Yeah, right escrita por Foster


Capítulo 2
2 — Scorpius Malfoy se surpreende


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Demorei um pouco mais do que previa porque não conseguia terminar o capítulo, mas depois de longas horas ao som de playlist de concentração ao som da chuva eu finalmente consegui!!!
Obrigada a todo mundo que comentou e à Fanfictioner que favoritou ♥
Esse capítulo está um pouco menor que o outro, então a leitura vai ser mais rapidinha.
Espero que gostem ♥



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S C O R P I U S

 

Três dias depois da briga com Albus

 

— Ok, de duas uma: ou todo mundo me achou tosco ou o aplicativo tá com problema. 

Scorpius cansou de fingir que não estava ligando para o fato de até agora não ter dado match com ninguém e precisou compartilhar suas dúvidas com Rose. Bem como Lorcan e Nina, que almoçavam na mesma mesa à convite da ruiva.

— Scorpius, se alguém te achou tosco com toda certeza só ignorou esse fato, porque, sinceramente, já se olhou no espelho? — a morena fez um gesto de contorno com o garfo, fechando um dos olhos. — Parece uma obra prima simétrica. Ridículo.

Nem sequer tentou segurar o sorriso, pois Nina Longbottom, sua colega de classe e uma de suas antigas ficantes fixas de festas - até ela começar a namorar com Freya Chang, o ícone mais desejado do curso de educação física e uma das responsáveis por organizar os jogos esportivos mais aguardados do ano letivo - não tinha filtro algum. 

— Ela não está errada, sabe. — Lorcan deu de ombros, recebendo um olhar de falso ciúmes de Rose. — Eu apostaria mais na segunda opção. 

— Como vocês são chatos. Era pra todo mundo dizer que sim o Scorpius era tosco e não está com toda essa bola alta não! Mas já que estamos sendo todos absurdamente sinceros e sem graça, eu também acho que pode ser um bug. 

O assunto ainda estava um pouco recente com Albus, então achou melhor perguntar ao seu colega de quarto, um veterano de Albus, que riu do questionamento.

— Um bug só na sua conta, você não acha isso estranho? — Richard McLaggen cruzou os braços, pensando por um instante.

— Como assim?

— Vê no Twitter se estão reclamando de não estarem dando match com ninguém. Pode ser algo geral. Mas se for só você… Talvez alguém esteja empatando sua foda. 

— Meu Deus, fariam isso?

Richard assentiu positivamente, enquanto ligava o monitor de seu computador, o que indicava que estava perto do seu horário sagrado de CS Go e Scorpius não obteria muitas informações extras por um tempo. 

— Blake Corner subornou um dos desenvolvedores para conseguir dar match com Cassie Thomas-Finnigan. Eles estão juntos até hoje. Mudar algoritmos para dar match com alguém fácil e mais ainda pra fazer com a pessoa não consiga nenhum.  

Só havia uma pessoa que poderia estar por trás daquilo, uma que andava muito quieta nos últimos dias, por sinal. Scorpius não podia acreditar. 

 

A L B U S

 

Quatro dias depois da briga com Scorpius

 

Dedicar-se a desviar os matches de Scorpius estava sendo uma tarefa árdua. Não fazia ideia de como o garoto era requisitado até ver todo aquela avalanche de pessoas. Por isso achou que fosse melhor desativar todo e qualquer match, garantindo para si mesmo que isso seria até ele mesmo encontrar uma boa opção para o amigo, já que todos os caras que estavam surgindo eram interesseiros de marca maior. Bom, ao menos era o que Al repetia a todo instante. 

Não estava considerando nada daquilo estranho, muito pelo contrário, Al estava apenas agindo como um bom amigo, preocupado com possíveis aproveitadores atraídos pelo sobrenome Malfoy, até que Frank enfiou baboseiras na sua cabeça. De acordo com seu colega de quarto, aquilo era invasão de privacidade, além de uma ação totalmente antiética, bem como possessividade e ciúmes disfarçado de preocupação. 

Ele estava pouco se lixando para o que o rapaz alto dizia, até a questão do ciúmes ser levantada. Aquilo não era ciúmes, que ideia maluca. 

