Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oláááá. É com muita alegria que a gente posta esse capítulo estrelando Marlene McKinnon como Lily James (https://greatexpectationsfanfic.tumblr.com/post/626085570884550656/lily-james-como-marlene-mckinnon)!
Inclusive, quem ainda não deu uma passadinha no tumblr, nós colocamos todo o nosso elenco dos sonhos lá, além das playlists da historinha :) haha
Esperamos que vocês continuem gostando. Beijo e bom final de semana!



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Até Draco Malfoy e seu bando corriam para pegar os melhores assentos na aula de Literatura, esquecendo-se inclusive que compartilhavam essa aula com os alunos mais pedantes da escola, os da Grifinória. A verdade é que ignoravam a presença deles quando viam Marlene McKinnon.

Agora mal dava para ver, mas nos primeiros meses McKinnon tinha estado muito nervosa: não era fácil ser a professora nova. Sem contar o rosto jovem que não transparecia o mínimo de experiência e o sorriso amável que dirigia a todos sem distinção. Marlene tinha trinta e um anos recém completos, mas um rosto calmo e bonito demais que a fazia se passar por vinte e três no máximo.

O tom de castanho claro em suas raízes que terminava em um loiro escuro bonito e natural, além dos olhos castanhos cor de chocolate-quente e aquela fileira de dentes brancos e bonitos que sempre se mostravam em sorrisos de tirar o fôlego, fazia meninos e meninas se dividirem entre rir de seus comentários espirituosos ou simplesmente suspirar de admiração e paixonite adolescente.

— Eu amo... - Neville suspirou quando ela acabou de discursar sobre a literatura elizabetana. - Eu amo Shakespeare.

Malfoy e o grupo que andava com ele – que consistia em metade dos calouros da Sonserina – girou os olhos e começou a rir, consciente de que Longbottom quase tinha confessado amor eterno a professora McKinnon.

— Rapazes. - Marlene disse com um sorriso e um tom de censura.

— Eu acredito, professora McKinnon, que foi Macbeth que disse... – Malfoy engrossou a voz e aproveitou a deixa para começar a dizer, levantando-se de sua cadeira. - Duvida da luz dos astros, de que o sol tenha calor, duvida até da verdade, mas confie em meu amor.

Todos os que tinha as gravatas verdes bateram palmas enquanto Malfoy os cumprimentava com uma reverência exagerada, como se tivesse acabado de declamar um soneto dramático ao invés de ter dito uma frase de uma linha e meia.

Hermione coçou a mão para intervir, mas as manteve perto da coxa.

— Com licença, Senhorita McKinnon. - Parvati Patil consertou a postura que já estava perfeita e levantou a caneta com um pompom amarelo na ponta, cruzando as longas pernas novamente. - Acredito que o senhor Malfoy cometeu um equívoco.

— Eu não... - Malfoy a interrompeu. - Já vi a montagem de Macbeth no nosso camarote reservado em Londres dezenas de vezes.

— E eu vi o filme do Mel Gibson vezes o suficiente para saber que essa frase é de Hamlet. - Parvati sorriu, com a caneta perto dos lábios. - Mel está tão lindo naquele filme que é difícil não memorizar.

— Você está duvidando da minha palavra baseando-se em um filme?

— Hello, ganhou um Bafta. - ela girou os olhos e cruzou as pernas. - E vários Oscars.

— Draco querido, eu sinto dizer, mas Parvati está certa. - Marlene o corrigiu delicadamente. - E são duas obras incríveis, adoro que vocês já tenham contato com tantas peças de Shakespeare por mídias tão diferentes.

Draco sentou-se com o rosto pálido avermelhado e cobriu a lateral do rosto com a mão, enquanto Patil sorria triunfante.

— Para a próxima aula, eu destaquei alguns sonetos e gostaria que vocês dessem uma olhada neles de antemão para discutirmos. - Ela pegou uma pilha de papeis impressos e distribuiu um tanto no início de cada fila. - Passem para trás, sim?

*

Ronald e Harry mal conseguiram prender a risada ao saírem da sala.

— Parvati é minha nova pessoa favorita. - Harry murmurou rindo. - É a cara do Malfoy falar sobre o que não sabe com aquele nariz em pé metido dele.

— Se mete na sua vida, Potter. - Malfoy pronunciou seu sobrenome com o maior grau de desprezo possível ao passar por ele.

Crabbe e Goyle entenderam que aquela era a hora de agir, empurrando Harry e Ron com força até que eles encontrassem no chão e Malfoy apontasse para os dois rindo.

— Mais um dia em Hogwarts. - Ronald girou os olhos enquanto aceitava a mão de Neville para se levantar. - Eu queria ver se esse moleque franzino seria tão valente se a gente o encontrasse sozinho.

— Impossível - quem murmurou foi Neville. - É capaz dos dois guarda costas vigiarem as portas enquanto ele toma banho além de provar todas as comidas antes que ele as engula.

— Você fez um comentário engraçado, Longbottom? - Ron sorriu, abraçando os ombros dele. - Quem diria.

