Vontades do Destino escrita por MayDearden


Capítulo 7
Erros do passado




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793508/chapter/7

Tentei me apegar nas coisas que Thea havia me dito na noite passa. Eu não estava no meu melhor momento emocional e acabei dando razão a toda aquela história de “amor a primeira vista”. Isso não tinha cabimento. Eu não podia me sentir assim em relação ao Oliver. Era desleal demais a Billy, eu não podia fazer isso.

Eu não podia sentir isso.

Eu não queria.

Depois da minha crise de choro eu arranquei da Thea aquela história de homem do outro lado da rua. Minha irmã estava realmente apaixonada por um homem que ele só havia visto uma vez. E aquilo me preocupava, pois eu via em seus olhos o quanto seu coração estava machucado com isso. E eu estava sendo uma irmã relapsia demais deixando com que ela cuidasse das minhas, porém eu não estava fazendo o mesmo com a dor dela.

E mais uma vez eu me senti o lixo.

Alguém que não valia nada.

Respirei fundo lendo cláusulas de um contrato no meu computador, era só o trabalho mesmo para me distrair de todos os problemas, todas as emoções e sentimentos a flor da pele. E principalmente do luto e da culpa. A culpa era algo que acaba literalmente com alguém, e estava acabando comigo.

Ainda mais depois que Thea colocou em pauta um ponto importante: A mãe de Connor. Oliver deveria ser casado, com uma esposa em casa. E isso com certeza me elevava em um patamar de vadia. Ou qualquer xingamento que não prestasse por me permitir qualquer mísera atração por ele.

⁃ Toc toc - a dona aaquela voz conhecia e acolhedora falou batendo na porta de vidro que já se encontrava aberta, pois Alena estava pra lá e pra cá

⁃ Thea - sorri - En…

⁃ Não precisa falar entra - andou e se acomodou na cadeira a minha frente e piscou

⁃ Eu sei - fiz careta - O que está fazendo aqui?

⁃ Eu amo quando você valoriza a minha presença - cruzou os braços revirando os olhos e joguei um beijo pra ela sorrindo - Vim ver Connor - levantei as sobrancelhas - Qual é, Lissy, eu falei que vinha

⁃ Eu nem sei se ele está aqui - suspirei - Depois de ontem…

⁃ Ele tá aqui - sorriu travessa - John viu nas câmeras quando eu estava no caminho. Você acha que eu viria atoa?

⁃ “Eu amo quando você valoriza a minha presença” - tentei imitar a voz dela

⁃ Vamos lá comigo? - pediu praticamente suplicando

⁃ Thea, melhor não - ajeitei meus óculos em nervosismo. Eu queria ver Connor, ainda mais depois de ontem. Eu queria muito vê-lo e saber se está bem, sentir aqueles bracinhos pequenos que acalmavam meu coração agoniado - Depois da conversa de ontem… Melhor não

⁃ Covarde! - bufou se levantando

⁃ Como é que é? - cruzei meus braços em desafio

⁃ Você é covarde! Tá com medo de encarar um menininho… Ou está com medo de ver o pai dele? - eu não estava com medo de ver Oliver, eu estava com medo do que eu sentia quando o via - Tenho certeza de Connor está doido para te ver.

⁃ Como sabe?

⁃ Eu perguntei ao pai dele. - e saiu andando para fora da minha sala

⁃ Como é que é? - quase gritei largando tudo que eu estava fazendo pegando a minha bolsa e correndo atrás dela que já estava quase no elevador. Como assim ela tinha falado com ele? - Thea! - entrei no elevador junto com ela.

⁃ Você acha que eu ia ver uma criança sem a autorização do pai dela? - apertou o botão do andar - Eu não sou sequestradora.

⁃ Como conseguiu o número dele? - algo me incomodou, mas suspirei jogando paga longe

⁃ Não fica com ciúmes - piscou - Depois te passo o contato

⁃ Thea…

⁃ Peguei com o papai - deu de ombros. Espera… O papai tinha o número do Oliver? O que estava acontecendo?

