Pedro encarou a mensagem no celular, o número conhecido como a palma da própria mão piscava na tela, e sorriu se sentindo bobo.

— Ih, que isso, garoto? – Daiana indagou dada a expressão curiosa do primo. Os dois estavam assistindo uma série qualquer na TV, na casa da garota, e comendo pipoca e doces. Coisa que faziam praticamente todo final de semana.

— Nada – Comentou rapidamente bloqueando a tela do celular.

— Pedro – Estreitou os olhos, lançando uma cara ameaçadora para ele.

— É a Giana – Falou rapidamente sentindo as bochechas pegando fogo – Convite pra uma festa na casa dela em meia hora.

— Que Giana?

— A Giana – Explicou como se Daiana fosse louca.

— A MINHA GIANA? – Levantou do sofá com os olhos arregalados. Giana e ela eram amigas e a garota era super popular na escola, além de nunca (nunca mesmo) parar de falar.

— É...

— Porque ela mandou mensagem pra você e não pra mim? – Perguntou sacando seu próprio celular para checar se tinha recebido alguma coisa – Esquece, acabei de receber.

Pedro, por mais que não quisesse admitir, sentiu o corpo murchar um pouco. Tinha ficado extremamente extasiado pensando que Giana o tinha convidado exclusivamente, de propósito e não por ser apenas primo de sua amiga e não pode deixar de pensar no quase beijo que tinham dado um ano atrás no meio de uma brincadeira. Ledo engano, mas, de qualquer forma, ainda era uma festa e a ruiva ainda ia estar lá.

— Bom, temos que nos arrumar – O garoto tentou soar animado enquanto marchava para o quarto da prima para procurar alguma peça de roupa sua que fosse boa para festa.

***

Já devidamente arrumados, os primos D’Ávila chamaram seu Uber e desceram na frente da casa de Giana, que já estava cheia de gente e com uma música alta tocando no último volume.

— Isso ainda vai dar problema com os vizinhos – Daiana comentou rindo. A dupla entrou na residência e não precisaram de muito para descobrir onde a anfitriã estava, pois Giana apareceu correndo e abraçando os dois.

E foi naquele momento que Pedro soube que não tinha mais volta, estava loucamente apaixonado por aquela garota animada e falante e até mesmo o cheiro dos seus cabelos ruivos o deixava maluco.

— Vocês vierammmm – Sua voz era gritada, pois, pelo volume da música, se falasse mais baixo não seria ouvida – Ai, eu não sabia se vocês viriam, né, porque eu mandei meio em cima da hora, só que eu planejei em cima da hora mesmo, foi hoje de manhã que eu pensei “hummm e se eu desse uma festinha aqui em casa” ai fiz né, mas enfim...

— Oi pra você também, Gi – Daiana conseguiu falar antes da garota voltar a lançar as palavras com velocidade.

— Muito feliz que vocês apareceram! Dai princesa, você tá cada dia mais linda, gata – Soltou os dois e se pôs a observar os primos – E, caso seja do seu interesse e eu sei que é porque eu não sou boba nem nada, amiga, mas a minha Barbie motoqueira ta ai.

— A Roberta? – Balbuciou nervosamente interrompendo Giana.

— É amiga, a gata que você pegou na praia aquele dia? Lindíssima, gostosa e solteira! Se joga! Ela tava na cozinha da última vez que eu vi, corre amor, corre! Que uma mulher daquelas não pode ficar sozinha por muito tempo.

Daiana realmente correu até o outro cômodo, deixando Pedro e Giana sozinhos (no meio de uma multidão de pessoas malucas, bêbadas e dançando).

— Pêzinho querido – Sorriu aproximando o rosto e falando no ouvido do garoto para precisar gritar menos e assim manter sua voz por mais tempo durante a noite – Cada vez que eu te vejo você tá mais gostoso, opa, musculoso quero dizer. Ah, sei lá, sabe, os dois. Quer uma bebida?

— Pode ser – Tentar acompanhar o falatório de Giana com o seu corpo perigosamente perto do dele era uma tarefa absurdamente árdua e demandava dez vezes mais atenção de Pedro que o normal, mas ele se esforçava por seu enorme crush na garota.

Giana agarrou sua mão e o levou pela casa até um balcão com várias garrafas, gelos e copos.

— O que você vai querer, Pê? Eu adoro uma cervejinha, mas hoje temos de tudo um pouco, meu amor. Temos.... eu não sei o que é aquilo, nem aquilo, mas tem suco, bebida azul, destilados e sei lá mais o que, não sou expert em bebida. Só sei que tudo aqui vai te deixar mais louco que o Batman, então tome cuidado, sabe. Ah, e só beba das garrafas, e do que eu disser que é seguro, nunca se sabe com o que andaram batizando os líquidos, né.

— Tanto faz, pode ser o mesmo que você.

— Gosto disso – Sorriu para ele mais uma vez, que se sentiu hipnotizado pelas sardas espalhadas pelo rosto. Desde o ano passado os dois conversavam muito por mensagens e até flertavam “de brincadeira”, mas não tinham mais se visto. Entretanto, a cada dia a paixão de Pedro crescia ainda mais até que ele sentia que ia explodir. Por sorte Giana organizara aquela festa e agora era a chance de Pedro de colocar seus sentimentos para fora – Eu vou tomar uma batida de morango, os meninos que fizeram e eu provei antes e estava realmente uma delícia, eu gosto muito de bebidas doces, tem gente que acha enjoativo, mas eu curto pra caramba, é a minha bebida preferida depois da cerveja, eu sei que a cerveja é amarga, mas eu amo em primeiro lugar mesmo assim, gosto não se discute né. Ai, essa batida tá muito boa mesmo, ainda mais essas com leite condensado, eu adoro. Mas me conta Pêzinho, o que tem feito? Ta fortinho, malhando muito?

— Na verdade não – Riu sem jeito. Giana estendeu um copo para ele com a batida e tomou um gole da sua bebida, tornando a falar.

— Mas e ai, ta sempre com a Dai princesa então? Vocês são os primos mais bonitos que já existiram, sabe disso não sabe? Ai que genética boa, puxa vida. Minha família bem que poderia ter uma dessas, mas de bonita acho que sai só eu mesmo...

— Shhhh – Pedro repetiu a brincadeira que havia feito um ano antes, interrompendo a falação de Giana com um dedo em riste nos lábios e usando a mesma mão para afastar os cabelos ruivos do seu pescoço. Porém, diferente de um ano antes, quando puxou seu rosto para perto não parou e sim avançou um pouco mais, tocando seus lábios nos dela.

Seu corpo inteiro pegou fogo, ele nem acreditava que tinha feito aquilo mesmo, seu sonho adolescente se realizando daquela forma.

— Eu estava esperando por isso desde o ano passado – Confidenciou perante a expressão surpresa de Giana.

— Eu também – Ela finalmente sussurrou de volta enquanto os dois se beijavam mais uma vez, sendo engolidos pela música e pela festa ao seu redor.