A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 23
Uma catástrofe.




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            A garota olhava desolada, para a destruição que ficara em sua cozinha. Não conseguia acreditar que Castiel tivera coragem de fazer aquilo. Ela via toda a sua louça quebrada pelo chão, assim como os cupcakes esmagados pelos pés de Castiel. Tudo estava destruído! Copos, xícaras, pratos, doces espalhados por todos os lados. Era um cenário angustiante.

            Seus olhos marejavam, enquanto ela se abaixava para pegar a metade de uma xícara, que agora não passava de um pedaço de porcelana onde ainda havia a asa.

            — Ele destruiu tudo! Todas as minhas coisas! — Ela desmoronou. Não conseguia conceber quão descontrolado Castiel se mostrara. Ele havia agido como um monstro! Um louco! Alguém que certamente teria coragem de feri-la em um surto de raiva.

            Lysandre se abaixou ao seu lado, ajudando-a a se levantar. Lhe partia o coração ver Annelise assim.

            — Calma, não está tudo perdido. Ainda podemos dar um jeito. — Ele disse, afagando os braços dela.

            — Como Lys? Olha o que ele fez na minha cozinha! Como poderemos fazer os doces agora? Como serviremos o café? Não há mais nada! — As lágrimas rolavam convulsivas pelo rosto delicado, ao qual Lysandre se apressou em secar com os polegares.

            — Nós podemos fazer os doces no apartamento e trazê-los prontos para cá. Quanto aos cafés, podemos usar copos descartáveis, por enquanto. Ao menos, até conseguirmos louças novas. Ao menos, algumas coisas ainda estão salvas nos armários. Aos poucos, vamos conseguir repor tudo. Não vamos desanimar. — Lysandre sugeriu.

            Era uma saída. Algo que poderiam fazer, até resolverem aquilo. Claro, basicamente teriam que começar do zero, já que Castiel tinha destruído quase tudo o que estava ao seu alcance. Mas, ao menos, tinha Lysandre para animá-la. Novamente, ele era seu salvador, trazendo-lhe uma luz quando ela imaginava que tudo estaria perdido. Ainda assim, não podia evitar sentir-se destruída por dentro, ao ver tudo o que Castiel lhe havia causado naquele maldito surto. Mais do que nunca, sentia-se aliviada por estar livre dele.

            Nina entrou na cozinha, olhando pasma para o cenário caótico ao qual encontrava ali. De fato, um furacão parecia ter passado, destruindo tudo.

            — Annelise! Você está bem? — A garota loira perguntou, ainda pasma com a bagunça.

            — Ele destruiu tudo, Nina. Não deixou nada. — Annelise soluçou, ainda amparada por Lysandre.

            — Mas que filho da puta! — Nina disse, em tom extremamente irritado.

            — De fato, o Castiel exagerou desta vez.  — Lysandre afirmou, ainda mantendo aquele semblante sério. — Temos de ir à delegacia, abrir uma queixa formal. Ele quase agrediu a Annelise. — O rapaz sentia o sangue ferver em suas veias, cada vez que se lembrava da mão de Castiel, vindo em direção ao rosto da moça.

            — Desgraçado! Como ele pôde fazer uma coisa dessas? — A garota loira indagou, ainda atônita com toda a desordem que havia naquele lugar. 
  
             — Eu me pergunto a mesma coisa, Nina. Não consigo acreditar nisso. Preciso denunciá-lo, antes que ele faça algo mais grave. — Annelise respondeu, ainda desolada.

            — Vai lá, Annelise. Denuncia esse imbecil! Pode ir tranquila, que eu limpo essa bagunça, tá? — Nina disse de forma solicita. — Não deixa ela sozinha com aquele louco, Lysandre. Por favor! — A garota pediu, enquanto Lysandre ainda envolvia Annelise com os braços.

            — Obrigado, Nina. Nós estamos indo. Não se preocupe, ele não vai chegar nem perto dela. Eu não vou deixar de modo algum, que ele se aproxime. — O rapaz afirmou, enquanto guiava a moça para fora do café. Não poderiam deixar Castiel impune, depois de tudo o que ele causou.

            Na delegacia, Annelise era amparada por Lysandre, que a abraçava conforme afagava seus cabelos. Estavam sentados nas cadeiras ao lado de fora da sala onde iriam abrir o boletim de ocorrência. A garota estava ainda, assustada, ao pensar em tudo o que acontecera naquela manhã. Ela se sentia péssima! Boba! Ingênua, por nunca ter percebido os sinais de que Castiel era um homem violento.

            Nathaniel vinha pelo corredor, acompanhado de Eric, conversando sobre o trabalho. Aparentemente, haviam acabado de chegar à delegacia. Quando viram Annelise ali, foi inevitável a expressão surpresa. Ainda mais, quando Nathaniel viu que Lysandre estava com ela.

            — Annelise? O que está fazendo aqui? — Nathaniel indagou.

            — Preciso abrir um boletim de ocorrência contra o Castiel. — Ela respondeu timidamente, ainda com o rosto apoiado no peito de Lysandre.

            — Contra o Castiel?! O que ele fez? — Nathaniel perguntou, franzindo o cenho. Melhor do que qualquer um, conhecia o temperamento de Castiel. Imaginava que cedo ou tarde, ele acabaria fazendo algo idiota.

            — Ele destruiu a cozinha do café e tentou me agredir. — Annelise respondeu, de modo resumido.

