O Caminho das Estações escrita por Sallen


Capítulo 50
∾ Você não merece um ponto de vista se tudo o que vê é si mesmo.


Notas iniciais do capítulo

Fala, minha gente, como vão? Apesar dos atrasos, aqui estou eu novamente. Agradeço pela paciência de vocês, sei que tenho demorado mais do que o usual para postar atualizações, mas sempre que possível vou estar aqui para postar novos capítulos, pois o fim se aproxima cada vez mais!



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A luz da lua adentrava pela janela da sala, invadindo o cômodo vazio e escuro, projetando seu pálido brilho na joia que pendia entre os dedos do homem. Um anel que, algum dia, serviu para significar algo e, agora, resumia-se somente ao brilho opaco de memórias que se perderiam com o tempo. Um dia, foi uma aliança que simbolizava a união entre duas pessoas que se amavam. Agora, era só um anel. 

Nirav rodou-a entre os dedos. Era capaz de ver a leve deformação que o anel deixou marcado em seu dedo anelar pelo uso constante, por mais que retirasse a aliança, continuaria tendo ali a marca de sua presença. E ele se perguntava se em algum momento aquela marca sumiria, ou se permaneceria para assombrá-lo para sempre, com todas as memórias do que ele e Alice foram e nunca mais seriam. 

E foram tantas coisas, antes de não serem mais nada. 

Alice era apenas a auxiliar nova, quando se conheceram, e estava tão assustada com o novo emprego quanto um animal encurralado. Ela nunca admitiria isso, ele sabia, mas conseguiu ver em seus grandes olhos arregalados sem piscar toda a insegurança e o receio. E como alguém que já estivera no mesmo lugar em que se encontrava, fez por ela o que gostaria que tivessem feito por ele antes. E quando Alice sorriu aliviada e gaguejou um agradecimento, ele sentiu algo dentro de si despertar uma outra vez. Algo que esteve inativo há tanto tempo. 

Então, se tornaram amigos. Mas os amigos não olham um para o outro da forma como se olhavam. Logo, estavam procurando qualquer desculpa para se esbarrar nos corredores ou se encontrar depois do expediente. Até que uma noite, voltando de um encontro no bar com os amigos de serviço, Nirav decidiu que queria mais do que apenas uma amizade. E ela, embora tímida, concordou que já estava passando da hora de tomar aquela decisão. 

Ainda se lembrava do primeiro beijo. Sob a marquise de um prédio mal iluminado, com os carros em alta velocidade passando de testemunha, ele a beijou contra a grade de ferro que protegia um jardim simples. Não foi algo grandioso, ou tão romântico como em um filme. Foi apenas o suficiente. 

Admirava-se em lembrar de tantas coisas. Como quando a apresentou para seus amigos tão curiosos que a sufocaram uma noite inteira com suas perguntas enxeridas. E quando a perguntou se deveria também conhecer sua mãe ou se estava sendo muito apressado, e ela com a surpresa estampada em sua face, gaguejando palavras incoerentes em seus lábios trêmulos. Lembrava-se das festas que costumavam ir, como ela era tímida para dançar e, aos poucos, conseguia convencê-la de que não era tão ruim assim rodopiar pelo salão, no meio de várias outras pessoas também rodopiando. Depois de um tempo, ela quem passou a chamá-lo para dançar. Recordou-se da primeira vez que viajaram juntos, passando um final de semana com a família dela, que o fez se sentir verdadeiramente compromissado sob os olhares vigilantes da mãe e dos fulminantes olhos do pai. E todos os planos que fizeram, abraçados embaixo de um cobertor ou caminhando por uma rua deserta. Todos os juramentos que fizeram, tanto em voz alta quanto em silêncio. Todo o sentimento que construíram, desde o início perfeito até o fim arruinado, até agora. 

Em contrapartida, o que se lembrava de Juno? Enquanto com Alice era capaz de lembrar de uma vida inteira, de Juno tudo o que tinha, na verdade, nunca existiu. E ainda assim... 

