Love can be found in the blindness - Sterek escrita por Daroon


Capítulo 1
Ao seu lado




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Em certos momentos, Stiles queria muito rir das merdas que aconteciam consigo. Ele era o quê? A porra de uma imã para problemas?! Era a única explicação, só pode. Em certos momentos ele tinha raiva quando vinham atrás de si, tudo porque era um humano, qual é, querem enfrentar uma alcateia e resolvem atingir o cérebro do pack, como se isso fosse desestruturar o alpha. Bom, talvez, mas a questão era que era um péssimo plano se, no fim, perderiam. Era tão supérfluo que sentia vontade de bocejar. E por mais que estivesse no breu, com uma mordaça sobre a sua boca e completamente amarrado dentro de um porta malas em um carro em movimento, revirou seus olhos. Quanto tempo levaria dessa vez para ser encontrado? Horas? Dias? Ponderava brevemente, precisaria esperar ver seus sequestradores para possuir essa resposta.

A pergunta atual, como tinha sido sequestrado dessa vez? Bom, tudo começou em uma linda manhã de sábado, só que não, onde tinha sido obrigado a participar do treinamento, como sempre, Derek insistia na presença de todos, mesmo que o humano da pack não conseguisse durar tanto tempo com os outros. Stiles nunca entenderia o lobisomem. E após uma discussão com o sourwolf que tinha insistido que o Stilinski viesse naquele treino, extremamente cedo, para não fazer nada, onde claramente poderia ter ficado dormindo como um anjinho em sua confortável cama, em seu precioso travesseiro, acabou se retirando do local entre bufos.

No meio no caminho de volta para casa, tinha notado que estava sendo seguido por uma Suv azul e com os vidros completamente escuros, sendo incapaz de ver quem ou quantos estavam dentro do carro. Seu alerta de perigo estava apitando tão alto que agradeceu que seu Jipe não lhe deixou na mão. Tinha pisado no acelerador, batucando brevemente seus dedos sobre o volante. Tentou pegar seu celular sem perder o rumo da direção, mas talvez aquele tenha sido o seu erro, pois não viu outro carro surgindo em sua frente, fazendo-o desviar para a pior direção possível: a árvore.

Com a vista embaçada e um lado manchado pela cor vermelha, completamente atordoado, apenas tinha escutado sobre o quão fácil era sequestrar o humano da pack e várias risadas, logo em seguida, uma batida em sua cabeça. Não tinha reconhecido a voz e, talvez, concordasse com os sequestradores. Não sabia para onde estava indo, mas sabia que era para um local que tinha muitos buracos, porque a cada buraco que passavam sua coluna protestava. Deveria estar com medo? Talvez, mas como não sabia quem eles eram não conseguia sentir medo, apesar de lá no fundo, algo estivesse dizendo que era algo muito ruim. 

Engoliu seco quando finalmente pararam, sentia seu suor descer por sua testa. Escutou as portas dos dois carros se abrirem e fecharem com certa brutalidade, seu coração tremeu devido às batidas, a sensação apenas aumentou e quando escutou um rangido de uma porta velha se abrir um arrepio subiu ao escutar aquela voz:

— Muito bem, rapazes, tragam ele aqui para dentro. — Era Gerard. O ar escapou de seus pulmões, sua mente estava indo a mil e desespero começou a subir por suas entranhas. Ele estava ferrado, muito, mas muito ferrado. Era a única coisa que conseguia pensar. 

“Por que esse velho ainda não morreu?”, indagou-se mentalmente, completamente revoltado por aquele velho ter sido salvo por Chris, mesmo que fosse para ajudá-los, aquilo tinha sido insano. E mesmo que tivesse dito para Scott dar um jeito no caçador psicopata, a resposta tinha sido não, porque ele era um humano também. Céus, tinha certos momentos que Stiles queria bater a cabeça do Scott para ver se entrava algum juízo, o cara era um completo maluco que se tiver a oportunidade de matá-lo mataria em segundos, e ainda sim ele não faria nada. Scott era praticamente um suicida em sua opinião.

