Desculpe, meu cachorro comeu meu notebook escrita por Akai Ito, Lady Equine, Thalita Moraes, IceAngelSimon


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;)



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Os alunos da Escola Estadual Pabllo Vittar, nome dado à figura política econômica mais importante do século passado, tinham começado mais um dia de ensino. A escola não era uma das melhores da região, ninguém entendia muito bem o preconceito com eles, talvez fosse pelos professores qualificados ou por causa dos uniformes coloridos que todos eram obrigados a usar. Era uma forma da escola de dizer que cada um era único e que eles respeitavam a individualidade de cada um, apesar de sempre acabarem indo pra diretoria quando um não usasse o uniforme indicado.

Eram oito horas da manhã e o sol tinha acabado de sair debaixo das nuvens holográficas. Os alunos estavam entrando nas salas e entregando os seus deveres do final de semana para o professor assim que entravam na sala. Todos os alunos, exceto um.

— Então, você está me dizendo… — A professora disse com uma mão na testa se segurando pra não brigar com o menino. — Que o motivo de você não ter me trazido a tarefa de casa hoje é porque…

— Meu cachorro comeu minha tarefa. — Ele repetiu dessa vez sem tanta confiança, sem saber se a professora acreditaria.

— Mas a sua tarefa estava em um computador.

O menino deu de ombros.

— Seu cachorro comeu um computador? 

— Você não tem ideia das coisas que meu cachorro come.

A sala inteira estava rindo no fundo. O garoto tentava não prestar atenção neles. A professora estava se segurando. 0Ela não sabia se brigava com ele ou se chorava. Era a quinta vez que ele vinha com a mesma história. 

— 'Ta, sente-se. Eu vejo o que eu faço com você depois.

Connor sentou-se na cadeira e seus colegas começaram a rir dele. Connor ignorou, já estava acostumado. A professora Alicia voltou a sua mesa, respirando fundo. Abriu o arquivo que ia trabalhar com os alunos naquele dia e apertou o botão ao lado do quadro para transmitir a tela para todos verem. Ela se levantou.

— Hoje vamos ver noções básicas de robótica. Vocês já estão no oitavo ano e já deveriam ter visto isso ano passado. Abram o computador de vocês e entrem na primeira atividade do portal. — Ela disse e viu o coletivo de alunos abrindo seus laptops que guardavam na bolsa e aguardando a próxima instrução. Todos exceto Connor.

— Connor… – Ela perguntou já se arrependendo. — Onde está seu laptop? 

— Meu cachorro comeu.

— O que mais teu cachorro comeu?

— Quer que eu faça uma lista?

A professora ficou em silêncio esperando.

— Meu cachorro comeu meu sapato, meu boné favorito da Metallica versão III, um pedaço do prato favorito da minha mãe, minha tarefa…

— Connor, vá pra diretoria. –A professora disse já cansada.

— Mas eu não fiz nada!

— Justamente. Você está indo pra diretoria por falta de zelo com seus materiais. 

— Mas a culpa não é minha, é do meu…

— Explique-se com a diretora. –A professora disse abrindo a porta e deixando a passagem livre. As risadas viraram murmurinhos.

Connor saiu da sala com a cabeça baixa. Ele tinha medo de ir pra diretoria.

—________________

— Está me dizendo que você está aqui porque não fez nada? — Indagava a diretora rabugenta. Ela apertou um botão sobre a sua mesa eletrônica, fazendo com que a janela atrás de si se fechasse, deixando tudo escuro, com exceção dos botões fluorescentes.

Connor sentiu cada fio do seu corpo se arrepiar com aquilo, como se naquele momento fosse pagar todos os seus pecados. Depois disso viu a diretora digitar algo em seu computador, e um tubo metálico foi subindo ao canto da mesa vagarosamente fazendo um barulho um tanto irritante. Quando parou, o topo do tubo se abriu como um guarda-chuva e acendeu. Era um abajur. Deixava a face da diretora ainda mais medonha com aquela iluminação.