— Se eu não conhecesse você, diria que está apaixonado por ele. 

A frase martelava em sua cabeça e podia sentir o desenho não finalizado de Scorpius vibrar e brilhar em seu caderno, como se o denunciasse. Era uma idiotice pura. Mas talvez realmente devesse parar de controlar os matches do amigo. 

Quase fez isso na mesma noite que conversou com Frank, mas seus amigos invadiram o dormitório e antes que percebesse já estava imerso em jogos e bebidas, rindo de nada em particular. 

Acordou com um impacto forte nas costas. Precisou e alguns segundos para perceber que era Scorpius, com uma cara nada amigável, segurando uma toalha enrolada. Não estava acreditando no que estava acontecendo e acabou caindo da cama, em cima de algumas latas vazias de cerveja, sentindo a intensidade da ressaca tomar seu corpo. 

— Mas que porra…? 

— Por que você está sendo um babaca assim, de graça? 

Aquela não era uma reação comum em Scorpius, então Al sabia que estava em maus lençóis. 

— Você achou mesmo que eu não ia descobrir da sua armação pra eu não conseguir nada no aplicativo?

A reação instantânea de Al foi olhar para Frank, que escova os dentes e tinha as mãos ao alto em rendição, alegando que não havia dito nada. 

— Scorpius, desculpe. Eu sei que foi infantilidade, mas… 

— Que bom que sabe. Mas nada justifica! Por isso você ficou todo quieto esses dias. 

Sentia que estava perdendo a confiança de, da mesma maneira que perdeu a de Luke Smith no ensino médio, também por um ciúmes um pouco além da medida. Porque sim, Albus estava admitindo que era ciúmes, apesar de não querer pensar à fundo no assunto. No fim das contas talvez fosse ele, e não Rose e Scorpius, que não haviam abandonado a imaturidade dos anos escolares. 

— Foi mal…

— Quer saber, Al? Beleza. Só tira essa merda de bloqueio ou o quer que você tenha feito. Já avisei pro pessoal do O Profeta que eu iria contribuir, então preciso arranjar um date pela porcaria do sistema. E a gente esquece essa história.

Parecia inconcebível que Scorpius ficasse de boa tão rápido com essa história, o que só fez Albus se sentir pior ainda do que já estava. 

— Eu… Vou tirar. 

Os dois se encararam pelo que pareceu uma eternidade e Albus sentiu suas bochechas corarem, não conseguindo sustentar o olhar por muito mais tempo. Sentia que não merecia o perdão fácil de Scorpius e sinceramente não entendia porque ele estava fazendo isso tão facilmente. Quando o loiro finalmente abandonou o cômodo, batendo a porta com uma força maior do que o considerado normal, Al se jogou de volta na cama, bufando.

— Eu sou um idiota.

— Sim. — Frank confirmou sem emoção, se sentando na ponta da cama de Albus. Havia um leve tom de ansiedade no olhar e o moreno revirou os olhos, sabendo que um discurso estava por vir. — Você não faz mesmo ideia do por quê está fazendo isso e agindo assim?

Na opinião de Albus, Frank estava começando a ter tanta culpa nessa história tanto quanto Rose. Afinal, foi por conta do discursinho dele que os questionamentos a respeito de Scorpius estavam em sua mente. E somente por isso que ele sonhou com o loiro. E, mais especificamente, sonhou que estava beijando-o. Olhou para o meio das pernas e quis gritar de frustração. Aquilo era apenas um reflexo natural. Não tinha nada a ver com o sonho, muito menos com o olhar intenso de Scorpius. Ele apenas enfiou a cabeça no travesseiro e virou de bruços, tentando acalmar sua agitação e ignorar Frank, que ainda estava ali. 

— Por que você tem tanta certeza de que tem um motivo por trás? Ainda mais esse motivo. — murmurou sem muita emoção, já imaginando o que estava por vir. 

— Eu vejo como você age quando ele está por perto. E você realmente olha muito esquisito pro Scorpius quando ele se senta na sua cama. Tipo como eu estou agora. E você nunca tem essa reação comigo ou com Rose. Ou qualquer outra pessoa que entre aqui. 

