado de tudo mesmo...Mas eu lembrava de uma pessoa muito especial e muito importante pra mim e precisávamos conversar. Encontrei a Amy no planetário, observando um holograma que cobria todo o teto com estrelas, galáxias, constelações e etc. Natalie(vou conversar com ela depois)também gostava de fazer aquilo. Ela dizia que parecia glitter.

—O-Oi I-Ian.

Ela agia como na primeira vez em que nos conhecemos. Gaguejando e ficando vermelha. Porque quando eu perdi a memória meio que eu não lembrava que éramos namorados então...Meio que não éramos...

—Voce continua adorável.-Digo sorrindo.

—V-Voce...Se...Se lembra de...

—De você...De algo que eu nunca deveria ter esquecido? É claro que me lembro. E você tem permissão pra me matar se eu esquecer da minha adorável Amy Hope Cahill de novo.

—Amo quando você diz adorável.

—Amo cada parte de você.

Eu chego mais perto e a beijo. Ela retribui. Eu senti naquele beijo toda a falta que eu senti internamente dela sem saber, foi posta pra fora. Eu precisava da Amy.

—Então nos voltamos?-Pergunto.

—Bobo. A gente nunca terminou.-Ela responde.

Depois disso achei a Natalie no telhado.

—Oi.

—Oi.

Tínhamos essa mania de ir para o telhado. Apesar de o clima de Londres ser sempre incrivelmente nublado, dava para ver o por do sol na direção das campinas, perto da floresta.

—Eu...

—Voce se lembra? É eu sei.

—Como você sabe?

—Eu sou a Natalie Kabra. Estou em todo lugar. Sou os olhos que tudo vê e os ouvidos que tudo ouvem.

—É...Claro que é...Posso...Te fazer uma pergunta?

—Claro.

—Eu...Algumas coisas...Eu só me lembro vagamente delas...Tive uns sonhos esquisitos...Com gritos...E choros...E...Nossos pais?

—Bom...Nosso pai está...Morto...E nossa mãe...Voce acreditaria se eu te dissesse que ela é uma psicopata assassina maluca obcecada com o poder e sanguinária que nos torturava?

—Parece...Meio...Improvável...Quer dizer...Toda a mãe ama seu filho...

—Nao a Isabel. Ela nos odeia.

—Serio?

—Sim...

—Ela não pode ser tão ruim assim...

—Voce é imune a arsênico.

—Que?

—Isabel. Ela colocava arsênico na sua comida e isso fez voce ser imune. Mas isso custou caro.

—Como assim.

—Voce sempre ficava doente.

—Com...Que frequência isso acontecia?

—Isabel? Ah ela colocava arsênico na sua comida todo dia.

—Nao...Eu quis dizer...Com que frequência eu ficava doente...

—Bom...Arsênico é forte...E como ela te dava em uma quantidade sub-letal...Voce ia ficando doente a cada semana e aí...As doenças foram diminuindo até que paravam completamente...

—Eu...Sei que pertenço ou clã Lucian os "viciados" em veneno mas o que esse faz mesmo? Não me lembro de tudo o que eu deveria lembrar ainda acho...

—Voce vai lembrar com o tempo...Mas resumindo...É diferente com cada pessoa e com cada dose mas você vomitava sangue, tinha dores abdominais, convulsões, problemas cardiovasculares, inflamação no fígado e nos rins e anormalidades na coagulação do sangue. Acho que esses são os básicos. Não me lembro se tem mais. Mas...Agora você acredita em mim sobre a Isabel ou eu tenho que falar das nossas...Agradáveis tardes na sala de tortura?

—Acho...Que é melhor não...

—Tambem acho...Sabe...Eu também tinha perdido a memória. Não do mesmo jeito. Mas...Eu me perdi de mim mesma. E por causa da Sophie eu consegui me encontrar de novo...Voce...Se lembra da Sophie?

—Lembro. Nossa melhor amiga.

—MINHA melhor amiga.

—Tanto faz sua ciumenta egoista.

—Sou mesmo. Atura ou surta.

—Eu já deveria ter surtado a muito tempo com uma mãe que nem a Isabel.

—É...Eu também. Sabe Ian...Voce...É a pessoa mais esperta que eu conheço...

—Obrigada...Mas porque?

—Voce é um espião incrível. Sempre tem uma estratégia na ponta da língua e...Eu Espero que se lembre de tudo logo porque...Eu não consigo fazer tudo sozinha...Nao consigo suportar...A ideia de perder você.

—Eu...Tambem nao maninha. E você é a pessoa mais esperta que eu conheço. Sempre tem um plano B na cabeça. Não se preocupe com a Isabel...Vamos passar por isso. Vamos enfrentar isso juntos e vai passar...Alias...Pra onde você estava saindo sempre enquanto eu estava sem memória hein senhorita Natalie?

—Não posso te contar...É um segredo. Mas eu juro que não é um lugar perigoso.

Olho nos olhos dela. Dava para ver que estava falando a verdade. Resolvi não tocar mais naquele assunto. Apenas a abraço e ficamos ali por mais um tempo. Em silêncio. Apenas aproveitando a companhia um do outro...Mas o dia de amanhã seria bem turbulento...