Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Mais um mimo! :)



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Como Weasley havia predito de maneira dramática, Harry Potter era de fato uma estrela do futebol.  Um meio campista ofensivo, que lembrava o ídolo Red Devil do momento, o jogador do Manchester United, David Beckham.

O capitão do time, Adrian, mal pôde acreditar que por causa de um achado ainda no primeiro mês de aula por parte de McGonagall (a mais expressiva torcedora do time de Grifinória) eles teriam chance de ganhar o torneio entre as casas naquele ano, o que automaticamente os classificaria para o torneio interescolar do ano seguinte, que era basicamente a Champions League estudantil.

Para além da Grifinória, a Sonserina havia encontrado um novo atacante também, o famoso Draco Malfoy. Não se sabia ainda ao certo (já que o primeiro jogo ainda aconteceria) se ele tinha comprado sua participação no time com as novas chuteiras esverdeadas de uma marca famosa que todos os jogadores exibiam ou se existia algum tipo de talento ali.

Mas a verdade é que o grupo de espectadores que se unia após a aula – fossem os residentes fixos de Hogwarts ou apenas amigos e curiosos, não se importava de fato com Malfoy. Assistir aos treinos do time da Grifinória virou uma rotina às quintas feiras, dia que a casa tinha o campo.

Uma das espectadoras assíduas era Gina Weasley, e não apenas porque a cada dia que se passava ela nutria uma queda mais forte e profunda pelo novo meio campista da Grifinória, mas também e, principalmente, porque futebol estava em suas veias. Era mais que uma paixão que compartilhava com seus irmãos e seu pai. Estar com uma bola nos pés era natural para Gina como comer e respirar.

Era um saco que não existisse um time feminino em Hogwarts, nem que fosse misturando todas as casas e jogando contra outras escolas. Os garotos eram tão confiantes em sua masculinidade que não poderiam admitir que talvez existissem garotas melhores que eles para permitirem times mistos, de modo que assistir aqueles treinos para Gina era excitante e frustrante ao mesmo tempo.

E foi essa mistura de sentimentos que promoveu dentro da garota aquela ideia inicial. Como escola referência, Hogwarts tinha muitos clubes e modalidades: havia o clube de xadrez, do coral, de astronomia, de matemática... E havia ginástica, vôlei, basquete, até mesmo yoga (para a felicidade de Luna Lovegood).

Gina estava certa de que era possível criar um time feminino de futebol dentro de seu contexto escolar. Insuflada com a certeza e a impetuosidade natural da idade, ela treinou um dia inteiro um discurso antes de marcar uma reunião com a diretora de sua casa.

Weasley falou apaixonadamente por meia hora e a cada meneio de aprovação de Minerva McGonagall, a menina crescia em esperança e convicção. Por fim, sentou-se, como indicado por Minerva e o que ouviu foi um banho de água fria.

Porque a razão para que não houvesse um time feminino em Hogwarts era simples: não havia, até aquele ano de 1995, um público feminino interessado o suficiente em jogar.

— Nem se juntássemos todas as quatro casas? – Gina tentou, desanimada.

— Acredite, isso já foi proposto uma vez. – Minerva lamentou, cruzando os dedos das mãos em cima da mesa de mogno. – Por parte do corpo docente. – acrescentou, sorrindo de uma maneira que deixava claro de que a iniciativa havia partido dela. – É bom ver a iniciativa partindo de uma aluna, Srta. Weasley. Se você conseguir onze jogadoras titulares e no mínimo seis reservas, é possível que o rumo da nossa próxima conversa seja outro. – finalizou, estendendo a mão.

*

No instante em que se encerrava o encontro entre a diretora da casa da Grifinória e a filha mais nova de Molly e Arthur Weasley, passava pelo corredor da sala de McGonagall uma aluna que não poderia ligar menos para esportes: Parvati Patil. Com sua bolsa prada a tira colo e seu salto quinze ela procurava um jeito de escapar da educação física.

— E se eu disser para McGonagall que meu instrutor de tênis só me permite uma quantidade limitada de exercícios físicos? - Parvati olhou para as próprias unhas enquanto tentava despejar suas ideias em Lilá. - Ele realmente disse que eu estou melhorando meus saques.

— Você só tem aulas de tênis porque seu professor é um gato. – a outra aluna girou os olhos, tirando a lixa da mão da amiga para lixar as próprias unhas. - Sem contar que vão começar os testes para Líder de Torcida, você poderia tentar. É um ótimo jeito para escapar da educação física e com roupas bonitas!

— Ugh. Suor. Além disso, assistir todos os jogos daqueles meninos correndo atrás de bola como se ela fosse o sentido da vida? Thanks, but no, thanks. - Parvati simulou um arrepio. - Não me diga que você vai ser uma dessas... Garotinhas de torcida.

