A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 44
Até que a morte os separe.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793305/chapter/44

            O desespero reinava ali, cada vez que algum dos rapazes vislumbrava o relógio. A hora estava passando rápido e nem sinal das alianças. Rayan revirou a sala toda e não encontrou nada! Assim como Lysandre e Nathaniel, que faltaram virar o quarto de Leigh de cabeça para baixo. Castiel estava despertando olhares receosos dos convidados, já que entrava em seu carro, depois no de Lysandre, fazendo uma varredura completa pelos bancos, porta-luvas, porta-malas, painel, até mesmo chegou a se abaixar, tateando pelo carpete de ambos os veículos. Phillip, por sua vez, abriu todas as gavetas e portas dos armários do banheiro. Olhou até mesmo dentro da banheira, atrás do vaso, no box, em cada canto! E nem sinal da caixinha com as alianças.

            Todos eles estavam começando a se desesperar mais, até mesmo Rayan que pedira calma de todos. A verdade, era que estavam correndo contra o tempo. Não sabiam por quanto tempo mais poderiam segurar a cerimônia. Era um fato de que, cedo ou tarde, teriam de começar o casamento. O problema, era que todos se perguntavam como contar para Annelise que as alianças haviam sumido. Esperavam que Alexy tivesse mais sorte em manter a noiva distraída, enquanto eles continuavam com a busca.

            Rosalya terminava de ajeitar o vestido de Annelise, enquanto Lúcia colocava o véu na cabeça da filha, prendendo-o abaixo da tiara de flores e do coque volumoso, de modo que cobrisse a parte inferior das madeixas alvas de Annelise, que caíam em ondulações perfeitas por suas costas curvilíneas. Montsserrat, continuava com sua câmera em mãos, fotografando cada momento da arrumação da noiva. Lhe entregaria o álbum, quando Annelise e Lysandre voltassem da lua de mel. Só não fotografaria a cerimônia, pois era uma das madrinhas. Então, seria um fotógrafo contratado, que tiraria as fotos. Ainda assim, queria fotografar tudo o que pudesse, para presentear os noivos.

            Enquanto Montsserrat tirava as fotos, Alexy bateu na porta do quarto, já aflito por entrar. Mas, precisaria fingir que estava calmo. De modo algum poderia permitir que Annelise percebesse que alguma coisa estava errada. Mas, a verdade, era que ele estava rezando para que os rapazes encontrassem logo aquelas alianças.

            Ao ouvir as batidas na porta, Rosalya já se irritou. Achava que estavam apressando a entrada na noiva. O que, ao seu ver, era algo ridículo! Afinal, o atraso da noiva era sempre um charme a mais, em qualquer cerimônia. Deixava os convidados ansiosos! Criava expectativas! Era uma verdadeira tradição.

            — Lysandre! Se for você, eu já disse para ficar longe! Não vai ver a Annelise até a hora da cerimônia! — Rosalya disse em tom alto, quase irritadiço. Não ia deixar que ele entrasse ali de forma alguma.

            — Sou eu, Rosa! Posso entrar? — Alexy indagou ao lado de fora, ainda esperando pela resposta das garotas.

            — Alexy? — Rosalya perguntou, abaixada ajeitando a saia de Annelise, para que não ficasse amarrotada.

            — Sim! Eu quero ver a Annelise! — O rapaz respondeu ao lado de fora.

            — Você está sozinho? — Rosalya perguntou, receando que Lysandre estivesse por perto.

            — Estou! Posso entrar? — Alexy indagou pela segunda vez.

            A resposta dele a tranquilizou. Se Lysandre não estava por perto, então não teria qualquer problema em deixa que Alexy entrasse. — Tudo bem! Mas entra rápido! — Rosalya respondeu, enquanto Montsserrat abria a porta.

            Assim como foi pedido, Alexy entrou rapidamente no quarto, fechando a porta atrás de si. E, tão logo estava dentro do quarto, reparou em Annelise vestida de noiva, com Rosalya terminando de arrumá-la. — Será que eu posso ser o primeiro a beijar a noiva? — Alexy indagou de modo brincalhão, causando riso em Annelise.

            — Não só pode, como deve! — Ela respondeu, um tanto risonha.

            Alexy então, se aproximou de Annelise, abraçando-a com força, antes de levar os lábios à testa da amiga, dando-lhe um beijo demorado e carinhoso. Ele estava imensamente feliz por ela. Afinal, conhecia toda a trajetória de sua amiga com Lysandre. Melhor do que ninguém, sabia o quanto aqueles dois mereciam ser felizes juntos.