As portas se para a ala Pais e Filhos, era totalmente decorada com animais fofos e coloridos, tinha vários tipos de brinquedos, televisão, vídeo games e um setor mais privado com berços, cadeira de amamentação e todas as coisas que um bebezinho precisava. Uma inciativa de Moira Queen para mostrar que a QC acolhia mães e pais que não tinham onde deixar seus filhos e precisavam de um emprego para sustenta-los. Ela acompanhou toda aquela obra de perto, se certificando de que teria tudo que as crianças precisavam. Assim que saiamos do elevador ficávamos em uma espécie de sala de espera que era separada por uma enorme parede de acrílico transparente de onde as crianças ficavam. O responsável dava o nome dele e da criança em um balcão e a monitoria ia buscar a criança, aquela era a única porta ali, sem contar com a de emergência dentro da ala infantil que ficava sempre trancada, só era aberta quando o alarme disparava.

Como Connor fugiu dali?

Sorri olhando todas aquelas crianças brincando e meu sorriso se alargou ainda mais quando vi Connor montando um prédio com peças do jogo “Pequeno Construtor”. Ele estava lindo, mesmo com o curativo na testa. Ele levantou a cabeça para falar algo monitora quando seus olhos caíram em mim. Connor deu um sorriso enorme quando me viu e correu até a parede transparente que nos separava quando um tchauzinho freneticamente, lhe joguei vários beijos.

Thea me arrastou até o balcão sorrindo para uma monitora que a encarou desconfiada. Ela não conhecia a minha irmã.

⁃ Eu vim buscar o Connor Smoak - minha irmã falou sorrindo animada

⁃ Desculpe, senhorita, mas…

⁃ Está tudo bem, Darlla - sorri para a monitora lendo seu nome em um crachá “Tia Darlla” - Ela é minha irmã, Thea Queen

⁃ Ah! Senhorita Queen - a moça ruborizou - Eu não sabia. Desculpe.

⁃ Não precisa se desculpar - minha irmã sorriu - Está apenas fazendo o seu trabalho de não entregá-lo à um desconhecido. Iremos levar Connor para um lanche

⁃ O Sr. Smoak…

⁃ Oliver sabe - falei por fim e ela me encarou estranho e foi buscar o menino que na verdade já se entrava atrás dela com o própria mochila nas costas - Olá querido - abaixei pegando-o no colo e beijando sua bochecha quando ele finalmente veio para nosso lado. Tivemos que assinar um termo de que estávamos tirando ele de lá, eu sabia que era protocolo, mas eu era a CEO dali. Não era como se eu fosse raptar um menor.

⁃ Oi campeão - minha irmã sorriu o encarando

⁃ Oi - disse tímido enterrando o rosto em meu cabelo

⁃ Connor - cheirei seja cabelinhos - Essa é minha irmã, Thea - ele olhou para ela e deu um pequeno sorriso tímido

⁃ Não precisa ter medo de mim - ela bagunçado seus cabelos e ele riu - Vou te dar um sorvete, Lissy disse que você ama.

⁃ Sério? - Connor se interessou pela proposta dela se jogando em seus braços quando minha irmã assentiu sorrindo. A olhei em advertência por estar comprando uma criança de 4 anos, ela apenas piscou me entregando a mochila dele e saiu andando pela sala de espera até o elevador.

No caminho até o carro Thea ligou para Oliver, deu o telefone para que Connor falasse com ele e o avisou onde estávamos indo. Em um momento ela olhou para mim sorrindo e disse “Sim, vai” e aquilo me fez pensar se ele teria perguntado se eu estava indo também, a confirmação veio quando ela gargalhou dizendo “Não acredito que não confia em Connor sozinho comigo, Ollie, ela é tão maluca quanto eu” levantei as sobrancelhas para ela confirmado o meu achismo.

Eles estavam falando de mim.

