Keep Out escrita por Crica


Capítulo 3
Capítulo 3




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Resumo: Algumas pessoas não sabem quando parar. São tão obstinadas que não conseguem enxergar quando o perigo as ronda ou quando afastam aqueles que amam, por mais que avisos em letreiros luminosos gritem diante de seus olhos.

Classificação:  K+, pelas expressões impróprias  muito próprias das personagens.

Categoria/gênero: Sobrenatural, aventura, amizade e humor, um pouco de cada coisa.

Disclaimer: Nada disso me pertence, é tudo gratuito e blá, blá, blá.

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No capítulo anterior...

_ Escuta aqui, moleque – Dean parou de repente e levou o indicador em riste até quase tocar a ponta do nariz de Samuel _ Eu não queria estar aqui. Você cismou com essa porcaria de caçada e quer saber? Tenho um pressentimento ruim sobre a coisa toda – bufou _ Não um pressentimento qualquer de quem está com um humor do cão. Eu sinto nos ossos, okay? E acho que estou nessa vida há tempo suficiente para saber quando ouvir os meus instintos.(...)

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Capítulo 3:


20 horas mais cedo...


_Por onde você andou?-  Dean sequer esperou que a porta do quarto fosse fechada _Esqueceu que estava esperando por  você? -sentou-se na beirada da cama onde estivera deitado.

_Me desculpe -Sam passou pelo irmão sem tirar os olhos da pilha de papéis e livros que trazia consigo _Estava na prefeitura e acho que perdi a noção do tempo.

_Só podia ser -Levantou-se e caminhou até a mesa _Vamos nessa.

_Vamos?- o mais moço levantou os olhos e encontrou os do irmão -Para onde vamos?

_Sam, é sábado -Dean gesticulou como se pretendesse que o outro completasse seu pensamento _ Todo mundo com menos de 99 anos está na rua, rapaz.

_Não estou a fim. Vá você.

_Qual é, cara?- Aproximou-se e puxou a cadeira para sentar-se, abrindo seu mais brilhante e convidativo sorriso, daqueles que deixam as mulheres completamente derretidas _Sério, Sammy, vamos dar umas voltas, tomar umas cervejas, comer, fazer uma grana no bilhar e arranjar umas garotas. A vida é curta!

_Já disse que não estou com vontade -Voltou-se para a pilha de livros _Tenho muito trabalho. Aliás, alguém tem que fazer o trabalho, certo?

_Eu desisto! -Bateu as mãos espalmadas sobre o jeans, em protesto  _Vai, diz aí o que há de tão interessante e urgente que não pode esperar até amanhã.

_Uma harpia.

_Uma harpia? -  As sobrancelhas subiram até o meio da testa.

Sam suspirou com enfado _É, Dean, mitologia grega, meio mulher, meio águia, com garras afiadas e asas poderosas. Está lembrado?

_Eu sei o que é uma harpia, seu metido - Dean armou o bico _Mas o que faz uma harpia por aqui? Elas não são comuns em centros urbanos.

_Não, mas veja o noticiário: pelo menos onze mortes em três municípios diferentes há uns 80 quilômetros daqui.

Dean observou as manchetes impressas _Mas ainda assim ficam no perímetro urbano. Tem certeza?

_Bem, o que neste trabalho é certeza?

_Touché - Puxou o laptop mais para perto  e observou atentamente a figura que tomava todo o desktop  _Vou te contar, essa coisa é esquisita pra caramba, mas tem uns peitos respeitáveis!

_Pelo amor de Deus, Dean, se controla! -Sam tomou o computador de volta  _ Vamos nos concentrar nas vítimas. Os relatórios policias registram que todos tiveram os olhos arrancados e o ventre dilacerado. A perícia determinou que as vísceras também foram arrancadas aos pedaços e não sobrou muita coisa pra saber se foram levadas a algum lugar. Tenho a impressão de que serviram de aperitivo para um monstro mitológico.

_Jeito horrível de morrer

_Nem me diga.

_ Sabe o que eu realmente não entendo? Como uma coisa como essa ainda anda por aí, sem ser notada porque, vamos combinar que uma mulher alada com bico e garras não é para passar despercebida.