         — Então me diga, Connor, porque você não fez nada? — Ela perguntou severamente.

        — Na verdade eu fiz, diretora… Fiz meu dever mas meu cachorro comeu… E ele comeu meu notebook de aula também, perdi todos os arquivos do ano…

        — Isso é inadmissível! — Esbravejou a diretora — Como o seu cachorro pode fazer isso? De que marca ele é?

        — De que marca? — Connor balbuciou sem entender a pergunta — Zubitrom trezentos…

        — Só poderia ser! A fabricante Zubitrom é péssima! Eles programam o cachorro para comer e cagar porquinhas de metal, mas com o tempo a programação vai pifando e o cachorro começa a comer coisas aleatórias. Realmente um lixo!!

        Connor então suspirou aliviado pelas palavras da diretora, crente que estária livre do sermão.

        — Então está tudo bem o meu cachorro ter comido a minha tarefa e meu computador de aula??

        —Mas é claro que não! — ela disse num tom mais exaltado — Como ousa comprar um cachorro robô da marca Zubitrom?? Inadmissível, totalmente inadmissível!! Para a detenção agora!!

        —Detenção?? — Connor pôs a mão ao peito, mas então pensou um pouco — Espera um pouco… Está me dizendo que por eu não ter feito nada, você vai me mandar para a detenção para fazer nada de novo?

        —Exatamente! Vai agora ou te dou uma tarefa extra de limpar os corredores!!

        —Mas aqui na escola Pabllo Vittar nós temos aspiradores e passadores de pano automáticos!

        —E você acha que eu vou passar pano para as suas atitudes, Connor?

        —Você diz as minhas atitudes de não fazer nada?

        —JÁ CHEGA!! — ela gritou e se levantou de sua cadeira — VAI JÁ PEGAR OS UTENSÍLIOS MANUAIS E LIMPAR OS CORREDORES! Ou te arranjo um castigo pior!!

        —S-SIM, DIRETORA RABUGENTA!! — Ele disse se tremendo de medo.

        —O que foi que você disse??

        —Nada!! — ele se levantou e saiu apressado — Até mais!!

        * * *

        Chegando no armário dos utensílios manuais, pegou um balde e um esfregão e parou para analizar a situação. Connor então foi até uma das torneiras, vendo que tinha uma configuração para sair sabão junto, enchendo o balde e indo ao seu trabalho.

        "Molhe o esfregão, passe no chão… que coisa mais arcaica!!" pensava. Ao ver o tamanho do corredor só sentiu uma grande onda de tédio… Pegou o balde e atirou a água com sabão pelo chão,a vendo se espalhar com muito mais facilidade e então tornou a esfregar.

        Foi quando ouviu alguns passos vindo de um dos corredores adjacentes, que assim que chegou ao piso molhado, levou um tombo magnânimo, caindo sentada.

        —Ahhh!! Quem foi o idiota que inundou o chão com alvejante?

        —Fui eu — Disse Connor, se prontificando a ir ajudar a garota depressa, escorregando e caindo também da mesma forma que ela —Ai desgraça…

        Nisso, a garota tornou a rir gostosamente da situação, fazendo Connor rir também.

        —Me desculpe por isso…

        —Tudo bem você adiantou meu trabalho — Ela contou — Pelo visto vim fazer a mesma coisa que você!

 

—________________

—É mesmo? Por que teve essa punição? – pergunta o Connor.

—Eu usei todo o 3G permitido para cada aluno usar aqui na escola e a professora, a me ver

roubando internet dos outros, me pôs para ficar aqui! – fala a garota com uma cara de

revoltada.

—Putz, que merda! Enfim, meu nome é Connor... e qual é o seu? – pergunta envergonhado.