A empresa não ficava muito longe no grande parque ecológico de Starling City, lá havia espaço para piquenique, um grande lago com pedalinhos, ciclovia e uma pequena pracinha que havia deixado Connor espoleto demais. Carrocinhas de balões, pipoca e várias outras tentações fez os olhinhos dele brilharem. E Thea não perdeu tempo comprado 5 balões para ele me deixando encarregada de carregá-los enquanto os dois estavam no escorregando. Rezei para que ela tomasse uma bronca do zelador da pracinha. Mas ele fingiu não vê-la.

Virei a própria porta trecos. Mochila, minha bolsa e a da Thea e cinco balões. Ah! Também segurava o lanche que eles haviam pedido mais não estavam a fim de comer no momento.

Sorri ao ver que a todo tempo Connor me olhava, parecia querer se certificar que eu ainda estava ali, ou que seus balões ainda estavam ali.

⁃ Quer ajuda? - a voz, aquela voz, me tirou de meus devaneios me assustando e quase deixando o cachorro quente de Connor cair no chão - Opa - ele foi mais rápido pegando e evitando que eu levasse uma bronca do The Flash

— Oliver - falei olhando em seus olhos e retribuindo o sorriso que ele dava - Que susto!

⁃ Eu percebi - riu - Mas sério… Quer ajuda - apontou para as bolsas que eu segurava e me dei por vencida. Eu queria estar lá correndo com meu The Flash e não sendo burra de carga da Queen mais nova.

⁃ Eu adoraria dividir a minha função de escrava - entreguei a ele as bolsas, mas mantive o lanche da Thea e os balões em minhas mãos - Thea e Connor são pedíamos patrões - ele riu peandurando tudo em seus olhos fortes e másculos… desviei o olhar para as crianças brincando. Sem crianças. Thea parecia que tinha 10 anos.

⁃ Ele está amando a sua irmã - apontou para os dois que agora estavam no balanço - Talvez seja o efeito que as irmãs Queen tem nas pessoas - deu de ombros e ignorei seu último comentário, era mais fácil para a minha sanidade.

⁃ Thea consegue tudo que ela quer - alertei rindo

⁃ Ah! Eu percebi. - assentiu - Meu filho nem ligou para a minha presença

⁃ Eu estou me sentindo traída. Ela só quer saber da minha irmã.

Eu conseguia sentir o cheiro dele mesmo estando a um passo de distância, e aquele cheiro me lembrou do nosso abração de ontem. Um abraço tão acolhedor que eu me senti totalmente protegida ali. Uma vez eu li que ao abraçar uma pessoa ou receber dela um, você transmite e obtém afeto, se envolvendo em um clima de satisfação, proteção e bem-estar. E era isso que eu havia sentido com aquele abraço: satisfação, proteção e bem-estar. Mesmo sendo tão errado, naquela hora pareceu tão certo e tão cheio de sentimentos não ditos. Mas que o abraço dizia tudo por si só.

Suspirei lembrando que ele provavelmente era casado.

E eu estava aqui me remoendo de sentimentos por abraçar um homem casado.

Meu suspiro fez Oliver entender outra coisa, acho que pensou que eu havia suspirado de aborrecimento por ele estar ali. Pois assim que ouviu o som saindo de meus lábios ele disse:

⁃ Eu só vim porque a sua irmã chamou - falou - Eu disse que vocês poderiam levar ele de volta para a empresa que…

⁃ Está tudo bem, Oliver - sorri terna - Não estou incomodada por você está aqui. Eu só estou extremamente frustrada porque o The Flash não quer mais saber de mim - meneei com a cabeça fazendo ele assentir rindo e cruzar os braços. Ele não havia comprado a minha desculpa.

⁃ Papai! - Connor gritou correndo em nossa direção e meu coração disparou trocentas vezes mais rápido ao me lembrar que da última vez que o vi correndo daquela maneira fomos para o hospital

⁃ Não corre assim, The Flash - falei quando ele chegou perto da gente - Esqueceu de ontem? - olhei para minha irmã - O que eu falei sobre ele suar demais devido a ferida, Thea?

⁃ Você é muito chata - Thea bufou - Por isso Connor me prefere, não é amigão?

