A trilha de um sábio escrita por Dusant


Capítulo 3
Capítulo 3 - Rupturas.


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo é algo que não planejava. Juro para vocês. No entanto, eu vi uma oportunidade de escrever sobre quem seria esse Naruto no anime, que cresceu numa aldeia que era odiado e decidi aproveitar e acredito que o resultado final foi satisfatório.

IMPORTANTE:
AO FINAL DO CAPÍTULO, CASO ACHAM IMPORTANTE AVISAR DO CONTEúDO QUE ELE TEM, PF ME AVISEM.



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  Naruto não tinha ideia de como seria entrar na sua própria mente. Quando Jiraya tentou explicar o conceito, ele disse que seria uma paisagem que refletiria sua mente e nela estaria Kyuubi, presa a alguma coisa e com o selo bastante claro em algum lugar do seu corpo. Quando abriu os olhos, não esperava estar sentado numa superfície com água escura parecida com esgoto. Olhando ao redor, viu diversos canos de cores vermelhas pelas paredes sujas do local, realmente parecendo um túnel de uma rede de esgoto, algo que já tinha visto quando criança. A sua frente, havia a continuação do túnel que dava para o espaço que não tinha como ver o final, com um breu absoluto. Na realidade, Naruto não sabia como ele conseguia enxergar o local que estava, já que não havia luz.

  Relembrando as palavras de Jiraya, sobre a paisagem refletir sua mente, ele se questionava o que exatamente significava isso. Focado em seus pensamentos, não olhou para atrás de si, ignorando o imenso portão de ferro, com um papel escrito “selo” na fechadura. No entanto, ele percebeu, quando a respiração de alguma coisa que provavelmente era muito grande foi ouvida e sentida em sua nuca.

  Lentamente, Naruto se virou e o que viu fez arrepiar completamente os pêlos de seu corpo, pois com olhos imensos, felinos e com uma cor vermelha de pura maldade, estava uma criatura que Naruto julgou ser a Kyuubi.

  “Uzuma...”

  “AHHHHHHHHHHHHHHH!”, gritou a criança, assustada com o demônio.

  “AHHHHHHHHHHHHHHH!”, gritou o demônio, assustado com a criança.

  Do susto, Naruto caiu de bunda no chão, olhando com os olhos arregalados para a criatura que poderia o matar a qualquer momento. Obviamente havia uma jaula o impedindo, mas isso não foi registrado na mente assustada da criança.

  “Seu maldito! Você me assustou! Porque raios você gritou?

  Naruto demorou um instante para registrar a fala e mais alguns segundos para conseguir verbalizar uma frase que servisse como resposta: “Kyuubi?”

  “Claro que sou eu! Não está vendo as caudas e a cara de raposa, seu idiota?”, vendo o rosto de confusão, ainda inundado em medo, Kyuubi percebeu que sua cela, por algum motivo, estava escuro demais para a criança ver, “Por que está escuro? Eu jurava que tinha ligado as luzes.

  Repentinamente, o local atrás do imenso portão se tornou claro e na frente da criança, estava uma raposa imensa, maior que tudo que ele já viu na vida. O medo de Naruto ainda estava presente, mas vendo a imponência da criatura e o fato dela não está fazendo nada contra o Uzumaki, fez lentamente ir perdendo o medo.

  Por parte da Kyuubi, ele avaliava o seu receptáculo com curiosidade. O poder oculto que a criança carregava poderia ser a diferença para esse mundo ter finalmente a paz que precisaria e que seu pai a muito tempo havia lhe confiado. Assim, ele optou por se apresentar, se sentando, já que estava deitado esse tempo todo e elevando ainda mais a sua altura para Naruto. A única coisa que a criança conseguia comparar era a Torre Hokage, o maior edifício da aldeia e mesmo assim, Kyuubi era pelo menos 2 vezes maior.

  “Eu sou Kurama. Kyuubi no Yoko, seguidor do Ninshu e aquele que carrega o coração do Pai.”, se apresentou a titânica raposa.

  Um silêncio se estabeleceu, com Naruto encarando ainda em choque a imensa raposa e Kurama encarando Naruto, esperando que ele também se apresentasse, mesmo que a Bijuu já soubesse tudo sobre ele.

  “Então...

  Com isso, Naruto finalmente se tocou que deveria se apresentar também, e de uma maneira que ele nunca esperava nem nos seus sonhos mais loucos, ele se apresentou para Kurama de forma educada: “Muito prazer, Uzumaki Naruto.”