— Estou pensando em tentar sim. - Lilá se empertigou alisando a sua saia de pregas. Essa era apenas uma das várias dicas que vinha dando sobre seu interesse nos testes de líderes de torcida há dias. - Líderes de torcida são ginastas muito talentosas.

— Se você está dizendo... – Parvati girou os olhos e meneou a cabeça negativamente. - Na minha opinião são apenas garotinhas irritantes que ficam gritando incentivos para rapazes que não estão nem aí.

— Eu serei uma garotinha irritante. - Lilá cruzou os braços.

— Você já é. - Parvati cruzou os braços também e olhou para frente no corredor.

Não gostava de brigar com Lilá. Ela era sua melhor amiga e elas compartilhavam de tudo há tanto tempo, desde roupas e segredos aos beijos escondidos de portas trancadas após a escola. Por que era tão difícil para Lila reconhecer que Parvati estava sempre certa? Parecia que desde o verão elas vinham trocando pequenas farpas.

— Ei, você. - Lilá disse para a lufana que passara em sua frente. - Já é a quinta vez que te vejo aqui.

— Você está perdida? - Parvati perguntou em um tom menos ríspido que o da amiga. - Perdoe minha amiga, estávamos totalmente no meio de uma discussão.

— Ah, tudo bem. – a caloura colocou uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha. - Na verdade, eu estou perdida sim, o que é vergonhoso já que estou aqui há um mês, mas não consigo encontrar o escritório do professor Flitwick.

— Ah, a gente pode te levar lá. - Parvati se ofereceu pegando um dos braços dela, olhando para Lilá. - Press pause na discussão, amiga.

— Melhor mesmo. - Lilá resmungou pegando o outro braço da garota loira. - Sou Lilá Brown e essa é Parvati Patil, mas você deve saber quem somos.

— Devo? - ela perguntou genuinamente interessada.

— Ah, Lilá, o que eu sempre digo? Humildade sempre. - Parvati sorriu. - Não é porque somos lindas, populares e eu sou perfeitamente rica que todos tem que nos conhecer.

— Eu sou Hannah Abbott. - ela sorriu docemente sem saber se deveria interromper uma discussão iminente ou simplesmente fugir dali.

— Hannah. - Parvati repetiu o nome como se o analisasse. - É um nome bonito.

— Obrigada. - a moça loira sorriu, talvez as garotas populares fossem boas pessoas no fim das contas. - E obrigada também pela ajuda, não sei se eu encontraria o escritório do professor Flitwick sozinha. Vocês são maravilhosas.

Ela apontou empolgada para um corredor sem saída cuja última sala era enfeitada por uma plaqueta simples e desgastada na porta indicando o nome e a disciplina do professor. Hogwarts era um labirinto!

Lilá e Parvati a observaram bater na porta do professor e alguns segundos depois entrar e olharam uma para outra.

— Ela é tão fofa, podemos ficar com ela? - Lilá perguntou batendo palmas com as mãos pequenas. - Por favor?

— Lil, ela é um ser humano, não um filhote. - Parvati sorriu, ponderando se gostaria de mudar a dinâmica de uma dupla para um trio. - Ela de fato precisa de ajuda, um corte de cabelo e um banho de loja.

— Ela não é bem do nosso tipo, não é? - Lilá questionou com uma das mãos no queixo.

— Talvez a gente precise disso. - Parvati ponderou de braços cruzados. - De diversidade, sabe: uma moça branca, loira e gentil.

— Você está dizendo que eu não sou gentil? - ela colocou a mão no peito dramaticamente. - Magoou.

Parvati Patil apenas girou os olhos e sorriu para a amiga que encolheu os ombros. Esperaram cerca de cinco minutos até Hannah sair da sala do professor Flitwick para dar-lhe as boas notícias.

— Deixe-me contar para ela, deixa! - Lilá pediu agitada.

— Tudo bem. - ela encolheu os ombros e deu passagem a amiga e sua empolgação quase infantil.

— Nós conversamos e concordamos em te deixar ser nossa amiga! - Lilá tinha um sorriso exagerado e dedos de entusiasmo que fizeram Hannah pensar que ela estava convencida que a participação naquela amizade era como um prêmio na loteria.

— Uau. - foi a única coisa que Hannah Abbott conseguiu dizer.

— Relaxa que não é nenhuma seita. - Parvati sentiu a necessidade de dizer vendo os olhos arregalados em pânico com a proximidade desconcertante de Lilá. - A gente só quer te ajudar a se enturmar melhor na escola, te ensinar os lugares e te dar umas dicas de estilo.

— Puxa, obrigada... Ei! O que tem de errado com meu estilo?

— Muitas coisas. - Parvati apontou para a saia que ela usava sob a camisa do uniforme e a gravata. - Sua saia e, imagino que seu sutiã, são de números errados. Esse tipo de sapato fechado com tiras no tornozelo diminui as suas pernas maravilhosas um tanto considerável e se você melhorar sua postura seus seios vão parecer maiores.

