Vontades do Destino escrita por MayDearden


Capítulo 9
Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Cheguuuuuuuuuei com um capítulo meloso e fofo… espero que gostem. Comentem muuuuuuuito!!

Anna Lima e Aninha Cris

Aninhas do meu coração!!! Eu não tenho palavras para agradecer pela recomendação de vocês. DUAS de uma vez só. Assim vocês me matam de emoção!!! Esse capítulo é todo pra vocês!!!!

Postei até fic nova kkkkkkk confere lá gente!



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POV Felicity

Eu não lembrava mais o que era uma verdadeira ressaca.

E eu queria morrer.

Que dor do inferno.

Já estava acordada, porém sem coragem de abrir os olhos. Eles pesavam, a minha cabeça pesava. Não só por causa da dor… As memórias de ontem me chicotearam assim que recobrei a consciência. Vergonha. Era isso que eu sentia junto com a dor.

Eu lembrava de tudo. De todo o vexame que eu passei bebada. De toda o show horroroso que eu dei na boate, das provocações com Oliver.

Droga!

Eu estava na casa dele.

Merda!

Respeitei fundo ainda de olhos fechados. Eu não podia dar esse poder aos meus pais. Eu não podia deixar que tudo que eles fazem me afetem a ponto de eu chegar a decadência. Eles não se importavam com as merdas que fizeram. Porque eu tinha que sentir tanto? Porque eu tinha que sofrer tanto? Era injusto. Eles vivam felizes como se não tivesse acabado com vida daquela mulher. Eles vivem feliz como se não tivessem matado um bebê por puro luxo e status.

Thea sofreria tanto quando soubesse. Mas eu não podia privar minha irmã de notícias trágicas como essa. Eu não podia privar ela de sofrer, eu só tinha que está do lado dela para ajudá-la a passar pelo baque da situação. Oliver tinha razão.

Meu Deus…

Oliver.

Que vergonha!

Senti meu rosto ruborizar ao lembrar de que fiquei praticamente pelada na frente dele. E eu mesma quem tirou a roupa. Ele devia me achar uma verdadeira vadia. Porque não? Eu também achava que eu era.

Eu tinha que me desculpar com ele. E com certeza colocar a culpa de tudo na bebida. Ou melhor, eu ia fingir que não lembrava de nada e me fazer de desentendida. Que vergonha!

Faziam anos que eu não agia dessa forma. A última vez que eu tomei um verdadeiro porre e fiz merda foi quando Thea sofreu um acidente de carro seguindo os passos da irmã mais velha inconsequente. Então eu jurei que pararia após a recuperação dela. E assim tem sido. Até ontem.

Merda!

Lembranças de Thea chorando vieram com tudo em minha memória. Ela estava preocupada comigo. E eu ao invés de agir como uma pessoa norma, fui uma viada. Como sempre. Infantil demais para encarar os problemas e magoando os outros.

Menos Oliver. Eu não lembro de ter magoa ele ontem. Eu lembro de querer ter feito outra coisa com ele ontem.

Merda!

Eu tinha que pedir desculpas.

Abri os olhos devagar, tomando cuidado com a claridade. Porém me deparei com um quarto completamente escuro. Um quarto? Eu havia dormido na sala. Com Oliver.

Merda!

Eu tinha que pedir desculpas mesmo!

Me debrucei com meus cotovelos e olhei em volta. As cortinas cor brancas estavam fechadas, e um feixe de luz fraquinho passava por ela. O quarto era pequeno, porém aconchegante. No criado mudo havia uma bandeja com um remédio para dor, pão, água, suco e uma maçã. Minha barriga roncou quando viu a comida e eu me dei por vencida. Afastei as cobertas verde e me estiquei pegando a bandeja. Coloquei em meu colo e reparei que havia um bilhete.

Bom dia, princesa! Fui para a empresa. Espero que esteja melhor.
Tome o remédio.
Coma.

Beijos,
Gostosão.