  “Muito bem! Antes de começarmos a conversar, quero que saiba que eu posso assistir tudo que você ouve e enxerga, então eu sei que está aqui para tentar dominar meu poder.”, afirmou a raposa sem qualquer indicação de raiva.

  “Você está bem com isso?”, questionou de forma confusa.

  “Sim, mas apenas se você também me ajudar em algo.”, vendo a expressão de temor do garoto, ele completou, “Não se preocupe, não é nada demoníaco ou sanguinário, como sacrifícios humanos. Eu gostava a uns 800 anos atrás, mas hoje em dia é uma prática muito arcaica.

  Naruto continuava confuso, mas mesmo assim, ele se permitiu a ignorar pelo bem da sua sanidade e seguir em frente: “Então, o que quer que eu faça?”

  “Calma, ainda precisamos resolver uma pendência antes. Porque não importa o que façamos, para ter acesso ao meu poder, você precisa remover o selo na fechadura e ao tirar ele, irá ativar um mecanismo que poderá ser um tanto quanto chocante.

  “Como assim?”

  “Quando tentar remover o selo, um mecanismo de defesa será ativado e o chakra da pessoa que me selou em você vai surgir nessa paisagem para avaliar se está removendo o selo por livre e espontânea vontade ou sobre a influência do meu poder.

  “O Quarto Hokage.”

  “Seu pai.

  Naruto arregalou os olhos, não conseguindo processar a informação e obviamente, alguns segundos após conseguir registrar, ele teve a reação mais normal com uma informação que uma pessoa nunca esperaria.

  “Você está mentindo!”

  “Não, não estou. Eu posso ser muitas coisas, mas um mentiroso é uma característica que nunca carreguei.

  “Por que ele iria selar você em seu próprio filho?”, ele questionou, um tom de pura confusão e bem no fundo, tristeza.

  “Isso você irá descobrir com ele. O chakra tomar a forma do Quarto Hokage e sua consciência, como um clone. Caso pergunte a ele, tenho certeza que será respondido."

  “Então, você vai saber se valeu a pena tudo que passou pela a escolha de seu pai.

  A frase final foi registrada com impacto na mente de Naruto. Tudo que ele passou nesses 12 anos de vida foi surgindo de suas memórias e com Kurama esperando com paciência o garoto conseguir se estabelecer mentalmente, Naruto, após alguns minutos, andou com firmeza até o portão, sua face com uma expressão séria e irritada que raramente era vista nele.

  Se aproximando, a água escura começou a se elevar sobre seus pés e o ergueu até o selo. Quando ele colocou o dedo na ponta do papel, com intenção de puxar, uma mão adulta segurou o seu braço que estava prestes a puxar e toda a paisagem mental se modificou bruscamente, sendo agora um espaço totalmente aberto, com uma mistura de luzes de diversas cores, que dava um cenário bonito e um chão branco para pisar.

  Minato, que estava imensamente feliz por finalmente poder ver seu filho crescido, ficou surpreso ao ver que Naruto era apenas uma criança, tendo esperado isso acontecer com seu filho já com seus 18 anos.

  “Como vai, Naruto? Você sabe quem eu sou?”

  “Sim.”, ele respondeu, sua expressão ainda séria e irritada.

  Minato percebeu isso, mas seu tempo era curto e ele precisava explicar o que havia acontecido no dia do nascimento dele.

  “Se sabe, acredito que quer saber o porquê de eu ter selado a Kyuubi em você...”

  “Kurama.”

  “O quê?”

  “O nome dele é Kurama, não Kyuubi.”

  “Ah, me desculpe, eu não sabia.”, Minato se desculpou, claramente desconfortável com a frieza do filho. Suas expectativas para essa reunião após a morte eram muitas quando fez o mecanismo de defesa, mas ainda assim, o dever vinha antes e ele precisava relatar o que havia acontecido.

  “Eu preciso lhe contar o que aconteceu no dia do seu nascimento.”

[...]

  Enquanto Minato contava sobre cada detalhe do Massacre da Kyuubi, onde seu filho o interrompia apenas no início, quando Minato continuava a chamar Kurama de Kyuubi e era corrigido, ele se manteve em silêncio depois que Minato parou de cometer esse erro. O Quarto Hokage analisava seu filho e a única reação que ele conseguiu julgar como positiva, foi quando Minato falou sobre sua mãe, vendo seu filho ficar levemente emocionado com a descrição que seu pai dava sobre ela.

