A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 25
Juntos novamente.




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            Castiel era incapaz de fechar os olhos à noite toda. Estava aflito, naquela cela gelada. Tudo o que queria, era dar o fora dali! Não poderia permanecer naquele lugar! Tinha que dar um jeito de sair. Precisava fazer isso, antes do sol nascer, para que não perdesse o avião. Afinal, não queria perder a viagem.

            O mais engraçado naquilo, era que não se arrependia em nada, do que tinha feito. Ao contrário: estava muito mais irritado com Annelise, do que antes. Não conseguia engolir o fato de que ela o tivesse denunciado. Encarava aquilo como uma traição muito maior, do que ter visto Lysandre a beijando. Aquela maldita havia ferrado com ele! Sua ficha ficaria suja pelo resto da vida, graças a ela. A traidora que partira seu coração, agora deveria estar rindo de sua desgraça! Sim, estava certo de que Annelise e Lysandre, estavam se regozijando a respeito de sua vergonha.

            Assim que saísse da prisão, iria atrás deles. Não deixaria aquilo barato! Lysandre e Annelise pagariam caro pelo que lhe fizeram. Não importando quanto tempo isso levasse, os faria amargar!

            Sentado no chão de cela, ao lado do beliche de concreto, Castiel olhava severamente para as grades que o mantinham preso. Tudo o que mais queria, no momento, era sair daquele lugar apenas para quebrar a cara de Lysandre. Nada era capaz de aplacar sua raiva! Nada seria o suficiente para fazer com que ele esquecesse o que tinha visto.

            Era impossível não pensar que Lysandre a tocava! Que a beijava! Que a fazia sua! Quanto mais pensava nisso, mas tinha certeza de que teriam dormido juntos, quando ele ainda namorava com ela.

            Assim que estivesse fora da cadeia, faria com que aqueles dois traidores sofressem tanto quanto ele estava sofrendo. Só ficaria em paz, quando acabasse com a alegria dos dois. Principalmente de Lysandre, que voltara unicamente para destruir a sua vida. Quanto a Annelise, a recuperaria de qualquer jeito! Era sua! Unicamente sua! A faria entender isso de qualquer maneira, não importando o que tivesse que fazer. Ela era sua obsessão! A única coisa a qual desejava. A tiraria de Lysandre de qualquer jeito!

            Era perigoso estar sozinho com aqueles pensamentos doentios, regados a ódio, desejo e mágoa. Perigoso não só para si, como para o alvo de sua ira. Pois, cada segundo sozinho com sua mente adoecida, fazia com que suas ideias pérfidas se tornassem ainda mais fixas.

            Estava preso não só atrás daquelas barras metálicas. Mas, sim, em uma ânsia doentia, por livrar-se de Lysandre. Ele, que algum dia fora seu melhor amigo, era agora a imagem de tudo aquilo o que mais odiava. Um miserável, que tomara de si a mulher amada. Um desgraçado, que sumira por anos e voltara apenas para roubar aquilo que lutara para conquistar.

            Já Annelise, aquela vadia desgraçada, era uma mentirosa! Uma ordinária, que o iludiu! Ela o fez acreditar que o amava! Que queria estar ao seu lado! Que queria construir uma vida com ele! Agora, mostrava-se uma ingrata, ao trocá-lo na primeira oportunidade.

            Sentia-se cada vez mais amargurado, quando pensava em Annelise nos braços de Lysandre. Poderia ter dado o mundo a ela! Tal qual um marajá que presenteia sua cortesã. No entanto, sua amada cortesã, agora trocava a vida de luxos a qual ele poderia lhe oferecer, pelo amor lastimável de um pobre tocador de cítara. Era exatamente como a história contada em Moulin Rouge. Ele, que poderia dar tudo o que Annelise quisesse, fora trocado por aquele que não possuía nada.

