Keep Out escrita por Crica


Capítulo 1
Capítulo 1




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Resumo: Algumas pessoas não sabem quando parar. São tão obstinadas que não conseguem enxergar quando o perigo as ronda ou quando afastam aqueles que amam, por mais que avisos em letreiros luminosos gritem diante de seus olhos.

Classificação: K+, pelas expressões impróprias muito próprias das personagens.

Categoria/gênero: Sobrenatural, aventura, amizade e humor, um pouco de cada coisa.

Disclaimer: Nada disso me pertence, é tudo gratuito e blá, blá, blá.


N/A: Mais um texto que estava perdido no limbo. Estilo primeira -segunda temporada, quando a caçada ao monstro da semana e as relações pessoais eram os maiores problemas daqueles rapazes.

Comentários fazem bem à alma e dão um empurrãozinho na inspiração. Quem sabe você encontre um tempinho para me deixar saber o que está achando desta historinha?

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KEEP OUT


Capítulo 1

 

"Há quanto tempo estamos aqui?"

"Umas cinco horas, eu acho" Sam verificou o mostrador "Meu relógio quebrou."

"Você ainda acredita que alguém virá nos resgatar?"

"O Bobby já deve ter dado pela nossa falta, Dean."

"Daí a saber onde estamos, vai uma distância enorme, maninho."

"Por que você tem sempre que ser tão pessimista?"

"Pessimista? Eu?" Apertou mais o pedaço de camisa dobrado sobre o ferimento na perna direita, acima do joelho "Estou sendo apenas realista, Sam. E com a nossa sorte..."

"Como está indo aí?" Samuel apontou com o olhar, o machucado do irmão.

"Espetacular" Outra careta de dor " Se bobear, vou tirar você pra dançar uma rumba."

Sam revirou os olhos à ironia do mais velho " Ainda bem que você não sabe dançar, cara. Péssima idéia."

Dean tinha sorte. Muita sorte por terem conseguido retirar a enorme lasca de madeira que atravessara sua perna mais cedo, sem romper nenhuma artéria e por não estar infeccionado ainda.

"Sam?" Dean apertou os olhos, apurando a visão na penumbra " Você está sangrando"

"Está tudo bem. Já passou." Respondeu, tocando o sangue seco que manchava-lhe a têmpora."Não foi nada"

"Tome" O mais velho ofereceu a garrafinha prateada que sempre carregava consigo "Limpe com isso"

"Não precisa" Empurrou o frasco de volta " Foi só um arranhão. Estou legal"

"Dá pra deixar de ser teimoso e fazer o que eu mando?"

"Dá pra parar de mandar em mim?" Empurrou novamente o objeto reluzente " Não sou criança e o ferido aqui é você. Então pare de me tratar como se eu tivesse cinco anos."

"Estou cansado, Sammy" Dean deixou a cabeça encostar no concreto frio da parede atrás de si.

"Eu também"

"E com uma fome dos infernos."

"Me conta uma novidade?"

"Não estou me sentindo muito bem também."

"Bem, isso é novidade." Samuel voltou sua atenção imediatamente ao mais velho "O que você está sentindo?"

"Minha perna lateja e meu pé está dormente" Dean apertou os olhos e piscou repetidas vezes " Estou meio tonto... Me sinto esquisito, Sam."

"Você perdeu um bocado de sangue, Dean. Sem falar que estamos há mais de doze horas de estômago vazio, o que não ajuda muito também."

"Eu não quero morrer nesse buraco imundo, Sammy."

"Você não vai morrer. Nenhum de nós vai. Bobby está procurando por nós e chegará logo, tenha fé."

"Esse é o seu departamento, irmãozinho. Meu estilo é mais cético e realista." Apertou mais um pouco o curativo e inspirou, buscando forças "Na minha tabuada, dois e dois são sempre quatro e, no caso, são dois dentro de um poço sujo e fundo em meio a coisa alguma que é igual a morte lenta e dolorida."

"Não fale assim. Já disse que ninguém vai morrer aqui."

"Você manda, mano."

"Por que você não tenta dormir um pouco? Vai lhe fazer bem, Dean. Prometo que o acordarei assim que a ajuda chegar."

"Por que está fazendo isso?" Dean não estava disposto a se entregar, apesar do cansaço.

"Fazendo o quê?" O franzido da testa revelou a incompreensão de Samuel.

"Tentando me consolar."

"Não estou consolando ninguém. Estou cuidando de você, só pra variar."

"Certo, Sammy-Boy, cuide de mim então." Dean estendeu os braços, pedindo colo e exibindo um biquinho carente. " Um abraço?"

"Não força, cara." Sam estreitou os olhos e afastou as mãos do irmão "Nem que você fosse a Bioncé"

"Qual é, Sammy? Seu eu fosse a Bioncé, eu me beijava."

