A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 15
Ânimos elevados!




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            Castiel não conseguia conceber que Annelise havia de fato o deixado. Tudo o que conseguia sentir naquele momento, era ódio! Um ódio intenso, que rasgava seu peito. Ódio, por Lysandre, que conseguira roubar sua mulher.

            Na adega de sua casa, apanhou uma garrafa de Vodca, destampando-a e levando-a diretamente aos lábios. Já não mais se importava com a queimação que vinha em sua garganta. Tudo o que queria, era o torpor da bebida, para que pudesse aplacar sua dor.

            Era incapaz de perceber que tudo o que acontecera, fora por seu próprio mérito. Afinal, ninguém o havia forçado a ir para cama com Debrah. Fora por livre arbítrio! Era o único responsável por suas ações inconsequentes. Mas, mesmo assim, insistia em ver em Lysandre o causador de sua desgraça.

            Continuava tomando goles e mais goles da bebida, enquanto todo aquele álcool preenchia seu corpo. De fato, era difícil até mesmo ficar em pé. Ainda assim, se esforçava para andar pela casa, segurando a garrafa pelo gargalo.

            Em sua mente deturpada, a imagem de Lysandre abraçando Annelise, continuava voltando. As mãos dele envolvendo a cintura dela; os corpos tão próximos. Aquilo o assombrava! Perturbava! Atormentava! Enlouquecia!

            Num ímpeto furioso, Castiel atirou violentamente a garrafa contra uma das paredes. O vidro se espatifou e o líquido transparente jorrou. Um urro furioso escapou entre seus dentes, enquanto ainda via os fragmentos transparentes a voarem pelo ar.

            Nunca fora comedido! Jamais soubera controlar seus impulsos! Seu gênio parecia ainda mais desagradável e brutal, quando aliado com a bebida. Transformara-se em algo, ao qual tentara controlar quando sóbrio. Agora, desinibido pelo álcool, Castiel revelava aquilo que realmente era: um homem furioso, descontrolado, ciumento. Alguém que seria capaz de cometer uma atrocidade, caso perdesse todo seu auto controle.

            Mais uma vez, o impulso falava mais alto. Não queria ficar parado ali, inerte, vendo sua derrota. Então, mesmo sem se aguentar em pé, resolveu sair de casa. Precisava encontrar Annelise e trazê-la de volta! Não a deixaria livre para Lysandre! Isso estava fora de cogitação.

            Cambaleando pelos cantos, ele saiu de casa. Já sabia onde encontrá-la! Ou, ao menos, imaginou que soubesse. Presumiu que estivessem juntos: ela e seu maldito amante. Presumia que ele estivesse no único lugar que ainda poderia acolhê-lo. Sim, o apartamento de Leigh. Sabia perfeitamente que o dono da loja de roupas, jamais vendera aquele lugar. Era ali mesmo, que os procuraria! Só voltaria para casa quando retomasse o que era seu.

            Lysandre acordara cedo, como era de costume. Desde que voltara a fazenda, pegara o costume irreversível de se levantar das 05h. Fazia parte, quando se vivia na zona rural.

            Como já estava de pé, aproveitou para escrever um pouco, antes que Annelise chegasse. Imaginou que teria bastante tempo, para isso. Então, sentara no sofá, segurando um bloco de notas e uma caneta. Estava inspirado! Sentia-se assim, desde que voltara a ver a mulher a quem amava tão intensamente. Ela era sua musa.


            Era capaz de trazer ao papel, as mais belas e cálidas palavras de amor, quando se lembrava daquela que preenchia seu peito com este sentimento. Ela o fazia querer cantar, novamente! O revigorava! O acalentava em um doce amor, ao qual fazia-o se render.

            Começara a tracejar com a ponta da caneta, as primeiras palavras de um poema. Queria presentear Annelise, com algo saído de seu coração. Algo, que mostraria a ela o quanto a amava. O quanto a queria! O quanto estava feliz, por saber que em breve, a teria novamente.

            Estava tão compenetrado no poema, que não tinha a menor ideia de quanto tempo estava ali. Porém, ao ouvir as batidas violentas à sua porta, foi tomado por um sobressalto.

