A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 17
Livrando-se do pesadelo.




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            Quando chegaram ao apartamento de Leigh, Annelise demonstrou total timidez. Era como se fosse a primeira vez que entrava naquele lugar, apesar de já ter ido até lá diversas vezes, quando namorava com Lysandre.

            O rapaz vinha logo atrás, trazendo a mala da moça, que ainda estava completamente sem jeito. Ele riu um pouco, vendo quão tímida ela estava. Logo, curvou-se sobre Annelise, beijando-lhe carinhosamente a bochecha.

            — Não precisa ficar acanhada. Afinal, irá morar aqui por algum tempo. Quero que se sinta à vontade, está bem? — Ele disse, sem conseguir esconder a animação por vê-la ali. Parecia até mesmo nem mais sentir as dores pelo rosto, embora elas estivessem presentes.

            — Desculpe, é que eu achei que nunca mais voltaria para cá. — Annelise comentou. — É tão estranho estar aqui de novo. — Ela completou, enquanto seus olhos rolavam pelo apartamento.

            Sentiu que a mão de Lysandre tomava a sua, entrelaçando os dedos. Ela o olhou, corando abruptamente, vislumbrando aquele sorriso doce que a deixava sempre rendida. Era inevitável ficar desestabilizada.

            — Está tudo bem, Annelise. Você está em casa, agora. — Ele afirmou, enquanto colocava a mala dela no chão. Em seguida, afastou uma mecha de cabelo da testa dela, antes de beijar carinhosamente a ragião. Não queria que ela se sentisse sufocada, ou desconfortável.

            A garota pareceu relaxar um pouco, fechando os olhos por breves instantes, ao sentir os lábios de Lysandre em sua testa. Ele sabia melhor do que ninguém, como tranquilizá-la. Em seguida, os olhos foram reabertos, enquanto ela vislumbrava a face de Lysandre.

            Era tão grande a diferença no modo como ele e Castiel agiam. O ruivo era sarcástico! Explosivo! Arrogante. Enquanto Lysandre, por sua vez, era doce. Tão convidativo... Tão amável! Sabia perfeitamente como fazê-la sentir que estava sã e salva. Não precisava ter medo, enquanto estivesse com Lysandre. Pois, sabia que ele sempre faria com que tudo ficasse bem.

            O rapaz, agora, tornava a pegar a mala pela alça, erguendo-a do chão. — Vamos guardar suas coisas? — Ele perguntou, segurando a mão dela com a mão esquerda, enquanto carregava a mala com a direita.

            — Vamos. — Ela respondeu, em um sorriso cálido.

            Lysandre começou a guiá-la em direção ao quarto de Rosa e Leigh, para que pudesse desfazer as malas.

            Annelise jamais estivera no quarto de Leigh, quando visitara o apartamento, no passado. Parecia embasbacada, ao vislumbrar aquela decoração em estilo barroco. As paredes revestidas em papel de parede branco em arabescos dourados, o lustre de cristais que pendiam em uma cascata transparente, o roupeiro antigo de madeira mui bem talhada, a cama de dossel branco... Era tudo tão lindo! Parecia que aquele quarto fora tirado de um conto de fadas.

            Lysandre percebeu quão embasbacada Annelise pareceu, sorrindo de soslaio. Achava adorável vê-la tão fascinada por algo tão simples, algo ao qual ele já era habituado.

            Ele ia se aproximando do roupeiro, abrindo uma das portas enquanto ainda observava de canto a fascinação da garota.

            — Annelise. — Chamou, fazendo-a olhar para si, como se estivesse saindo de um transe. — Pode guardar suas coisas aqui, está bem? Por favor, vá se instalando, enquanto eu ligo para o Leigh. Preciso avisá-lo que você ficará aqui comigo. Não vou demorar para voltar. — Lysandre disse, antes de sair do quarto, deixando Annelise sozinha ali. A garota não demorou a pousar a mala sobre a cama de Leigh, abrindo-a e começando a retirar suas roupas dali e prendê-las em alguns cabides.