Ri com o bilhete e peguei o remédio jogando na boca e bebendo a água logo em seguida. Depois de devorar todo o pequeno lanche eu me arrisquei em explorar a casa. Percebi então que eu estava sozinha. Lavei a louça que eu fiz e fui olhar as fotos pela casa. Olhei as que estavam na sala, e tinham umas presas na geladeira. Reparei em uma em especial. Uma Donna bem mais jovem, ao lado de um homem que eu nunca havia visto, junto deles estava o Connor - não, não podia ser o Connor, Donna estava jovem demais - era o Olivier, e na frente dos três um bolo de aniversário com a vela de número 3. Era o aniversário de 3 anos do Oliver. Sorri puxando a foto da geladeira. Observei bem a foto e reparei que Donna lembrava alguém que eu conhecia, com seus olhos azuis e aquele cabelo loiro caindo no ombro em ondas. Franzi o cenho tentando lembrar, mas não me vinha em mente. Atrás da foto tinha uns dizeres:

Aniversário de 3 anos do amor da minha vida.

16 de maio de 1996

Fiz as contas rapidamente. Oliver fazia aniversário no mesmo dia que eu. Ele nasceu no mesmo dia que eu. Mas que merda de mundo pequeno. Eu nunca conheci alguém que fizesse aniversário exatamente no mesmo dia, mês e ano que eu. E a vida coloca essa pessoa no meu caminho de uma forma bem trágica.

⁃ Interessante, Sr. Smoak - sussurrei colocando a foto no lugar.

Explorei mais um pouco da casa e me arrisquei no quarto de Connor e sorri. Ele era um fã de super heróis. Tinham posters colados na parede, seu jogo de cama era do Flash, e uma pantufa do Arrow estava ao lado da cama. Aquele quarto todo gritava Connor. Era tão reconfortante estar ali.

Sai do quadro do meu Flash e fui ao banheiro, escovei meus dentes com o dedo e dei um jeito no meu cabelo. Sentei no sofá ao lado do telefone fixo - que em seu visor marcava ser 12:00 - e disquei o número da empresa. Alena atendeu e eu disse que não iria hoje e pedi que tirasse o dia de folga, ela estava estranha no telefone, mas não perguntei o que era. Eu devia ter perguntado. Eu devia ter feito aquela fodida pergunta. Após encerrar com Alena eu liguei a TV.

Eu tinha que ter perguntado a Alena qual era o problema, assim como eu não tinha que ter ligado a TV.

“Herdeira Queen revive os velhos tempos e faz strip em boate da família.” Dizia a manchete do canal 52. Vídeos meus dançando e tirando a blusa, depois Oliver socando um cara que tentava encostar em mim e me jogando pelos ombros e subia escada acima. O vídeo acabou e a vadia da Susan Willians apareceu com seu sorriso debochado é um microfone na mão.

⁃ Não faz nem um mês que o noivo morreu e a princesinha de Starling já encontrou um novo amor. Ou esse homem seria um novo affair de Thea Queen? - a foto de Thea apareceu na tela - Parece que o descontrole voltou com tudo na vida da Família Queen. Será que os acionistas da Queen Consolidated irão aprovar as ações da sua então atual CEO? - riu com o trocadilho besta que fez - Ou eles irão entender, afinal a chefe está de luto. Não é mesmo? Mas quem está de luto faz stip? E quem será o homem misterioso que…

⁃ Vadia - falei desligando a TV e jogando o controle no sofá me sentindo claustrofóbica dentro da casa, eu precisava sair

Xinguei mentalmente ao lembrar que eu não estava com nada. Chave de casa, celular, nada. Apenas com um conjunto de moletom que Donna me emprestara.

Pensa, Felicity.

Eu não podia incomodar o Oliver, eu já havia incomodado ele demais. Eu não podia ligar para a minha irmã, ela com certeza estava puta comigo e com razão. Digg? Não, eu não queria ouvir uma bronca de segurança/irmão mais velho.