            Aquilo não parecia vir de Annelise! Era brutal! Havia nítida agressividade, na forma como punhos surravam sua porta, parecendo capazes de pô-la abaixo. Assustou-se inevitavelmente, erguendo-se do sofá. Estava apreensivo.

            Rapidamente, pegou um candelabro de prata em uma estante da sala, para se defender. Porém, paralisou ao ouvir uma voz familiar soou ao outro lado, deixando-o ainda mais atônito. Pousou o candelabro de volta em seu lugar, caminhando em direção a porta. 

            — ABRE A PORTA, LYSANDRE, SEU DESGRAÇADO! EU SEI QUE ESTÁ AÍ! — Esbravejava uma voz masculina, ao outro lado.
           
            Lysandre, mesmo sabendo que aquilo poderia não acabar bem, resolveu abrir a porta. Queria entender o que estava acontecendo! Annelise já teria tido aquela conversa com Castiel? Isso seria imprudente de se fazer, caso estivesse desacompanhada! Se fosse isso, então teria um motivo ainda maior para se preocupar.

            A porta foi aberta por Lysandre, que olhava para o rapaz extremamente alterado, ao lado de fora. Ele não parecia nada bem! O cheiro de álcool era forte! — Castiel? O que aconte-?!!! — Lysandre não teve nem tempo de terminar a frase, quando um soco atingiu no maxilar, fazendo-o cambalear para trás.

            —  CADÊ ELA, LYSANDRE?! —  Castiel gritou em descontrole, avançando em Lysandre, na tentativa de lhe dar um novo soco. Porém, estava tão bêbado que acabou errando.

            Lysandre, no entanto, segurou seu maxilar, sentindo-o doer. Sentiu um filete de sangue escorrer, percebendo que seu lábio fora cortado ao levar o soco.
           
            O punho de Castiel veio novamente em sua direção, mas Lysandre conseguiu desviar. — Castiel! Você precisa se acalmar! Está completamente bêbado! Eu não vou brigar com você, por favor, pare! — Lysandre disse, tentando contê-lo. Todavia, agora o ruivo lhe acertava um segundo soco, no olho destro, dessa vez.

            — VOCÊ ROUBOU MINHA MULHER, SEU FILHO DA PUTA!!! — Castiel gritou, mal se aguentando em pé. As palavras embolavam, tornando um pouco difícil a compreensão.

            Lysandre, por mero reflexo, acertou um soco no nariz de Castiel, fazendo-o cair sentado no chão. Aparentemente, o nariz fora quebrado, já que sangue jorrava por ele.

            — Você quebrou meu nariz! — Castiel disse em tom nasalado, segurando as duas mãos diante do rosto.

            Lysandre agora, se curvava sobre ele, o puxando pelo colarinho da camisa. O olhava severamente, achando o cúmulo o comportamento que ele teve.

            — Eu disse para se acalmar! Você sabe que eu abomino toda e qualquer forma de violência, Castiel, mas não me deu escolha! — Lysandre, embora irritado, buscava manter a compostura. — Agora, faça a gentileza de me dizer o que houve! — Ele ajudou Castiel a se levantar, ainda o olhando com desprezo. Era intolerável, que o ex-amigo tivesse ido até “sua casa”, para agredi-lo. Todavia, Lysandre era um cavalheiro. Um homem extremamente bem-educado, que fazia valer as regras básicas de etiqueta.

            Castiel, no entanto, ainda parecia irritado. Todavia, a dor no nariz o fez ficar quieto, ao menos por aquele momento. Tinha de encarar a realidade: não conseguiria brigar, quando mal conseguia ficar de pé.

            Lysandre o ajudou a sentar no sofá, lançando a ele um olhar severo. Reprovava aquela conduta. Porém, não poderia deixá-lo daquele jeito.

            — Não saia daqui. — Disse em tom frio, saindo da sala. Em seguida, caminhou até o banheiro do apartamento. Sabia que em uma das gavetas do gabinete, deveria haver alguma coisa para se fazer curativo. Afinal, quando se tem uma criança em casa, isso é algo necessário.