—Ah! Meu nome é Sabrina. E alias... quanto tempo a gente vai gastar tendo que limpar esse

chão?

—Olha... eu conheço um aplicativo que faz um scanner de você e cria um clone seu. Daí você

pode fazer o que quiser com esse teu clone, inclusive o mandar realizar uma tarefa por ti.

—Nossa, que legal! Então vamos logo... antes que alguém nos veja!!!

***

Assim, Connor e Sabrina abriram o aplicativo em seus celulares e criaram seus clones. Por

seguinte, colocaram seus clones para limpar o chão dos corredores da escola. Também

puseram um alarme para que quando os clones terminassem, eles viessem rápidos para não

serem pegos pela supervisora da escola.

***

—Então... (diz Connor). O que faremos nesse tempo livre?

—Olha, a gente pode chamar o Uber e dar um pulo no fliperama que tem aqui perto. O que você acha? – responde a Sabrina.

—Acho uma boa idéia! Estou com o cartão de crédito do meu pai... então podemos gastar a

vontade!

—Ahhhh! –grita Sabrina de felicidade – Bora lá!!!!

***

Após o Uber chegar, os dois entraram no banco traseiro do carro e durante o trajeto, os dois se

olhavam de uma forma tímida com os olhares, e aquele silêncio perturbador ficou entre eles.

Ele, envergonhado como é, ficou pensando na forma de surpreender a Sabrina e conquistar

seu coração. Afinal, ambos eram adolescentes, com as emoções sempre a flor da pele.

Ela, vendo pela janela a rua passar pelos seus olhos, ficou pensando no que faria quando seu

pai souber da punição que teve na escola. Ela, que teve uma educação tão rígida e exigente,

deixaria seu pai furioso ao souber que após anos de investimento na educação de sua filha, ela

não estaria atendendo suas expectativas.

Ao chegar no fliperama, os dois compraram suas fichas e foram se divertir nos brinquedos que

ali haviam.***

—Nossa! Não acredito que ainda tem a máquina de fazer cestas de basquete! – exclama

Connor.

—Você joga basquete? – perguntou a Sabrina com um ar de interesse.

—Olha, eu costumo jogar com meus amigos no final de semana... Você quer tentar?

—Ai... não sei. –diz Sabrina olhando pra baixo —Eu não sei jogar nenhum esporte.

—Ah! Sem problemas... eu te ensino. – respondeu Connor. “Será agora que a impressiono?”. Diz

ele pensando.

***

Assim, Connor se aproxima de Sabrina, pega uma bola de basquete e coloca nas mãos dela. Os dois se viram de frente para a máquina, e ele por trás segura as mãos dela, encostando o corpo nela e ambos realizam o movimento técnico e acertam a cesta.

***

—Ahhh ê!!! Acertamos a cesta! – exclama Sabrina sorrindo.

—Não sabia que você jogava tão bem! – Sabrina dá um leve tapa no braço de Connor.

—Obrigado... qualquer hora dessas se quiser jogar... só me chamar! – responde Connor.

***

Assim, eles vão para outros brinquedos e assim o tempo foi passando. Connor conseguiu um

ursinho de pelúcia de brinde e deu para Sabrina. Os dois se olham, com um olhar de paixão e

Connor se aproximando no rosto de Sabrina para beijar-lá. Nisso, toca o celular dela. Ela, sem jeito, pega o celular e vê a notificação.

***

—Ah não! – exclama com um olhar tenso e apavorante.

—________________

Após ver “Pai” na tela do celular, Sabrina respirou profundamente antes de atender. Nunca era uma boa ideia deixá-lo esperando, mas o coração da garota ainda estava acelerado após o quase-beijo de instantes atrás, por isso precisou esperar até a voz voltar ao normal.

E qualquer coisa fora do normal já seria o bastante para enfurecer seu pai e deixá-la sem televisão, ou pior: sem o mini projetor de hologramas que ela havia ganhado de aniversário após meses implorando por um. É, ficar sem televisão era melhor.