            O ciúme estava intrincado em sua alma! Ele devorava suas entranhas! Embrenhava-se em seu âmago e domava seu coração selvagem. Era controlado por uma porção de sentimentos negativos, que não o deixavam. Sua Roxanne o deixara com o coração sangrando. O iludiu! O traiu! O feriu da forma mais suja possível! O fez crer que era o único! Que era o dono de seu amor. Quando, na verdade, apenas brincava com seus sentimentos, como se nada fossem.

            Ele continuava ali, sentado no mesmo lugar, mergulhado na escuridão de sua insanidade. De sua luxúria! De sua amargura persistente. Teria continuado remoendo todos aqueles pensamentos vis, caso o carcereiro não tivesse aparecido. A silhueta esguia que, surgia diante das barras de ferro, consumindo um pouco da luz bruxuleante daquele corredor.

            Castiel o fitou com certa curiosidade, embora ainda mantivesse aquela expressão concentrada, irritada, em seu rosto. Queria entender o que aquele homem desejava. Sequer imaginava o que ele estaria fazendo ali, o examinando em silêncio. Todavia, logo a resposta veio, no momento em que o carcereiro inseriu a chave na fechadura, girando-a até que a porta da cela se abriu.

            — Sua fiança foi paga, Castiel. Você já pode sair. — O homem disse, o fitando com certo desprezo. Já vira aquilo uma centena de vezes: rapazes que por terem alguma fama, se achavam no direito de fazer o que quisessem. Aquele tipo o enojava!

            — Quem pagou a fiança? — Castiel indagou, mas o carcereiro não respondeu. Não queria perder seu tempo, com ele. Todavia, a resposta veio por si só, quando Zack surgiu no corredor.

            O rapaz lançava a Castiel, um olhar repleto de censura e decepção. Não conseguia entender como o amigo conseguira chegar àquele ponto. Sabia que cedo ou tarde, ele acabaria afundando a banda, caso persistisse naquele comportamento destrutivo.

            — Você precisa parar com isso, Castiel. Já é a segunda merda que você faz, em menos de dois dias. Vai acabar nos fodendo! — Zack afirmou, em tom irritado. Aquilo estava ficando insustentável. Castiel, como vocalista da banda, precisava ser o primeiro a dar um bom exemplo. Afinal, era ele a cara do Crowstorm. Não poderia ficar por aí, fazendo besteiras. Isso afetaria os outros integrantes. Algo, que ninguém ali queria.

            — Como sabia que eu estava aqui? — Castiel perguntou, como se ignorasse a bronca dada pelo guitarrista.

            — Todo mundo sabe. Filmaram a sua prisão, depois do vexame no café. Está nas redes sociais, cara. O Hyun ainda tentou dar um jeito, mas acabou não conseguindo. Foram milhares de compartilhamentos. É sério, você precisa parar de fazer merda! Eu só paguei sua fiança, porque amanhã cedo temos que viajar. Senão, você teria ficado mais um tempinho aí, para pensar nas coisas que está fazendo. — Zack afirmou, ainda naquele tom irritado.

            — E se fosse contigo? Se a Leopoldine te trocasse por outro? Não faria o mesmo? — Castiel perguntou.

            — Se a Leopoldine me trocasse por outro cara, eu teria a dignidade de deixá-la ir. Não iria ficar me humilhando e nem tentando forçá-la a ficar comigo. Você deveria fazer o mesmo. Agora, vá para sua casa. Amanhã cedo temos de estar na estrada e você ainda tem que fazer suas malas. — Zack encerrou a conversa, guiando Castiel para fora do corredor.

            Annelise acordou, com o celular vibrando na cabeceira da cama. Esticou o braço, o pegando ainda meio sonolenta. Desbloqueou a tela, vendo que o nome de Rosalya aparecia no identificador de chamadas. Então, logo atendeu a ligação, se espreguiçando um pouco.

            — Alô? — Annelise disse, em tom preguiçoso.