            Como presumiu, encontrou algumas bandagens, algodão e antisséptico. Aquilo serviria. Apanhou tudo o que encontrou na gaveta, antes de se olhar no espelho a sua frente.

            Vislumbrou seu reflexo, onde havia um hematoma arroxeado em volta de seu olho e outro em seu lábio. — Droga, Castiel! — Disse em tom irritadiço. Aquilo iria doer muito, no dia seguinte. Tinha certeza! Precisaria fazer uma compressa gelada naquele olho, mais tarde.

            Negou com a cabeça, dando um suspiro de descontentamento. Em seguida, fechou a gaveta onde estavam os itens para o curativo, voltando para a sala.

            Castiel continuava sentado onde estava, quando Lysandre voltou. Mal conseguia olhá-lo! Parecia estar voltando a si, lentamente. Talvez, os efeitos do álcool estivessem passando.

            Lysandre se aproximou, entregando a ele uma das bandagens e o frasco de antisséptico. Na verdade, jogou o frasco na mão de Castiel, que o apanhou quase no ar.

            — Está mais calmo? — Lysandre perguntou, se sentando no outro sofá. Queria manter-se longe de Castiel.

            O ruivo, por sua vez, embebia um pedaço de algodão no antisséptico, pressionando sobre o nariz que ainda sangrava. Em seguida, jogou o frasco para Lysandre que o segurou.

             — Cadê a Annelise, Lysandre? — Castiel perguntou, em tom mais ponderado, fechando os olhos, ao sentir a ardência do produto contra a pele.

            — Achei que estivesse com você! — Lysandre respondeu, também embebendo um pedaço de algodão no antisséptico, pressionando-o contra o lábio ferido.

            — Estava. Mas, nós brigamos e ela me deixou. Fez as malas e saiu de casa. Eu fiz uma burrada, cara. Ela não vai me perdoar. — Castiel respondeu, jogando a cabeça para trás, no intuito de conter o sangramento nasal.

            — O que você fez? — Lysandre indagou, de modo que sua voz saísse um tanto atrapalhada, pelo algodão que ainda era pressionado contra seu lábio.

            — Eu dormi com Debrah, e ela descobriu. — Castiel respondeu, ainda com a cabeça inclinada para trás.

            — Você fez o que?! — Lysandre disse incrédulo. — Castiel! Isso foi errado! No mínimo imprudente! Como pôde fazer isso?! — O rapaz estava horrorizado.

            — Sem sermão, tá legal? Eu sei muito bem que foi errado! Não preciso que me diga isso! — Agora ele voltava a cabeça para a posição normal, no intuito de olhar para Lysandre. — Além do mais, que moral você tem para falar alguma coisa? Você dormiu com a minha namorada! — O ruivo apontava com o dedo indicador para o outro rapaz.

            — Bem que eu queria. Mas, receio que esteja enganado. — Lysandre respondeu, agora molhando um segundo pedaço de algodão e o pressionando sobre a sobrancelha, onde também havia um corte. — Não vou negar: tentei beijá-la. Mas, Annelise foi decente. Disse que não o trairia. Nós não fizemos nada, Castiel. Por mais que eu quisesse, não houve nada. — Lysandre dizia com certa dificuldade, pois cada vez que movia o maxilar, sentia uma dor intensa.

            — Vocês não ficaram mesmo?! Merda! Preciso ir atrás dela. — Castiel praguejou, sentindo que o nariz voltava a sangrar. Novamente, inclinou a cabeça para trás, enquanto colocava a bandagem sobre o septo.

            — Melhor não. Conhecendo a Annelise, tenho plena convicção de que não deseja vê-lo. Vá para casa e tente descansar. Eu vou atrás dela. Acho que você já fez o suficiente. — Lysandre afirmou. Não podia negar que estava preocupado com Annelise.  Precisava encontrá-la o mais rápido possível, para saber se estava bem. Afinal, o estado em que Castiel apareceu em sua casa, era assustador. Temia que ele a tivesse machucado.


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