Albus sabia que parecia uma suposição absurda, mas não sentia que era absurda. Apenas precisava de um tempo para absorver. Certamente agora o mais importante era recuperar a confiança do amigo. Foi com esse pensamento que se levantou de um salto e desbloqueou a conta de Scorpius, não sem antes conferir as fotos selecionadas para o perfil e soltar um suspiro alto ao sentir o coração apertar.

— Eu odeio você. — grunhiu para Frank, que apenas ajeitou os óculos e se levantou da cama do amigo, sorrindo de leve.

— Eu sei que sempre estou certo. 



Duas semanas depois da briga com Scorpius

 

Visualizar o perfil de Scorpius e as notificações de matches havia se tornado quase um vício. Não podia acreditar que ele iria de fato sair com alguns daqueles babacas. Albus poderia não ser tão popular, mas as pessoas fofocavam demais e ele era um bom observador e ouvinte. Metade daquela lista era escrota e a outra metade sem graça. Não combinavam em nada com Scorpius.

Evitava perguntar sobre o assunto, mas vez ou outra via o amigo saindo com algum cara. Aparentemente nenhum deles ia para frente de fato, o que deixava Albus com um ligeiro bom humor, e certamente não passava batido por Rose.

— Al, você está muito estranho. 

O rapaz apenas a olhou e deu de ombros, tentando esconder o sorriso ao Scorpius voltar para a mesa em que eles estavam, bufando. 

— Não falei nada. — acusou o amigo com o dedo em riste, enquanto Rose olhava confusa para os dois. Se virou para tentar ver o que que poderia ter acontecido com Scorpius enquanto ele estava fora e avistou um garoto de cabelos verdes saindo irritado do lugar. 

— Scorpius, ele era perfeito! 

— Um chato. — gemeu, fingindo um calafrio e sentou-se de frente para Albus, pegando um livro sem muita emoção. — Além do mais eu estou em semanas de provas e não posso perder meu tempo tentando arranjar um cara. Meu avô nem vai aparecer em casa tão cedo, de qualquer forma. Minha avó diz que ele está esperando minha mãe pedir desculpas, como se isso fosse de fato acontecer. 

Rose revirou os olhos, aproximando-se dos dois amigos para falar mais baixo.

— Mas você precisa pensar na estratégia em geral. Como seu avô vai acreditar se não tiver uma foto de vocês em algum canto das redes sociais? E sei lá, serem vistos é essencial. Seu avô não é idiota e sua família é bem conhecida, assim como você. 

— Rose, eu sei de tudo isso. Só não estou muito no clima. Agora. 

A garota batucava os dedos na mesa e Al percebeu que isso atraía alguns olhares furiosos, mas Rose parecia absorta demais para que ele a interrompesse, apesar de torcer para que ela parasse de tentar forçar o amigo a arranjar um namorado falso. 

— E se… Tentarmos de outro jeito. Com encontros reais. 

Scorpius parecia cansado do assunto, pois precisou respirar fundo antes de responder.

— Preciso focar nas provas finais. 

— Mas você também precisa relaxar. — rebateu em um tom ríspido. — E nós sempre relaxamos na Deadline

Albus sabia muito bem da fama da festa mais hypada do curso de jornalismo. Todos os outros cursos, em geral, davam festas ao final dos períodos, mas a Deadline era, certamente, a mais famosa. Tanto por ser em uma das repúblicas mais antigas dos estudantes de Hogwarts e por sempre reunir sub-celebridades. Era praticamente uma tradição. 

— Está sugerindo que eu cace um namorado falso no meio da Deadline?

— À essa altura não é muito segredo que você está atrás de alguém e pelo visto você só vai conseguir fazer essa coisa andar pra frente se sentir uma forte atração sexual, pelo visto. 

— É ridículo como você me conhece bem, Rose. — Scorpius soltou, um pouco a contragosto, e a ruiva sorriu abertamente. 

Albus permaneceu calado o que, novamente, não passou batido. 

— Você também vai, não é?