_ Você já deveria estar acostumado a essas loucuras, Dean. Está nisso a mais tempo do que eu e você está cansado de saber que não há explicação para noventa e nove por cento das coisas que caçamos. Elas simplesmente estão por aí.

_ E cabe a nós acabar com cada uma delas, certo? Então, vamos ao que interessa: Como se acaba com essa coisa horrenda?

_Decapitação ou um facão afiado atravessando-lhe o coração, na maioria dos registros do mito.

_Do jeito que eu gosto: simples e direto.

_Precisamos apenas determinar o nosso raio de ação.

_Cara, você está parecendo um G.I. Joe  falando. - O mais velho levantou-se  _Três municípios é muito terreno para vigiar. Como saberemos onde ela atacará? -  Dean buscou o mapa que estava na mochila e o abriu sobre a mesa, marcando os locais. _ Olha isso, Sammy.

_Acho que temos onde começar a procurar -  o mais moço sorriu, com um brilho no olhar  _ Harpias habitavam cavernas em florestas ou montanhas isoladas, segundo a lenda. Na falta do ambiente silvestre, acho que um distrito industrial abandonado bem no centro da região onde os corpos foram encontrados é bastante isolado para mim. O que você acha?

_ Acho que podemos verificar - Fechou o mapa, guardando-o no bolso da jaqueta _Amanhã.

_O que você vai fazer?- Sam questionou, com surpresa, ao perceber o mais velho tomar as chaves e seguir em direção à porta.

_Já disse: comer, beber, fazer uma grana e, quem sabe...

_E eu vou ficar com o trabalho, certo?

_Não fui eu quem recusou o convite, maninho - o sorriso no canto da boca denunciava todas as intenções do mais velho _Ainda está em tempo.

_Está certo, está certo.- Samuel vestiu o casaco e guardou a carteira no bolso da calça  _ Mas antes precisamos parar numa loja de departamentos para  comprar umas coisas e um facão bem grande. O maior que pudermos encontrar. Só temos um e não quero estar desprevenido.

 _ O que você quiser, garoto.

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_Vamos lá, Dean. Levanta logo. São quase cinco horas e quero chegar cedo na próxima cidade - Um rosnado foi a resposta que o rapaz ouviu saindo de baixo dos cobertores _Anda, Dean, pula dessa cama logo!

_Caramba, Sam!  -A cara amarrotada do mais velho surgiu, reclamando _Não tem nem duas horas que nos deitamos e eu estou todo dolorido, cara. Pega leve!

_Se você não tivesse se metido com aquela ruiva, não teríamos que brigar com quatro motoqueiros mal-encarados. Então, culpa sua se está ferrado. -Sam atirou a mochila sobre o irmão _Anda: chuveiro e pé na estrada.

Dean levantou-se  com má vontade e fez o que o irmão pedira, resmungando todas as pragas escritas em seu vocabulário. Seu mau humor estava especialmente aguçado e algo dentro do peito dizia-lhe que a caçada na qual seu irmão depositava tanto empenho seria uma grande perda de tempo.

Enquanto o mais velho terminava seus preparativos, Samuel fechou a conta e se dirigiu ao estacionamento, exibindo sua mais significativa expressão de aborrecimento pela demora do irmão.

_ Vamos tomar o café da manhã e seguimos viagem – o mais velho afirmou, girando a chave na ignição.

_ Nem pensar! Você demorou uma vida no chuveiro e perdemos muito tempo. Tomamos café quando chegarmos ao nosso destino.

_ Cara, por que tanta urgência com esse negócio? – Dean girou a direção e acelerou _ Não estou entendendo você.

_ Pessoas estão morrendo, Dean.

_ Oh, sabe que eu ainda não tinha percebido?

_ Não seja cínico!

_ Eu realmente gostaria que, só pra variar, nós não estivéssemos indo de encontro a algo que está matando pessoas.Principalmente quando estamos de estômago vazio.