  Ao final da história, Minato ficou em silêncio e Naruto controlava as suas lágrimas, enxugando com seu braço para que não caíssem em sua face. Minato interpretou que era um momento de emoção, ao mesmo tempo, ele também desejava com toda a força por esse momento, e assim, se aproximou de seu filho, com a intenção de o abraçar e falar tudo que queria ao seu filho. O confortar da vida solitária que deve ter sido não ter os dois pais.

  Tão focado nessa imagem, ele não percebeu a tempo a face de puro ódio de Naruto, mas conseguiu ver o punho se aproximando de seu rosto, que por puro reflexo, desviou, deixando passar alguns centímetros ao lado. Quando desviou, ele encarou a face de seu filho, vendo sua expressão de ódio e para sua surpresa imensa, a pigmentação laranja e os olhos amarelos com irís vertical, características de um sennin perfeito.

  No segundo que ele desviou do soco e viu a face do filho, uma pressão começou a se formar em sua bochecha direita, que tinha o punho ao lado e assim, tardiamente, Minato percebeu que Naruto usou a kata dos sapos e como se tivesse recebido um soco de Tsunade, Minato voou por dezenas de metros com a força do golpe e a paisagem tranquila que ele havia trazido seu filho, foi brutalmente quebrada e ambos retornaram para a prisão de Kurama, que estava ainda sentada.

  “Hum, isso foi rápido até.

  Por parte de Naruto, sua raiva estava em seu máximo, não conseguindo sequer pensar direito, fazendo a primeira coisa que passou por sua cabeça, que era socar a cara do homem que condenou a sua vida por anos.

  “VOCÊ TEM IDEIA DO QUE VOCÊ ME FEZ PASSAR?”, ele gritou, sua voz embarcada de raiva.

  Minato, após ter conseguindo se levantar, tinha sua expressão em puro choque com o que aconteceu, nunca esperando, mesmo nos piores cenários, um soco de seu filho.

  “VOCÊ... VOCÊ....”, Naruto sequer conseguia formular qualquer palavra, respirando com força para tentar conseguir se acalmar.

  “Por favor Naruto, permita que eu faça isso por você.”, pediu a raposa em um tom levemente gentil.

  Naruto encarou Kurama, ignorando completamente Minato, que ainda estava atordoado com o que aconteceu e seu choque aumentou ainda mais, quando Naruto assentiu e se sentou no chão, colocando sua face entre os joelhos e não querendo ver o rosto de seu pai.

  “Muito bem. Já que tenho a palavra, primeiro, vou fazer que Naruto não escute nem a mim e nem a você, já que estarei falando da vida dele e isso contém muitos gatilhos para a pobre criança.

  Minato, tão surpreso com os rumos que tudo estava acontecendo, não conseguia falar nada, permitindo que Kurama tomasse as rédeas da situação e que mesmo não querendo admitir, seria prazeroso mostrar quão burro foi Minato, o homem considerado com acima do seu tempo, na decisão que ele fez em confiar em sua vila com seu filho.

  “Começando com algumas explicações importantes, Hiruzen, que assumiu o posto de Hokage, decidiu por transformar o fato de Naruto ser Jinchuurinki, como um segredo do conselho. No entanto, o segredo rapidamente vazou e assim, toda a vila já sabia sobre essa informação e de maneira para que as coisas não saíssem do controle, Hiruzen declarou essa informação como um segredo militar Rank-S, com a punição de morte para quem contasse.

  “Assim, nós tínhamos uma criança que cresceu em um dos inúmeros orfanatos que surgiu após as milhares de mortes que aconteceram por minha causa, sendo controlado por um Uchiha nojento.”, nessa parte, Kurama deixa vazar todo o seu ódio por esse clã imundo, mas rapidamente prossegue, “Com os primeiros anos de vida, a senhoria, uma doce senhora que cuidava de todas as crianças com amor e carinho, decidiu que Naruto não merecia isso.

  Uma imagem surgiu na água escura na frente de Minato e assim ele poderia ver pelos os olhos de Naruto, observando a dita senhoria, uma mulher de 40 anos, cabelos castanhos e um rosto sorridente, conversando com diversas crianças e quando Naruto iria até ela, a face da mulher se modificava para pura repulsa e ódio ao olhar para o loiro.