Com meu coração gritando em arrependimento eu liguei para a única pessoa que toparia qualquer merda sem perguntar o motivo.

(…)

Ouvi a buzina do lado de fora da casa e corri para a porta. Havia uma chave pendurada e me atrevi em levar comigo, depois eu devolveria para Oliver. Ou hoje mesmo. Lamborghini Urus amarela estava parada bem no meio fio da calçada, ele abaixou o vidro quando me viu e deu um sorriso sínico.

Babaca.

⁃ Lyssinha - Tommy disse rindo quando entrei no carro batendo a porta com força - Tem geladeira em casa não? Ah! Esqueci que você nem vai na cozinha da mansão

Eu disse que ia me arrepender.

⁃ Cala boca, Tommy - cruzei os braços e o sorriso dele se alargou

⁃ Nossa! Eu vou te largar aqui - disse quando deu a partida no carro - Venho te resgatar e é assim que me trata? - fez beicinho me encarando

⁃ Eu só não esmago as suas bolas - apontei para as partes de baixo dele - Porque sei que Laurel gosta.

⁃ Obrigado pela parte que me toca, strip - gargalhou - Seu vídeo está bombando na internet - pegou o celular me estendendo - Tem quase um milhão de visualizações.

⁃ Mas que merda - puxei o celular de sua mão e assisti o vídeo deprimente de novo - Ainda bem que não dá pra ver o rosto do Oliver

⁃ Então esse é o nome do gostosão?

⁃ Como sabe desse apelido? - corei

⁃ Que apelido? O cara é gostozinho - deu de ombros

⁃ Você é gay?

⁃ Não, só sou sincero - piscou - Mas bem que o Curtis gostaria que eu fosse

⁃ Com certeza - agora foi a minha vez de rir

Tommy Merlyn e eu nos conhecíamos desde sempre. Minha mãe e a mãe dele, Rebecca, sempre foram melhores amigas, o que fez com que crescêssemos todos juntos. Eu, Thea e o Merlyn. Papai e o pai de Tommy também eram muito amigos e parceiros nos negócios. Hoje Tommy comandava as empresas do pai, enquanto Malcom e a esposa curtiam a vida de ricos aposentados. Tommy nunca me olhou com outros olhos que não fossem fraternais. Ele cuidava de mim e de Thea até demais, e ele era irritante até demais. Mas era o Tommy, todo mundo amava e aturava o Tommy.

Ele era casado com Laurel, Laruel trabalhava na empresa e era a advogada da Queen Consolidated. E era ela quem ia me ajudar a dar um processo maravilhoso na vadia da Susan por ousar tocar no nome do Billy.

⁃ Felicity, - Tommy começou quando pegamos o túnel que separava os Glades no centro - não liga para o que aquela mulher falou na TV - assumiu um tom sério olhando o trânsito - Ela gosta de diminuir todo mundo, eu sei que teve um motivo para o que aconteceu ontem.

⁃ Tommy…

⁃ Eu não quero que se sinta pressionada a me contar nada. - assenti - Mas também não quero que aquela mulherzinha te afete. Se não ela vai comprar uma briga, e ela não vai ganhar.

⁃ Ela não vai ganhar - assegurei e ele assentiu

⁃ Pra mansão?

Assenti suspirando. Eu não queria, mas eu ainda morava lá. Minha coisas estavam lá. Eu não podia ir para lugar nenhum vestindo moletom, sem calcinha e sem sutiã e com os cabelos parecendo um ninho de passarinho. Tommy me deu um beijo na bochecha e disse que iria voltar para a empresa, pois tinha uma reunião em poucas horas. Se não, iria continuar me perturbando. Palavras dele, não minhas.

Entrei em casa com cuidado para não fazer barulho e para o horário do almoço estava tudo muito calmo. Provavelmente papai foi para a empresa, Thea não estava e mamãe almoçando na cozinha como sempre fazia quando estava sozinha em casa. Subi para o meu quarto e escutei barulhos de algo batendo do quarto de Thea. Caminhei até a porta do quarto dela e ponderei antes de chamar. O barulho continuava cada vez mais forte.

