Pov Sophie:
Depois de correr atrás do cara sem sucesso eu puxo a Nat para a pequena mansão que estávamos ficando na região de Troms(que comparada com outras mansões dos Kabra é pequena).

—Natalie o que aconteceu lá?-Pergunto.

—Eu pergunto o mesmo. Você ganhou teletransporte? Como apareceu lá?

—Eu ia ver se você e o Dan queriam chocolate quente!!

—Eu quero, obrigada. Tem açúcar não tem? E você esquentou na temperatura certa? Porque se não...

—Nao tenta mudar de assunto. Você e o Dan estavam se beijando, eu vi!!

—Eu sei o que você pensa que viu mas a gente não estava se beijando. A gente estava jogando um jogo. Chamado Guerra de Línguas. É tipo Luta de Dedões só que com a língua. Eu sou muito boa inclusive se você quiser jogar comigo...Ja vou logo avisando você vai perder. Mas vamos lá. Tenta. Vai ser divertido de qualquer maneira.-Ela da uma picadinha pra mim.

Por nunca terem tido muito contato com sentimentos bons, e mais com sentimentos ruins, isso tinha ficado marcado na cabeça deles. Mas de formas diferentes. Natalie esperava afeto demais das pessoas e dava afeto demais a elas, por isso as vezes ela flerta com todo mundo. Mas isso na amizade. Com amor romântico e familiar ela nem se envolvia. Por causa dos amigos falsos e pagos ela ficou muito dependente e carente de pessoas. Mas acho que ela pensava que não tinha chance com amor romântico ou familiar. Já Ian não dava e nem esperava afeto de ninguém. Não se envolvia com nada. Natalie era tão extrovertida e Ian tão reservado, introvertido, as vezes frio e grosso e quase nunca sorria. Eram realmente bem diferentes. E tinha a maneira que eles lidavam com as regras:Ian as seguia e preferia ficar em sua zona de conforto. Natalie sempre as mudava ou as quebrava e mesmo as vezes tendo que seguir a rotina tediosa, adorava um perigo. Não sei se isso faz sentido, mas poucas coisas fazem sentido quando se trata dos controversos Ian e Natalie Kabra...

Natalie também sempre queria ser o centro das atenções por nunca ter recebido a atenção dos pais e quisesse de alguma maneira compensar isso. E ela nunca fugia de uma briga ou discussão(ou como ela gosta de chamar debate e como ela era presidente do clube de debates da Flyte até hoje ela estava invicta), como a Isabel, e ninguém conseguia ganhar dela nisso.

Resumindo:O psicológico desses dois orgulhosos é todo errado e por isso eles não querem se apaixonar porque acham que o amor é PPP(Próprio Para Perdedores).

Mas isso vai mudar.

—Natalie para de se esquivar. Eu te conheço e eu sei que você tá louca pra fugir, sair correndo dessa conversa mas...Fala comigo.

—Ok...Vamos falar.-Diz ela finalmente cedendo.

—Porque você apagou a memória dele depois do beijo?

—Eu não sei...Eu...Foi um impulso. Parecia que eu estava funcionando no piloto automático. Aconteceu tão rápido. Quando eu percebi eu já tinha feito.

—O que era aquele spray?

—Apaga a memória.

—O que?

—Ele vai esquecer dos próximos cinco minutos quando acordar. Como o líquido que o Ian usou na Amy da mesma marca desse...

Ela percebeu que tinha falado algo que não deveria.

—Ok. Tá tudo bem. Eu vou fingir que não ouvi isso mas você vai falar pra ele sobre o beijo e tudo vai voltar ao normal.

—É...Sobre isso...

—Natalie você tem que contar!!

—Porque? Ele não deve nem ter gostado do beijo! Eu fiz um favor pra ele!

Tão esperta, mas ao mesmo tempo tão cega.

—Faça o que quiser. Mas uma hora ele vai acabar descobrindo.

—Só se alguém contar. Espero que isso fique só entre a gente.

O cabelo da Natalie encaracolado de Natalie era como o de uma sereia(diferente do meu e da Amy que era meio indefinido e as vezes tava liso e as vezes tinha uns pequenos cachos). Ele era muito longo e ia até o início de seus quadris. Enquanto ela tirava a neve deles eu pude perceber um misto de sentimentos em seus olhos. Medo de eu contar. Medo de ter gostado do beijo(Ou de estar se apaixonando?). Ansiedade. Apreensão. Talvez arrependimento? Mas não importava quais eram pois todos ela tentava esconder. Como sempre.

Aí todos os outros aparecem.

—Ei o que vocês duas estão fazendo aqui?-Pergunta Ian.