"Definitivamente você não está bem. Parece até que andou bebendo" Tomou a garrafinha, abriu-a e despejou umas poucas gotas "Você andou bebendo! Dean, quando é que vai criar um pouco de juízo?"

"Ora, essa porcaria dói um bocado e álcool é um bom desinfetante, não é?"

"Para limpar, seu maluco" Arrolhou a garrafa e atirou-a sobre o mais velho "Você não deveria se embriagar. Precisamos ficar alertas e eu não vou conseguir carregar você pra fora daqui sozinho."

"Não estou bêbado, para sua informação." As palavras saíam meio atropeladas. "Só precisava distrair meus neurônios dessa merda de dor insuportável." Uma expressão nauseada passeou pelo rosto sardento. " E afinal, para que serve um cara do seu tamanho com todos esses músculos?" Parou por um momento e acenou, impedindo que o outro respondesse " Não, não me diga.Não quero saber."

"Pelo visto, seu sistema nervoso central já está mais do que afogado." Tocou a testa do mais velho com as costas da mão "Pelo menos não tem febre."

"Sammy..." A expressão no rosto de Dean denunciava seu estado.

"O que é?"

"Você tem razão."

"Sobre o que?" Aquilo estava mesmo parecendo conversa de bêbado.

"Eu preciso dormir." Dean bateu a mão no chão, ao lado de seu corpo "Senta aqui, vai..."

"O quê?" Se não fosse a pouca luz, Dean teria percebido o pânico estampado no rosto de seu irmão caçula.

"Por favor, Sam." Certo, aquilo estava beirando o ridículo "Senta aqui do lado para eu poder descansar a cabeça no seu ombro. Não seja chato, vamos lá, por favor..."

Foram necessários vários segundos para o mais moço dos Winchester processar as palavras ditas por seu irmão. Ou Dean estava muito bêbado ou doente demais para se prestar a um papelão daqueles. Decidiu que, em qualquer das hipóteses, ele não seria capaz de lembrar de qualquer coisa mais tarde.

"Se você ficar me zoando por causa disso" Arrastou-se para perto do outro "eu juro que quebro a sua cara,Dean."

"Obrigado, mano" Deitou a cabeça junto ao ombro do mais novo "Eu estava mesmo precisando disso." E adormeceu quase instantaneamente.

Aquela situação estava pra lá de esquisita. Samuel jamais poderia imaginar-se preso num buraco mofado e escorregadio, numa construção abandonada no meio do nada, tendo seu irmão mais velho – o poderoso Dean Winchester – cochilando recostado em seu ombro. Ele não queria admitir e jamais o faria em voz alta, mas estava assustado pra caramba. Nem tanto pelo fato de terem se acidentado num local ermo atrás de uma maldita harpia, mas mais pelo estado em que se encontrava seu irmão. Desde quando Dean ficava chapado com uma garrafinha de bebida barata? Já o tinha visto virar mais de uma garrafa inteira sem trocar as pernas. E mais essa de tirar um cochilo apoiado em seus ombros. No mínimo apavorante!

"Sammy..." Um resto de voz chamou-lhe a atenção

"Estou aqui, Dean" Respondeu sem se mover "Sente-se melhor?"

"Ainda me sinto esquisito."

Sam afastou-se um pouco e recostou o corpo do irmão na parede atrás de si, segurando-lhe o rosto entre as mãos.

"O que há com você?" Mas o homem já revirava os olhos, voltando a dormir "Vamos lá, cara, fale comigo" Bateu levemente no rosto do mais velho "Merda, Dean, fale comigo!"

O contato com a pele de Dean revelou o quanto estava fria e escorregadia. Sam apanhou o isqueiro no bolso do casaco e acendeu junto à face do irmão. Seu rosto estava morbidamente pálido e revelava um par de olheiras que se destacavam no conjunto.

"Mas que droga!" Tirou seu próprio casaco e cobriu o doente. "Você não vai entrar em choque agora" Voltou-se e varreu o pequeno local com o olhar treinado, recolhendo tudo o que pudesse queimar.

Por que Bobby estava demorando tanto?

Incendiou uns pedaços de jornal que colocou sobre lascas de madeira velha e restos de sacos de cimento, conseguindo algum calor com a pequena fogueira.

"É isso aí." Puxou o irmão para junto de si e do calor " Aguenta as pontas, Dean. Logo alguém tira a gente daqui e vai ficar tudo bem." Os tremores que percorriam o corpo colado ao seu fez as palavras engasgarem no meio da garganta " Está tudo bem, mano. Nós vamos sair dessa. Eu vou cuidar de você e vai ficar tudo bem."

 

CONTINUA



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