            Ele afastou os lábios da testa de Annelise, aproveitando para distanciar um pouco os corpos, enquanto a soltava do abraço. Não se cansava de vislumbrar quão linda ela estava, naquele vestido de noiva.

            O rapaz dos cabelos azuis, esboçou um sorriso largo, enquanto ainda olhava para a amiga. Era impressionante como só agora se dava conta de que o tempo havia passado. Afinal, ainda se lembrava de como ela era, em seu tempo de escola. — Olha só para você! Está maravilhosa! É a noiva mais linda que eu já vi! — Alexy disse, estendendo a mão para Annelise e segurando a mão dela. — Dá uma voltinha para eu ver. — Ele disse, fazendo Annelise rodopiar lentamente, mostrando cada detalhe do vestido.

            Annelise corou com o elogio, esboçando um sorriso doce. — Obrigada, Alexy! Você está ótimo, também! — A garota afirmou, enquanto parava de rodopiar, ainda segurando a mão do amigo.

            Alexy riu do comentário dela, agora segurando a outra mão de Annelise. — Vim preparado. Vai que tem algum padrinho solteiro? Não vou perder a oportunidade de ser o próximo noivo. — Ele brincou. Em seguida, direcionou os olhos em tom violeta para as madrinhas, que também já estavam prontas para a cerimônia, todas trajadas em vestidos verde Tiffany, frente única e com saia em estilo sereia. O mesmo vestido para todas, de modo que ficassem iguais, exceto pelos penteados e maquiagens. De fato, Annelise escolhera bem o vestido das madrinhas. — Vocês também estão lindas, meninas. O caimento do vestido ficou ótimo, em vocês. — Ele comentou. De fato, era impossível negar que elas estavam ótimas.

            — Obrigada. — Rosalya afirmou, ao se levantar. — Mas, mudando de assunto: você sabe se já chegou muita gente? — Ela perguntou, virando Annelise de costas, para arrumar a parte de trás do vestido.

            — Não, as cadeiras ainda estão quase vazias. — Alexy respondeu. Não podia dizer que todo mundo já estava no celeiro. Afinal, isso faria com que Annelise se apressasse. E, isso traria um problema enorme, enquanto as alianças não fossem encontradas. — Mas, pra quê ter pressa? É super charmoso o atraso da noiva. Vamos deixar o Lysandre ansioso, vai valer a pena quando ele ver a mulher linda com quem vai se casar. — O rapaz comentou, buscando atrasar ao máximo a entrada da noiva. Tudo o que esperava, era que os rapazes tivessem sorte enquanto procuravam pelas alianças. Afinal, não sabia como segurar Annelise ali por muito tempo.

            Enquanto Alexy tentava distrair Annelise e as madrinhas, os outros rapazes continuavam procurando desesperadamente pelas alianças. Eles já não sabiam mais onde procurar! Aquela bendita caixinha não estava em lugar nenhum! A pior parte nisso, era que já estava na hora do casamento. O que era mais desesperador ainda! Se não as encontrassem, aquilo geraria uma confusão imensa.

            Lysandre já estava perdendo as esperanças, enquanto revirava o andar superior da casa com Nathaniel. Era impressionante como mesmo o rapaz sendo detetive, não conseguia ajudar a encontrar as alianças. Isso, era um sinal claro de que elas provavelmente não estavam em lugar algum daquela casa.

            — Aqui em cima elas não estão. — Nathaniel disse, depois de procurarem por cada canto daquele andar.

            — Acha que os rapazes tiveram mais sorte? — Lysandre indagou, em tom quase desanimado.

            — Francamente? O chão parece ter se aberto e as alianças caíram dentro. — Nathaniel respondeu. — Melhor já pensar no que vai falar para a Annelise. Acredito que ela não vá ficar muito feliz com isso, se a conheço bem. — Ele completou.

            Era exatamente aquilo o que Lysandre temia ouvir. Seria um desastre, quando ela soubesse que as alianças haviam desaparecido. Não queria nem imaginar o que aconteceria. Mas, antes que pudessem sair do quarto onde ainda procuravam a aliança, Leigh surgiu à porta.

            — Os convidados estão esperando. Por quê demoram tanto para descer? — Leigh indagou ao irmão caçula.

            — Houve um imprevisto. Nós estamos tentando solucioná-lo. — Lysandre respondeu.

            — O que aconteceu? — Leigh indagou, entrando no quarto e fechando a porta. Imaginava que seria algo grave.