⁃ Não - ele disse tímido e eu e Oliver caímos na gargalhada com a cara de passada da minha irmã.

Connor demostrou que estava com fome e nós nos sentamos e uma mesa de madeira que havia na praça. Oliver deu a ele o cachorro quente e Thea devorou o dela. O Smoak maior pediu um para ele também e eu bebi apenas uma água.

⁃ O que? - Perguntei para os três pares de olhos azuis que me encaravam

⁃ Vai dizer que a patricinha não come cachorro quente da praça? - Oliver provocou mordendo o seu lanche. - E nem bebe um copão de refrigerante - sugou o seu canudo me olhando divertido

⁃ Ela come - Thea disse - Está de charme - fiz careta para ela

⁃ Quer o meu? - Connor perguntou me estendendo o dele

⁃ Não, amorzinho - sorri - Obrigada, come tudo

⁃ Não é bom para saúde ficar de barriga vazia. Vovó sempre me fala isso.

⁃ Então já que é assim - me levantei e fui até a barraquinha comprar o meu cachorro quente quando uma mulher me abordou.

⁃ Felicity Queen - sorriu me encarando

Olhei bem para a figura a minha frente tentando me recordar de onde a conhecia. Eu sei que tinha contato com muitas pessoas, principalmente em viagens de negócios e eventos da empresa. Mas aquela mulher eu tinha certeza que nunca havia visto. Ela era alta, bonita, com um sorriso no rosto, usava um vestido preto colado - que por sinal não combinava com alguém que estava se divertindo no parque -, os cabelos negros caídos em ondas nos ombros.

⁃ Olá - sorri de volta, eu estava sorrindo muito naquela tarde - Eu não me recordo de você, desculpe.

⁃ Não há como recordar - colocou o cabelo para trás da orelha. Ela estava nervosa - Você realmente não me conhece

⁃ Ah! - olhei em direção a Oliver, Connor e Thea. O mais novo estava inerte a tudo, porém os outros dois mais velhos me olhavam intrigados. Fofoqueiros! - Em que posso ajudá-la, senhora…?

⁃ Rochev, Isabel Rochev - esticou uma mão e eu segurei a cumprimentando - Eu achava que Robert havia tido um menino - meu sorriso murchou quando ela falou o nome do meu pai com muita intimidade, puxei a minha mão

Eu não gostei do jeito que ela falou o nome do meu pai. Não gostei da forma que me olhou quando pronunciou o nome dele. Uma sensação ruim fez com que meu coração acelerasse e meu corpo gelasse.

Travei.

A última vez que eu havia sentido algo assim Billy morreu.

⁃ Conhece meu pai? - perguntei por fim

⁃ Sim - seu sorriso sumiu assumindo um semblante sério - Ele acabou com a minha vida, mas eu também vou acabar com a dele. Pode dar esse recado por favor? - abri a boca para responder, mas ela foi mais rápida - Aquela é Thea? - ela não esperou eu responder - Tem certeza que vocês são irmãs? - apontou para minha irmã e o ódio tomou conta de mim. Aquela mulher com uma aurea ruim não ia tocar no nome da minha irmã.

Isabel riu vendo que conseguira me desestabilizar ao falar de Thea, e eu estava pronta para avançar nela e perguntar que tipo de brincadeira era aquela. O que ela queria dizer sobre acabar com vida do meu pai? Quem ela pensava que era? Eu estava pronta pra dar um soco nela, minhas mãos estavam fechadas em punho e eu avancei na direção dela. Mas fui impedida por um braço forte que contornou minha cintura me prendendo contra seu peito forte.

Oliver.

Reconheci pelo cheiro.

⁃ Me solta - falei me debatendo

⁃ Você não quer ser agressiva no meio da praça - ele falou baixinho no meu ouvido - Connor está te olhando - e a menção do nome dele me fez relaxar, eu não podia simplesmente dar na cara daquela mulher que nos encarava com diversão e deboche - Apenas relaxe, princesa - me apertou mais um pouco contra si.

