O Mundo de Pocema escrita por Suzanah


Capítulo 6
Capítulo 6: Sonho?




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 — Acorda, amiguinha. — Disse Talita com a voz serena e a sacudindo de leve.

— Não... eu quero dormir....

— Você vai perder os bolinhos de chocolate com bolinhozinhos dentro?

— Ah não! — Ela se sentou na cama rapidamente, com um dos olhos fechados — Eu amo esses bolinhos!

Logo pegou o seu tapa-olho na cômoda, do lado de sua cama, e se escondeu embaixo do cobertor para ninguém ver.

Porém, ao colocar seus pés no chão, sentiu uma forte dor no peito e voltou para a cama.

— Ei, você não vem, não? — Lokita chegou de surpresa.

Talita olhou a sua irmã, sem a Pocema ver, deixando uma lágrima cair e disse:

— Ela estava com dor no peito agora há pouco.

Lokita correu até a Pocema para ver se ela estava com febre.

— Eu vou morrer? — Pocema perguntou.

Talita riu escandalosamente.

— Qual é a graça?

— Isso que você tem é paixonite! Ficou tão zangada porque o garoto roubou seu primeiro beijo que está assim!

Um breve terremoto surgiu. Logo as irmãs passaram de rostos risonhos para preocupados.

— Hum... devemos estar na época de terremotos. — Disse Lokita nervosa.

"Talvez eu só esteja exagerando." — Pocema pensou.

— Está decidido! Hoje vai ser um dia calmo! — Lokita.

As sábias palavras da Lokita foram interrompidas por um monstro em frente de casa.

— Caraca! Talita, você fica aqui com a Pocema. Deixe o monstro comigo!

— Espere, Lokita! Você vai precisar de armas! — Disse Talita coçando fortemente no seu cabelo.

— Vamos, Talita!

— Estou indo! Estou arrumando, sua bundones! — Ela jogou, da sua cabeça, uma mochila cheia de armas.

— Obrigada, fui!

Talita tirou suas sapatilhas e deitou do lado da Pocema.

— Sua janela é melhor que cinema!

Então a Talita desceu para pegar a sapatilha e tirou um saco de pipoca.

— Aceita?

— Não, valeu. — Pocema deu uma boa cheirada na pipoca e se arrependeu, tapando seu nariz com as duas mãos. — Eca! Isso tem cheiro de chulé!

Talita também cheirou, já de boca cheia.

— Tem razão. — Pegou um gravador do seu ouvido. — Lembrete, só guardar comida enlatada.

Elas retornaram a olhar para a janela.

— Gosto como a Lokita luta. — Pocema se ajeitou na cama. O dia de preguiça estava perfeito.

— Também.

— Eu gosto de como você tem tudo na hora certa!

— Eu peguei essa mania de alguém.

— Quem?

Talita dá um risinho.

— Segredinho meu!!!

— Olhe! A Lokita já acabou!

— Ela está conversando com alguém. — Talita cruzou os braços. — Isso vai demorar!

— É uma senhora.

— Cheguei gente! — Lokita chegou toda suja. — Uma senhora deu um serviço para a gente! Um fácil que até a Pocema pode fazer com o seu estado atual.

— Prossiga, senhorita faladeira! — Talita.

— Cortar a grama! Mas eu vou tomar um banho primeiro. — Que calor!

As três tomaram um lanche rápido e foram direto à casa da senhora.

— São vocês!

Ela as cumprimentou apertando as bochechas de cada uma.

— Obrigada por nos chamar, senhora. — Disse Lokita sorrindo e acariciando sua bochecha apertada. Doía, mas o sorriso da intenção era maior.

— Entrem! A grama não vai se cortar sozinha. Depois do trabalho podem pegar o pagamento de vocês e tomar um delicioso suco de acerola!

Elas olharam para a pia da cozinha, estava cheia de acerola dentro do liquidificador. Prontas para servi-las.

A doce senhora abriu a porta para o quintal.

— Bem, até depois!

— Quê?! Isso não é um quintal! É a Amazônia inteira!

— Há tantas árvores aqui que nem sei a profundidade do quintal. — Talita.

— "Quintal".- Pocema. Suponho que esse mau humor dela seja preguiça.

— Não temos tempo para medir a área do quintal! A senhora já está triturando as acerolas. Não temos muito tempo!- Lokita.

— Ah, meu liquidificador quebrou. Vou ter que fazer na mão. — Disse a senhora da cozinha.

— Ok, temos um pouco mais de tempo! Cada uma pega um cortador de grama e vamos nos separar! VAMOS, VAMOS!

Pegaram suas máquinas e foram uma para cada lado.

— Isso é fácil! — Pocema apertou o olho. — Talita tem razão, não sei onde termina. Melhor eu me apressar.

Não sei se passaram horas, minutos, segundos... mas o calor ultrapassava das copas das árvores.

— Quando começou esse calor?! — E como faz suco de acerola na mão!?

Pocema tirou o seu casaco e o deixou em um galho e foi andando com o cortador de grama.