            — As alianças sumiram. Nós procuramos em cada canto, e nem sinal delas. — Nathaniel respondeu em um sussurro, temendo que as garotas pudessem ouvir no quarto ao lado.

            — Ah, esse era o problema? — Leigh indagou. — Por quê não me disseram antes? Elas estão aqui. — Ele meteu a mão no bolso interno do paletó, retirando a caixinha aveludada.

            Lysandre empalideceu imediatamente, levando a mão à testa, enquanto soltava um suspiro aliviado. Teve de se segurar, já que sentira uma leve vertigem. — Estavam com você o tempo todo?! — Ele indagou, atônito. E, pensar que passara quase uma hora procurando por elas em toda a parte. Mas, de fato, era um alívio enorme que elas tivessem reaparecido.

            — Sim. Depois que o Castiel se vestiu, acabou esquecendo-as aqui, sobre a mesinha de cabeceira. Então eu as guardei para entregar a você na hora da cerimônia. — Ele respondeu, entregando a caixinha com as alianças ao irmão, que as apanhou rapidamente, enfiando no bolso da calça.

            — Você não imagina o alívio que estou sentindo. Nós a procuramos pela fazenda inteira! — Lysandre respondeu.

            — Bem, acredito que eu deveria ter lhe contado antes, então. Mas, não imaginei que a estivessem procurando. Bem, de toda a forma, é melhor descermos. Os convidados já estão impacientes. — Leigh afirmou.

            — Eu vou chamar a Annelise. Vocês podem ir reunindo os padrinhos e falando para o Rayan ir para o altar. Eu os encontro lá embaixo. — Nathaniel disse.

            Leigh e Lysandre concordaram, tratando de descer rapidamente para encontrar os rapazes. Era uma sensação indescritível a de finalmente terem encontrado as alianças. Claro, Castiel foi o que mais ficou sem reação, ao saber que haviam procurado aquele tempo todo, quando na verdade elas estavam com Leigh. Mas, preferiu não dizer nada, já que o erro era seu.
           
            Agora, Rayan aguardava no altar, enquanto Lysandre ia entrando no celeiro, de braços dados com a sogra, carregando junto a si, um porta-retrato com a foto dos pais. Queria que eles estivessem presentes em seu casamento, mesmo que fosse apenas através de uma foto. Aquilo, seria extremamente significativo para ele.

            Tão logo chegou ao altar, entregou o porta-retrato a Lúcia, que o segurou ternamente, enquanto se sentava em um dos bancos da frente. Em seguida, o rapaz se voltou a Rayan, que o abraçou de modo afetuoso, no altar.

            — Eles estão muito orgulhosos de você, tenha certeza disso. — O professor sussurrou, ainda abraçando Lysandre, que sentia os olhos marejarem.

            — Obrigado. — O noivo disse, ainda abraçando o mestre de cerimônias. Em seguida, ele foi para seu lugar ao lado de Rayan, aguardando pela entrada da noiva.

            Lysandre, estava extremamente ansioso, verificando o bolso onde estavam as alianças a todo o momento. Queria ter certeza de que não as havia perdido novamente.

            Finalmente, a orquestra contratada começou a tocar o tema de entrada dos padrinhos, que começaram a caminhar em direção ao altar adornado com flores e faixas de cetim em tom verde Tiffany, assim como as gravatas dos padrinhos e vestidos das madrinhas.

            Na verdade, todo o celeiro estava decorado daquela forma. Assim como as cadeiras brancas, cobertas por uma capa de cetim verde, e faixas no mesmo tecido, presas com flores brancas. Rosas, as flores favoritas de Annelise.

            Um tapete vermelho, ia do lado de fora até o altar improvisado, onde Lysandre aguardava ansiosamente por sua noiva. Seu coração acelerava, as mãos transpiravam. Ele sequer conseguia controlar a própria respiração.

            Rayan pareceu reparar, pousando a mão ao ombro de Lysandre de modo reconfortante. — Calma. Eu sei que é normal a ansiedade. Mas, vai dar tudo certo. Esse é o momento mais importante de suas vidas e sei que serão felizes juntos. — O rapaz de pele morena e olhos verdes e expressivos, trajado em um terno preto, sorriu à Lysandre, tentando acalmá-lo.

            Lysandre sorriu de canto, respirando profundamente. Rayan estava certo: precisaria se acalmar, não tinha nada a temer. Em alguns instantes, estaria unido para sempre com a mulher a quem amava mais do que a própria vida.