Quando o porta malas foi aberto, teve que fechar os seus olhos devido a luz do sol. Escutou a risada de Gerard e seu corpo se arrepiou. Deus, estava tão ferrado. Péssima ideia descontar seu mal humor em Derek por ter sido acordado cedo num sábado, se tivesse ficado no canto vendo o treino como sempre e raramente participando, talvez não teria sido sequestrado. Apesar de que não iria impedir ser sequestrado no próximo dia. Ele só queria ficar no conforto de sua cama, era pedir demais?

Quando foi jogado no chão examinou o local; uma cabana caindo aos pedaços. Um belo lugar para se manter um refém. Jurou ter visto um rato correndo em um canto. Levantou o seu olhar para o maldito velho e deu o melhor sorriso sarcástico que conseguiu, querendo evitar de demonstrar o quão tenso estava.

— Deu uma de sequestrar jovens indefesos, Gerard? — E novamente aquela risada que fazia seus pelos se arrepiarem, aquilo era um mal sinal. Gerard olhou para o outro sequestrador; robusto e com uma larga cicatriz no rosto que ia de seu queixo até sua testa, atravessando seu olho esquerdo. Stiles suou frio. O homem acenou para Gerard, como se tivesse entendido algo que o mais velho disse pelo olhar. Ele se virou e saiu da cabana, voltando logo em seguida com taco de beisebol de alumínio, entregando para o caçador Argent.

— Ora, Sr. Stilinski, nós dois sabemos de que indefeso, você não tem nada — sibilou venenosamente. — Um jovem que corre com os lobos deve estar preparado para as consequências dessa escolha estúpida. 

— Engraçado, a única coisa estúpida que fiz foi não ter insistido mais Scott acabar com a sua raça. 

— Sua língua continua afiada como sempre, nem mesmo o Nogitsune foi capaz de calá-lo. — Arregalou seus olhos âmbares e tentou inutilmente levantar os braços para proteger seu rosto quando viu Gerard mirando em seu rosto, mas infelizmente ainda estava amarrado. Mordeu o lábio inferior. Inferno como aquilo doeu. — Não vai dizer nada, Sr. Stilinski? Em como o sangue de minha neta está nas suas mãos, humanas. — Oh, ele se lembrava disso, com muita clareza, afinal essas memórias lhe atormentaram por longos meses. Sentia seu maxilar doendo e o sangue acumulado com a sua saliva deixavam aquele gosto característico de ferro, fazendo-o cuspir no chão, próximo dos pés do Argent.

Levantou o olhar firmemente, por mais que tremesse sabendo o tipo de pessoa quem era aquele à sua frente, não iria abaixar a sua cabeça, jamais. Principalmente para alguém como Gerard. Sabia que era uma péssima escolha, pois a cada encarada e sorriso debochado que nada, Gerard continuava lhe batendo; desde chutes, socos e o maldito taco de beisebol. Seus lábios já sangravam, não iria inflar o ego inepto dele com os seus gritos. Apesar de saber que logo, logo não aguentaria mais segurá-los.

— Uma pena que nosso horário de aquecimento tenha acabado — disse Gerard, deixando a ponta do taco no chão e ambas as mãos apoiadas na outra ponta. Ainda no chão, viu o seu sangue banhado sobre o taco, estremeceu só de imaginar que era um mero aquecimento para o outro. No fundo, torcia que o achassem logo, sabendo o quão louco o Argent mais velho poderia ser sabia que o pior ainda viria.

E sem mais nem mesmo, o caçador saiu da cabana, trancando-a. No breu daquele lugar que fedia, conseguia sentir seu corpo inteiro protestando. Percebendo que estava, enfim, sozinho, gemeu baixo ao tentar se mover para o canto onde o vento que entrava pela janela quebrada não batesse direto em si, esfriando-o. Engoliu seco ao se lembrar do quão patético achou quando tinham lhe sequestrado, se levaria horas ou dias para que os outros o achassem, mas agora, alí, completamente indefeso nas mãos do caçador, começava a se perguntar se iriam achá-lo… vivo ou morto. Com esses pensamentos lhe assombrando, não percebeu quando caiu de sono devido a exaustão.

