Jade jogou mais uma vez a pequena bolinha de borracha na parede cinzenta com força, tentando externar toda a raiva que sentia.

Porque diabos Beck não a queria mais? Ela tinha conseguido um cachorro para ele, claro, o animal tinha ficado maluco e quase comeu ela e Tori, mas tinha sido um presente de coração!

Porque nada do que ela fazia era bom? Talvez, refletiu, devesse fazer algo realmente legal. Mais legal do que adotar um cachorro assassino. Ainda mais depois de ter brigado tão feio com o namorado...

Com um sorriso nos lábios, sentiu que sabia o que devia fazer.

***

Beck estava jogado em um pufe em sua casa, nos fones de ouvido sentia no último volume a música de Jade, a que ela escrevera apenas para se desculpar com ele algumas semanas antes.

“Você Não Me Conhece/ Você acha que me conhece/ Mas você não me conhece/ Você acha que é meu dono/ Mas você não pode me controlar/ Você me empurra, eu te empurro de volta/ Com mais força, com mais força/ Você grita comigo, eu grito com você/ Mais alto, mais a-a-a-alto”

O relacionamento deles era realmente maluco daquele jeito, Beck sabia, mas estava tão confuso se devia continuar aquela loucura que eles tinham.

“Eu sou perigosa, estou te avisando/ Mas você não tem medo de mim/ E eu não consigo te convencer/ Você não me conhece/ Você acha que me tem/ Mas não consegue me ter/ Você acha que me quer/ Mas você não sabe no que está se metendo”

Afastou aqueles pensamentos. É claro que queria ficar com Jade, ela era perfeita, linda e eles se conheciam como a palma das próprias mãos. Ele conhecia ela e ela o conhecia. Eles simplesmente eram assim, eles eram Jade e Beck.

“ E quanto mais tempo você ficar/ O gelo está derretendo/ E a dor parece bem/ Parece bem (Hey)/ Você me empurra, eu te empurro de volta/ Você grita comigo, eu grito com você/ Mais alto, mais alto, mais alto, mais alto/ Mais alto, mais alto, mais alto, mais alto/ Mais alto”

Suspirou lembrando do rosto cheio de dor da garota quando ele verbalizou as palavras “acho que não devíamos nos ver mais”. Se arrependia até o último fio de cabelo.

“Eu sou perigosa, estou te avisando/ Mas você não tem medo/ E eu não consigo te convencer/ E eu não tenho que/ Eu acho que você me conhece”

— É, Jade. Eu não tenho medo.

***

Jade sacou o celular do bolso da calça para mandar uma mensagem para Beck, pedindo que ele a encontrasse no parque. O piquenique que ela montara com muito carinho, com um bolo, algumas pizzas e um suco, estava disperso sobre a toalha de flanela.

Antes que pudesse digitar as palavras, viu ao longe o garoto chegando com a expressão fechada e pensou se ele poderia ter lido os pensamentos dela, ou se simplesmente antecipara seus movimentos. O fato era que Beck estava se aproximando.

Alguns metros antes de encontrar Jade, a garota sorriu para ele, que apenas desviou o olhar.

— Que bom que você veio – Jade fez menção de se aproximar e abraça-lo, mas recuou ao ver seu rosto sério. Beck estava envergonhado de ter brigado com ela mais cedo, não que Jade estivesse entendendo aquela cara de mau.

— Tori me falou o que você estava fazendo.

Jade piscou algumas vezes e apontou para o piquenique em suas costas.

— Ah, eu, fiz uma coisa, eh, pra nós, quer dizer, pra você – Começou atrapalhada, ficava nervosa as vezes ao redor de Beck.

— Jade – Suspirou.

— Beck – Seus olhos se encheram de lágrimas – Eu te amo.

O garoto não fez questão de responder prontamente, ao invés disso, puxou o rosto de Jade para perto do seu, tocando seus lábios em um beijo apaixonado e quente.

— Eu também te amo.

E tudo estava perdoado e esquecido.