            Finalmente, os padrinhos começaram a entrar no celeiro, aos pares. Montsserrat e Castiel, Nina e Alexy, Rosalya e Leigh, Chani e Nathaniel. Todas as madrinhas, seguravam um buquê de copos de leite, caminhando ao lado de seus respectivos pares. Em seguida, as moças foram para o lado do altar correspondente a Annelise e os rapazes ao lado correspondente a Lysandre. Mantiveram a ordem na qual entraram, pois sairiam da mesma forma.

            Em seguida, a orquestra começou a tocar Cant’ help falling in love, que seria o tema de entrada de Annelise. Aquilo fez o coração de Lysandre disparar novamente, enquanto ele ofegava mantendo os olhos direcionados a porta do celeiro.

            Primeiro, surgiu Thia com uma réplica em miniatura do vestido de Annelise, jogando pétalas de rosas que retirava de um cestinho, encapado em cetim verde.

            Em seguida, todos os olhares se voltaram para trás, quando Annelise entrou no celeiro, de braços dados com Phillip. Ela estava radiante, com braço entrelaçado ao do pai. Os olhos dela marejaram, ao ver Lysandre a esperando no altar. E ele, também se emocionou, de modo que seus olhos transbordaram, no momento em que a viu vestida de noiva. Ele precisou enxugar as lágrimas que rolavam incessantes por seu rosto, enquanto ainda olhava para ela. Era a coisa mais linda que ele já tinha visto em toda a sua vida. Em todos aqueles anos de solidão na fazenda, sonhara com este momento. E, agora, isso havia finalmente se tornado real. Cada vez que ela se aproximava mais, seu coração se acelerava! Se agitava! Parecia capaz de romper-lhe o peito. Aquela era uma sensação única.

            Phillip levou a filha até o altar, entregando-a à Lysandre que rapidamente segurou a mão de sua noiva, ainda com aquele sorriso embasbacado. — Cuide bem dela, rapaz. — Phillip disse, ao soltar a filha.

            — Cuidarei, senhor. Não se preocupe. — Lysandre respondeu. Em seguida, Phillip caminhou até os bancos, sentando-se ao lado da esposa, enquanto esperava o início da cerimônia.

            — Você é a noiva mais linda que eu já vi. — Lysandre sussurrou.

            — E você é tudo o que eu mais quero na vida. — Annelise respondeu em um sussurro.

            Agora que o casal já estava no altar, Rayan decidiu que seria a hora de começar a cerimônia. Logo, olhou ternamente para os dois, enquanto se preparava para começar a celebrar o casamento.

            — Estamos aqui reunidos, para celebrar a união dessas duas almas, apaixonadas. Almas gêmeas, que por muito tempo, lutaram para se reencontrar. Mas, antes de tudo, eu queria falar um pouco sobre o amor. Ele, em minha opinião, é o sentimento mais puro e intenso, existente no mundo. Capaz de mover montanhas, se for preciso para que duas pessoas que o sentem uma pela outra, possam ficar juntas. Nos últimos dois anos, eu tenho acompanhado de perto, toda a trajetória desse casal. E, posso dizer sem qualquer ressalva, que eu jamais em toda a minha vida, tive o prazer de ver duas almas que se amassem tanto, quanto eles. Eu me lembro de quando era professor da Annelise, na faculdade. De todos os meus alunos, ela foi a que mais conseguiu despertar a minha atenção, por conta de seu olhar. Era um olhar triste... Eu jamais tinha visto um olhar tão pesaroso, antes. Parecia que uma dor imensa a consumia todos os dias.

            Eu resolvi conversar com ela, para entender o que se passava em seu coração; fiquei tocado ao descobrir o motivo: era uma dor de amor. Uma dor intensa, que a fazia perecer dia após dia, desde que fora forçada a se separar de Lysandre. Quando ela me contou sobre como o amava! Sobre como desejava desesperadamente voltar a vê-lo, eu percebi que aquele amor era genuíno. Naquele momento, eu soube que ela jamais seria capaz de esquecê-lo. Jamais seria capaz de deixar de amá-lo. Ele era a sua alma gêmea, eu tive essa certeza desde o primeiro instante. Então anos mais tarde, eu o conheci. Quando soube que ele havia voltado à cidade por ela, não me restou qualquer dúvida de que nada no mundo seria capaz de separá-los. Por mais que as circunstâncias tentassem mantê-los longe um do outro, o amor deles sempre seria forte para superar isso. Um sempre buscará pelo outro. Acredito que esse amor entre eles, venha de muitas outras vidas, onde sempre estão lutando para que continuem juntos. Eu tive plena convicção disso, quando os vi abraçados pela primeira vez, na cafeteria. Agora, eles estão aqui, prontos para unirem suas almas, pelo resto de suas vidas. Cá entre nós, eu me sinto muito honrado em poder fazer parte desse momento, pois um amor verdadeiro como o deles, deve ser celebrado. Sei que aqui, muitas pessoas estão faltando. Pessoas importantes, que vocês dois queriam que estivessem presentes. Mas, saibam, que em algum lugar, essas pessoas que já nos deixaram, assistem a este momento tão lindo, emocionadas, compartilhando com vocês a felicidade que reina aqui. Sei que estão orgulhosos em ver, como vocês cresceram e como se amam.