Ser acordado com um balde de água fria, num clima de 10º, não era bem o que esperava. Seu corpo inteiro tremeu e um gemido de dor acabou escapando por entre os seus lábios. Escutou a risada dos caçadores, estava tão ferrado, soube disso no momento em que foi desamarrado e amarrado novamente numa cadeira. Seu rosto fora segurado por Gerard que sorriu.

— Pronto para a fase um. — Não foi uma pergunta, e Stiles sabia muito bem disso. Em um devido momento, não conseguiu segurar mais os seus gemidos ou os seus gritos, sua pele sendo rasgada por uma lâmina não era bem um paraíso. Gerard não fazia perguntas, tudo parecia ser pelo seu belo prazer, ele proclamava o seu ódio por todos do pack, principalmente nos Hale’s e no Scott. Em como ele queria destruir aquilo que era tão precioso para eles. Por mais que estivesse sofrendo nas mãos de Gerard, Stiles sabia que no final, ele acabaria morto. Ele torcia para isso.

As coisas estavam se tornando tão lentas para si, não sabia quantos dias tinha se passado, mas a cada dia, Gerard fazia algo novo. Quase nem enxergava direito devido ao olho inchado. Sua boca além de rachada estava completamente machucada, pois sempre que podia, mordia-os. Seu corpo estava dolorido, mal conseguia se mexer sem ter vontade de chorar devido às dores. Apenas queria sair dali. Novamente, encolhido no chão, tremendo tanto de frio quanto de dor, rezava baixinho, torcendo para que alguém viesse resgatá-lo, só queria isso e o conforto de sua cama. 

Não sabia o que tinha irritado Gerard naquele dia, mas soube que estava ferrado, vê-lo com ódio enrolado no taco de beisebol com um arame farpado, sabia que não aguentaria mais. Estava desnutrido e completamente acabado, mas quando o Argent proferiu o que tanto lhe tirou do sério, uma pitada de esperança surgiu em seu coração, mesmo que no fundo estivesse palpitando de medo ao achar que não daria tempo.

— Se eles pensam que acharão você vivo, estão enganados — sibilou, golpeando-o em seguida. Gemeu ao sentir o arame rasgar a sua pele. Lágrimas traçaram o seu rosto sujo. Já nem estava mais amarrado, pois não tinha mais forças. Um chute em seu estômago o fez se virar de barriga para si, gemendo mais uma vez. — Está na hora deixar uma marca registrada. — Não sabia o que ele queria dizer com isso, mas soube no minuto seguinte. E tudo o que foi ouvido, foram os seus gritos. 

—x-

Alguma coisa, dentro de si, tinha lhe alertado que algo estava errado. Derek sentiu isso quando viu Stiles bufando naquela manhã ao entrar em seu Jipe. Até mesmo Scott sentiu, comentando se aquela sensação era normal. E então, a notícia de que o Jipe fora encontrado batido em uma árvore e que Stiles estava desaparecido chegou até eles, o pânico se alastrou por todos. Não tinha nenhum sinal para onde ele o levaram ou onde ele foi. As coisas ficaram tão caóticas. Não conseguiam rastreá-lo pelo cheiro e não existia câmeras naquele local. Noah estava surtando a cada hora em que não possuía notícia de seu filho.

Sabiam que Stiles tinha sido sequestrado, mas a questão era por quem? E por quê? 

A resposta veio aos poucos; quando Derek viu Gerard perambulando pela cidade — onde tinha sido notificado, pelo próprio filho, a ficar longe —, carregando um sorriso estranho. Aquilo foi tão estranho que ficou em alerta, não deixando de notificar a todos logo em seguida. Chris fez questão confrontar o pai, mas ele apenas tinha alegado que veio visitar o túmulo de sua neta. O Argent mais novo sabia que era mentira, seus instintos diziam isso, por isso fez questão de afrontar outros caçadores; uns eram tão fiéis a política de seu pai que lhe causava asco, de outros conseguiu tirar uma ou outra coisa, eram fragmentos que não faziam sentido, mas foi o suficiente para saber que Gerard era o responsável pelo sumiço de Stiles.