Queria muito responder que não, porque certamente não estava muito a fim de ver o amigo beijando caras por aí e perguntando se eles queriam namorá-lo. Lançou um olhar de esguelha para Scorpius que parecia interessado na resposta. Sabia que era coisa de sua cabeça, porque Scorpius era extremamente curioso sobre tudo, então aquilo não significava nada demais. Talvez estivesse querendo até mesmo se prevenir de não ser sabotado pelo amigo. 

Ponderou por um tempo, pensando no que Frank vinha lhe enchendo a santa paciência nos últimos dias: em como ele provavelmente sentia algo por Scorpius e precisava fazer algo sobre o assunto. Nem que fosse beijar outras pessoas para esquecê-lo, ou qualquer coisa do tipo. Revirou o olhos para as dez vezes que o amigo tentou o convencer a ser o namorado falso de Scorpius, porque aquilo era absolutamente ridículo. Frank poderia ser legal, mas era muito insistente e irritante. Ele quase soltou o segredo para sua irmã, Nina, o que fez com que Albus praticamente pulasse em cima dele para que mantivesse a língua dentro da boca. 

— Vou. A do meu curso é sempre uma merda. — justificou tentando não transparecer que estava ligeiramente nervoso, principalmente ao ver o sorriso largo de Scorpius. 

— Não é somente a festa que é uma merda. 

Albus gostaria de rebater e dizer que não, mas após iniciar novos desenhos - um pouco mais variados que os anteriores, pois passou a desenhar outras pessoas além de Scorpius e Rose - percebeu que era inútil tentar lutar contra aquele fato. 

— Meu curso é uma merda. — concordou rindo pelo nariz e Rose suspirou, apoiando a cabeça na mão. 

— Não é muito tarde para desistir, você sabe. 

— Acho que meu pai me mataria. — gemeu e fez uma careta ao imaginar a cena. Ele sempre implicara com o fato de James nunca se interessar por nada que não fosse futebol. Ao menos agora ele podia jogar futebol em paz, porque havia conseguido uma bolsa para isso. A formação em administração era apenas uma desculpa. Mesmo que seus pais parecessem mais confortáveis, Albus não queria se tornar a nova decepção da família. 

— Tio Harry nunca faria isso e você sabe. É só uma tentativa de fugir da possibilidade e você sabe. — Albus odiava a forma como Rose estava certa, mas, sabia que seus pais não eram as melhores pessoas em esconderem decepções. Não iria arriscar, não mesmo. 

 

O dia da Deadline

— Ok, por que nunca viemos nessa festa mesmo? 

— Porque somos idiotas, provavelmente. — Al falou alto no ouvido de Frank após ver um grupo de pessoas ridiculamente bonitas passar por eles. — E nossos cursos fazem festas péssimas. — acrescentou ao notar a variedade de bebidas que tinha ali.

— Fale por você, as festas da biologia são ótimas. — soltou antes de se afastar para conversar com uma garota que Albus sofrivelmente reconheceu como sendo sua prima Roxanne. Havia se esquecido de como Rose se empolgava demais em arrastar metade dos primos para as festas legais e tudo acabava virando uma grande reunião familiar em algum ponto. 

— Que merda, que merda, que merda. — Rose se aproximou como um furacão enquanto amassava a barra de seu vestido preto de maneira tensa. — Você viu o Lorcan por aí? Ele meio que me viu beijando um cara e evaporou. 

Albus olhou incrédulo para a prima. Como ela ainda não havia percebido que ele gostava dela? 

— Por que você fez isso?

A ruiva estava no meio de uma crise, Albus logo percebeu. Parecia se sentir extremamente culpada. 

— Nós estávamos no meio de uma brincadeira boba de shots, do nada ele me beijou e eu fui na onda. Acho que ele ficou irritado porque não conversamos se aqui seria um ambiente livre pra ficarmos com outras pessoas. Ele só veio por minha causa, na verdade, porque ainda falta uma prova para ele. Ai, que droga. — ela roía as unhas de maneira nervosa, de modo que Albus as puxou lentamente para baixo, segurando-as por precaução.