            Agora, peço que os noivos façam seus votos, para que possamos continuar a oficializar sua união. Você primeiro, Annelise. — Rayan disse, enquanto Annelise virava de frente para Lysandre, segurando as duas mãos do noivo. Ela tremia e podia senti-lo tremer também. Estavam inegavelmente emocionados.

            — Lysandre, durante toda a minha vida, eu acreditei que algum dia eu fosse encontrar alguém, a quem eu amaria com todo o meu coração. Alguém, que me fizesse ter certeza de que o amor existe e que eu poderia amar e ser amada. Quando o vi pela primeira vez, senti que já o conhecia a minha vida toda. Eu não sei explicar, mas desde que nossos olhares se encontraram naquele porão, eu percebi que você era o único. Talvez isso seja verdade. Talvez, haja de fato uma vida além dessa. Uma vida antiga, onde nos amamos desesperadamente, assim como o amo agora. E, se realmente houver uma outra chance de voltar, eu vou procurar por você. Não importa quanto tempo passe. Eu sempre o estarei procurando, pois enquanto eu ainda existir, meu coração será seu. E, eu tenho certeza de que sempre irei amá-lo. Além dessa vida, além desse tempo, além de qualquer coisa que possa tentar nos separar. Sempre o pertencerei. — Annelise disse, irrompendo em lágrimas, chegando a soluçar em algumas partes. Lysandre também chorava ao ouvir o que a noiva dizia, segurando firmemente suas mãos.

            Rayan, tomou novamente a palavra, para dar continuidade a cerimônia, após ouvir os votos de Annelise. — Agora é sua vez, Lysandre. Diga seus votos. — Rayan disse, em tom amável.

            Lysandre respirou profundamente, tentando controlar o choro, enquanto ainda segurava as mãos da noiva. Não seria fácil conter a emoção que o dominava naquele momento. — Annelise. — Ele começou, com a voz totalmente embargada. — Desde o momento em que nossos destinos se encontraram, eu me encantei por você. Me encantei por seu sorriso, sua simplicidade, sua generosidade em estar sempre preocupada com seus amigos. Me encantei, por sua alma. Impossível seria não me apaixonar por você. Assim como você sente que nossa ligação vem de outras vidas, eu também senti isso desde o primeiro momento. Eu sempre soube, que você era a mulher a quem eu amaria até meu último suspiro. Aquela, a quem eu desejava ardentemente algum dia poder chamar de minha. Nossas almas se completam. Nossos corações estão interligados pelo amor que nos consome. Eu jamais fui capaz de amar alguém, pois eu sempre soube que algum dia iria encontrá-la, mesmo antes de conhecê-la. Por mais que eu escreva sobre o amor, eu jamais o havia sentido antes de vê-la pela primeira vez, quando éramos dois adolescentes na escola. Agora, eu sei, que jamais serei capaz deixar de amá-la! De desejá-la! De querer passar o resto da minha vida ao seu lado. Eu a amo mais do que tudo. Sempre amarei. — Lysandre dizia, com certa dificuldade, em meio a um choro repleto de sentimento. Annelise era tudo em sua vida.

            Rayan estava com os olhos avermelhados, se segurando para não chorar também, tentando manter a postura enquanto tomava a palavra novamente. — Bem, agora vamos a confirmação. — Ele disse, com a voz embargada. — Annelise, você aceita Lysandre como seu marido, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias de sua vida até que a morte os separe? — Rayan perguntou, aguardando a resposta da noiva.

            — Aceito. — Annelise respondeu, esboçando um sorriso largo, ainda com os olhos marejados.

            — E você, Lysandre? aceita Annelise como sua esposa, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias de sua vida até que a morte os separe? — Rayan perguntou, esperando pela resposta de Lysandre.