E a procura pelo Stilinski mais jovem tinha iniciado, Chris não tardou de sequestrar um dos sequestradores fiéis de seu pai. Junto de Noah, Derek, Peter e o próprio Argent, interrogaram o caçador até conseguirem o que queriam. Tinham que ter feito longe dos olhos do alpha, devido aos métodos que estavam usando, mas Scott descobriu, e a única coisa que fez, foi fingir que não viu nada; a culpa estava cercando-o cada vez mais.

Após dias, tiveram não apenas a confirmação de que Gerard estava por trás do sequestro como também a localização. O Xerife Stilinski enviou Parish e mais alguns policiais de confiança para o local para que pudessem prendê-los, já Chris levou Derek e Peter em seu carro. O que eles não tinham contato era que Gerard descobriu que eles estavam atrás dele, podem ter pedido o elemento surpresa, mas quando chegaram ao local, viram que ele ainda estava lá — o carro estava parado bem próximo da cabana. 

Mas não tinha sido o suficiente. 

O grito de Stiles ecoou pelo local. Derek não se importou com os policiais e saiu do carro de Chris apressado, viu Noah desesperado entrando no local com a arma em mãos. Quando estava próximo da porta, escutou vários disparos saindo da arma do Xerife, que não hesitou em nenhum momento. Derek sentiu o cheiro daquele local; desespero, dor, lágrimas e sangue. Ao entrar seu coração falhou uma batida. Noah mantinha Stiles em seu colo, chorando, murmurando e implorando pedidos de desculpas. O cheiro de sangue fresco, não vinha de Gerard, era de Stiles, todo o cheiro que sentiu intensificava cada vez mais. Enquanto todos os outros prendiam os caçadores, Derek se aproximou do Xerife que estava paralisado, tremendo. E era compreensível, pois até mesmo o Hale paralisou em ver o estado do jovem, o sangue escorrendo pelos seus olhos o alarmou ainda mais, agachando-se ao lado de Noah.

— Xerife, precisamos levá-lo para um hospital — murmurou, querendo trazê-lo para a realidade, mas ao ver aquele olhar completamente perdido e culpado, seu coração se quebrou ainda mais. Com cuidado, pegou Stiles no colo. Noah não tentou impedir, mas permanecia parado lá, foi Peter que o ajudou a se levantar.

Entrando no carro de Chris, o próprio pisou fundo no acelerador com rumo ao hospital mais próximo daquele local. Derek tentou Stiles confortável em seu colo, sugando toda dor que conseguiu, observando-o enquanto dormia. Alguma coisa lhe dizia que o sangue ao redor dos olhos não poderia ser um bom sinal, mas no fundo torcia que fosse apenas coisa da sua cabeça. Quando chegaram ao hospital, entrou às pressas ao local, sem ter tempo de explicar nada, os enfermeiros tiraram Stiles de si e o levaram para longe. Tudo o que pode fazer era esperar, era tão agonizante. Sentou-se no banco, passando a observar suas mãos que estavam cobertas pelo sangue do humano. Um nó se formou em sua garganta. Sentiu-se culpado pelo acontecimento.

Quando todo mundo chegou ao hospital o médico enfim apareceu para anunciar o estado do Stilinski mais novo, e Derek pode ver o Xerife se quebrar ainda mais, assim como todos. O silêncio tinha sido quebrado pelos soluços sofridos de Noah que murmurava que a culpa era a sua, mas não era, nunca foi, mas ninguém poderia falar isso se pensassem que eles também eram os culpados.

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Cego. Descobriu que tinha ficado cego, então era isso que Gerard dizer como marca registrada. Deucalion, ele fez o mesmo com o lobo. Descobriu isso quando finalmente conseguiu se manter acordado, foram longos dias que permaneceu inconsciente, ao menos durante aquele período, como agora, não sentia mais dores devidos aos remédios que lhe davam, mas quando finalmente ficou consciente; só via escuridão. 

Teve um ataque de pânico. E como não ter? Tinha sido acudido pelo pai: 

“Eu estou aqui, está tudo bem agora, filho, eu estou aqui.”