Lembrar de Juno era como assistir um filme antigo, repetido tantas vezes que era capaz de recitar os diálogos em perfeita sincronia. Desde o início, quando ela era apenas um conceito implantado em sua cabeça por seus amigos. Até que se tornou real, uma garota que fingia disfarçar o olhar na sua direção e sorria, sem saber, chamando sua atenção. E quando a conheceu, só ela passou a existir. Daquela época, lembrava-se apenas dela, pois só ela parecia digna de ser lembrada. Sua desenvoltura desinibida, que o cativava tamanho conforto que o fazia querer dançar com ela, mesmo sem música, mesmo sem gostar tanto assim de dançar. Seus risos exagerados, que exibiam todos os seus perfeitos dentes brancos e o faziam querer gargalhar junto e, principalmente, ser o motivo de suas risadas. A luz que irradiava de seus olhos quando o olhava, como se o mundo inteiro fosse opaco e fosco enquanto ele era o único brilho que cintilava. Cada parte dela era uma parte sua e estava gravado em sua mente como uma tatuagem. Desde o primeiro instante, até o último segundo. E era esse o problema, porque ele sabia como aquele filme terminava. E o que vinha a seguir não era nada, senão uma grande suposição. Como seria apresentá-la a sua mãe? Como seria viajar com ela? Como seria dormir sob o mesmo teto e dividir uma cama? E se pudesse dizer que a amava? E se pudesse chamá-la de sua namorada ou simplesmente pedi-la em casamento? Tais lembranças, que sequer eram lembranças, não passavam de imaginação. Perguntas sem respostas. Uma suposição do que nunca existiu. Tudo o que poderiam ser, não eram, pois tudo o que poderiam ser foi roubado. 

Olhando para a aliança, Nirav perguntou se agora isso era tudo o que restava. Apenas lembranças. Estaria condenado a remoer lembranças e recriar suposições que nunca se concretizaram? No fim, todas as suas memórias estavam envenenadas. 

Tentando controlar a respiração, ele ergueu os olhos para cima, em direção ao teto escuro. Foi quando percebeu as lágrimas que pendiam, ardendo e queimando, sem nunca escorrerem. Deveria estar chorando, percebeu. Por que não conseguia fazer com que as lágrimas deslizassem por seu rosto? Seria mais fácil se pudesse extinguir os sentimentos com aquelas lágrimas que inundavam seu olhar. 

O que deveria fazer agora? Pegou-se perguntando dentro de sua mente, ponderando o que restava para ele. Como esperava, não tinha uma resposta para isso. Nos últimos meses, não tinha resposta para quase nada. E quase nunca sabia o que deveria fazer. Talvez devesse fazer nada, só esperar para que as coisas tomassem seus rumos sozinhas. Seria covardia demais só esperar? Já não havia sido covarde o suficiente? 

De repente, a porta se abriu e a luz foi acesa. Nirav fechou os olhos, sentindo a dor do súbito clarão infringir na sua retina imersa pela escuridão. A sensação dos olhos fechados pareceu tão confortável que desejou permanecer assim o resto da noite, da semana, do mês. Porém, mesmo isso foi negado a ele. Seu pai acabava de chegar, criando um caos a cada passo que dava, invadindo todo o ambiente com sua presença estorvada. Contra a sua vontade, Nirav abriu os olhos para recebê-lo. 

Que figura lamentável era. Os cabelos ralos rodeando o crânio cadavérico que se escondia sob um bigode grosso que, na melhor das hipóteses, passava a ideia de rigidez. E ele havia andado bebendo, Nirav conseguia sentir o cheiro de bebida alcóolica a meia sala de distância. Só esperava que não estivesse bêbado. Tudo o que menos precisava agora era seu pai tomado pelo seu alter ego de valentão quando ficava bêbado. 

Ele pareceu notar sua miserável presença. 

— Nirav? — franziu o cenho em sua direção, notando sem dificuldade a sua condição. Os cabelos bagunçados, o rosto inchado e as roupas amarrotadas. — Está tudo bem? O que houve? 