            “Annelise! Vazou um vídeo do Castiel sendo preso! Ele estava em seu café!! O que aconteceu?! Você está bem?! — Rosalya atropelava a amiga com uma porção de indagações, quase gritadas. De fato, ela e Leigh tinham acabado de ver o vídeo no facebook, mostrando que aquele vídeo já estava sendo compartilhado por uma grande quantidade de pessoas.

            Annelise se sentou na cama, ainda um tanto sonolenta, começando a acordar aos poucos, por conta dos gritos de Rosalya. Afinal, sua amiga parecia apavorada com aquilo.

            — Eu estou bem, Rosa, não se preocupe. Eu terminei com o Castiel e ele não aceitou muito bem. O que é no mínimo engraçado, já que ele me traiu. Então, ele foi ao café e me viu beijando o Lysandre. Precisava ver como o Castiel ficou furioso! Quebrou tudo em minha cozinha e ainda tentou me agredir. Ainda bem que o Lys me defendeu, porque acho que estaria bem machucada, agora. — Ela explicou por alto, já um pouco mais desperta que antes.

            “Mas que cafajeste! Quem esse idiota pensa que é?! Você abriu uma queixa contra ele?” Rosalya perguntou, em tom de plena indignação.

            — Sim, eu abri. Espero que dê em algo, porque ele precisa pagar pelo que fez. Não pretendo encontrar com esse louco tão cedo. —Ela respondeu, encostando as costas à cabeceira da cama.

            “Eu também espero que ele fique preso, porque ele é perigoso. Ainda bem que você se livrou desse cara, Annelise! Está nítido que você estava presa em um relacionamento abusivo.”

            — Sim, eu me livrei de uma boa. Ao menos, agora estou tranquila, podendo ter ao meu lado o homem que eu amo. Você sabe melhor do que ninguém, Rosa, que eu jamais esqueci o Lysandre. Estou feliz por finalmente estarmos juntos novamente. — A voz dela parecia se tornar mais alegre, pelo simples fato de falar sobre o rapaz. Não podia negar: ele a fazia feliz, mesmo que tivessem reatado há pouco tempo.

            “Eu fico feliz em ouvir isso, porque sei o quanto vocês dois sofreram longe um do outro. Só espero que agora não se separem mais. Vocês se amam, Annelise. Devem ficar juntos.” Rosalya, de fato, estava feliz em saber que as coisas estavam começando a fluir, entre o cunhado e sua melhor amiga. Afinal, melhor do que ninguém, conhecia o passado dos dois.

            Ela estava certa, Annelise amava Lysandre mais do que qualquer coisa no mundo. Não queria nunca mais perdê-lo! Sabia que não suportaria, caso tivessem de se separar novamente.

            As duas conversaram por mais alguns minutos, até que finalmente encerraram a chamada. Estava tarde, Rosa precisava dormir e tinha medo que Thia acabasse acordando ao ouvir sua voz. Quanto a Annelise, perdera o sono, ao receber a ligação da amiga. De modo, que acabou saltando da cama, no intuito de ir até a cozinha beber um pouco de água.

            No entanto, quando saiu do quarto, se deparou com Lysandre dormindo tranquilamente no sofá. O rosto dele estava apoiado próximo a mão e seu corpo estava deitado lateralmente. Os cabelos prateados caíam sobre a testa alva; um sorriso suave emoldurava seus lábios róseos. Ele era lindo... Se fosse possível, ela poderia afirmar que o amava mais ainda, naquele momento.

            Aproximou-se de modo cuidadoso, sentindo medo de acordá-lo. Então levantou lentamente a coberta dele, deitando-se junto ao rapaz no sofá. Aninhou-se em seus braços, fechando os olhos suavemente, ao sentir o calor de seu corpo. Estar com ele, era tudo o que ela mais queria.

            Lysandre abriu lentamente os olhos, ao sentir o peso de Annelise sobre seu braço. Logo, sorriu, beijando-lhe o topo da cabeça, e inalando o perfume que vinha de seus cabelos. Abraçou-a carinhosamente, aninhando-a entre seus braços. Era ótimo sentir que ainda pertenciam um ao outro.  


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