—FILHAVOCÊESTÁBEM?! - Sabrina foi bombardeada pela voz apressada do pai e acabou derrubando o ursinho que ganhara no processo. A chamada não estava no viva-voz, mas o som fora tão alto que até Connor ouviu com clareza.

Estranho, seu pai não costumava gritar.

A garota voltou do choque e parou de encarar a pelúcia caída no chão quando o pai começou a gritar repetidamente o nome dela.

—Oi, pai! Calma, calma... Eu ‘tô bem, eu juro! - um longo silêncio se seguiu por parte de Sabrina e Connor só ficou observando intrigado e apreensivo a ampla gama de caretas no rosto da garota ao celular. —Pai, respira. Quando o incêndio começou eu... - Connor por pouco não a interrompeu para questionar o que aquilo significava —Eu… Eu fui pra casa da Rebeca… Isso, isso, a Rebeca que mora pertinho da escola… Sim, pai, eu ‘tô segura, não aconteceu nada comigo… Sim, eu sei que eu não posso fugir da escola, eu não fiz isso - ela revirou os olhos e Connor precisou segurar o riso —Okay, okay! Eu tecnicamente fugi da escola, mas era isso ou ficar parada num lugar pegando fogo… Sim, sim, ‘tô na Rebeca agora mesmo… - o rosto da garota se configurou para uma expressão do mais puro pânico e o garoto começou a temer o que aconteceria a seguir —Okay - ela falou com muito cuidado —O senhor pode vir me buscar… Vinte minutos? Claro, vou estar esperando… Tchau!

—O qu-

Connor foi interrompido pelo dedo indicador de Sabrina tocando seus lábios em sinal de silêncio e ele obedeceu enquanto observava a garota digitar furiosamente algo no celular antes de levá-lo outra vez ao rosto.

—Rê, me ajuda e eu faço seu dever de robótica até o final do ano: eu estou na sua casa por causa do incêndio. Meu pai chega em vinte minutos, distraia-o. Depois te conto tudo, beijos!

—Que porra aconteceu na escola?! Como assim ela pegou fogo?! - Connor não conseguia mais esperar sem respostas, por isso começou a falar assim que Sabrina desligou o celular.

—Qual foi o comando-chave que você colocou nos clones?

—"Eliminar toda sujeira, sob qualquer circunstância", por quê? - o garoto estava confuso.

—Porque seu clone aparentemente deu uma vassourada num aluno que estava com a blusa suja, que começou a correr e tentou se esconder na cozinha da escola pra não apanhar. Seu clone invadiu o lugar e enquanto procurava o garoto, acabou colocando fogo na vassoura e isso causou um incêndio em toda a cantina e quadra esportiva. Meu pai falou que também havia uma garota nessa perseguição, mas ninguém a reconheceu. Os dois "meliantes" desapareceram e ninguém se feriu no incêndio, só pela vassourada.

—Primeira lei da robótica: "um robô não pode ferir um humano ou permitir que este sofra algum mal". Se um clone for contra alguma lei ele desaparece… Meu Deus, eu estou desaparecido também! Temos que voltar!

Sabrina olhou para a tela do celular, três minutos haviam se passado desde a primeira ligação.

Ela segurou uma das mãos de Connor e o puxou em direção a saída do fliperama

—CORRE!

 _________________

Sabrina e Connor nunca correram tanto como agora. Tanto é que não deu nem 5 minutos e pararam quase mortos em frente à uma lanchonete.

—Chega... A gente nunca vai chegar a tempo! - reclamou Sabrina escorada em uma parede, quase jogada no chão. - "Pior que castigo é perder meu mini progetor de hologramas". - pensou.

—Droga! Se a gente não tivesse gastado tudo no fliperama... - Connor fez uma pausa assim que notou a onde havia se apoiado — Talvez pudéssemos emprestar uma moto!