  Minato observava isso em total incompreensão, não esperando nunca que Hiruzen decidisse que deveria ser um segredo o fato de Naruto ser um Jinchuurinki. Uma questão passou por sua mente e quando ele iria perguntar, com o desespero provavelmente vazando de sua voz, Kurama falou:

  “Se está se questionando se ele foi adotado por algum dos seus amigos, saiba que a informação de Naruto ser seu filho foi escondida e nunca surgiu ninguém para o adotar. Agora, o motivo por trás disso, tenho certeza que deve saber.

  O Quarto Hokage sabia o motivo. Nunca havia passado por sua mente, estando numa luta de vida ou morte e que cada segundo valia quando fosse selar a Kyuubi, mas Hiruzen nunca iria permitir que Naruto fosse para algum clã. Não por uma questão pessoal, mas porque o clã que tivesse Naruto teria um poder imenso em suas mãos, o que traria desequilíbrio para frágil balança de poder entre os clãs.

  “A doce senhoria começou com olhares malvados, mas logo, com os anos, surgiram ações mais diretas. No início, esquecia de chamar Naruto para refeições, fazendo ele comer apenas o resto da comida dos outros, depois, a comida simplesmente acabava. Com 7 anos, o principal castigo de Naruto, já que castigo físico, como palmadas era proibido, era o trancar no sótão da casa, um lugar não muito acolhedor e limpo. Era por algumas horas no início, depois foi aumentando a cada castigo até chegar em dias.

  A imagem na água se modificou para a visão de lugar escuro, com um teto de madeira, com teias de aranha e o som de uma respiração ofegante, que para seu horror, Minato percebeu que era a de seu filho.

  “Eu tive que bombear doses minúsculas do meu chakra no garoto para que conseguisse sobreviver, após passar 4 dias sem se alimentar. Por não estar acostumado com meu poder, as bombinas de chakra dele, sub-desenvolvidas ainda, estavam no seu limite, e se tivesse passado mais um dia, eu teria que escolher entre deixar a criança morrer ou destruir suas bombinhas e aleijar para sempre o garoto como shinobi.

  Minato, que encarava fixamente a imagem, sem conseguir formular qualquer coisa, viu quando uma luz surgiu num canto da visão de Naruto e um Anbu surgiu na frente do garoto, o erguendo e assim, a imagem se escureceu, com Naruto apagando.

  “Um Anbu resgatou Naruto e ele passou 2 semanas internado até que levasse alta. Demorou mais 2 meses até que Naruto se recuperasse completamente e finalmente aceitasse a oferta de morar sozinho em um apartamento. Ele era tutelado por uma mulher de confiança de Hiruzen, que sempre alternava a cada 3 meses, para garantir que nenhum laço fosse formado, sendo assim até os seus 9 anos.

  “Depois disso, a vida foi mais tranquila. Ele não possuía nenhuma pessoa como amigo, já que todos os pais diziam para as crianças ficarem longe dele e até os 10 anos, eu não tive que interferi em nada. No entanto, havia uma data que Naruto era expressamente proibido pelo o Hokage para ir e que sendo uma criança, ele desobedeceu, já que nunca foi explicado para ele o motivo para não ir.

  “A data era 10 de outubro, seu aniversário e o dia da Kyuubi. Uma data de luto pelos os mortos nesse dia e com um grande festival pela noite com a vitória do herói, Minato Namikaze. Nesse dia, Naruto quis participar, pois seria o primeiro festival da sua vida e quando ele chegou, ficou deslumbrado com o lugar."

  A imagem se modificou e Minato via os fogos, as roupas bonitas, as barracas, luzes coloridas e o clima animado de um típico festival. Naruto observava tudo com atenção, mas de forma brutal, a imagem se mexe, com a visão sendo do chão e quando Naruto, caído, olhou para algo, Minato viu uma pedra com uma marca de sangue fresco. Uma mão infantil surgiu na imagem, com sangue em abundância e que provavelmente veio do ferimento grave da testa. Naruto olhou para a direção que ele interpretou que jogaram a pedra, e pelos seus olhos, Minato viu a face de vários homens com raiva, tendo paus e pedras nas mãos e com clara intenção de usarem em seu filho.