⁃ Thea? - chamei e nada. O barulho apenas de intensificou.

⁃ Ah, Roy - ouvi. Era a voz de Thea - Mais forte! - quase gritou dessa vez

⁃ Thea, eu vou… - e as batidas começaram a vir com o ranger de algo no chão

⁃ Eu também vou - ela gemeu - Ahh, ain, isso, Roy

Merda!

Eu estava ouvindo a minha irmã transando. Meu dia não podia ficar melhor mesmo. Provavelmente a cama estava rangendo no chão e batendo na parede. Ri e sai. Os gemidos de Thea iam me assombrar para sempre. Até o túmulo.

Quem diabos era Roy?

Corri para o meu quarto e fui direto para um banho. Eu precisava. Queria tirar todo o resto da ressaca que ainda habitava em mim. Quando eu era mais nova e ficava bebada quase todo dia, meu corpo já havia se acostumado com tanta merda que eu ingeria que era raro eu ter uma ressaca. Agora depois de anos sem tomar um porre parecia que um caminhão havia passado por cima de mim. Fechei os olhos e deixei a água quente do chuveiro relaxar o meu corpo. Com certeza eu estava tensa. Mas eu não podia deixar ser abalada de novo. Eu tinha que erguer o meu queixo e encarar tudo que estava por vir. Eu tinha que encarar meus pais, me desculpar com Thea, com Oliver e processar Susan. Ah! Com certeza eu ia processar Susan.

Acho que o assunto com meus pais seria o mais complicado. Mas eu não podia me deixar abalar pelos problemas deles. E de novo, Oliver tinha razão. Eu sei que Moira e Robert de agora não são os mesmos de mais de 20 anos atrás. Mas o baque daquelas notícias mexeram comigo demais. Eu sempre coloquei meus pais em um pedestal. Quando eu era criança e não percebia as traições do meu pai e o quanto minha mãe ficava triste com isso, eu achava que eles eram uma espécie de super heróis. Os dois, juntos, sempre tentavam ajudar as pessoas, fazer um bem ao próximo. Doações, leilões beneficentes, duas vezes no ano eles mandava eu e Thea separarmos tudo que não usávamos mais para doar. E eles nos levavam junto, para que víssemos o bem que fazíamos ajudando quem precisava. Acho que isso ajudou no meu caráter e no de Thea. Não somos pessoas ruins, bom, não éramos um exemplo de cidadãs. Mas sempre fazíamos o que tivesse em nosso alcance para ajudar alguém. Crescemos com esse exemplo. E perceber que meus pais não eram esses super heróis que eu imaginava acabou comigo. Primeiro com as traições do papai, quando a minha decadência em álcool e drogas começou. E agora saber que eles obrigaram uma mulher a matar o seu bebê, isso era grave demais. Heróis não faziam isso.

Fechei o chuveiro e coloquei um vestido azul caneta que ia até a metade da coxa. Um salto preto, peguei minha bolsa preta e sai. Os batuques de Thea haviam parado e agora do quarto vinham gargalhadas. Depois eu conversava com a minha irmã, ela parecia estar muito bem com esse tal de Roy.

Ajeitei o óculos de sol em meu rosto e entrei no carro dirigindo rapidamente para a empresa. Pouco me importava se um vídeo meu fazendo strip estava em rede nacional. Eu precisava ocupar minha cabeça com papeladas e burocracias. Estacionei na minha vaga e entrei no elevador. Olhei os botões e irracionalmente apertei o número do andar de Oliver.

Caminhei pelo corredor cheio de portas e encontrei uma com o nome dele na porta, bati duas vezes e escutei um “entre”, ponderei um tempo antes de entrar e suspirei abrindo a porta. Ele levantou a cabeça para olhar quem era e sorriu ao me ver. Mesmo seu olhar transmitindo um pouco de confusão e surpresa, o sorriso dele era lindo.