A garota ficou confusa, mas logo percebeu. Parecia ser uma boa ideia, mas...

—Não! Não, não, não, não, não! - logo o garoto desistiu da ideia.

—Ou sim, sim, sim, sim, sim! - deu uma risadinha pretensiosa  —Connor, você é um gênio!

—Não mesmo! Pior que meus pais e a escola me pegarem é a polícia me pegar! Sem contar que nenhum de nós sabe dirigir!

—Você mesmo disse "emprestar". A gente devolve! Hihihi - se aproximou da moto que era muito maior que os dois —Tem algumas insígnias e adesivos estranhos. O Dono deve ser fã do tema militar...

—Mais um motivo pra deixar pra lá! Ele deve ser alguém muito severo!

—Olha! É por comando de voz! Só precisa de uns ajustes...

Sabrina começou a "fuçar" a fiação e o sistema operacional. E antes do garoto resolver puxá-la, ouviu um "motor, ligar". Logo a moto levitou e a garota subiu sem cerimônias.

—Então, bora? - piscou pra ele. Connor ficou contrariado com aquele sorrisinho, ainda mais depois do quase beijo no fliperama, então, por que não?

*** 

Depois de quase morrerem, o jovem foi arrastado para a porta da casa de Rebeca, que já os esperava.

—Mas o que é isso Sá... - Sabrina a empurrou para dentro da própria casa —O que tá acontecendo? Eu não entendi quase nada quando você me ligou! Sá, o que aconteceu? 

—Rê, é o seguinte...

—Nós fugimos da escola, nossos clones fizeram merda, Sabrina roubou uma moto sem saber dirigir e quase matou a gente. Ah, meu nome é Connor! Muito prazer! - piscou para Rebeca, que deu um risinho.

—Ah, bom... - bateu as mão chamando atenção - Agora meu pai está vindo pra cá e você tem que dizer que viemos direto aqui após o incêndio!

—Sabrina, acho que não precisa... - o garoto apontou para o pai da garota. —Heee... Bom, lamento ter deixado o senhor preocupado. Heheh! - pôs a mão atrás da cabeça. —Mas agora sua filha está aqui. Hahaha 

—Filha... - o homem alto que estava na porta da casa fechou os olhos.

—Pai? - deu uma risada nervosa.

Assim o homem correu até a jovem e praticamente a esmagou com seu abraço, perguntando se Sabrina estava bem. O homem estava tão feliz em vê-la que sequer ouviu quando ela se explicava a Rebeca. 

*** 

—Então eu e o Connor viemos direto pra casa da Rebeca. Foi isso! - riu nervosamente.

—Bom, fez bem em fugir. Nem imagino se o incêndio fosse maior e você ainda estivesse lá. Mas me preocupei com seu sumiço, eu sempre levo e busco você na escola. Fico feliz que tenha ido direto pra casa de uma amiga de boa família, ainda mais a filha de um policial. - sorriu um tanto arrogante.

—P-Polícia? - dessa vez Rebeca se intrometeu na conversa.

—É, a moto que está lá na frente é da polícia. Certo?

—Ah... Eh... Bem... Ah, sim! Sim! É verdade! Uma pessoa da minha família trabalha... nisso! Hahaha

—Sério? - perguntou Connor —Eu nem reparei quando chegamos. - deu um tapa na própria testa.

—Soube que são novas. Começaram a ser usadas essa semana. 

"Isso explica aquelas insígnias" - Connor pensou.

Sabrina e Connor suavam frio. Roubaram um veículo da polícia, justo o mais moderno. Eram jovens demais para serem presos. E agora? Devem se entregar ou criar outros clones e fugir?