Se ele queria que eu relaxasse com toda aquela aproximação, ele estava é fazendo tudo errado.

⁃ Escute seu namorado, querida - debochou - Voltará a me ver, pode ter certeza. - piscou - E de meu recado ao seu pai - jogou um beijo e saiu andando

⁃ Vai se fod… - quase gritei sendo interrompida

⁃ Felicity - Oliver advertiu e eu vi que Connor se aproximava esticando seus braços para mim

O peguei no colo e permiti ser acalmada por ele. Aquele cheiro de morango fazia com que eu me sentisse nas nuvens. Pai e filho cheiram bem. Muito bem. O abracei forte e tentei inalar o máximo que eu podia. Fazendo de tudo para tirar aquele ódio que crescia. Aquela chama que só o carinho do meu The Flash apagaria.

Oliver me soltou e meu corpo não reagiu bem a isso. O toque quente dele também estava me ajudando na tarefa de calmante. Mas ele me soltou apenas para colocar a mão em minhas costas e me guiar para a mesa em que estávamos.

⁃ O que foi isso? - minha irmã perguntou preocupada

⁃ Nada - me limitei a dizer aconchegando Connor em meu colo

⁃ Não pareceu nada - insistiu

⁃ Uma coisa que eu percebi no pouco tempo em que eu conheço a sua irmã, Thea - Olivier me olhou enquanto fala - É que não adianta insistir

⁃ Mas eu quero saber

⁃ E pelo visto a teimosia é de família - meneou com a cabeça e eu ri relaxando um pouco

⁃ Ah, Ollie…

⁃ Ollie? - perguntei na tentativa de mudar de assunto

⁃ Eu gosto dele e eu dou apelidos carinhosos a quem eu gosto - mordeu seu cachorro quente - Eu ainda quer saber o que foi aquilo, só não entro em uma discussão agora porque meu parceiro dormiu - ela apontou para o pequeno em meu colo e meus olhos caíram nele. Connor dormia tranquilamente aconchegado em mim. E se eu estava estressa, com aquela visão angelical eu já havia desestressado totalmente.

⁃ Melhor irmãos então - falei

⁃ Mas você nem comeu - Oliver disse me estendendo um cachorro quente que eu nem sabia que ele havia pego

⁃ Come Lissy, você estava vermelha de ódio. Ódio da fome - Thea se levantou e foi até Oliver lhe dando um beijo nos cabelo e fazendo o mesmo comigo e com o pequeno adormecido em meus braços - Eu tenho que ir trabalhar, hoje é a abertura da boate depois do… Enfim - pegou sua bolsa e nos deu um sorriso travesso - Tchau, casal!

⁃ Ela parece que tem 10 anos - Oliver falou rindo depois que ela sumiu de nossa vista

⁃ Não - meneei com a cabeça - É um insulto para as crianças de 10 anos - ele riu e pegou Connor de mim

⁃ Ei! - protestei

⁃ Come - apontou para o lanche a minha frente e eu obedeci

Não havia reparado que estava com tanta fome até devorar meu lanche, coisa que deixou Oliver boquiaberto e o fez solta a idiota piada “ Não sabia que patricinhas comiam tanto assim”. Ah ele ainda não tinha visto nada! As competições minha e de Thea de quem comia mais batata frita não eram nada saudável.

Depois de muita insistência Oliver me devolveu o meu The Flash dorminhoco e caminhamos com calma de volta para a empresa. Ele ficou engarregado de levar os 5 balões, minha bolsa e a mocha do filho, enquanto eu carregava Connor.

Minha mente traiçoeira me fez perceber o quanto parecíamos uma família de verdade saindo de uma tarde no parque. Era horrível pensar isso. Cada pensando meu que envolvia Oliver me fazia lembrar que só havia passado um pouco mais de uma semana da morte daquele que seria meu noivo. E que provavelmente Oliver teria uma esposa o esperando em casa.

E mais uma vez aquele sentimento de culpa.

Eu não prestava.