_ Eu é que não estou entendendo você agora, Dean. Desde quando você fica analisando uma caçada e se fazendo de rogado? Não tem muito tempo você me arrancou de Stanford e me trouxe de volta pra essa vida. Qual é o problema?

_ Problema nenhum, só não sei se a coisa toda vale a pena. Nem sabemos se a tal harpia está mutilando as pessoas. Pode muito bem ser um assassino em série mais do que pirado. Não seria a primeira vez, além do que...

_ Além do que...

_Deixa pra lá. Vamos logo resolver esse assunto e pronto.

_ Não, Dean, fale. O que há que você não está me contando?

_ Nada, na verdade.

_Sei, um nada que está fazendo você querer fugir do trabalho.

_ Eu não estou fugindo. Só acho que é perda de tempo, mas se você acha que vale a pena.

_É, eu acho. E acho também que você está me escondendo alguma coisa. E acho que vou encher a sua paciência e perguntar até você não aguentar mais e me contar o que o está incomodando.

_Sam, vê se me esquece. Você não tem mais oito anos e essa estratégia não vai funcionar, eu garanto. Se você ficar quieto e me deixar dirigir, poderemos chegar em trinta e cinco minutos na maldita cidade e acabar logo com tudo isso.

_ Ótimo. Quanto mais cedo chegarmos, mais cedo começamos. Mas não pense que desisti dessa conversa.

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Estavam os dois irmãos caminhando em direção ao prédio abandonado no final da rua do distrito industrial depois de terem tomado o café da manhã. Hora de reconhecer o território e avaliar as possibilidades. Habilidades adquiridas no treinamento paramilitar nos verões de sua infância, nos intervalos entre um período e outro da escola. Dean sempre adorou aquilo.

Aquele lugar tinha muito do que nossa aberração da vez gostaria: bastante espaço para se esconder, amplos terraços de onde alçar voo sem ser percebida e um campo seguro para aterrissar com suas vítimas e saborear o menu.

Uma grande placa onde se lia “Mantenha a distância” balançava amarrada às correntes diante da grande porta.

Dean parou perto da pesada porta de ferro e voltou-se para o irmão “Sam, eu finalmente marquei um encontro para esta noite. Espero que nada aconteça com o meu belo rosto nesse trabalhinho que  nos arrumou ou nem sei o que vou fazer para me vingar de você.”

_Você mesmo disse, Dean, rápido e limpo, certo? O que poderia acontecer?

_Além de ser estraçalhado e devorado pelas garras de um monstro mitológico? Nada, é claro!

Uma voz forte soou da lateral do prédio, chamando a atenção dos Winchester que, imediatamente guardaram as armas que haviam empunhado para adentrar o local suspeito. Um homem aparentando cinquenta e poucos anos, trajando um uniforme de segurança particular surgiu e seguiu diretamente na direção dos dois com uma expressão muito pouco amigável.

_O que vocês querem aqui? Não sabem ler? – indicou a placa _ Estão invadindo propriedade particular.

_ Sentimos muito, senhor – Sam tratou de explicar _ Nosso carro enguiçou um pouco mais adiante e pensamos que poderíamos encontrar ajuda por aqui.

_ Não há ninguém. E por que não usam o celular para chamar um reboque? – o homem cruzou os braços sobre o peito _ Vocês tem um aparelho, não é? Até meu neto de cinco anos tem um. Vão dando o fora antes que eu chame a polícia!

_Já estamos indo – Dean sorriu e ergueu as mãos em sinal de rendição _Estamos indo agora mesmo.

Os irmãos contornaram o prédio num passo apressado e deixaram o local. É óbvio que o velho guarda não tinha engolido a história do problema mecânico e poderia pensar que eles eram assaltantes ou uma dupla de viciados procurando um local ermo para “curtir um barato.”

Um quarteirão a diante, Sam e Dean entraram no Impala e partiram em direção ao motel onde se hospedaram  mais cedo. Decidiram que deveriam buscar mais informações antes e retornar à noite, quando estariam encobertos pelas sombras. Talvez tivessem sorte e pudessem encontrar a harpia antes que ela saísse para o sobrevôo em busca de alimento.

 

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CONTINUA


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