 

—________________

Precisavam pensar rápido em uma solução para tudo aquilo. Era nessas horas que se arrependia pela detenção, mas por outro lado, foi graças a isso que conheceu Sabrina, e iria tirá-la daquela situação. O pai dela já havia caído na lábia deles, se pudesse devolver a moto à polícia, tudo seria resolvido e nunca saberiam a verdade. Connor olhava para a casa moderna de Rebecca, sabia que sempre havia um comando de voz para tudo, lançou um olhar para Sabrina e outro para as lâmpadas, ela captou a mensagem. Segurou no braço do pai:

—Foi um dia cansativo, estou morrendo de fome.

—Que vacilo o meu! — disse Rebecca —me acompanhem até a cozinha, o forno pode criar o que quiserem.

—Agradeço, mas... — começou o senhor

—Perfeito! — a garota bateu palmas várias vezes —Isso vai APAGAR um pouco minha fome! — deu ênfase na palavra, torcendo para funcionar.

Connor sorriu, as luzes se auto desligaram, deixando que ele criasse um clone dele mesmo enquanto o verdadeiro saía sem ninguém notar. Rebecca bateu palmas, reacendendo as luzes:

—Tem que ter mais cuidado com as palavras, miga!

—Foi mal, hihi — disfarçou.

Ele olhava a moto, só precisava ligar como fizeram e devolver a polícia antes de darem falta. O clone não duraria muito tempo, contava com a lábia de Sabrina para manter a farsa. Não tinha dinheiro para subornar alguém, já que acabou gastando tudo no fliperama. Respirou fundo, criou mais um clone para que esse conduzisse a moto o mais longe possível. Da última vez aquela ideia havia gerado um incêndio sem controle, mas precisava confiar que isso não aconteceria de novo.

O clone subiu na moto, e ao dizer "motor, ligar", ela obedeceu e voou, se perdendo de vista no horizonte. Connor entrou em casa de volta, observava todos de longe, na cozinha. Precisava sinalizar para Sabrina, o clone iria sumir para o verdadeiro voltar.

—E como vocês se conheceram? — o pai de Sabrina perguntou a filha

Ela suava frio, não podia falar da detenção, seu pai que sempre se preocupou com os estudos dela, saber que ela foi suspensa e fugiu. Respirou fundo:

—Papai, foi quem me ajudou a fugir do incêndio! Ele é incrível!

—E por que não tinha ouvido falar nele ainda?

—Bem... Ele... Hã...

Connor derrubou um vaso de planta no chão, o barulho chamou a atenção deles, que levantaram da mesa pra verificar. Sinalizou para ela, o clone fugiu pela janela da cozinha e o verdadeiro chegou. Piscou pra ela:

—Você se saiu bem.

—Aprendi com o melhor. — ela sussurrou

Os outros voltaram, Rebeca acreditava que podia ter sido seu gato robô, mas não o viu em lugar algum.

—Bem, — disse o pai de Sabrina — Está ficando tarde. Vamos voltar antes que sua mãe se preocupe demais.

—Sim, papai.

O carro dele estava em formato de cápsula em seu bolso. O jogou na calçada, fazendo o veículo se expandir. Abriu a porta de trás para a filha entrar, mas antes de sentar no banco da frente, se virou ao rapaz:

—Connor, certo?

—Sim senhor...

—Quer uma carona?

—É sério?

—Cuidou da minha filha, o incêndio não lhe fez nada. Considere como agradecimento.

—Muito obrigado, senhor!

Connor sentou atrás junto com ela. Era bom ter um adulto responsável no volante, pra variar. A garota se deitou sobre seu ombro, aquele dia havia sido realmente cansativo. Não queria nem pensar na bronca que levaria em casa e a próxima advertência na escola por ter fugido, mas sentir a garota em seus ombros o deixava tranquilo, relaxado. Em outras circunstâncias, poderia convidá-la para sair e talvez concretizar o beijo que foi interrompido no fliperama. Os jornais falavam da moto sumida que misteriosamente reapareceu, mas nada do clone, que assim como os do incêndio, haviam sumido.


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