  A visão de Naruto se ergueu, se levantando, e então a criança saiu correndo entre as ruas e vielas da vila. Naruto era uma criança, sem qualquer treinamento shinobi efetivo, e para o terror de Minato, rapidamente foi alcançado por seus perseguidores. A partir disso, a imagem se tornou extremamente confusa, com intervalos de escuridão constantes, com os olhos de Naruto se fechando e os gritos e faces de ódios sendo a coisa mais predominante nas imagens.

  “Morra, seu maldito!”

  “Você matou minha família!”

  “Eu perdi minha filha por sua causa! Morra!”

  Minato não conseguia mais. Se esse fosse seu corpo real, não um construto de chakra, ele já teria vomitado por pura repulsa de si mesmo. Culpa avassaladora o atacava e Kurama observava o homem que o aprisionou e condenou o seu filho a vários traumas, se contorcer em agonia.

  Era prazeroso para ele, não mentiria.

  “Por favor, chega!”, pediu Minato, de forma frágil.

  Kurama apagou a imagem, e os grito de ódio e os de dor de Naruto sumiram, deixando apenas o silêncio. Contudo, Kurama não iria parar apenas nisso:

  “14 ossos foram quebrados, incluindo braços e pernas. Seus órgãos levaram ferimentos graves em diversos lugares e um dos agressores achou uma barra de ferro próximo ao espancamento e perfurou várias vezes no corpo da criança. O único motivo que Naruto não foi morto naquele dia, foi porque ele já tinha bombinas mais desenvolvidas e assim, eu pude regenerar seu corpo melhor.

  “Ele passou 3 meses em coma, com mais 2 meses para conseguir voltar para a academia. Hoje, ele tem crises nervosas agudas quando está em alguns cantos da cidade, além de ataques de pânico quando qualquer pessoa civil de Konoha conversa com ele, junto com um quadro de depressão frequente. Todas as pessoas envolvidas com as agressões dele, foram executadas e apenas sei disso, pois o próprio Naruto foi atrás de descobrir o que houve com essas pessoas.

  “Você tinha que fazer o certo para sua aldeia. Como Hokage, lhe dou os parabéns pelo o pensamento rápido, mas como pai, você condenou seu filho a carregar traumas que serão extremamente difíceis de superar. Sendo bem sincero, se o garoto fosse um pouco mais fraco de mente, ele a muito tempo já teria decidido destruir essa aldeia e eu o ajudaria com prazer.

  Minato ouvia cada palavra e elas era equivalente a facadas. Suas pernas ficaram bambas e ele se ajoelhou, com as mãos na cabeça e a expressão de desespero absoluto.

  “Eu não sabia que isso iria acontecer!”

  “De fato, não sabia, pois você é um simples mortal e não importa quão poderoso seja, você ainda é um simples mortal. O problema não foi isso Minato Namikaze, a grande questão era que você confiou em seu povo. Você acreditou que eles iriam superar todo o ódio e verem as coisas de maneira racional. Que treinariam seu filho para ser um poderoso shinobi que lutaria por Konoha e seria uma arma contra Madara.

  “Você foi tolo, apenas isso.

  Um silêncio se manteve, com Kurama sabendo respeitar minimamente o momento do homem que irá se apagar carregando a culpa de seus atos tolos.

  “Eu... Eu posso falar com ele?”, perguntou da maneira mais miserável e humilde possível.

  “Não. Seu filho está tendo um ataque de pânico. Se você apenas falar uma única palavra eu não tenho ideia do que isso vai fazer com a psique dele.”, com um suspiro, Kurama o pediu: “Apenas, vá embora.

  Minato observou seu filho, a posição ainda igual a antes, com a face escondida entre os joelhos erguidos e os braços ao redor dos joelhos, como se ele quisesse se tornar uma bola. Olhando com mais atenção, Minato via que Naruto se apertava inteiramente, seus dedos pressionavam seus braços com força chegando ao ponto de sangrar e ele se tremia.

  “Por favor, diga a ele que eu sinto muito. Eu... eu não queria que isso tivesse acontecido.”, ele implorou, sentindo seu chakra acabando.

  “Eu direi.

  Assim, a construção de chakra de Minato começou a desaparecer e com lágrimas caindo aos montes e uma expressão de sofrimento, Minato disse:

  “Me desculpe, meu filho.”

  Minato desapareceu e Kurama encarou o lugar que ele estava. Optando por retornar sua atenção para quem importava realmente, desfazendo a ilusão que fazia Naruto não ouvir nada que se falava e em um tom extremamente gentil e calmo, Kurama afirmou:

  “Ele já foi embora.