            Lysandre fechou a porta do quarto para deixar Annelise mais confortável, queria que ela tivesse alguma privacidade para guardar suas coisas. Logo, começou a se afastar do quarto, discando no celular o número de Leigh.

            Após chamar algumas vezes, a ligação foi atendida. Lysandre pôde ouvir a voz do irmão ao outro lado da linha, ao dizer-lhe: “Olá, Lysandre! Como vai?”

            Claro, tratou de respondê-lo rapidamente, valendo-se do mesmo tom cortês, que provinha de seu irmão mais velho.

            — Olá, Leigh! Estou ótimo! Grato que tenha perguntado. E quanto a Rosa e a Thia? Como estão? — Lysandre indagou, tentando usar um tom mais despojado, ainda que cordial.

            A resposta veio através da voz de Leigh ao outro lado da linha. “Estamos ótimos, fico agradecido que tenha perguntado. Aliás, se me permite perguntar, já conseguiu encontrar a moça?” O mais velho perguntou. Aquele era o momento para que Lysandre pudesse tocar no assunto.

            — Sim, inclusive gostaria de falar a respeito dela. — Lysandre começou.

            “Pois não, pode falar!”  Leigh respondeu.

            — Seria de seu desagrado, se eu a acolhesse aqui por alguns dias? — Lysandre indagou. Deveria ter falado com o irmão antes. Agora, estava com receio de que ele negasse. Caso ocorresse, não saberia o que fazer.

            “Por quê? O que houve? A Annelise não tem onde ficar?” Leigh perguntou, em leve tom de preocupação, atraindo a atenção de Rosalya que em sua máquina de costura fazia um vestido novo para Thia.

            — Ela e o Castiel terminaram. Como moravam juntos, Annelise ficou sem ter para onde ir. Portanto, pedi que viesse para cá até encontrar um apartamento. Espero que isso não seja um inconveniente. — Lysandre disse, em tom de insegurança.

            “Não! De forma alguma! Diga-lhe que é bem-vinda pelo tempo que for necessário.” A resposta de Leigh deixou Lysandre mais tranquilo. Era tudo o que precisava ouvir. Porém, assustou-se quando Rosalya aos berros, tomou o celular da mão de Leigh.

            “O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ, LYSANDRE?! EU DISSE PARA NÃO FAZER NENHUMA IDIOTICE!” Rosa gritou, fazendo com que o ouvido do rapaz doesse, forçando-o a afastá-lo do celular por alguns segundos.

            — Rosa, por favor, acalme-se. Eu não fiz nada. — Começou. — O Castiel cometeu um erro imperdoável. Ela saiu da casa dele por conta própria, depois do que descobriu. — Lysandre se justificou, notando que Rosalya agora abaixava o tom de voz.

            “O Castiel? O que ele fez?!” Rosalya indagou ao outro lado da linha, agora em tom mais preocupado.

            — Ele foi para a cama com a Debrah, ontem à noite. Chegou hoje de manhã caindo de bêbado. Acusou a Annelise de tê-lo traído, uma cena lastimável. Ela pegou suas coisas e partiu. Então, eu a trouxe para cá. Espero que isso não seja um incômodo para você, Rosa. Apenas quero ajudá-la. — Lysandre se apressou em explicar para Rosalya, em um modo resumido. Não queria ficar se aprofundando no assunto, com medo que Annelise acabasse ouvindo. Isso poderia deixá-la magoada.

            “AQUELE IDIOTA FEZ O QUÊ?!! COM A BISCATE, AINDA?!” Rosalya berrava de forma mais indignada. De fato, Lysandre poderia ouvir durante o surto raivoso de sua cunhada, a voz de Leigh ao fundo, dizendo: “Rosa, acalme-se, por favor!” E ela berrando de volta: “EU NÃO VOU ME ACALMAR COISA NENHUMA, LEIGH!”