—Cade o Dan? Voces pegaram o cara?-Pergunta a Amy.

—O Daniel ainda está lá em cima. Eu e a Sophie perseguimos o cara mas não conseguimos pegá-lo. Estávamos aqui pra abastecer a garrafa de chocolate quente e ver se ainda tem alguém com descrições compatíveis as do cara em um raio de 10 quilômetros daqui.

—É uma ótima ideia. Vamos ajudar vocês.-Diz Sinead.

Pov Natalie:
Meus pensamentos me levaram para os Vesper e como os celulares não rastreaveis deles nos fizeram sofrer para encontra-los. Aquele cara que perdemos de vista parecia ter um sistema parecido no celular dele. Depois que captaram o sinal do celular Sinead, Sellene, Pony e a galera nerd tentaram rastrear o homem mas sem sucesso. Depois de algum tempo o Dan aparece.

Amy e Dan conhecem o Ian e eu a vida inteira. Somos muito iguais e muito diferentes ao mesmo tempo. Eles nos entendem. Se eu quisesse enganar o Daniel teria que falar uma mentira bem convincente.

—Gente o que tá acontecendo? Porque tá todo mundo aqui? Eu fiquei sozinho lá em cima.

—A gente tá procurando o cara por isso que tá todo mundo aqui. E você ficou lá em cima porque eu disse pra você ficar. Ou o Senhor Memória Fotográfica esqueceu?

—É claro que não esqueci.-Fala Dan, perplexo tentando lembrar da minha suposta fala.

Mas bom ele não pode se lembrar de algo que nunca aconteceu.

Olho para a Amy. Ela e o Ian estavam fazendo aquele joguinho de "vamos trocar olhares apaixonados e quando percebermos que o outro tá fazendo isso de volta a gente desvia o olhar".

Enquanto ela fazia isso ela mexia no anel/engrenagem da Machina Fini Mundi de Gideon que eles conseguiram na Suiça. Bom cada um de nós guardava um pequeno souvenir da caça às pistas, eu suponho.

Começo a me lembrar da época que o Jake ainda gostava da Amy e ele e o Ian brigavam de cinco em cinco minutos. Se ele visse isso teria dado uma surra nele. Mas até onde eu sei ele estava feliz com a Marianne então sem tretas entre eles por enquanto(o que é uma pena realmente, tô querendo ver uma porradaria não vou negar nao).

O Jonah(meu escravo supremo porque sempre que eu grito Wizard! ele aparece porque tem muito medo de mim) estava de novo conversando com a Angelle.

Sinead e Hamilton(minha carruagem porque eu sempre pulo nas costas dele, e de quase todos os meninos mas mais nas dele) também conversavam sobre esqui e coisas de nerd desinteressantes.

Pego meu celular e vejo uma mensagem do Bickerduff, nosso mordomo que mandou uma foto da nossa casa(que era uma mansão-palácio eu acho não sei em que categoria de casa de ricos ela se encaixa). Sem água e parecia ainda mais bonita do que antes. A fonte, as estátuas e esculturas, os ornamentos de ouro, tudo parecia maior, melhor e mais limpo. O que me faz lembrar da casa da Isabel naquela festa que eu e o Daniel vimos um quarto de bebe. A casa dela dava a impressão de ser maior que a nossa mas definitivamente não era e aquelas fotos eram a prova disso.

Olhando para uma estante de livros no canto das fotos me lembro dos livros do Otto. Ele devia ter aproximadamente a idade da Rainha Elizabeth pra ter conhecido o Churchill e ter jogado e ganhado de uma partida de bridge com ele. Queria tê-lo conhecido também. Ele era um dos meus ídolos do clã Lucian. Assim como do Ian, depois do Napoleão Bonaparte porque ele tem uma Obsessão Napoleônica(como ele mesmo diz:Se for falar, fale direito). Sabíamos algumas coisas da família Kabra antes de lermos os livros(e nem terminamos de ler todos) só não podíamos contar ao Otto. O que está na família Kabra, não sai da família Kabra.

Depois de muita pesquisa não conseguimos reencontrar o cara e vamos todos dormir porque estavamos prestes a morrer congelados ali(e não seria a primeira vez e ninguém tava afim disso em plena quase madrugada).

Dou um último olhar pro Ian de "boa noite, durma bem, eu te amo" e ele faz o mesmo. Demoramos muito pra dizer eu te amo um para o outro com palavras, mas fazíamos isso com pensamentos, olhares e nossas atitudes todos os dias.

É, amanhã vamos tentar achar mais dicas que possam nos levar até esse cara e depois voltar pra casa...