Nirav tentou identificar alguma embriaguez em seu tom de voz. Talvez todos esses anos de intensa bebedeira o tenham treinado para disfarçar melhor. Não queria compartilhar seus fracassos com seu pai. De qualquer forma, no entanto, depositou a aliança sobre o braço do sofá, observando-a por um instante antes de responder: 

— Terminei meu namoro com Alice. 

Seu pai levou algum tempo para entender. Ou para processar a notícia. Não importava, Nirav só odiou ver a indignação em sua cara. 

— Como é? — August deu um riso descrente como se aquilo fosse alguma brincadeira. — Por que diabos faria algo assim? 

— Para ser sincero, eu não sei. 

— O que você tinha na cabeça? 

Outra mulher, pensou em responder. Apenas deu de ombros, improvisando outra resposta. 

— Só estava tentando não ser injusto ou cruel. Não estava funcionando para mim, eu não estava feliz. Para que insistir? 

August, no entanto, pareceu ler seus pensamentos. 

— É outra mulher, não é? — seu tom não era nada agradável. Nirav não se deu ao trabalho de responder, portanto seu pai insistiu. — É aquela que você estava abraçado na porta de casa. Estou errado? 

Aquilo o surpreendeu. 

— Desde quando fica me bisbilhotando? 

— Eu sabia. — ele desdenhou com um grunhido. — Conheço uma cilada quando vejo uma. 

— Veja como fala! — Nirav apontou-lhe o dedo indicador. — Não vou aturar insultos de você. 

— O-ho, pois eu deveria chamar você de tolo. — ele ignorou seu aviso, se aproximando. — Está cometendo um erro. 

— Como você pode saber? Experiência de vida? — ele acatou seu insulto repleto de sarcasmo com um sorriso curto. 

— A melhor coisa que te aconteceu nessa cidade, como pode desistir disso? — insistiu, cruzando os braços. — Você tem tudo, meu filho! Está abrindo mão de tudo em troca do quê? Outra qualquer? 

Aquela conversa começava a irritá-lo. 

— Não tem o direito de falar assim dela, você não sabe de nada. — em sua voz, a raiva começava a crepitar como chamas recém acesas. — Não estou abrindo mão de uma coisa por outra, não é uma escolha. E eu não posso controlar meus sentimentos, o mínimo que posso fazer é respeitar o que eu sinto. Não é algo que inventei agora, você não entende. É algo... real, que foi roubado de mim. Roubado de nós dois. 

Seu pai o interrompeu. 

— Se esse amor é tão verdadeiro, onde estava essa mulher esse tempo todo? Me diga isso! — ele retrucou, acertando o alvo em cheio ao ver a expressão ferida de Nirav. — Por que quando sua mãe me contou sobre sua namorada, era de Alice que falava. Quando você me apresentou uma mulher, era Alice. Como outra mulher se encaixa nessa vida? Ela nunca esteve aqui, pelo que posso ver. Se é algo tão genuíno, ela deveria se encaixar em algum lugar da sua vida, mas não vejo ela em nenhum aspecto. Acho que se significasse tanto assim, ela deveria estar presente na sua vida e não se escondendo nas sombras como uma cobra traiçoeira. 

Nirav se recusou a responder. Com a ira a consumir seu âmago, ele se levantou do sofá na tentativa de se afastar do pai, porém, foi impedido. August o segurou no braço. Nirav o encarou como se fosse uma ofensa. 

— Preste atenção, meu filho. Sei que está confuso, essas coisas acontecem, sei que acontecem. Nós somos homens, está em nossa natureza sofrer tais tentações. — ele insistiu, obrigando Nirav a respirar fundo para não vomitar diante de seu discurso. — Você não pode cometer um erro desse. Você precisa ser forte, precisa fazer o que é certo.  

— Você, de todas as pessoas, é a última que deveria tentar me dizer o que devo ou não fazer. 

Ele apertou seu braço, sacudindo-o como se ainda fosse um moleque de treze anos. 

—  Pense em tudo o que está jogando fora, Nirav! Um futuro incrível, uma esposa maravilhosa, uma família boa! Você tem tudo ao lado de Alice, principalmente a chance de construir uma vida inteira. Não desperdice isso! 