Fora o que ele tinha dito e quando conseguiu se acalmar, mesmo que pouco, sentiu-o apertá-lo em um abraço o som de choro preencheu seus ouvidos, juntamente com os vários pedidos de desculpas. Chorou junto ao receber a notícia de seu atual estado.

Não conseguiu receber ninguém do pack, não queria. Permaneceu naquela cama de hospital, recebendo visita apenas de seu pai que hora ou outra falava que os outros estavam preocupados, mas Stiles não queria vê-los. Não os culpava, apenas não recebê-los. O que mais tinha lhe surpreendido, era Derek querendo saber de seu estado. Sabia que ele e o lobisomem tinham se aproximado após o episódio do Nogitsune, não ao ponto de serem amigos, mas de suportarem um ao outro. 

No fim, deixou Derek visitá-lo. Ele presenciou seus ataque de pânicos noturnos, algo que tinha escondido de seu pai. Enquanto não era liberado para casa, Derek cuidou de si, mesmo sendo proibido, ele dormia na poltrona que tinha no quarto, e toda vez que acordava no meio da noite, chorando ou gritando, ele estava lá… ao seu lado, dando-lhe apoio. De suportarem um ao outro, ficaram amigos.

Quando tinha sido liberado, infelizmente Noah não poderia levá-lo para casa, devido aos dias que ficou ao lado do filho acumulou muitas coisas na delegacia, Stiles compreendeu perfeitamente, não ficou magoado, até porque seu pai ficou boa parte ao seu lado, não poderia reclamar. Noah então enviou Derek para buscá-lo. Como sua perna esquerda estava engessada, assim como o seu braço direito, sentiu Derek lhe pegando no colo com extremo carinho. 

Estava agradecido pelo lobo estar sendo atencioso, mas não ao ponto de sufocá-lo, ele o respeitava. No primeiro dia, escutou seus pedidos de desculpas, sabia que ele se culpava. Stiles confessou o quão medo sentiu e ainda sentia, depois daquele dia, não tocavam muito no assunto, Derek fazia questão de falar sobre qualquer outra coisa, algo que Stiles agradecia profundamente, não queria ter que reviver aquilo.

— Estamos indo para a minha casa? — indagou após um longo período de silêncio que se instalou no carro. Acostumou-se com o silêncio.

— Estamos indo para o loft, espero que não se importe. 

— Não. — E encostou sua cabeça na janela. Era tão estranho não poder ver nada. Indagou-se se foi daquela maneira que Deucalion se sentiu ao ter sua visão tirada de si. Engoliu seco ao pensar nisso. Sentiu a mão de Derek pousar em seus ombros.

— Não deixe sua mente ir muito longe. — Balançou a cabeça, suspirando. Ao chegarem no loft, Derek novamente lhe pegou no colo, apesar de não querer muito, o lobisomem garantiu que aquilo seria por pouco tempo, mais uma semana e ele tiraria o gesso e poderia tentar andar com a guia, só de pensar nisso, a vontade de chorar apenas aumentava quando vinha flashes do ocorrido. Fora posto no sofá da maneira mais confortável possível. — Não se preocupe, eles ainda não sabem que você está aqui, receba-os quando estiver disposto. Você quer beber alguma coisa? 

— Um café, por favor — sussurrou. Não viu Derek apenas anuir, mas escutou seus passos se afastarem, como também o de mais um, soube de imediato quem era, até porque era o único que sempre aparecia no loft no momento em que queria. — Peter — balbuciou. 

— Pelo visto seus ouvidos ficaram ampliados, garoto. — Sorriu de canto, o bom de Peter é que ele não mudaria seu jeito por causa disso. Stiles tinha certeza que seus amigos iriam, principalmente Scott.

— Aqui, Stiles — pronunciou Derek, aproximando do sofá, sentou-se na mesinha de centro e deixou a xícara próxima do humano, que esticou com cuidado a mão até sentir a superfície quente, segurou com calma e passou a bebericar. No tempo que ficou no hospital, treinou, não queria ficar dependente de alguém. 