            Lysandre não sabia o que fazer naquele momento, enquanto ouvia Rosalya soltar uma torrente de insultos, que deixaram-no vermelho. Era muito constrangedor!

            Rosalya, agora voltara a falar com ele, depois de insultar Castiel de todas as formas possíveis. De fato, Lysandre quase riu, ao ouvi-la chamar o outro de: “Cabeça de páprica!”  entre tantos outros insultos mais graves. Ela estava realmente furiosa com Castiel.

            “LYSANDRE, ESQUECE O QUE EU FALEI SOBRE NÃO FAZER NENHUMA IDIOTICE! VAI LÁ E BEIJA ELA!”  Rosalya ainda berrava, totalmente revoltada com o fato de que Castiel traíra sua amiga.

            Leigh se apressou em tomar o celular da mão de Rosalya, para que ela pudesse se acalmar. Estava com receio de que a esposa deixasse Thia assustada, com toda aquela gritaria.

            “Lysandre, nos falamos depois. Apenas mande um abraço a Annelise por mim, sim?” Leigh disse, antes de desligar rapidamente o celular.

                        Lysandre estava ainda sem reação, se perguntando o que tinha acabado de acontecer. Sabia que Rosalya tinha um gênio forte, mas jamais imaginou uma reação como aquela. Estava deveras sem graça!

            Guardou novamente o celular no bolso, ainda digerindo tudo o que acontecera naqueles poucos minutos de conversa. Ao menos, estava aliviado por saber que os donos do apartamento não ficariam incomodados com a presença de Annelise. Aquilo já era alguma coisa.

            Voltou para o quarto, vendo a moça terminando de guardar a última peça, que era um vestido bordô, de alças finas e comprimento mediano. Lysandre parou na porta que já havia aberto, observando o momento em que Annelise colocava o vestido no cabide, fechando a porta do guarda-roupas.

            — Precisa de ajuda com alguma coisa? — Lysandre indagou, começando a se aproximar dela.

            Annelise olhou em direção à porta, esboçando um sorriso discreto ao fechar a porta do guarda-roupa. — Não, eu já estou quase terminando, obrigada. — Ela respondeu, voltando para a mala, onde só restavam duas camisetas e um objeto que chamou a atenção de Lysandre.

            Os olhos dele pousaram sobre um colar preto que lembrava a forma do colarinho de uma camisa. Uma peça linda, a qual ele conhecia muito bem.

            — O colar que eu te dei! — Disse em tom perplexo. — Você ainda o guarda! — Era inevitável sorrir, ao curvar-se sobre a mala da garota, pegando a joia e examinando-a entre os dedos.

            Annelise corou imediatamente, desviando o olhar. Aquela peça fora a primeira coisa que colocou na mala, quando decidiu sair de casa. Era extremamente importante para si.

            — Eu nunca a jogaria fora. É uma das coisas que eu mais amo no mundo, Lysandre. Você me deu na noite em que disse que me amava pela primeira vez. — Ela respondeu.

            O coração de Lysandre parecia capaz de explodir dentro do peito. Ela ainda se lembrava desses detalhes! Ainda os guardava! Quase não podia acreditar.

            Ele agora abriu o fecho da joia, sentindo nela um peso nostálgico. — Permite? — Indagou.

            Annelise virou-se de costas para ele, levantando o cabelo para que o rapaz pudesse colocar o colar em seu pescoço. Ele, por sua vez, atou o fecho da joia, ao posicioná-la sobre o pescoço delicado da garota. Era quase como se revivesse a noite em que a presenteou com o colar.

            Agora, ele aproximou os lábios do ouvido dela, quando Annelise soltou os cabelos, deixando-os cair sobre as costas curvilíneas.

            — Continuo te amando, como na noite em que lhe dei este colar. — Lysandre sussurrou, abraçando Annelise pelas costas.

            — Eu também continuo te amando, Lysandre. Muito mais do que já o amava naquela noite. — Annelise disse baixo, sentindo os braços dele em volta de sua cintura, enquanto o peito dele era prensado contra suas costas.


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