Fiz Oliver me levar até o carro dele onde eu poderia por Connor em sua cadeirinha. O prendi com os cintos com todo cuidado para que não acordasse. Virei para Oliver na intenção de me despedir e o encontrei de braços cruzados me encarando.

⁃ O que foi? - perguntei fechando a porta do carro devagar

⁃ Posso te fazer uma pergunta?

⁃ Depende - ponderei e ele levantou as sobrancelhas - Sim - suspirei com medo do que viria

⁃ Quem era aquela mulher que te tirou do sério?

⁃ Eu não sei - me encostei no carro - Ela disse apenas o nome, e … - cocei a cabeça nervosa. O ódio por Isabel estava voltando.

⁃ E?

⁃ Porque se importa? - perguntei ríspida. E lá estava novamente a Felicity que atacava para se defender.

⁃ Pode me atacar, Felicity - descruzou aos braços e enfiou as mãos nos bolsos da calça preta - Eu só fiquei preocupado

Preocupado? Comigo?

⁃ Desculpa - ele assentiu - Aquela mulher me falou uma coisa que… Disse que ia acabar colma vida do meu pai, assim como meu pai acabou com a vida dela - a boca dele abriu em um “O” surpreso com as minhas palavras - Pergutou se tinha certeza de que Thea era minha irmã. Aquela mulher queria insinuar que minha mãe havia traído meu pai e tido uma das filhas fora do casamento - fechei os olhos sentindo raiva daquela situação - Oliver eu…

⁃ Ei, tá tudo bem - e mais uma vez ele veio. O abraço. O abraço cheio de proteção e acolhimento. Passei os braços em volta de seu pescoço e o puxei para mais perto de mim e permiti que aquele abraço me acalmasse. - Essa mulher só queria te desestabilizar, não deixe ela fazer isso, princesa - Falou baixinho enquanto acariciava minhas costas.

Ficamos um tempo abraçados. Ele não falou mais nada e eu continuava de olhos fechados inalando seu cheiro. Oliver ainda segurava os balões, a minha bolsa e a mochila. Mas tudo bem, o abraço estava reconfortante da mesmo forma.

Minha mente viajou para as palavras de Isabel. “Tem certeza que vocês são irmãs?” O que ela sabia para insinuar aquilo? Será que Moira havia traído Robert para vingar as puladas de cerca dele? Será que não éramos irmãs do mesmo pai? Ninguém chega até outra pessoa e diz isso daquela maneira.

Eu já havia escutado que eu e Thea não parecíamos irmãs, mas foi gente comparando nosso jeito. Nossa personalidade. E eu já havia escutado gente que, por nosso personalidade, não negava o sangue que sorria na veia.

“Essa mulher só queria te desestabilizar, não deixe ela fazer isso, princesa”. Oliver estava certo, eu não podia deixar uma desconhecida abalar tanto meu psicológico. Ela deixou bem claro que tinha alguma mágoa contra o meu pai. Talvez plantar alguma semente em minha cabeça fizesse parte do plano dela.

Princesa

Ele já havia me chamado duas vezes daquilo em um só dia. Eu odiava que me chamassem de princesa. Mas vindo dele foi tão doce e reconfortante.

⁃ Obrigada - falei desfazendo o abraço. Eu ia cometer uma loucura se continuasse ali.

⁃ Pelo que?

⁃ Por me acalmar.

⁃ Sempre que precisar, princesa - piscou

⁃ Sua esposa não deve gostar que você fique chamando outras mulheres de princesa por aí. - falei e ele gargalhou

⁃ Era só perguntar, Felicity - riu de novo - Somos apenas eu e Connor. Você não tem concorrência

⁃ Como?

⁃ No coração dele só tem você - suspirou. Ele estava encabulado? - Ele só fala de você.

⁃ Acho bom mesmo - sorri me aproximando de Oliver e pegando a minha bolsa. Ele acompanhou todos os meus movimentos com o olhar e quando fiz menção de me afastar ele segurou meu pulso.