— Obrigado — disse. — Está muito bom. — Infelizmente, não pôde presenciar o sorriso de Derek, que mesmo pequeno, foi sincero.

Enquanto a semana ia passando, Noah com a ajuda de Derek e Peter ajeitaram a casa do Xerife, afinal logo Stiles iria andar sozinho e não poderia ter coisas jogadas pelo chão, com tudo o que aconteceu não conseguiu deixar nada organizado.

Um dia antes de retirar o gesso, Noah conversou com todos do pack, Stiles ia recebê-los, contanto que nada mudasse entre eles, mesmo que não pudesse sentir cheiro de pena direcionado para si, Derek garantiu que não deixaria ninguém olhá-lo dessa forma. O Hale admirava cada vez mais o Stilinski, não falava isso em voz alta, mas era certo sobre o quanto achava o outro forte.

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O processo de sua independência não foi fácil, sabia que não era. E sua adaptação para aquela nova vida ficou difícil, tinha momentos em que explodia de raiva e frustração; teve um dia em que descontou em Scott suas frustrações, de que se ele tivesse dado um jeito em Gerard aquilo jamais teria acontecido, Mccall sentiu perante aquelas palavras, no fundo ele se culpava. No final, Stiles pediu desculpas e chorou, mas Scott não poderia ficar magoado por aquilo, apenas abraçou o seu amigo, pedindo desculpas.

Outras vezes o Stilinski acabou explodindo, mas ninguém poderia culpá-lo por acabar descontando suas frustrações, sempre que ele não estava bem, pedia para ficar sozinho, mas não era ouvido e tudo virava de cabeça para baixo. Nem Derek escapou. Mas o Hale ouviu e fez questão de deixar o Stilinski desabafar ainda mais, tentava expulsá-lo de seu quarto, mas o lobisomem permanecia lá, ouvindo tudo e mais um pouco, ele compreendia os sentimentos de Stiles, que no fim, chorava em peito pedindo desculpas por ter explodido.

“Está tudo bem.” Era o que murmurava para o outro. Sabia o quanto Stiles tentava ser forte, mas em certos momentos toda aquela força sumia e os medos surgiam. Derek o entendia perfeitamente, até hoje o incêndio o assustava, Boyd, Erica, ele entendia perfeitamente.

Com as novas mudanças drásticas, Stiles teve que aprender braille, não era fácil, mas Derek, estranhamente, estava ao seu lado lhe ajudando, com tamanha paciência que o Stilinski chorou em certos momentos, aliviado. Quando conseguiu aprender braille ficou tão feliz, seu pai fez questão de comprar pizza e refrigerante para comemorar. Já Derek, comprou outra coisa para o humano.

— O que é? — indagou, suas mãos passavam na superfície da caixa e sua testa franzia de confusão. 

— Abre logo — pediu meio impaciente, até porque ele mesmo estava nervoso, não sabia o que Stiles acharia daquele presente. Noah o olhava abismado e agradecido. 

— Chato — murmurou. Escutou a risada de Peter ecoar na sala, enquanto abria a caixa, tocando, não era algo grande e sim pequeno, mas quando sentiu aquela superfície em relevo, seu coração vibrou. — É um notetaker. — Sua voz tremeu, finas lágrimas traçaram o seu rosto e sorriu pequeno. — Obrigado, Derek. — Levantou-se do sofá e sem a guia aproximou-se do lobisomem num salto, abraçando-o apertado. — Obrigado por estar ao meu lado. — Retribuindo o abraçando, Derek se sentiu bem.

As coisas foram progredindo gradativamente, Stiles estava se acostumando a sua nova rotina, apesar de algumas vezes ter uma recaída, alguém estava ao seu lado. Conseguiu terminar o colégio ao lado dos amigos, sabendo que não poderia ser um agente, contentou-se em viver em Beacon Hills com o seu pai. Com uma pequena ajuda de Derek — Stiles ainda não sabia o porquê do Hale tanto lhe ajudar —, começou a fazer jardinagem, uma pequena plantação de flores foi feita na sua casa, onde cuidava delas com certo carinho, talvez ninguém imagina ver Stiles daquela forma, mas ele passou a gostar de ser jardineiro.