⁃ Oi - falei entrando em sua pequena sala e fechando a porta atrás de mim - Não precisa levantar - avisei quando ele fez menção de ficar em pé

⁃ Como você está, princesa? - ele perguntou se ajeitando na cadeira

⁃ Melhor que ontem - corei com as lembranças - Queria me desculpar com você e devolver a chave da sua casa - abri a minha bolsa e puxei o chaveiro de lá esticando para lhe entregar. Oliver segurou minha mão junto com a chave esse ato me fez olhar em seus olhos.

⁃ Não tem do que se desculpar

⁃ Eu praticamente fiquei nua pra você e … - corei violentamente ao proferir as palavras em voz alta. Era bem menos vergonhoso quando só estava na minha cabeça

⁃ Do que você está falando? - me cortou - Eu não lembro de nada - meneou com a cabeça se fazendo de desentendido e eu ri

⁃ Não seja modesto,Oliver

⁃ Eu não lembro de nada - deu de ombros - Dig veio me perguntar o que aconteceu, eu disse que te busquei na boate e cuidei para que não vomitasse em si mesma. Ele me reconheceu no vídeo.

⁃ Apenas ele?

⁃ Sim - assentiu - Ele está preocupado com você. Viramos amigos, eu acho - franziu o cenho e eu ri

⁃ Vocês viraram amigos?

⁃ O suficiente para ser chamado para o chá de bebê da pequena Sara no início do mês que vem - eu sabia o que ele estava fazendo. Oliver estava mudando de assunto, mudando de assunto para que eu não me sentisse mal ou não me prestasse ao papel de pedir desculpas. E meu coração se aqueceu por isso.

Então eu percebi que não ficaria nenhum clima chato entre nós, é que Oliver queria meu bem. Apesar de tudo. Me acomodei em uma cadeira que havia ali e conversamos mais sobre Diggle, contei como ele entregou na minha vida e Oliver contou que descobriram que Lyla era professora de Connor. O que fez com que chegássemos a conclusão que o mundo era menor do que pensávamos.

⁃ Na sua casa eu vi uma foto de um aniversário seu quando criança - comecei

⁃ Estava fuxicando as minhas coisas, Queen? - ele riu assinando uns papéis

⁃ Ei! - ri - Estava na geladeira - me defendi - Você faz aniversário no mesmo dia que eu, Oliver. - não foi um pergunta, foi uma afirmação e ele assentiu alargando o sorriso

⁃ Isso nos leva ao ponto da conversa: O mundo é menor do que pensávamos! - apontou para mim

⁃ Você já sabia?

⁃ Você que me contou. Não lembra?

Minha mente voou para as lembranças de ontem à noite. Os códigos de tranca e destranca da boate eram meu aniversário, pois eu havia projetado o sistema.

⁃ Lembro. - me levantei da cadeira e ele encarou com uma sobrancelha arqueada - Tenho que subir - falei me referindo ao meu escritório - Eu só vim te devolver a chave

⁃ Nossa, eu achei que tinha vindo matar a saudade que estava de mim.

⁃ Passamos a noite juntos, não estou com saudade ainda - ele riu alto e eu corei percebendo o duplo sentido da minha frase - Tchau, Oliver! - corri de lá antes que eu perdesse a minha sanidade ainda mais.

Não encontrei meu pai no escritório como eu pensei que encontraria, e também não encontrei a montanha de papéis que pensei que encontraria. Respirei fundo. Eu tinha vindo aqui paga trabalhar ou foi uma desculpa idiota para encontrar Oliver? Respirei fundo novamente e sentei na minha cadeira ligando o computador. Eu tinha habilidades surpreendentes em tecnologia, eu sabia sumir com meu vídeo vergonhoso da internet, rastrear de onde ele foi postado e excluí-lo de qualquer servidor. É assim o fiz, demorou uma hora. Mas fiz. Apaguei o vídeo e era como se ele nunca existisse nas redes sociais ou no celular e computador de alguém.