  Naruto não se mexia e Kurama não o apressaria. Ele já tinha visto dezenas de vezes os ataques de pânicos de Naruto. Sabia o que ele sentia, o que pensava e já perdeu a conta de quantas vezes ele curava os ferimentos que o garoto fazia em si mesmo, seja com suas mãos ou com outros objetos. Vários minutos se passaram e então, Naruto lentamente se mexeu, levantando sua face, com evidências de que passou todo esse tempo chorando, e de forma progressiva, mas ainda lenta, ele começou a se levantar, até que pudesse encarar Kurama.

  Esse tempo inteiro, Kurama se manteve em silêncio, respeitando o tempo dele e quando enfim julgou ser apropriado, ele perguntou: “Está mais calmo?

  “Sim. Obrigado.”

  “Seu pai foi embora. Seu chakra acabou e a seu clone sumiu.”

  Naruto se manteve silêncio com essa informação, ainda não sabendo como reagir a tudo que aconteceu. Ele se lembrou que estava aqui apenas para conhecer um demônio irracional e agora, estava sendo consolado por uma Bijuu que o tratou melhor nos primeiros minutos que várias pessoas ao longo de toda sua vida.

  “Era você que me curava?”

  “Sim.

  “Porquê?”

  “Porque você tem um futuro inteiro pela frente. Não se engane, eu odeio estar preso aqui dentro e pretendo ter minha liberdade algum dia, mas percebi que seria mais benéfico para mim se me aliasse a você. Além do mais, se torna meio difícil eu simplesmente ignorar tudo que você passou, já que tudo que você sente se espelha em mim em um nível mínimo.

  “Obrigado.”, agradeceu a criança.

  “Não há de que criança. Agora, eu acho que você precisa dormir. Você passou por muita coisa agora e precisa descansar. Depois iremos discutir sobre você ter acesso ao meu chakra e como destrancar seu poder oculto.

  O final foi tanto quanto vago, principalmente na questão do poder oculto de Naruto, mas o Uzumaki estava cansado demais mentalmente para questionar por isso. Assim, ele assentiu e se despediu de Kurama, com um pequeno sorriso de agradecimento pelo o que ele fez durante sua vida.

  Algo lhe dizia que seria uma amizade para a vida inteira.

[...]

  O tempo que se passou fora da mente de Naruto foram de apenas 5 minutos. Quando enfim Naruto abriu os olhos, parecia que ele tinha passado uma vida inteira em seu sub-consciente. Com uma expressão de puro desgaste e cansaço, ele se ergueu e disse de maneira cansada: “Eu preciso dormir.”, e ao dizer isso, simplesmente andou até a casa de Fukusaku, para dormir em seu quarto.

  Fukusaku iria questionara criança, mas Jiraya o conteve. Ele estava mais acostumado a lidar com jovens que seu mestre e sabia quando respeitar o espaço de um. Sabia que quando fosse a hora, Naruto iria conversar com ele sobre isso, mas ainda assim, a preocupação o obrigou a perguntar.

  “Está tudo bem, Naruto?”

  Uzumaki Naruto, o jinchuurinki da Kyuubi, parou em sua caminhada, e suspirando de forma audível, respondeu sem virar para olhar para Jiraya:

  “Eu não sei.”


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Notas finais do capítulo

Algumas questões importantes. No anime, acredito que as coisas que relatei não aconteceram com Naruto, mas havia a potencialidade para isso e enfim, achei interessante explorar esse sentido. Ainda assim, isso não muda a minha visão de que Minato tenha sacrificado seu próprio filho a uma vida difícil, sem consultar a ninguém. Não estou tornando ele um vilão (como muita gente faz), mas como um homem de falhas e que Naruto sofreu por essas falhas.

Na questão dos traumas (ataques de pânico, crises nervosas) de Naruto, eu tive o cuidado de pesquisar sobre o assunto e confesso que algumas coisas que escrevi reflete de mim mesmo e de uma fase da minha vida, algumas partes eu adicionei, mas a base está lá. Não falo isso para causar pena, mas para mostrar que não inventei nada, mas a partir das minhas experiências e de outros relatos que já ouvi.

Ficou grande essa nota, mas achei importante de relatar. Agradeço se tenha lido até aqui.

Elogios, críticas, dúvidas e sugestões são bem-vindos. Todos os comentários serão respondidos com a devida atenção.



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