— Rose, eu não acho que seja só por isso… 

Levou mais ou menos meia hora, e muitos copos virando praticamente uma de cada bebida disponível na festa depois, para convencer Rose de que sim, Lorcan gostava dela há mais tempo do que ela imaginava. Quando ela finalmente entendeu o drama em que estava enfiada ela começou a chorar e Albus se desesperou, ainda mais quando seus óculos voaram de seu rosto graças ao abraço desesperado que a prima lhe deu. No minuto seguinte o óculos não estava mais lá. A noite não poderia ficar melhor. 

— O que é que aconteceu? — um vulto de cabelos loiros questionou. Pela voz Albus deduziu que fosse Lorcan. 

— Lorcan? — Rose virou o rosto no mesmo instante.

— Não… É o Lys. 

E voltou a desabar no choro. 

— Ela tá chorando por causa do meu irmão? 

— Mais ou menos. — tentou falar um pouco baixo, mas Rose claramente ouviu, pois se separou de imediato. 

— Não estou chorando pelo Lorcan. — se virou para encarar Lysander e respirou profundamente. — Só um pouco, talvez.

 O rapaz revirou os olhos, estendendo a mão para que ela se levantasse.

— Que tal você falar com ele, então? 

Ela apenas assentiu, afastando-se sem dizer tchau. 

Albus passou a mão no rosto, ainda anestesiado pela quantidade de choro que Rose estava despejando em seu ombro. Sua camiseta branca estava levemente úmida e manchada de rímel preto, mas ao menos Rose parecia estar melhor. 

Quando se levantou desejou que não o tivesse feito. Talvez tivesse acabado bebendo tanto quanto Rose. Estar sem os óculos não favorecia. Deu de ombros e tratou de buscar outro copo. Em algum momento alguém lhe chamou e, somente quando chegou perto, percebeu que eram seus amigos de classe. Perdeu a conta de quanto tempo passou ali, olhando ao redor de vez em quando para ver se encontrava algum conhecido mais íntimo, como Frank, Rose, Lorcan, algum de seus primos, na pior das hipóteses ou Scorpius. 

Não soube ao certo como, mas em determinado momento estava dançando com um cara alto e loiro. As luzes piscavam de maneira com que focalizar o rosto estava muito difícil, no entanto Al sabia de quem se tratava, mesmo que o cabelo estivesse preso muito bem para trás. Pensou em como um desenho dele com aquelas luzes coloridas ficaria extremamente interessante. Queria ser capaz de gravar aquela cena na cabeça, entretanto estava bêbado demais e não era muito bom em lembrar das coisas no dia seguinte. 

Scorpius parecia tão bêbado quanto ele, então Albus ponderou que talvez ele também não se lembrasse se acontecesse um pequeno incidente. Como, por exemplo, Albus tropeçar e sem querer grudar os lábios dos dois. Parecia uma ideia ótima, ainda mais com aquela luz rosa refletindo em seus cabelos de uma maneira particularmente atraente

Queria muito ser capaz de se lembrar no dia seguinte.

 

O dia seguinte da Deadline

 

Abrir os olhos foi um desafio absurdo. Albus não sabia o que estava pior: seu enjôo, sua dor de cabeça ou sensação de dor pelo corpo todo. 

— Bom dia, flor do dia. 

Apesar do tom, Frank não parecia muito melhor do que Albus. Os cabelos castanhos estavam uma bagunça e seu olho possuía um roxo enorme. O rapaz de olhos verdes franziu o cenho, em confusão. 

— O que foi que aconteceu?

— Você caiu no chão e me acertou com um soco quando fui te ajudar a levantar. 

— Meu Deus. — ele levou às mãos à cabeça, tentando se lembrar daquilo. Não fazia ideia. — Em que momento foi isso?

— Logo depois de você beijar o Henry. 

Não. Não. Não. Aquilo não estava certo. Não beijou Henry Smith, o idiota de seu curso. Henry era um cara presunçoso demais que Al simplesmente detestava. Fora que era estupidamente alto e loiro demais. De repente algo lhe atingiu como um soco. Loiro demais

— Puta que pariu eu beijei o escroto do Henry e não o Scorpius?

Frank começou a rir, mas logo parou, massageando as têmporas. 