Meu trabalho sendo feito eu fui para casa. Eu sabia que lá havia uma bomba prestes a estourar. Sabia que escutaria horrores de mamãe sobre a noite passada, papai de defenderia, eles brigariam e então Robert iria pra rua. Era assim que sempre aconteceu anos atrás. As vezes eu me sentia uma adolescente acanhada, alguém com medo de carregar a culpa dos erros dos pais nas costas. Eu não merecia aquilo.

Entrei na mansão e escutei barulhos vindos da sala de estar. Apareci na grande posta e vi mamãe e Thea conversando sentadas no sofá e papai via algum jogo na TV com uma copo de whisk na mão. Uma família típica, se não fossem pelas merdas por debaixo do tapete. Thea foi a primeira a me ver.

⁃ Olha quem está viva - falou com falso ânimo e desviou o olhar de mim. Ela estava chateada.

⁃ Filha - minha mãe se levantou e veio na minha direção, eu dei um passo para trás e ela parou no meio do caminho.

⁃ O que está acontecendo? - Thea se pronunciou novamente irritada com o cena que acabaram de ver - Eu não entendo todo esse clima pesado

⁃ Não contaram pra ela? - falei ríspida olhando da minha mãe para o meu pai que nos encarava impassível - Claro que não, ela estava sorrindo quando eu cheguei

⁃ Não há nada que Thea precise saber - papai falou finalmente depositando seu copo na mesa de centro e se levantando

Assenti prensando meus lábios entre os dentes e cruzando os braços. Eu não ia fazer um escândalo, eu não ia dar um show, eu não ia correr para a bebida. Eu não ia dar o que eles queriam. Mais uma vez eu dava razão a Oliver, Thea não era uma criança. Ela precisava saber de tudo. Eu não tinha que sempre me colocar na frente da linha de fogo por ela, apesar de sempre fazer e sempre iria continuar fazendo. Quer dizer, eu sempre ia proteger minha irmã de tudo, mas eu não podia proteger ela de tudo.

⁃ O que eu não posso saber? - ela olhou para o papai - Felicity? - olhou para mim

⁃ Nada - mamãe disse - Já resolvemos tudo

⁃ Felicity não ia se alterar por nada - Thea bradou - Eu não sou criança para os adultos fazerem todo esse mistério

⁃ Ela tem que saber - me limitei em dizer

⁃ Tudo bem - papai suspirou voltando a se sentar

⁃ Robert…

⁃ Moira - esticou o braço pegando o copo de volta e bebendo - Felicity tem razão, Thea tem que saber, não quero que ela descubra pela boca de Isabel. Não quero que ela infecte Thea assim como fez com Felicity.

Mamãe assentiu e se sentou e desligou a TV, Thea se acabou no sofá e sentou ao lado de mamãe e eu me aproximei e sentei na pontrona que ficava de frente para o meu pai. Ele contou tudo, rico em detalhes, coisas como falar dele e Isabel quando a mesma contou que estava grávida. Ele disse que Isabel e ele sempre se cuidavam, mas ela engravidou de propósito, a mesma confessou que furava as camisinhas. Contou que mesmo grávida, Isabel tentou agredir mamãe que já estava com uma gestão mais avançada. E que ela concordou em abortar se ganhasse um milhão de dólares em troca. É assim foi feito, o dinheiro foi transferido e quando caiu na conta dela, ela se recusou a realizar o aborto. E com isso mamãe interveio com dois seguranças em sua casa a levando a força até a clínica para fazer o procedimento. Quando tudo foi dado como finalizado, mamãe deixou ela com o médico responsável e foi embora.

⁃ Quando eu acho que essa família não tem mais merdas para esconder, vocês me surpreendem - Thea indagou horrorizada - Não era mais fácil deixar essa criança nascer?