⁃ Você está bem? - perguntou olhando em meus olhos

⁃ Sim - respirei fundo - Não vou deixar aquela mulher acabar com meu dia

⁃ Essa é minha garota!

Dele?

⁃ Tchau, Oliver! - sai rápido o deixando rindo e andei rápido até meu carro.

Mandei uma mensagem para Alena dispensando ela e pedindo que deixasse a bagunça na minha mesa do jeito que estava, eu lidaria com tudo amanhã cedo quando chegasse na empresa.

Eu precisava tirar uma história a limpo antes.

Dirigi pelas ruas de Starling como se minha vida dependesse disso. Cheguei rápido em casa, estacionei rezando encontrar meus pais. Esperava que os dois estivessem em casa. Prometi a mim mesma que não deixaria aquele comentário me atormentar. Mas eu não conseguia , se havia uma mísera chance de eu não ser filha do meu pai, ou de Thea não ser. Eu precisava saber a verdade, precisávamos. Eu e minha irmã. Aquela sensação de despero estava no meu coração. O pavor de pensar que toda minha vida havia sido uma mentira, o pavor de pensar que eu poderia ser filha de outro pai. Robert era o amor da minha vida. Todo mundo fala que o primeiro amor da vida de uma filha era sei pai. E da minha era o meu. Eu o idolatrava e o amava tanto. Quando cresci e descobri as traições dele, vi que ele fazia mamãe sofrer tanto. Aquilo me desvastou. Meu herói havia se tornado um vilão muito filho da puta. Mas passou, e eu vi que ele havia se redimido por tudo. Eu amava meu pai e não me via sem ele.

Doía em mim a possibilidade de não ser filha dele.

Doía em mim a possibilidade te ser filha de outro homem.

E cá estava eu feito um furacão gritando Moira e Robert pela mansão. Eles rapidamente apareceram preocupados pelo modo como eu os chamava. Não falei nada, apenas os olhei e andei para o escritório. Passei pela a porta e tranquei quando eles passaram.

⁃ Filha, o que está acontecendo? - Mamãe perguntou se aproximando e eu dei um passo para trás, ela entendeu o recado e parou.

⁃ Felicity! - foi a vez do meu pai se pronunciar

⁃ Quem é Isabel Rochev? - fui direta e o rosto dos dois miraram de cor. Ficaram pálidos - Pela expressão de vocês eu já entendi que a responda não é boa.

⁃ Como conhece essa mulher? - olhei para o meu pai e fiquei calada. Ele percebeu que eu não falaria mais nada até ter uma explicação plausível - Ela era minha amante

⁃ Imaginei - bufei cruzando os braços

⁃ Como sabe sobre essa mulher ? - mamãe perguntou com dor nos olhos. Provavelmente essa Isabel a fizera sofrer.

⁃ O quão amante ela foi?

⁃ Felicity…

⁃ O quão amante ela foi? - repeti a pergunta

⁃ Conta pra ela Robert - mamãe tocou o braço do meu pai que me encarava receoso - Ela tem o direito de saber, já superamos esse passado.

⁃ Tem certeza? - ele olhou para minha mãe e ela assentiu, sei semblante estava mais tranquilo - Tudo bem - suspirou se sentando na poltrona e eu e mamãe fizemos o mesmo sentando no sofá - Conheci Isabel na faculdade, tivemos um breve romance, mas me formei e voltei para Starling, perdendo contando com ela - se ajeitou na cadeira - Um tempo depois eu reencontrei ela em um bar aqui na cidade, nor envolvemos. Mas eu já estava coletando um relacionamento com a sua mãe. Felicity, eu não quero continuar - me olhou nos olhos

⁃ Você tem vergonha não é ? - fui ríspida e ele assentiu - Continua por favor

⁃ Mandei a relação com ela por um ano, ficava prometendo que ia terminar com Moira, mas eu nunca iria fazer.