— Minha nossa! - Hannah exclamou em dúvida se tinha escutado elogios no meio de tantas críticas.

— Você é realmente muito bonita. - ela garantiu. - Só precisa de um...

— Makeover! - Lilá completou mais uma vez empolgada demais. - Vai ser divertido!

— Ok... - Hannah só não sabia que estava concordando com mais que um makeover, mas com a amizade mais inusitada de sua vida solitária.

*

— Oh Deus, agora elas são três? – Ronald murmurou impressionado ao ver Parvati, Lilá e Hannah desfilarem pelo corredor principal naquelas roupas que pareciam saídas da mente de figurinistas de filmes hollywoodianos adolescentes.

Hermione abriu um sorrisinho de deboche enquanto mordia um pedaço de sua maçã. Ela ainda não tinha visto Padma, mas sabia que a amiga teria uma longa lista de reclamações pela frente assim que se encontrassem.

Para Granger, o segundo ano estava sendo uma experiência antropológica engraçada. Agora todos os alunos tinham um pouco mais de projeção social pelo simples fato de não serem mais calouros. Até Neville Longbottom tinha conseguido montar uma equipe inteira para jogar Dungeons & Dragons.

E mesmo outras pessoas comuns como Ron e a própria Hermione eram – de maneira muito estranha, em sua opinião – reconhecidos por serem amigos de Harry. O menino não tinha ideia ainda de como lidar com a fama potencializada de maneira súbita (assim como a moça que parecia andar a tiracolo de Parvati e Lilá), e tanto Weasley quanto Granger passavam ótimos momentos apenas brincando sobre isso.

— É o que parece. – Harry respondeu, coçando a cabeça. Eles estavam em uma das muitas mesas do refeitório e havia um grupo de meninas do primeiro ano olhando para Potter e soltando risadinhas esporádicas. – Coitada da novata.

 - Você sabe bem como é isso, não é, Harry? – Hermione provocou e Ron riu.

— Vocês ficam brincando, mas tenho considerado sinceramente voltar a passar todos os meus horários livres escondido no banheiro. – ele murmurou, constrangido.

Isso fez com que Hermione fosse atingida por uma onda de compaixão que a fez lhe dar três batidinhas solidárias nas costas.

— Quem morreu? – Gina se aproximou, sentando-se no tampo da mesa deles por um instante. Hermione levantou os olhos para a garota, prendendo um sorriso. Embora Gina tivesse seu próprio círculo de amigos, de vez em quando ela gostava de passar um tempo com o que tinha apelidado ironicamente de trio de ouro, e o sentimento era recíproco (embora Ronald preferisse morrer a admitir).

Gina era espirituosa e segura de uma maneira que nenhum outro calouro que Granger conhecia era. Hermione já vinha prevendo desde o momento em que foi apresentada a ela, ainda na primeira semana de aula, que a irmãzinha de Ron tinha aquela confiança natural que os gêmeos Weasley pareciam portar também e pela qual Ronald lutava muito para conseguir ter.

Isso lhe conferia um charme espontâneo, uma espécie de magnetismo amigável que fazia com que Gina conseguisse transitar com facilidade no meio de pessoas de personalidades muito distintas.

— Harry está resmungando de novo sobre a dificuldade de ser adorado. – Ron respondeu a irmã, que abriu um sorriso jocoso para Potter. Se era verdade que ela tinha uma queda por ele desde o primeiro dia, também era verdade que ela não era nenhuma garotinha de dez anos de idade. Gina não tinha nenhuma pretensão de revelar suas intenções sem vislumbrar antes o modo como o rapaz se sentia.

— Ah, pobrezinho. É realmente um mundo cruel para os caras. Ainda mais caras esportistas. – ela ironizou, apertando-lhe a bochecha e Harry corou e girou os olhos.

— Vocês vão ficar na sessão “vamos zoar o Harry” por mais quantos minutos?

— Eu já parei. – Hermione disse e Ron levantou os braços, rendido.

— Eu também, na verdade. – Gina riu. – Vim pedir ajuda de vocês, sábios ancestrais mais velhos do que eu.

— Se for a coisa sobre o time de futebol, você sabe que eu adoro você, mas... – Hermione disse, sorrindo amarelo.

— É a coisa do time de futebol. – Gina confirmou, embora não precisasse. Era o único assunto no qual ela realmente tinha interesse nos últimos quinze dias. – O recrutamento com as meninas do meu ano anda mal. – suspirou. – Eu preciso de ajuda para saber quais são as meninas do ano de vocês que poderiam se interessar. Também já pedi para Fred e George. E estou pensando numa propaganda mais massiva, algo envolvendo panfletos, talvez.

— Eu posso ajudar com panfletos. – Hermione se voluntariou.

— Eu posso dar apoio moral. – Ron encolheu os ombros.

— E eu sei de uma garota que talvez queira se juntar ao seu time. – Harry concluiu, pensando, como sempre, em Cho.


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