A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 38
Em busca da estabilidade.




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            Naquela noite, antes de deitar, Lysandre pareceu um tanto reflexivo. Havia uma ideia passando por sua cabeça, desde a noite em que pedira a mão de Annelise em casamento. Ideia esta, que o estava atormentando praticamente o tempo todo. 


            Morar em um apartamento alugado, não era muito seguro. A qualquer momento, a dona do lugar poderia pedir que saíssem. Além disso, ela já havia deixado claro que lá crianças não seriam bem-vindas. O que poderia se tornar um problema no futuro, já que ele e a noiva, queriam filhos.

            Claro, poderiam se mudar para a fazenda, mas o que Annelise faria com o café? Não poderia deixá-lo assim, ainda mais com os problemas que estavam sendo solucionados a passos de formiga. Precisavam encontrar algum lugar fixo. Algo que lhes garantisse uma verdadeira estabilidade e que não viesse a se tornar uma dor de cabeça futuramente. Talvez, já estivesse na hora de se unirem na compra de um imóvel, mesmo que modesto. Algo, onde pudessem começar a vida juntos, ainda que tivessem de reformar.

            Imaginava que seria algo a longo prazo, mas queria que tivessem uma casa própria antes do casamento. Seria uma segurança a mais para ambos, visto os planos e sonhos que tinham. De fato, estava na hora de começarem a procurar algo que estivesse de acordo com o orçamento que tinham. Afinal, Lysandre bem sabia que o dinheiro gasto com aluguel, não lhes traria qualquer retorno. De modo que seria mais razoável que aplicassem esse valor em parcelas de algo que lhes pertenceria.

            Quanto mais pensava a respeito disso, mais chegava à conclusão de que era o melhor a se fazer. Apenas, esperava que Annelise concordasse, já que o apartamento que ocupavam ficava literalmente na frente do café. Era muito cômodo! Não precisavam gastar gasolina para chegar ao trabalho; bastava só atravessar a rua! Além disso, o apartamento era muito bem localizado. Perto do mercado, da faculdade, hospital... Resumindo, basicamente ficava no lugar perfeito. O único problema, era que aquele lugar não lhes pertencia. Além disso, imaginava que a dona não o quisesse vender, pois ela montava sua renda mensal, alugando os imóveis que possuía. De modo, que, ao invés de vendê-los, estava frequentemente adquirindo novos apartamentos para alugar.

            Não havia outra solução: precisavam encontrar algo que estivesse a venda. Não queria correr o risco de um despejo, caso Annelise acabasse ficando grávida. A dona do apartamento fora muito clara ao dizer, que isso poderia acontecer, pois, ao seu ver, uma criança poderia acabar danificando o imóvel ao rabiscar paredes, quebrar objetos de decoração... Além, é claro, de incomodar os vizinhos com choro. Não, de forma alguma poderiam permanecer naquele apartamento depois de casados.

            Pensar sobre isso, o fez começar a ver anúncios em páginas de imobiliárias, pela internet. Seria bom para começar a ter uma ideia do que deveriam procurar. Era o mais prudente a se fazer, no momento. Poderiam ver algo de que gostassem e depois irem avaliar pessoalmente o lugar. Mas, claro, precisaria pesquisar antes a reputação das imobiliárias, para que não houvesse o risco de caírem em um golpe.

            Annelise entrou no quarto, já usando a camisola de cetim rosa-claro, secando os cabelos com uma toalha, quando viu Lysandre sentado à escrivaninha que tinha no quarto, vendo alguma coisa no notebook. Pelo jeito como ele estava concentrado, parecia ser algo importante.

            Ela se aproximou do noivo, apoiando ambas as mãos sobre os ombros dele, por trás do rapaz, tentando ver o que ele pesquisava com tanto afinco. — Não vem para a cama, amor? — Ela indagou, ainda debruçada sobre ele.

            Lysandre levou a mão destra até a mão da namorada, pousando-a ternamente ali por breves instantes, cruzando o braço por sobre o ombro canhoto. Em seguida, afastou a mão dali, tornando a pousá-la sobre o teclado do notebook. —  Ah sim, já vou, querida. Só preciso terminar o que estou fazendo e já vou me deitar, certo? — Ele respondeu,

            — E o que está fazendo? — Ela perguntou, estranhando um pouco ao vê-lo acessando a página de uma imobiliária.

            — Estou dando uma olhada em alguns imóveis. Acho que com o casamento, teremos de começar a pensar em uma casa própria. — Lysandre comentou, ainda rolando a página, enquanto via os anúncios.

            Annelise pareceu surpresa com o comentário dele. Afinal, Lysandre nunca tinha sequer tocado naquele assunto. De fato, não sabia muito bem o que pensar. — Lys, imóveis são caros! Não temos dinheiro para comprar uma casa, ou um apartamento. —  Ela o advertiu.

            Lysandre, no entanto, virou o rosto para olhá-la, já presumindo que ela diria aquilo. Afinal, não era nenhuma mentira, já que ainda estavam quitando as dívidas do café. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que precisariam encontrar algo que fosse dos dois de uma forma definitiva.

