Se eu voltar escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 2
A primeira visita




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Eu estava deitada no chão, acordei olhando para o céu, com muita dificuldade me levantei e já não estava com aquela roupa tão quente, estava com um simples vestido azul celeste na altura dos joelhos, meus cabelos estavam soltos e meus pés estavam descalços. Olhei para a minha pele e vi que tinha voltado a ser humana, meu coração estava exultando de alegria, virei para trás e vi Raiden em desalento, me aproximei dele e disse:

— Raiden, eu estou viva, veja!

Coloquei a minha mão no seu ombro e o chamava, mas ele me ignorava não me escutava. Olhei para o lado e vi o corpo de uma jovem desfalecida no chão, estava com uma roupa escura e quente, vi o rosto dela e... Espera, essa sou eu, pus minhas mãos na fronte dela e estava fria. O que estava acontecendo, o que é isso? Eu morri? Queria respostas daquele evento, não estava entendendo nada, só sei que aquele corpo que estava caído no chão era o meu.

Raiden aproximou-se de mim e disse:

— Nós vamos te tirar dessa.

Ele me pegou nos braços e fomos transportados para um hospital das Forças Especiais. Chegamos lá os médicos e enfermeiros já vieram em minha direção, me colocaram em uma maca e me levaram para fazer alguns exames para ver se precisava de cirurgia ou não. Tiraram minhas vestes e colocaram como que uma túnica verde água. Depois me entubaram e me deixaram em um quarto, meu corpo estava imóvel.

Simplesmente não sabia o que estava acontecendo, sentei a beira da porta do quarto onde eu estava, olhei para aquele cenário e dizia:

— O que é isso? Alguém pode falar comigo?

Ninguém me escutava, foi quando eu vi uma jovem de cabelos ruivos olhando para aquele corpo quase sem vida, olhei para ela de relance e disse:

— Você, com certeza, não me ouvirá.

— Consigo te escutar, jovem – disse a jovem com os olhos fixos em mim.

— Quem é você? O que aconteceu comigo? Parece que eu morri de verdade.

— Você não morreu Kitana. Você está em coma, devido à energia que Raiden usou para te tirar do estado de espectro, seu corpo sofreu um trauma muito grande e você acabou entrando em coma. E respondendo a sua primeira pergunta eu sou a sua consciência.

Levantei-me e vi meu corpo estático. Eu consegui ver o corte profundo que estava em meu tórax. A dor ainda continuava, apesar da medicação que me deram para cessar aquela dor, nunca imaginei que estaria assim agora. Tantas perguntas vieram a minha mente. Será que virão me visitar? Como estará Liu Kang? Ele sabe como eu estou? Acho que essas questões só seriam respondidas ao decorrer do tempo.

Ao longe eu pude ver Sonya e Johnny e uma médica - acho que ela seria responsável por mim. Eu conseguia ouvir a conversa.

— E então doutora, o que ela teve? – perguntou Sonya

— Devido ao excesso de energia que fora usado nesse processo, alguns órgãos ficaram comprometidos como o fígado, os rins, os pulmões e principalmente o coração.

— Nossa – disse Sonya – será que ela vai sair dessa? Valeu a pena o esforço?   

— - Temos que ter fé, não vamos desistir de Kitana, lutaremos por ela. – disse Johnny abraçando a esposa.

— Eu pensei que ela seria forte e se recuperaria rápido, assim como os outros, mas me enganei. Nunca pensei que o organismo dela fosse tão frágil. – disse a doutora.

— Nem nós.

Ouvir tudo aquilo me deu um medo muito grande de não regressar. Eu nunca gostei que tivessem pena de mim, mas parece que eu merecia. Voltei a olhar o meu corpo sem vida, tão comprometido e condenado a voltar a terra. Comecei a ter algumas lembranças do meu passado.