⁃ E deixar Isabel fazer um escândalo? Fizemos nossa parte em dar o dinheiro, ela tinha que fazer a dela. - mamãe disse olhando pro papai que assentia

⁃ A nossa família vive de escândalos, fiz um ontem para vocês se lembrarem disso - falei irritada

⁃ E por falar nisso - mamãe começou com voz autoritária

⁃ Não me venha com falso moralismo - comecei - Eu posso ouvir um sermão da Raissa, seu e do papai não - apontei para os dois - Eu sempre filtrei todas as merdas de vocês, eu sempre me deixei abalar por tudo que vocês fizeram de mal. Eu sempre coloquei meus pais em um pedestal, mas quando descobri que nada era tão perfeito eu me deixei abalar, eu não sei como me livrar disso - senti as lágrimas escorrerem - Para vocês podem não ter sido nada, mas pra mim - aprontei para o meu peito - Pra mim… Eu descobri que pessoas que eu idolatro são assassinas - olhei pra minha mãe que também chorava - Mãe, eu sempre te defendi…

⁃ Eu sei, querida - ela levantou e se aproximou de mim - Me perdoa pelo que te fiz ontem - se referiu ao tapa - Eu sempre chorei na sua frente as dores que seu pai me causava, se tem alguma culpada nisso tudo, sou eu. Se tem alguma culpada de você filtrar isso tudo, sou eu. Você cuidou de Thea quando eu estava me afogando em minhas mágoas. Eu não fui uma boa mãe para você, meu amor - Moira esticou a mão e limpou minhas lágrimas - Mas eu te amo tanto, tanto. Você é a meninha do meu sonho realizado, Felicity. Eu te amo tanto que eu não sei o que fazer com esse amor.

⁃ Eu concordo com tudo que a sua mãe disse, menos que a culpa é dela. A culpa é minha. - papai falou e Thea assentiu concordando com ele e limpando as lágrimas de seu próprio rosto - Se eu tivesse sido um marido e um pai melhor, não estaríamos tendo essa conversa. Eu me arrependo tanto de tudo que eu fiz.

⁃ Arrependimentos não apagam dores e consequências, papai - minha irmã se levantou e me abraçou - Eu te amo - falou no abraço - E eu não quero que me esconda nada para me proteger - assenti - Eu também tenho o direito de te proteger. - beijou minha bochecha - Eu tenho que trabalhar, eu preciso sair de perto de vocês dois. Deixem minha irmã em paz. - e saiu pela porta

⁃ Minhas filhas me odeiam - mamãe chorou enterrando o rosto nas mãos

⁃ Eu não te odeio - confessei - Muito menos Thea. Eu te amo! Eu sempre cuidei de você e eu nunca vou parar de fazer isso. Eu só… - mamãe abriu os braços me chamando pra um abraço e assim eu fui. Como uma criança acanhada que precisava desesperadamente do colo da mãe paga acalmar todos os seus medos e dores. - Eu só não esperava descobrir que…

⁃ Que somos dois monstros - papai disse parado ao nosso lado. Não percebi quando ele se aproximou - Eu não quero que pense que Isabel é um certo tipo de Santa. Não estou tirando minha responsabilidade ou a de sua mãe pelo que aconteceu. Mas sofremos muitas chantagens dela até chegarmos ao ato extremo. - assenti não querendo mais tocar naquele assunto - Eu posso te dar um abraço também? - assenti novamente e ele veio - Como eu te amo, minha garotinha


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Notas finais do capítulo

Gente, cheguei com novidades.
Postei uma fic nova.
Eu não queria, pq não queria mais essa “responsabilidade”, mas eu não resisti. Essa história estava martelando na minha cabeça. Martelando muito. Eu precisava escrever.

Vai lá conferir e deixa um Feedback!!!!

Comentem muitoooooooo.

Pride and Disappointment:
https://fanfiction.com.br/historia/803522/Pride_and_Disappointment/



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