⁃ Você enganou a mulher para mantê-la em sua cama…

⁃ Posso continuar, filha? - assenti cruzando os braços e me encostando na poltrona - Sua mãe descobriu e me deu um ultimato, ela ou Isabel. Eu estava decidido a terminar com Isabel quando ela me contou que estava grávida - arregalei meus olhos com aquela informação, mas deixei que ele continuasse - Eu a obriguei a abortar na mesma época em que descobri que sua mãe estava grávida de você.

Minha mente deu um giro de 360°, uma tontura que talvez desse sentido a muitas informações. Será que mamãe sabendo das traições, deu o troco e acabou engravidando de mim? E enganou meu pai? Ou foi depois? Dando resultando em Thea?

⁃ E ela abortou? - ele assentiu continuando

⁃ Sim. Ela não queria, dizia que estava carregando o herdeiro Queen, um homem que eu tendo queria. Mas mesmo assim eu garanti que o aborto fosse feito. E depois eu a abandonei. - ele fechou os olhos como se o acontecido tivesse sido ontem - Ela era funcionária de QC.

⁃ Você arruinou a vida dessa mulher?

⁃ Era ela ou sua mãe.

⁃ Você obrigou uma mulher a matar o próprio filho, pai. Você garantiu que uma mulher matasse o próprio filho. - levantei incrédula e comecei a andar de um lado para o outro - Você preferiu matar alguém do que assumir suas próprias merda - chorei em desgosto - Suas fodidas merdas!

⁃ Filha - mamãe andou até mim segurando meus ombros - Foi eu.

⁃ O que? - perguntei sem entender

⁃ Eu disse que se houvesse outro filho dele que não fosse comigo, eu ia embora - Moira disse com lágrimas nos olhos - Eu fiz seu pai obrigar Isabel a abortar

⁃ Que tipo de pessoas vocês são? - olhei de um para o outro - Foi por isso que você traiu meu pai? E teve uma filha fora do casamento.

⁃ Que história absurda é essa, garota? Eu nunca trai seu pai.

⁃ Tem certeza? - levantei as sobrancelhas

⁃ Absoluta - olhou para meu pai - Seja lá o que colocaram na sua cabeça, é mentira. Eu sempre fui leal a ele, o amei desde a primeira vez que o vi. E ainda amo. 

⁃ Muito amor mesmo - desdenhei - Pra aceitar tanto chifre. Beijar a boca que não sei quantas beijaram e o pior… Transar com quem um monte já transou. Muito amor! - e ele veio. O tapa. Sem muita demora mamãe deu um tapa na minha cara. Coloquei a mão onde ardeu e a encarei assustava. Eu sabia que havia passado dos limites. Mas eu sempre passava dos limites. Não era bonito, eu não me orgulhava. Mas era automático e mais forte que eu.

⁃ Moira! - Robert gritou vindo até mim - O que você pensa que fez batendo na minha filha?

⁃ Por isso essa garota é assim - grifou de volta - Você sempre passa a mão na cabeça dela! Ela está descontrolada.

⁃ Quem se controla ao saber as merdas que os pais fizeram? Ela está certa, nós obrigamos uma mulher a matar seu filho. Tiramos o emprego de Isabel para que ele não tivesse onde cair morte e aceitasse o dinheiro oferecido para abortar. - papai gritava toda a sua frustração- Você foi com ela na clínica e viu o bebê morto. Que filha se controla ao saber disso?

⁃ Meu Deus - sussurrei - É pior do que eu pensava - chorei

Sai correndo dali ouvindo os dois me chamarem. Eu só imaginava o sangue frio de mamãe ao acompanhar a amante do marido para abortar um filho, e ficar ali para se certificar que a criança estava morta. Eu não conseguia crer que isso era verdade. Acho que se fosse qualquer pessoa me contando eu nunca acreditaria. Mas eu ouvi da boca dos dois.

Eu estava me sentindo claustrofóbica dentro daquela casa.

Dirigi correndo para Verdant. Eu não ia contar para Thea, lógico que não. Eu precisava proteger a minha irmã da imagem que ela tinha dos nossos pais.

Eu precisava beber.

E muito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vontades do Destino" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.