Se eu voltar escrita por Lilium Longiflorum
Eu não parava de olha-lo, ele estava belo... Continuava com os cabelos longos, mas grisalhos. Vestia uma camisa de manga comprida azul royal clara e uma calça social preta, e sempre mantinha sempre o seu porte atlético. Eu sentia vontade de abraçá-lo bem forte, era uma saudade imensa que eu sentia dele, mas era como se eu estivesse prestes a perdê-lo, queria ignorar aquele sentimento, mas eu não conseguia. Comecei a prestar atenção nele e no seu olhar. Liu sentou numa cadeira próxima a mim e começou a falar:
— Kitana, mesmo vendo você assim, a sua beleza continua intacta. Senti muita falta sua... Esperei por você...
Liu fez uma pausa baixou a cabeça e colocou a mão na boca, como que quisesse chorar. Engoliu o choro e voltou a dizer:
— Nesse tempo que você ainda era um espectro, muitas coisas aconteceram. Eu decidi entrar na vida acadêmica e passei no vestibular no curso de fisioterapia. Nunca pensei que um dia eu entraria em uma universidade. Um sonho realizado. Lá fiz muitas amizades novas e lá conheci a Laura Boyer, uma francesa que fazia jornalismo...
Eu sabia que ele estava me preparando para dar a notícia... Mas eu insistia em continuar a ouvi-lo.
— Nós nos tornamos bons amigos, mas um sentimento entre nós surgiu e... já faremos um ano de casados.
Naquele momento o meu chão sumiu e uma dor profunda no peito me atingiu. Os aparelhos começaram a apitar com frequência. Liu ficou assustado e foi correndo chamar a equipe médica, a dor no peito não cessava e eu começava a me desesperar. A equipe médica chegou e o aparelho ligado ao coração começou a fazer um agudo contínuo.
— Peguem o desfibrilador rápido – gritou a Dra. Angel, a que estava cuidando de mim.
Logo chegaram e começaram os processos. Liu desesperado pergunta:
— O que está acontecendo com ela?
Um dos enfermeiros o empurrou para fora do local e disse:
— Ela teve uma parada cardíaca!
— Não, Kitana! Não vá embora.
O enfermeiro o conduziu para fora da UTI, eu o olhava contra o vidro e chorava, batia no vidro e tentava gritar com voz fraca:
— Liu, Liu não me deixe...
Voltei o olhar para o meu corpo que estava tentando ser reanimado.
(...)
Eu e minha mão tínhamos uma grande afinidade, conversávamos de tudo um pouco e sempre me aconselhava. Numa tarde Sindel estava no terraço olhando o arrebol, fui até ela.
— Você gosta tanto do pôr-do-sol.
— Sim, filha. Ele inspira muitos poemas românticos...
— E como você conheceu o papai?
Ela fez uma pausa sorriu e disse:
— Foi algo mágico, não demoramos muito para nos casar... Algo muito rápido e nunca deixei de amá-lo.
Eu percebia que ela gaguejava em algumas palavras. Perguntei:
— Por que está gaguejando?
Sindel abaixou a cabeça e sem me olhar me disse:
— Não é nada...
Fingi que acreditei, mas sentia que algo estava errado. Resolvi não discutir e pedi um conselho.
— Mãe, o que você diria se eu estivesse apaixonada?
— Você está?
— Ainda não, mãe. Mas eu já queria esse conselho.
Parece que eu estava prevendo que ela logo me deixaria. Sindel disse:
— Tente sempre ter um sentimento puro pelo rapaz e nunca se entregue de primeira aos sentimentos. Faça com que ele vá atrás de você.
— E se eu ver que ele não quer nada comigo?
— Não torture o seu coração, tente esquecê-lo. Não é uma tarefa fácil, mas é possível!
(...)
Uma das enfermeiras abriu a porta e sai correndo para ver se encontrava Liu lá fora, o que vi ali foi uma confusão. Kuai Liang descontrolado segurava no colarinho do Liu e disse:
— Se ela morrer a culpa é sua!
Bo’Rai Cho e Johnny tentava segurá-lo até que conseguiram separar os dois. Sonya e Cassie vieram correndo a Cassie perguntou:
— O que está acontecendo aqui?
Jacqui respondeu:
— Kitana teve uma parada cardíaca e estão tentando reanima-la.
Sonya pôs a mão na cabeça, o choro veio e ela entrou correndo na porta da UTI. Eu a acompanhei e ela tentou entrar na sala e não conseguiu. Do lado de fora começou a bater no vidro.
— Kitana, por favor, não vá embora! Kitana, Kitana...
Tentava engolir o choro, mas não conseguia.
Aquele momento para mim era o fim de tudo, não enxergava mais motivos para voltar... e aquela dor no peito não parava todas as vezes que lembrava das palavras de Liu. Olhei para o corredor e vi uma luz forte e branca, seria a hora de ir para sempre. Acho que só assim aquela dor cessaria.
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