            — Sim, concordo com você. — Ele disse. — Mas, aluguel é algo que não nos gerará qualquer retorno. Não há estabilidade em continuarmos aqui, compreende? Sei que talvez você possa não concordar com isso, mas, podemos voltar para o apartamento do Leigh por algum tempo. Assim, o valor que gastaríamos com o aluguel, poderá ser utilizado para a compra de algo que seja nosso, de fato. Além disso, nós só ficamos na cidade cerca de quatro dias por semana. O que, ao meu ver, implica em um mal uso do aluguel que pagamos. — O rapaz argumentou. — Outra coisa que me deixa um tanto desconfortável, é a clara implicância que a senhoria tem para com crianças. Já que nós pretendemos ter filhos, imagino que residir aqui será um problema. Então, vejo nisso mais uma excelente razão para começarmos a procurar uma casa própria. E se você acabar engravidando? Como faremos? Não temos muita escolha, Annelise. — Ele tratou de explicar a situação, do modo mais transparente possível. De fato, aquela era uma situação que estava o deixando preocupado.

            Ela sabia que ele estava certo. Os argumentos de Lysandre eram todos muito válidos! Annelise estaria mentindo, caso dissesse aquilo não a preocupava. No entanto, também sabia de seus problemas financeiros. Embora a situação do café já estivesse melhorando, ainda tirava seu sono.

            — Mas não acha muito arriscado? Pensa bem, estamos endividados ainda com os credores. Temos que resolver a situação do café quanto antes! Além disso, mesmo com as encomendas e o ótimo movimento que temos tido, ainda não é o suficiente. Então como faremos isso? — Ela indagou, em tom preocupado. Não queria frustrá-lo, mas precisava fazer com que o noivo compreendesse a gravidade da situação. — Mesmo que fiquemos no apartamento do Leigh, o valor que economizaríamos no aluguel, talvez não seja o suficiente para pagarmos a mensalidade de uma casa. — Ela o advertiu.

            — Sim, eu sei disso. — Lysandre começou. — Mas, tenho algumas economias guardadas. Quem sabe já não dê para abater uma boa quantia do valor? Além disso, se juntarmos as economias que temos, mais o valor do aluguel, imagino que consigamos comprar algo pequeno. Nada luxuoso, é claro, mas o suficiente para que possamos ir arrumando aos poucos. Até mesmo um terreno já seria o suficiente, pois poderíamos construir do zero. Acredito, inclusive, que seja algo que nos saia mais em conta. O que não podemos, Annelise, é continuar aqui sem qualquer estabilidade. — Novamente, ele buscou mostrar a ela, quão arriscado seria se continuassem ali. Embora fosse um tiro no escuro saírem atrás de um novo imóvel, teriam de arriscar. Era para o bem deles.

            Annelise pareceu refletir por alguns minutos. Tudo o que Lysandre dizia tinha muito fundamento. De fato, poderiam acabar sem ter onde morar a qualquer momento, caso a senhoria visse algo que desaprovasse. Talvez, já estivesse mesmo na hora de procurar algo que estivesse em suas posses.

            — Você já viu algo interessante? — Annelise indagou. Quanto antes começassem a procurar algo, melhor seria.

            — Bem, eu vi alguns anúncios aqui. Alguns me chamaram bastante atenção. Mas, esse foi o que eu achei mais razoável de acordo com o que temos. Mas, já adianto que é algo bem simples. — Ele disse, ao clicar no anúncio, mostrando para Annelise.

             De fato, era uma casa bem pequena, com quatro cômodos. Uma sala pequena, cozinha, banheiro e um quarto. Pelas fotos, Annelise pôde ver que não havia acabamento algum, de modo que teriam de reformar. Mas, o valor era baixo e não ficava longe dali. Na verdade, era próxima à casa onde morou com os pais, quando adolescente. Além disso, o valor do imóvel era muito baixo! Teriam de consultar as economias que ambos tinham, para ver se era possível dar uma boa entrada e o restante do valor em parcelas. Era algo que valia a pena ser visto. — Parece bom, para começarmos. — Annelise comentou.

            — Sim, eu concordo. Além disso, já verifiquei a reputação da imobiliária. É bem confiável. Aqui no site consta que a documentação está em dia. Mas, antes de formalizarmos a compra, podemos verificar isso no cartório de registo de imóveis. Em todo o caso, acho que deveríamos agendar uma visita, para vermos a casa. O que você acha? — Ele perguntou, olhando novamente para a noiva. Como casal, precisariam tomar todas as decisões juntos.

            — Acho uma boa ideia. Tenta marcar a visita para amanhã, na hora do almoço. Assim, vai ser mais fácil de irmos até lá. — Ela sugeriu.

            — Perfeito. Vou agendar a visita, então. Imagino que o valor do imóvel seja bem atraente para várias pessoas. De modo, que devemos vê-lo quanto antes. — Lysandre comentou, enquanto agendava através do site, o horário de visitas, recebendo a confirmação por e-mail. Agora, era só esperar até o dia seguinte, para que pudessem ver a casa. Estava bem ansioso, por isso. Esperava que não fosse algo deplorável, que acabaria tendo um custo muito alto para reformar.


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