Era tudo sobre isso, no fim das contas. A vida que August sempre sonhou em ter e fracassou em conseguir, portanto precisava impor as escolhas que julgava corretas em cima da vida do filho. Nirav não se admirava em perceber a verdade. Ele não estava preocupado com sua felicidade, com seus sentimentos. Só estava desesperado em saber que o filho não seguiria as projeções que o impôs. 

— Mesmo que eu não vá ser feliz? 

— Amor é algo que pode ser construído. E eu sei que ama Alice, por mais que ache que isso está borrado pela influência de outra mulher. Só... O que quer que ache que está sentindo, não vale a pena, Nirav. Se desistir desse amor, vai se arrepender para sempre. — ele respirou fundo. — Como eu me arrependi. 

— Como você ousa? — deixando a ira consumi-lo, Nirav puxou o braço da mão de August, apesar de manter o rosto próximo ao dele. — Como você poderia saber o que é amor? Você só sabe arruinar a vida das pessoas ao seu redor. Que tipo de amor pode destruir a vida de outra pessoa como destruiu a da minha mãe? 

Ele ergueu um dedo em seu rosto para lembrá-lo de que ainda estava falando com seu pai. 

— Você pode não enxergar isso, mas eu amei muito sua mãe. E ainda amo. 

— Eu não acho que você saiba amar qualquer coisa. —  retrucou, empurrando a mão dele para longe de sua face. — Você nunca amou ninguém além de si mesmo. 

— Está sendo injusto comigo! Estou tentando reparar meus erros porque amo vocês e daria tudo para ter minha família de volta. 

Nirav ponderou se ele acharia injusto se acertasse um murro no meio de sua cara sonsa.  

— Não, você não ama porra nenhuma, você sequer sabe o que é amor. Só está com essa conversa agora porque percebeu que estamos bem sem você. E gente como você não suporta a ideia de ser trocado ou esquecido, porque precisa que as pessoas dependam de você. Então, faz de tudo para sugar e controlar nossas vidas para conseguir essa dependência e chamar isso de amor. Mas deixe eu te falar uma coisa, isso não é amor! É apenas a necessidade de não se sentir sozinho para cobrir o vazio de quem você realmente é. — notou-se ofegante, porém não se deu por acabado. — Nunca mais ouse dizer que ama a minha mãe, ou vou fazer você se arrepender de um dia ter chegado perto dela! 

— O-ho, você não mudou nada, não é? — sua voz tremia de raiva, sua face estava ferida com as ofensas. — Ainda é o mesmo moleque tentando esbravejar com seu pai. Pensei que encontraria um homem de verdade, mas parece que me enganei. 

— E como um moleque com um pai feito você poderia se tornar um homem de verdade? 

— Eu estou tentando ajudar você a tomar a escolha certa, pelo menos uma vez em sua vida. E você insiste em não me ouvir. Se tivesse feito isso, ao menos uma vez, nós ainda seríamos uma família. 

Essa era a pior parte de conviver com o seu pai. Ele sempre trazia à tona a pior versão que Nirav podia ter de si mesmo. Odiava sentir toda essa raiva e não se reconhecia diante de tanta fúria. E tudo o que August conseguia inspirar em seu próprio filho era tudo o que Nirav mais desprezava. Mas não, não se admirou em ser o culpado pelos erros de seu pai. 

— Você nunca fez parte dessa família. E quando decidiu nos abandonar, talvez tenha sido a única escolha certa que fez em toda sua vida. Porque quando você foi embora, você deixou de existir. E deveria ter continuado assim. 

Sem esperar por uma resposta, Nirav deu as costas para seu pai, se é que podia chamá-lo assim. Saindo porta afora, enfiou-se dentro do próprio carro para tentar fugir. Diante do volante, não conteve a raiva que ardia dentro do seu peito. Todos os socos não foram o suficiente. Somente quando berrou no enclausuro do seu carro até que sua garganta doesse, sentiu uma pitada de alívio. Depois vieram as lágrimas, mas ele não deu-lhes tempo de escorrer. Deu partida e fugiu. 