— Scorpius ficou é assistindo a cena toda como se não acreditasse no que estava vendo. Aliás, ninguém acreditou. — o rapaz se aproximou, de maneira tensa. — Vamos dizer que você saiu do armário em grande estilo. 

Ao exibir o celular Al pôde perceber uma foto dele beijando Rigel Thomas-Finnigan, um sub-influencer, famoso por conta do pai, cantor de rock, Seamus, e do outro pai, Dean, que era um curador de uma importante galeria de arte de Londres. E pior: era extremamente próximo da família. 

— Isso está na internet toda. Você já deve estar cheio de stalkers nas suas redes sociais. 

Pegou o celular com cuidado, mas decidido a olhar logo, antes que toda sua coragem fosse embora. Cerca de 200 notificações, sendo metade delas só no Instagram. O restante eram de mensagens de surtos de toda sua família. E duas de Scorpius.

— Meu Deus, que merda eu fiz? 

— Você não lembra de nada? — Frank parecia genuinamente decepcionado. — Eu tava louco pra saber o que você tanto conversou com o Scorpius.

Não. Não. Não. Que merda Albus havia feito?

Ignorou todas as outras mensagens e foi direto para a de Scorpius. Era um áudio de uns cinco minutos, enviado às três e cinco da manhã, com uma mensagem curta logo em seguida, enviada alguns minutos depois daquela, dizendo “Espero que se lembre de cumprir isso”. 

Colocou o áudio para reproduzir, sentindo que poderia vomitar a qualquer instante. 

O som ambiente da festa poderia ser reconhecido facilmente.

“Vai, quero deixar isso registrado”. A voz de Scorpius parecia um pouco alterada, mas não era nada comparada a de Albus, que estava por vir. “Você precisa parar de procurar namorado falso na porcaria do Date It Up. Aquele aplicativo é uma bosta. Você não precisa procurar lá. Basta olhar ao seu redor. Ao seu redor”. Uma pausa longa foi dada, seguindo-se da risada alta de Scorpius. 

O áudio inteiro foi basicamente ele falando mal do aplicativo e quando já estava prestes a respirar aliviado ao perceber que o mico não havia sido tão grande, a pérola foi solta:

“E qual a solução, então?”, a voz arrastada de Scorpius soou e Al sabia que havia respondido algo idiota. “Eu vou ser seu namorado falso. Eu vou fazer um perfil na droga do aplicativo e ser seu namorado”.  

— Puta que pariu! — os dois amigos exclamaram, se entreolhando.

— E agora, o que você vai fazer? — Frank perguntou após alguns segundos de silêncio. 

Albus não sabia o que dizer. Ainda estava encarando as letras que Scorpius havia digitado. “Espero que se lembre de cumprir isso”.

 

S C O R P I U S

O dia seguinte da Deadline

 

— O Albus o quê? — Rose gritou pela tela do celular, arregalando os olhos. Isso fez com que Scorpius se arrependesse um pouco de ter feito uma chamada de vídeo com ela para contar o que havia acontecido enquanto ela aparentemente estava se resolvendo com Lorcan, informação que ela ainda não havia compartilhado com ele. — Porra, como eu perdi tudo isso?

— Estava fazendo não sei o quê com o Lorcan. Inclusive, quando vamos falar a respeito?

— Quando eu souber direitinho o que rolou entre você e meu primo! — resmungou enquanto revirava os olhos. — Não acredito que o Albus beijou o Rigel. E mais… Quantas pessoas?

— Três. — resmungou sem emoção e Rose abriu um sorriso solidário.

— Sinto muito por isso. Sei que você gosta dele. Mas pensa por um lado positivo: ele pelo menos gosta de homens também.

— Eu não sei o que sinto. — despejou com sinceridade. — Não sei o que ele quis dizer com isso de ser meu namorado falso. Ou de ficar sabotando meus encontros. 

Rose bateu com força na própria testa, assustando o amigo.

— Depois você fala que eu é que sou lerda. É óbvio que ele está a fim de você e fez tudo isso pra causar. Talvez ele só não soubesse ainda.