— Eu não cheguei a comentar, porque queria fazer uma surpresa, mas eu mandei reformar a antiga mansão Hale, ela já está pronta, só falta os móveis — comentou Derek, que estava lhe ajudando naquele fim de semana com suas flores, Stiles tinha descoberto o quanto o lobisomem gostava de jardinagem. 

— E você vai viver sozinho lá? — indagou casualmente. O cheiro das rosas lhe acalmavam tanto. Derek sorriu diante da felicidade que vinha do humano.

— Bom, Peter provavelmente acabaria passeando por lá constantemente, assim como ele fazia no loft. Talvez os encontros com a matilha poderiam ser lá… — Mesmo que não visse, Stiles sentiu, parou o que fazia e virou-se na direção do outro.

— Por que sinto que tem algo a mais nisso? — Outro sorriso, Derek admirava essas coisas do humano.

— O espaço e a terra lá é boa, quem sabe, se você quiser… — Desviou o olhar, envergonhado. — Poderia aumentar suas plantações, fazer lá… Seria legal — murmurou a última parte, mas Stiles mesmo assim ouviu e sorriu. 

— Não irá te atrapalhar? 

— Jamais — disse subitamente, arregalando os outros. Stiles riu baixinho. — Sabe que gosto de ajudá-lo a cuidar delas. Tendo mais diversidade de flores, talvez pudesse investir como florista, só tem um na cidade e o dono pretende fechar o local, pois seu filho não quis seguir adiante com o negócio. 

— Isso é uma pena.

— Concordo. — Por breves minutos, Stiles ficou em silêncio, ponderando sobre a oferta. 

— Tem certeza que não vai ser ruim? Quer dizer, acho difícil um uber me levar até lá e alguém me buscar também será meio fora de mão… — E Derek o interrompeu:

— Você pode morar lá — murmurou, calando Stiles rapidamente. Novamente, Derek desviou o olhar, talvez tenha se precipitado no pedido, ele faria em algum momento, pois na reforma providenciou que um quarto fosse feito no primeiro andar da mansão, grande e com um suíte, um quarto especial apenas para Stiles. — Sabe, como lá será o encontro com a matilha, seria mais fácil e também seu pai está namorando meu tio, então talvez, não sei, quem sabe você se sentiria mais à vontade morando comigo e não teria que ouvir nenhum som… — E embolou-se todo, tirando uma gargalhada do outro, isso foi o suficiente para aquecer o coração do lobisomem.

— Se não for ruim para você, eu gostaria, seria bom, como você disse, ampliar as plantações, você me ajudaria a cuidar delas daí, né? 

— Com certeza. — E sorriram.

—x- 

Após as novas adaptações na mansão, com ajuda de Lydia que escolheu os móveis, a antiga mansão Hale estava pronta. As plantações foram feitas na parte de trás da residência, e Stiles teve que concordar com Derek, a terra deles era boa. Como prometido, o lobisomem o ajudou na parte da jardinagem, tanto que resolveram fazer uma parte para temperos. Isaac voltou para Beacon Hills, arranjou um trabalho e passou a morar na mansão com eles, e sempre que conseguia, aprendia sobre jardinagem com Stiles, acabando por ajudá-lo também a cuidar das flores.

E logo o Natal chegou; combinaram-se de fazer uma festa na mansão, uma festança e tanto por assim dizer, mas quando foi a hora dos presentes, faltava apenas Derek entregar. Stiles obviamente não esperava um presente do lobisomem, mas se impressionou quando ele lhe entregou um punhado de papéis, franziu o cenho.

— O que é isso? — Tocava nas folhas, mas elas não estavam escritas em braille, Stiles queria muito socar o lobisomem que sempre fazia suspense. Sorrindo, o Hale respondeu:

— Eu mandei fazerem outra cópia, uma em braille. — Então entregou para o Stilinski os outros papéis, e ao tocar e entender o que estava escrito, colocou a mão sobre a boca, surpreso e com uma vontade súbita de chorar.

