Azul nunca me remeteu a tristeza, sempre o que vem à mente é céu, mar, tranquilidade… As vezes eu só queria me vestir de azul e assim permanecer, mas agora o azul é quase o que não podemos ver. Mar e tranquilidade não conhecemos mais, e se não fosse por uma janela, o céu também ficaria para trás.

Rosa me lembra, antes de tudo isso acontecer, as roupas que a vendedora mostrava, e eu suspirava, pois nunca gostava. Doces, lacinhos, casinhas de bonecas, e crianças sapecas. Não é minha cor favorita, mas em seus tons claros, o rosa também é algo sensível, que deixa a delicadeza sempre visível.

Branco é luz. Sempre me lembrou paz, asas de anjo e penugens de travesseiro. Assim como as paredes da minha casa, os móveis de decoração da minha mãe e os fios de cabelo dos meus avós. E por falar em luz, tem uma muito parecida consigo... a cor do sol, do meu all star, da coleira do meu cachorro, da logo de onde eu trabalho, das flores do jardim... O amarelo! Branco caminha ao lado do vibrante e alegre amarelo quase sempre, juntos iluminando seus girassóis e abelhas num pequeno campo verde.

Verde! A natureza, o ar puro, a liberdade… já tem um tempinho que não sei o que são essas coisas. Uma das sete cores do arco-íris. Íris dos olhos de João, que assim como os meus, choram ao ver o verde sumindo, queimando, morrendo… sendo tomado pelo marrom, que fora isso, não é ruim.

Marrom é a cor da minha pele, dos meus olhos, do meu cabelo, do meu cachorro e do Bartholomeu. Bartho é meu urso de pelúcia, ele tem olhos da cor que eu tinha quando nasci, jabuticaba.

O que me faz lembrar do roxo. Como sou desastrada, sempre que eu bato em alguma coisa ou caio em algum lugar, algumas partes do meu corpo sempre ficam dessa cor. Só me lembra machucado ou um simples emoji de coração que tem grande significado. É o que eu só uso com meu amigo, e ele só usa comigo. As vezes ele manda um azul sem querer e rapidamente corrige para o certo antes de eu ver. Mas não é coincidência o roxo lembrar machucados e ao mesmo tempo relações, infelizmente as vezes elas também partem corações.

O laranja do pôr do sol é o mais belo que tem. Através dos olhos ou da lente de uma câmera, ele brilha como ninguém. Mas também lembra flores, capuchinha, cosmos, calêndula… Lembra outono, borboleta monarca, suco da fruta... Adora se misturar com o azul e o amarelo, e de vez em quando o roxo e o rosa se juntam a eles no fim da tarde, é uma festa!

Já o cinza só me faz pensar em dias chuvosos, cobertor quentinho, chá de camomila, e ventos gelados. É só o que vejo em dias nublados. Pode-se dizer que é minha cor favorita, em tudo eu quero cinza. E não é porque é fria, é porque é linda.

Vermelho sempre foi profundo, me lembrava beleza, romantismo, bochechas coradas, maçãs, morangos… mas tudo o que me vem à mente agora... é sangue. O meu, o seu, o deles. Rodeados de morte e estupidez, sempre rezando para que tudo isso acabe de uma vez.

E enfim, o preto.

Preto pra mim sempre foi a mesma coisa, individualidade, foco, força, noite estrelada, e por que não dizer solidão também? Foi onde eu sempre quis me aconchegar e me proteger. Rock no fone de ouvido, roupas cor de petróleo, delineador Amy Winehouse e cabelo nos olhos. Sempre remetem o preto a algo obscuro e ruim, mas era onde eu me sentia bem. As vezes, a criatura que está no escuro nem sempre é um monstro.

Cada cor tem sua característica única e nunca lembra uma coisa só. O que pra mim pode causar leveza, pra você pode causar dor. Independente disso, não importa quanto tempo passe, todos nós temos lembranças de cor.