            — Aceito. — Lysandre respondeu, nitidamente emocionado.

            Ao ouvir a resposta de Lysandre, Rayan sorriu satisfeito. Era hora de ir ao próximo passo. — As alianças. — Ele disse.

            Lysandre meteu a mão no bolso, retirando a caixinha e a abrindo. Enquanto Rayan dava continuidade na cerimônia.

            — Lysandre, por favor repita as seguintes palavras: Eu, Lysandre, recebo você, Annelise, como minha esposa. Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe. — Rayan disse.

            Lysandre retirou a aliança menor da caixinha, colocando-a sobre o altar enquanto tomava a mão esquerda de Annelise. —  Eu, Lysandre, recebo você, Annelise, como minha esposa. Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe. — Ele disse, ao colocar a aliança no anelar de Annelise.

            — Agora você, Annelise. — Rayan disse, ao se virar para ela. — Repita por favor: Eu, Annelise, recebo você, Lysandre, como meu marido. Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe. — Rayan disse, aguardando a resposta dela.

            Annelise agora, pegava a outra aliança, segurando a mão de Lysandre, o olhando nos olhos, com um sorriso trêmulo. — Eu, Annelise, recebo você, Lysandre, como meu marido. Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe. — Ela disse, ao colocar a aliança no anelar esquerdo dele.

            Quando finalizaram a troca de alianças, Rayan tomou a palavra novamente. — Pelos poderes a mim investidos, eu os declaro marido e mulher. — Ele se virou para Lysandre, esboçando um sorriso gentil. — Pode beijar a noiva. — Rayan disse, enquanto Lysandre erguia o véu que cobria o rosto de Annelise, afagando a face dela com as duas mãos, usando os polegares. Em seguida, uniu os lábios aos dela, em um beijo doce e apaixonado.

            Em seguida, afastaram os lábios, saindo de mãos dadas do celeiro, enquanto os padrinhos e as madrinhas entrelaçavam os braços, saindo aos pares, atrás dos recém casados.

             Depois do casamento, era chegada a tão esperada hora da valsa dos noivos. A pista de dança improvisada, montada próximo ao pomar enfeitado com rosas brancas e faixas de cetim branco, começava a ser esvaziada pelos casais para que os noivos pudessem dançar.  Lysandre estendeu a mão para Annelise, que a segurou prontamente. Em seguida, o rapaz guiou sua esposa até o centro da pista de dança, enquanto a música do casal tocava. 

                Ele envolveu a cintura de Annelise com a mão destra, enquanto segurava a mão dela com a canhota. A moça, por sua vez, pousou a mão destra sobre o ombro do marido, enquanto era guiada por ele na dança. 

                    A música suave, os embalava enquanto seus pés deslizavam pela grama verdejante, em passos lentos. Os olhos deles se encontravam, preenchidos da felicidade que os invadia. Porém, havia algo mais. Um pequeno detalhe que faltava, para tornar aquele momento ainda mais inesquecível. Algo, que até então, apenas Annelise sabia. 

                       A moça aproximou os lábios do ouvido do marido, enquanto ainda dançavam daquele modo lento. Era hora de contar algo importante, que havia escondido nas últimas semanas. — Eu estou grávida. — Annelise sussurrou. 
             
             Lysandre a olhou atônito, como se tentasse assimilar ao que lhe havia sido dito. Primeiro, surgiu um ar surpreso em seu rosto, enquanto ele ainda olhava para a esposa. Ele parecia ter perdido toda e qualquer reação, com aquela notícia. — Grávida? De verdade?! — Ele perguntou, ainda pasmo, chegando a gaguejar um pouco. 

                 Annelise sorriu, afirmando positivamente com a cabeça, enquanto levava a mão do marido ao ventre protegido pelo vestido de noiva. — Sim, querido. Eu estou grávida. — A moça afirmou pela segunda vez. 

                 Imediatamente o semblante de Lysandre se iluminou! O sorriso dele jamais fora tão amplo! Seus olhos marejaram, enquanto ele deslizava a mão sobre o ventre da esposa, o afagando. — Esse é definitivamente o dia mais feliz da minha vida! Eu vou ser pai! — As lágrimas agora caíam pela face do rapaz, que agarrou a cintura da esposa com as duas mãos, erguendo-a e rodopiando-a no ar. Em seguida, colocou Annelise no chão novamente, a abraçando forte. Agora, mais do que nunca, Lysandre sentia-se completo. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A roseira e os espinhos." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.