— Você comprou a floricultura — murmurou com a voz trêmula.

— Você me comentou que adoraria ser florista, e como o dono da floricultura pretendia vender, eu vi uma oportunidade de comprar, ele ainda tem flores no estabelecimento, então você não começaria do zero, só precisa de um novo nome. — Sem mais nem menos, abraçou o Hale.

— Obrigado, Derek, por tudo. — Sentir o quanto Stiles estava feliz, fazia seu lobo estranhamente vibrar de felicidade. 

Todos perceberam o que estava crescendo entre eles, de uma maneira tão graciosa. O restante da noite foi ainda mais festança, até caírem exaustos ou bêbados pelo chão, estando somente Derek e Noah acordados, ajeitando a bagunça de todos, até mesmo Peter entrou na onda dos outros até cair bêbado na poltrona.

— Eu nem sei como posso te agradecer, por tudo que fez e pelo que está fazendo, para o meu filho — comentou Noah, que lavava a louça. 

Guardando o prato que secou no ármario, Derek se virou para o Xerife que continuava a colocar as louças lavadas no escorredor. 

— Sabe que não precisa me agradecer, Noah. — E pegou outra louça para secar. Com tudo que tinha acontecido, Derek passou a ter mais intimidade com a família Stilinski, ao ponto do Xerife exigir ser chamado pelo nome. 

— Como não? As coisas que fez e que continua fazendo, não é a sua obrigação. 

— Mas eu gosto de ajudá-lo, Stiles é um amigo importante para mim. — Noah olhou para o lobo e sorriu pequeno.

— Sabe que não é isso que aparenta — comentou, continuando o que fazia. Derek ia dizer algo, mas o som do coração de Stiles chamou a sua atenção; ele tinha acordado. Ficou olhando para a entrada da cozinha até vê-lo aparecer.

— Precisam de ajuda? — Seu coração vibrou. Derek sabia o que Xerife tinha dito, apenas precisava admitir.

— Não se preocupe, pode voltar a dormir, filho — disse Noah.

— Certeza? — Voltou a perguntar.

— Claro, Stiles, pode ir descansar, amanhã temos um longo dia. — Derek é quem tomou a palavra. Stiles apenas anuiu, sorrindo pequeno e voltando para a sala, poderia ter ido para o seu quarto, mas gostava de estar próximo de todos do pacote, sentia-se seguro.

— Deveria ver sua expressão de quando está com ele — murmurou Noah, arrancando de Derek um rosto vermelho devido a vergonha, imaginando claramente que tipo de cara fazia. 

— É tão óbvio? 

— Vocês dois sentem um carinho especial um pelo outro, mas eu entendo se você tem medo, após tudo, até eu teria, mas não se afaste, apenas vai devagar. Acho que será bom, para vocês dois. — E sorriu, agradecendo pelo Hale estar na vida de seu filho.

Derek permaneceu encarando a entrada da cozinha com o coração a mil, faria as coisas devagar como Noah disse, mas não por causa do medo, pois ele estranhamente sumiu com o tempo em que esteve com o Stilinski, apenas porque queria fazer as coisas certo.

Na sala, Stiles dormia profundamente amontoado com os outros lobos, sentindo-se seguro e confortável. Mais tarde, quando Derek se juntou com eles, ficou próximo do humano, que inconscientemente lhe abraçou apertado e o lobo apenas pode retribuir sorrindo no processo, sentindo aquele calor familiar lhe preencher. Depois das festividades, faria questão de convidar o humano para um encontro, iria mostrar o quão grato sentia por tê-lo em sua vida, mesmo no meio de tanta tempestade que caiu sobre eles. 

É como dizem: depois da tempestade, vem a calmaria. Derek assim como Stiles não poderiam discordar dessa frase. A forma em que ambos se sentem quando estão próximos, as risadas, o calor familiar, tudo, apenas conseguiam sorrir diante desses momentos. Stiles não imaginava que se sentiria tão bem ao lado do lobisomem, em como ele seria um confidente para si. E Derek não esperava que além de sua âncora, Stiles seria o caminho de sua felicidade, ao lado de uma família.


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