— Rose, não é a mesma situação que você e o Lorcan, viu. Eu quis dizer que não sei se o Albus realmente me curte. Talvez ele só esteja nesse processo louco de descobrimento. Não quero deduzir nada antes. 

— Claro que não é a mesma situação. Eu não estou apaixonada pelo Lorcan também. 

Scorpius ponderou por alguns segundos, tentando decifrar a expressão de Rose através da tela do celular. 

— Vocês não vão namorar de mentira mais, então?

— Vamos… A questão é que ele também não está apaixonado por mim, como você e o idiota do Albus me fizeram acreditar. Paguei o maior mico. 

Ela parecia envergonhada, mas, mais do que isso, parecia chateada. Scorpius semicerrou os olhos. Tinha certeza de que Lorcan gostava dela. O modo como ele a olhava dizia tudo. 

— Você por acaso começou falando que você não sentia nada por ele?

Rose ficou um tempo quieta, mas gritou em frustração. 

— Não quero falar sobre isso agora. 

— Você quer um sorvete antes? 

Scorpius tentou conter o sorriso ao ouvir o grunhido da amiga em concordância. Os dois estavam precisando de um pouco de sorvete, acompanhado de um bom filme trash de terror, para distraí-los dos dilemas amorosos. 

— Chego aí em dez minutos. 

— Ei, espera! O Al já respondeu o áudio?

— Não e eu duvido que ele faça isso. Provavelmente vai dizer que tava bem louco. Nunca que ele vai topar ser meu namorado falso. — Scorpius resmungou enquanto se levantava para colocar um moletom para se proteger da fina chuva que caía. 

— Como você pode ter tanta certeza? — Rose resmungou, fungando o nariz. — Acho que ter pulado na piscina ontem no final da festa não foi uma boa ideia. 

— É claro que não foi. Era uma ideia de bêbado. Ideias assim nunca dão certo. — Scorpius riu pelo nariz e Rose lhe deu a língua. — Mas sério, sobre Albus… Até parece que você não conhece o primo que tem. É o Albus. Ele foge de absolutamente tudo. 

— Me lembrou alguém… — cantarolou Rose, como se não fosse nada. Scorpius lhe mostrou o dedo do meio sem cerimônias. — Eu só estou falando a verdade. Você não brigou com o Al de verdade por nenhuma das cagadas por ter um coração mole e estar apaixonadinho. Você foge de confronto porque não quer magoar uma pessoa. Eu te conheço, Scorpius. 

— O assunto aqui não sou eu, sou? — rebateu ao fechar a porta do dormitório. Uma notificação do Date It Up piscou e Scorpius revirou os olhos.

— Eu ouvi isso. Quem foi o match da vez? — Rose perguntou curiosa, enquanto colocava um moletom também. — Vou te encontrar na cafeteria, tô curiosa demais. 

Scorpius não conseguiu responder Rose, pois sequer podia acreditar no que estava lendo. 

Albus Potter havia feito um perfil no aplicativo e dado match com ele. A foto escolhida havia sido uma que Scorpius se lembrava de ter tirado alguns meses atrás em um festival de bandas que aconteceu na universidade. Na descrição do perfil constava apenas: “Cumprindo uma promessa aqui".


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Notas finais do capítulo

E aíiii, as coisas definitivamente esquentaram. Lorcan: gosta ou não de Rose? Aliás Rose muito eu na vida: bebe meia dúzia de copos e já chora largada sos. Vamos ressaltar a magia que costuma rolar em festas: eu AMO. As coisas sempre se desenrolam.
ALGUÉM PEGOU A REFERÊNCIA À RIGEL THOMAS-FINNIGAN? Se você não pegou, por favor, leia The Answer In In The Stars e se apaixone por ele também, sim? (https://fanfiction.com.br/historia/794409/The_Answer_Is_In_The_Stars/). Mas foi só uma pontinha aqui, ele não vai fazer casal com o Albus, apesar de ser um cara incrível aqui também (fonte: vozes fanfiqueira da minha cabeça).
Espero que tenham gostado ♥ Pretendo postar o último domingo, soooo, até lá!
Vejo vocês nos comentários?



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