Mesmo com o calor e o som do cortador de grama "flatulando", haviam uns pássaros dançando na luz do sol. Seus sons eram soberbos.

Um pequeno show durante o trabalho era tão revigorante que dava um soninho na pequena Poceminha.

Entretanto o show acabou quando uma pequena gota de água caiu, guiando as outras milhares delas.

— Chuva?

Ela abandonou o cortador de grama para procurar seu casaco, embora as árvores eram todas iguais. A única opção foi se encostar em uma árvore e esperar a chuva passar.

— Que frio. Não quero pegar um resfriado! Por agora, só devo repor calor.

Mas seu brilho não se rendeu. Olhar a chuva era até lindo de se ver! Mesmo impossível, contava as gotas de chuva.

Um tremor a tirou de sua concentração.

— Outro terremoto? — Seu bumbum pulava no chão como um pula-pula.

Apareceu um monstro à sua esquerda. Ele vinha sentindo seu cheiro até ficarem frente a frente.

Esse monstro usava ataduras nos olhos. Ele era diferente dos outros monstros que Pocema já lutou. Ele fazia uns sons estranhos como se tentasse falar. Ele não atacava, gritava, nada. Só um som de cachorro bravo.

— Grrrrrrr...

— Por favor, não me mate!

— L-L-Loser.

Eram palavras estranhas, mas Pocema sabia que o intuito era para o mal.

— Gilipollas.

Ela não estava entendendo nada. Mas a cada palavra, ele chegava seu rosto mais perto. Seu medo foi tanto que desmaiou.

Logo abriu os olhos e tudo fica branco. Parecia que estava nadando no ar.

— Alô? Tem alguém aí?

— Olá, filha.

Era uma voz indescritível, mas firme.

— Filha? — Quem é você?

— O Criador do universo.

— Mas Pai, eu estou com medo.

— Não se preocupe, filha. Eu estou no controle.

Logo Pocema acordou e se levantou para encarar o monstro.

— Não tenho medo das suas palavras estranhas!

— Grrrrr!- Sem opção, o monstro levantou a pata cheia de garras.

— POCEMA!- Talita caiu do céu e socou o monstro, jogando ele para longe.

Do outro lado veio a Lokita, com uma espada imensa, que o cortou no meio.

— Pocy, você está bem? — Lokita foi correndo até ela.

— Ela está bem, mana?

— Sim, está. Só um pouco em choque.

— A grama... — Sua voz falhou.

— Não se preocupe, Pocy. Cortamos tudo.

As irmãs seguraram seus braços, seu equilíbrio não estava dos melhores.

 Pai?- Pensou.

 

 

E, três copos de suco de acerola.

— O suco está bem docinho? — A senhora perguntou.

— Sim, está delicioso!

— Talita está certa. Está muito bom! — Lokita.

— E você garotinha, o que achou?

As irmãs olharam para a Pocema, preocupadas.

— Ela está cansada agora, senhora. Nada que um bom suco para molhar a garganta! — Lokita.

— Oh! Já ia esquecendo dos sanduíches! — Já volto, meninas!

Pocema estava perdida nos pensamentos, nem tomou um gole sequer do suco!

— Pocema, passou, tá? Não precisa se preocupar mais. — Talita segurou a sua mão.

— Eu tenho uma pergunta. — Pocema levantou a cabeça.

— Diga, está nos deixando ansiosas. — Disse Lokita dando um gole bruto.

— Existe um criador? Tipo, um pai do universo?

— Mas é claro! Não vê como o universo é equilibrado? Como o sol vem em boa hora e a lua também? Por isso a natureza é tão perfeita. — Os olhos da Lokita ganharam cor como se estivesse falando de um parente querido.

— Eu não explicaria melhor! — Disse Talita.

— Até você? — Pocema ficou impressionada. — Mas acontece tanta coisa ruim no mundo.

— Que foi? Não sou cega! — Talita ficou emburrada.

Lokita entrou em seu lugar.

— Sabe, queremos estar com Ele. Deve ser muito legal ser feliz para sempre. Mas aqui, neste mundo, nós conhecemos a tristeza e outros sentimentos. Temos que lidar com eles porque passam rápido. E nada, NADA mesmo vai me impedir de estar do lado de Deus! Mas, infelizmente, nem todo mundo pensa assim.

Pocema olhou para a janela pensativa.

— Bem, eu quero me encontrar com Ele. Espero ver vocês também!

— Mas é claro, Pocy! — Talita deu-lhe um abração.

— Também quero participar! — Lokita se jogou nelas.

— Cheguei com os sanduíches. — A senhora os pôs na mesa.

— O suco e os sanduíches estão ótimos! — Pocema. — Coma com a gente, por favor.

— Sim, vou sim, gracinha. — Ela apertou suas bochechas.

— Pocy, você está bem? — Talita a tirou de seu transe.

Pocema tirou seus olhos da janela e esboçou um sorriso ao dizer:

— Nunca parei de respirar, mas hoje eu sinto o verdadeiro viver!

 


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