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Edenia sempre foi um lugar perfeito, nasci e cresci em um palácio – muito belo por sinal – eu era a princesa desse reino, mas não como os contos de fadas em que a princesinha era sempre a vítima, a coitadinha... Eu estava sempre pronta para a guerra e sempre andava armada, com meus leques pontiagudos e cortantes. Sim eles eram poderosos e muitos me temiam, não só por causa dessas armas, mas pela minha habilidade nas artes marciais. Minha mãe sempre que possível se dedicava a me ensinar as artes da luta. Depois que ela se foi, continuei me dedicando, através do torneio que Raiden tinha proposto à Shao Khan. Eu participava com minha amiga Jade, nós sempre lutamos juntas. Nas horas vagas nós treinávamos e conversávamos sobre diversos assuntos, às escondidas tocávamos instrumentos musicais, eu tocava cravo e Jade preferia viola d’amore. Fizemos algumas melodias e sempre tocávamos juntas. Numa dessas venturas, Jade me disse:

— Como eu gostaria de me apresentar um dia em público.

— Shao Khan nos quer apenas para a luta e para matar os que pertencem ao Plano Terreno, se bem que eu não vejo vantagens nisso. Na época em que minha mãe vivia não era assim.

— Se eu pudesse me dedicaria somente à música. Acho que teríamos oportunidade no Plano Terreno.

— O que está dizendo? Você quer aliar-se ao Plano Terreno?

— Kitana, vou ser sincera com você. Nunca vi nenhum mal neles e você também que eu sei.

Realmente me sentia bem com eles, mesmo eles sendo os nossos arqui-inimigos. E o meu coração já havia escolhido um daqueles guerreiros, sempre quando começava um torneio meus olhos procuravam Liu, quando os nossos olhares se cruzavam, me deparava com um misto de sentimentos, mas eu não podia transparecer isso a ninguém.

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Aos poucos os visitantes estavam chegando ao hall de espera. Eu me sentia tão feliz em vê-los, Sonya cumprimentava a cada um e eu conseguia ver a dor expressa no coração de cada um até que vi Jade chegar. Aqueles olhinhos verdes eram inconfundíveis. Ela abraçou Sonya e as lágrimas escorriam em seu rosto, eu não conseguia ver Jade chorar e acabava chorando junto com ela. Jade trazia consigo um estojo preto em formato de algum instrumento musical. Será que era o que estava pensando? Decide esperar que ela entrasse no quarto. Mas o que me preocupava era Liu Kang, ele ainda não havia chegado, estava ficando aflita. Resolvi ir para o quarto e esperar a primeira visita.

Não demorou muito e Jade entrou no quarto, sentou ao meu lado e me observou dos pés a cabeça. As lágrimas voltaram a cair, Jade se recompôs e começou a conversar comigo:

— Me perdoe por todo esse choro, Kit. Mas eu não imaginava vê-la assim... Não sabe como todos nós sentimos sua falta.

Mesmo ela sem me ouvir eu respondia

— Eu acredito. Também senti saudades e não vejo a hora de poder abraçar cada um de vocês.

Ela continuou

— Lembra-se de quando tocávamos juntas, escondidas de Shao Khan. Eu disse a você que queria me dedicar a esse instrumento maravilhoso.

Dizendo isso tirou do estojo a viola d’amore. Fiquei encantada e muito feliz por ela ter se dedicado mais ao instrumento.

— Assim que me libertei, fui procurar uma escola de música e hoje já estou no nível avançado. - disse Jade empolgada.

Aquele instrumento era realmente muito belo, o seu ruído penetrava a alma, meus ouvidos sempre aprovavam a forma em que Jade tocava cada melodia.

— Antes de tocar para você preciso preparar seu coração. Realmente muitas coisas aconteceram nesse tempo e sinto que seu coração ficará desapontado quando você souber.

Fiquei intrigada. Como eu desejava que Jade me escutasse, eu comecei a suplicar para que ela logo me contasse.


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