            Nathaniel moveu a cabeça negativamente, soltando um suspiro de desaprovação. — Eu que achei que o Castiel não podia piorar, vejo que me enganei. — O rapaz loiro comentou. — Entrem, por favor. Eu vou abrir o boletim de ocorrência para vocês. — Nathaniel agora, abria a porta da sala, dando passagem para Annelise e Lysandre. Em seguida, ele entrou fechando a porta.

            Após formalizar o boletim de ocorrência, Nathaniel liberou Annelise e Lysandre. Imaginava que eles precisassem voltar ao café, para dar conta da bagunça que Castiel deixara no lugar. A verdade, era que ele ainda estava pasmo com o depoimento dado pelos dois. Por mais que soubesse que Castiel era um cara difícil de se lidar, jamais imaginou que algum dia teria de registrar uma queixa contra ele, ainda mais sobre algo tão absurdo. De fato, os anos só pareciam ter piorado seu temperamento.  

            Tão logo o casal saiu, Nathaniel mandou trazer Castiel. Queria ouvir sua versão dos fatos, antes de liberá-lo ou não. Talvez se arrependesse disso, mas era seu trabalho. Teria que fazê-lo, mesmo que não estivesse com muita vontade.

            Quando o ruivo entrou em sua sala, ainda algemado, Nathaniel percebeu que aquilo não seria fácil. Afinal, pela expressão de Castiel, era possível notar que ele não agiria de uma forma ponderada.

            Mais do que nunca, as diferenças que tiveram na época de escola, pareciam retornar, de modo que Nathaniel se sentia incomodado com a presença de Castiel. E, este, por sua vez, também não parecia muito inclinado a ter uma conversa com o oficial à sua frente.

            — O que você quer? — Castiel indagou, de forma ríspida.

            — Calma, só quero conversar. Já ouvi a Annelise sobre o acontecido no café e agora quero ouvi-lo. O que aconteceu lá? — Nathaniel perguntou, já se preparando para anotar a segunda versão dos fatos.

            — Isso não é da sua conta! — Castiel respondeu, em tom mais elevado.

            Nathaniel suspirou, negando com a cabeça. — Castiel, entende que desacato a autoridade é crime, não? Caso esse comportamento persista, eu posso prendê-lo. Então vou perguntar mais uma vez: o que aconteceu lá? — Nathaniel tentava manter a calma, mesmo não suportando o comportamento de Castiel. Afinal, o rapaz era insuportável quando irritado.

            Meio contrafeito, o ruivo decidiu falar, apenas para evitar mais problemas. Afinal, sabia que havia cometido mais um erro enorme, por conta de sua impulsividade.

            — Ela e eu terminamos, por conta da Debrah. Eu acabei cometendo um erro: dormi com ela e a Annelise me deixou. Eu tentei resolver as coisas numa boa, Nathaniel. Juro que tentei. Queria tentar fazê-la voltar para casa. Mas, quando entrei naquela cozinha e vi os dois aos beijos... Aquilo me enlouqueceu! Não suportei ver aquilo e acabei perdendo a cabeça. — Castiel explicou. Mesmo que não quisesse falar a respeito, sabia que se fazia necessário.

            — Os dois, quem? — Nathaniel perguntou, ainda anotando o depoimento de Castiel.

            — A Annelise e aquele desgraçado do Lysandre! Ele voltou para destruir a minha vida! — Castiel, novamente, erguia o tom de voz, batendo sobre a mesa com as mãos algemadas.

            — Eu vou pedir pela última vez que você se acalme, Castiel! Ou eu mesmo farei você se acalmar, em uma cela! — Nathaniel agora falava de forma mais rude, quase gritando. Estava a um passo de deter o rapaz.

            Castiel imediatamente moderou o tom de voz, já que não queria pagar para ver. Afinal, Nathaniel era a autoridade naquele lugar.

            — Enfim. Eu tenho certeza de que ela estava me traindo com ele. Isso ficou muito claro quando os flagrei na cozinha. — Castiel completou, tentando manter um tom moderado.

            — Vocês já tinham rompido? — Nathaniel indagou.

            — Sim. — Castiel respondeu secamente.

            — Então não é traição. — Nathaniel afirmou. — E, ainda que fosse, nada justifica o que você fez. Espero que tenha plena consciência de seu delito, Castiel. Vandalismo é crime! É bem provável de que tenha de pagar alguma indenização pelos danos causados, caso Annelise procure seus direitos. Além, é claro, de uma multa que você certamente terá de pagar. — Nathaniel explicou, tentando falar da forma mais calma possível. — Portanto, terá de ficar detido aqui, só sendo liberto através de pagamento de fiança, além da multa. — Mais uma vez, Nathaniel suspirou. Sabia que aquilo acabaria acontecendo cedo, ou tarde.

            — O quê?! Eu não posso ficar preso! Viajo em uma turnê amanhã! — Castiel pareceu indignado! Aquilo não poderia estar acontecendo.

            — Pensasse nisso antes de destruir o patrimônio alheio, Castiel. Terá que pagar pelo que fez. Vou deixá-lo pensando sobre seus atos, essa noite. A menos, é claro, que alguém pague sua fiança. — Nathaniel disse, se levantando de onde estava. Logo, chamou os policiais que haviam feito a prisão de Castiel. Iria dar entrada com a documentação, para mantê-lo detido.


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