Não havia destino para ir e todas as estradas embrenharam-se umas nas outras fazendo-o andar em círculos, assim como seus pensamentos que se atropelavam um no outro. O que deveria fazer? Onde deveria ir? O que estava fazendo? Quis ir até o apartamento de Alice, pedir desculpas por ser um otário, apesar disso só o fazer parecer um covarde ainda maior. Ou voltar para casa só para dizer a August que já estava na hora de partir e que não desejava vê-lo nunca mais, por mais que isso o fizesse ser cruel. No entanto, deu por si tomando um rumo conhecido até uma rua familiar diante de uma casa velha. Todos os caminhos pareciam sempre levar a Juno. 

 Algo lhe dizia que não devia estar ali, mas ele  estava disposto a ter qualquer desculpa para encontrá-la só para poder conversar, talvez, dizer a ela que entendia. Lembrou-se da discussão de anos atrás, quando a pediu que terminasse o namoro e tudo o que ela havia dito era sobre não ser tão simples assim. Agora, ele entendia. Agora, estava no lugar onde ela estivera uma vez, por mais incomparável que ambas situações fossem, ele entendia. 

A casa estava imersa em escuridão, afinal já era tarde. Toda a rua estava em completo silêncio, os vizinhos entregues ao sono dos justos enquanto ele vagava pela calçada como uma assombração que perturbava os sonhos. Diante da janela do quarto que um dia pertenceu a Leo, ele tamborilou as juntas dos dedos várias vezes, até a luz interna acender. O vidro embaçado entregava apenas um vislumbre de Juno. Ela o encarou pela janela e saiu do quarto, em direção à porta da frente para atendê-lo. 

Demorou até que surgisse para atendê-lo. Estava com o pijama amarrotado, os cabelos bagunçados e o rosto amassado de sono. Sentiu-se culpado por acordá-la no meio da noite. 

— Nirav? — ela perguntou debilmente, bocejando enquanto esfregava os olhos. — O que está fazendo aqui? É tarde e você não deveria estar aqui. 

Ele coçou os cabelos e a barba, procurando o que dizer. 

— Eu sei que não quer me ver, eu entendo, mas... 

— Eu só não quero que você cometa um erro pelo qual vai se arrepender. Eu... 

— Eu só não quero ficar em casa. —  percebeu que estava quase chorando. — E não tenho lugar nenhum para ir. 

— Nirav... 

Outra silhueta apareceu através da porta, vestindo um grande roupão verde-musgo e cabelos presos em um coque. Assim como Juno, estava com um semblante sonolento e disperso. Era Octavia. 

— O que está acontecendo? — Octavia perguntou à sobrinha antes de notá-lo ali, perdido como um cão sem dono. — Nirav? O que está fazendo aqui a essa hora? Está tudo bem? 

Ele passou o olhar de Juno para Octavia e, de novo, para Juno. Como o covarde que imaginava ser, havia perdido a coragem. Sem resposta, tornou a fugir, deixando as duas na porta de casa, chamando seu nome sem nada entender. 

Quando chegou em casa, seu pai havia partido. Na porta da geladeira, um recado pendia. 

“Eu voltei por você. Queria ver o quanto meu filho cresceu mesmo sem a presença de um pai. Sinto muito por ter feito você crescer sem minha ajuda, mas você nunca precisou de mim. E se eu não tenho uso para você, entendo que a culpa seja somente minha. Eu gostaria de ter feito o melhor para sua mãe e por nós. Principalmente, por você. Se puder, encontre um jeito de me perdoar, mas se não conseguir, por favor, saiba que estou orgulhoso do homem que se tornou. Você é um homem melhor do que eu era, do que eu sou e do que jamais serei. E fico feliz de saber que nunca será como eu. Adeus, Nirav.

August, seu pai.” 


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Notas finais do capítulo

Cara, esse capítulo foi difícil! Foram tantas emoções que sempre acabavam me consumindo por inteiro. Mas, no fim das contas, eu adorei escrevê-lo. Como diria George Martin, sempre vale a pena escrever sobre o coração em conflito consigo mesmo.



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