— Vocês vão para Hogsmeade esse fim de semana? - Dean os alcançou enquanto andavam em direção a saída. - Parece que a galera dos dormitórios vai tá liberada para dar uma volta.

— Sério? - os olhos de Ron se arregalaram animados. - Eu não estava sabendo.

— A gente não tá liberado, só o segundo ano para frente. - Dean girou os olhos. - Mas ouvi que seus irmãos sabem como fazer a gente sair daqui.

— Você vai confiar em Fred e George? - Ron gargalhou. - Boa sorte.

— Seria legal. - Harry encolheu os ombros e olhou para os lados para se certificar que ninguém os ouvia. - Sirius me disse que tem um bar que serve cervejas para menores se a gente não parecer estudantes.

— Seu padrinho te fala essas coisas? - Thomas perguntou arqueando as sobrancelhas. - Se eu falar a palavra cerveja perto da minha mãe ela me destrói.

— Não acho que tenha sido a intenção dele. - Harry deu de ombros novamente. - Ele só gosta de contar histórias.

— Sem contar que nunca nenhum de vocês se passa por algo além de estudantes de quatorze anos. – Fred, que estava logo atrás deles acompanhado de seu irmão gêmeo George, disse. - Talvez daqui há uns anos...

—... e alguns centímetros. - George completou batendo a mão na cabeça de Ronald, que mesmo mais alto que os amigos, ainda era mais baixo que os irmãos. - Mas, pela quantidade certa de dinheiro, podemos arranjar algumas para vocês.

— Ou a gente faz alguma coisa saudável e não perigosa como ir ao shopping. - Neville quem disse, recebendo um olhar torto dos colegas. - Ok, não está mais aqui quem falou.

— Você sabe que a gente não tem dinheiro. - Ronald respondeu para George e olhou para os irmãos com as mãos nos bolsos.

— Então tenham um ótimo dia no shopping. - George disse com as mãos estendidas perto do rosto como se achasse uma grande pena e tivesse real compaixão pelos novinhos. - Vamos dar o passe livre para vocês de graça, já que são amigos do meu irmãozinho, mas se a gente descobrir que vocês abriram a boca...

— ...Vamos atrás de vocês. - Fred completou.

— Passe livre de que? Vão comprar as cervejas? - Ron berrou.

— De tirar vocês da escola, seu moleque escandaloso. - Fred girou os olhos e andou para longe deles.

Suspirando pelas cervejas perdidas, Ron se consolou com o fato de que pelo menos conseguiria escapulir um pouco no fim de semana.

Os Weasley viviam no campo há uma grande distância e tinham uma renda familiar restrita que não permitia o deslocamento diário de ida e volta dos garotos para casa de modo que desde o ingresso do primogênito, Bill, a matrícula de todos era realizada junto com a inscrição para alojamento.

A história da família estava intimamente ligada à escola – Molly e Arthur haviam se conhecido ali, no ensino médio, muitos anos antes – e os Weasley sempre cresceram com um senso de orgulho pelo colégio.

Nenhum deles parecia miserável por viver em sistema de internato. Os gêmeos, em especial, haviam conseguido manter o orgulho da tradição e ainda tornar a estadia na escola lendária e divertida. Agora que eles cursavam o penúltimo ano escolar e estavam quase dando o fora, podiam proporcionar pequenas alegrias para Ronald quando desse na telha.

— Bom, a gente se vê então, certo? – Harry acenou, despedindo-se dele e dos outros amigos. Ronald, Neville e Finnigan, que viviam em Hogwarts, tinham direito há alguns telefonemas, de modo que se o plano desse certo, eles conseguiriam contatar Harry pelo telefone de casa.

Correndo para o estacionamento, ele pulou na velha caminhonete de Sirius, que parecia absorto com alguma coisa que via pelo vidro retrovisor.

— Ei! E aí? – Harry chamou, sorrindo.

 - E aí, garoto? – Sirius voltou os olhos para ele, esquecendo-se do vulto da mulher que vira passar em direção a um fusquinha amarelo. Hoje ele usava uma camiseta do Led Zeppelin e uma camiseta xadrez de flanela além de um ray-ban clássico. Potter esperava que, quando o momento chegasse, ele pudesse ter tanta confiança em seu próprio estilo quanto Sirius parecia ter. – O rádio é meu, você perdeu! – gritou antes que Harry pudesse fazer o mesmo.

Harry fez uma careta pela sua própria falta de agilidade e colocou o cinto de segurança resignado. Gargalhando com a pequena vitória, Sirius ligou o aparelho de som, aumentando o volume para 80 antes de girar a chave na ignição.

Geralmente Harry ia e voltava com o ônibus escolar, mas sexta era um dia especial. Por quê era um dia especial Harry não sabia, mas essa era uma das muitas pequenas tradições que o padrinho havia instaurado para que os dois pudessem ter um senso de lar, de acordo com ele.

Funcionava.

I’m an aligattor... I’m a mama-papa coming for youuu… - Sirius uivou e Harry girou os olhos. Ele sempre escolhia a mesma música. Rindo do afilhado, Black o cutucou com o cotovelo no meio das costelas enquanto dirigia com uma mão.

I’m the space invader... – Harry cantou, a princípio baixinho, apenas para agradá-lo. Ele gostava do David Bowie, mas, pelo amor de Deus, eles estavam nos anos 90! Harry, assim como a maior parte das crianças de sua idade, só queria ouvir Oasis.

Havia algo no jeito animado de Sirius, no entanto, que sempre o contagiava. Antes de cruzarem a primeira esquina, os dois já estavam gritando juntos com as janelas do carro bem abertas. Nesses momentos, Potter era invadido por uma incrível sensação de plenitude e liberdade. Ele tinha consciência do quanto tinha sorte; seus amigos o lembravam disso todo santo dia, mas não precisavam: Harry nunca se esquecia de como as coisas eram deprimentes com os Dursley.

Desde que Sirius conseguira a guarda, no entanto, a vida de Harry parecia ter dado uma guinada tão boa em todas as direções que ele nem gostava de pensar muito a respeito para não azarar. Embora Sirius agisse, na maior parte do tempo, como um irmão mais velho carismático, Harry notava todos os seus esforços para que ele tivesse uma vida agradável e normal. Aquele vilarejo, aquela casa e aquela escola, por exemplo, eram os maiores símbolos disso. Nenhuma delas eram escolhas de irmão, eram escolhas de pai e Harry estava internamente grato por isso.

Ele não tinha idade para saber ainda que desde que Sirius havia saído da reabilitação no ano anterior, o havia feito com um único objetivo claro em mente: assumir e cuidar de Harry. A verdade é que ele tinha passado tempos realmente obscuros depois da morte do melhor amigo e vocalista de sua banda, James.

À época, The Marauders, já consolidada no Reino Unido, começava a estourar para fora da Europa e eles vinham se estranhando um pouco: Sirius queria ganhar mundo e James queria desacelerar as coisas, ter tempo para Lily e ver Harry crescer. Nenhum dos dois parecia chegar a um lugar comum em relação as expectativas que nutriam em relação ao que o outro devia fazer. Tinham até mesmo preparado uma nota para imprensa – a separação temporária para a dedicação de projetos distintos – a ser divulgada no fim da turnê de novembro.

Mas o rompimento veio de forma imprevista e a excursão nunca chegou a ser concluída. O assassinato de James e Lily no dia 31 de outubro de 1981 mudou de maneira visceral e irremediável todos os planos de Sirius. Em retrospectiva, ele não se lembrava muito bem de como havia passado o primeiro ano desde a notícia.

O mais provável é que ele não passara sequer um dia sóbrio. Havia, para além do problema com as drogas licitas e ilícitas, um contrato extenso e burocrático com a gravadora até 83 do qual ele não conseguiu se livrar. Foi assim que após um breve período de hiato ele passou de guitarrista para compositor e vocalista. Sendo rico, famoso, irreverente e dilacerado por dentro, Sirius Black deslizou com uma velocidade fora do comum a rodovia da autodestruição.

Em 83, desobrigado da relação contratual, ele deu fim a banda para a infelicidade de uma legião de fãs. Nesse mesmo ano, Black tentou a reabilitação pela primeira vez. Era uma exigência dos advogados dos tios de Harry que se recusavam a atender os telefonemas ou estabelecer qualquer tipo de contato.

Entre muitas idas e vindas nas recaídas, no fim das contas Sirius havia conseguido passar, anualmente, duas datas comemorativas previamente combinadas com Harry desde que ele completara cinco anos de idade. Era doloroso ver o garoto, mas, mais ainda, ficar longe dele.

Apesar de odiar os Dursley quase com a mesma intensidade que odiava a sua própria família, por anos Sirius se convencera de que com eles o menino ao menos tinha uma infância regular e normal. Ele não sabia sobre o armário debaixo das escadas, o fato de que todos os presentes que ele dava para Harry eram interceptados no momento em que ele voltava dos passeios ou todas as outras nuances cruéis.      

O que Sirius sabia, no entanto é que a sua casa sempre tão cheia de substancias e de pessoas e de situações diversas pouco aconselháveis para adultos, que dirá crianças, não era um ambiente adequado para o único filho de James e Lily Potter. Todos os anos, na semana antes de visitá-lo, Sirius fazia o ritual da purificação, como havia apelidado: consistia em ficar o mais apresentável possível para o menino.

Ele precisara de muito, muito tempo mesmo para entender o que realmente deveria fazer. E agora que sabia, carregava a culpa pela demora em ter descoberto. Estacionando a antiga caminhonete na garagem, ele deu uma olhada de esguelha para Harry antes de encarar a fachada da casa de tijolos a frente. Harry parecia feliz. Enquanto esse fosse o estado de humor predominante, bastava.


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Notas finais do capítulo

É isso por hoje :) e se vocês sentiram falta de Hermione nesse, não se preocupem que no próximo tem recompensa ♥