Mini World escrita por Spiral Universe


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Personagens de Stephenie Meyer, só estou brincando com eles...

P.S.: Obrigada pelos reviews, favs e etc :)



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Capítulo 19

Era novamente uma menina, de volta ao seu quarto em Phoenix. Outro pesadelo, ela pensou desanimada. Sabia que era só mais um pesadelo estúpido mesmo antes de se mirar no espelho e ver a si mesma com oito anos, naquele quarto que fora usado como prisão tantas vezes.

Mesmo sabendo que era só imaginação, Bella não pode controlar a sensação de sufoco. Dessa vez, não havia vozes do lado de fora, apenas o quarto trancado e ligeiramente escuro nos cantos. Aquela escuridão parecia crescer aos poucos, tomando centímetro por centímetro do chão, dos móveis, chegando perto dela.

Ela se sentou na cama e puxou as pernas para cima, encolhendo-se. Não estava gostando nada daquela sombra crescente. Como fora na vida real, a janela estava tampada por uma grossa e pesada cortina, de tecido escuro, impedindo qualquer luz de entrar. Bella sabia que provavelmente estaria fechada por trás de todo aquele pano; Renée raramente deixava a janela aberta, e quando o fazia costumava prender a cortina, de modo que Bella não conseguisse abrir.

Bella ficou ali, parada, vendo a sombra crescer até tomar todo o chão, até que não pudesse mais ver as paredes. Quando a cama ficou cercada de breu, foi quando as vozes começaram do lado de fora. Havia uma mistura desagradável de gritos e um choro agonizante, e então uma risada que gelou seu sangue. Uma risada insana, histérica. De Renée. Aquilo a assustou de verdade, pois nunca tinha ouvido Renée produzir tal som.

Foi o barulho de um estalo que a trouxe de volta. No meio dos outros sons e da risada, o estalo se destacou, alto e incomodo, como o barulho de uma explosão.

Estava caindo uma chuva pesada do lado de fora, quando ela acordou e se sentou. Edward se sentou também, preocupado.

— Esses pesadelos estão cada vez piores, hm? – Ele perguntou.

— Queria saber de onde está vindo isso. – Bella sussurrou.

— Eu diria para consultar um livro de sonhos, se acreditasse nisso.

Levou um tempo até seu coração assumir o ritmo normal e ela esquecer aquela risada sinistra. A tempestade estava forte, cheia de raios e trovões barulhentos, escondendo qualquer outro som. Ela ficou secretamente feliz por isso. Ao menos poderia se concentrar no barulho, e não em seus pensamentos.

Bella encontrou a televisão ainda ligada na manhã seguinte. Ela a desligou, estranhando. Charlie não estava mais em casa, embora isso não fosse tão incomum quanto o pai ter ido se deitar e não ter desligado o aparelho.

Ela foi para a escola e se distraiu com as aulas, lutando contra o cansaço da noite mal dormida. A chuva estava mais branda durante a tarde, enquanto ela ia para o trabalho, e parou totalmente quando ela foi para casa.

Bella fez o jantar e foi para sala, para conversar com Edward e esperar por Charlie. E esperou. E esperou. A comida estava há muito tempo fria quando ela foi comer, bem mais tarde, mas ela estava começando a ficar preocupada demais para se importar.

A meia noite chegou e passou e nada do pai aparecer. Não era do feitio de Charlie não avisar que passaria a noite trabalhando. Bella ficou esperando na sala, olhando ansiosamente pela janela sempre que ouvia qualquer barulho, apenas para se frustrar ao ver que não era o pai.

Ela acabou pegando no sono perto das quatro da manhã. Teve um pesadelo semelhante ao da noite anterior, mas este estava muito mais barulhento; ela estava ouvindo uma mistura infernal de choros e gritos, com um bip de furar os tímpanos de tempos em tempos. Acordou sobressaltada com a voz de Edward chamando-a.

— Meu pai chegou? – Foi a primeira coisa que disse ao se sentar, esfregando os olhos.

— Não, anjo, nem sinal dele. – Edward disse gentilmente – Vá até a delegacia e veja se está tudo bem.

— Minha escola...

— Já não dá mais tempo de ir. Já passa das onze. E um dia perdido não vai fazer diferença.

Bella levantou, fazendo uma careta ao notar o corpo todo dolorido. O sofá não era dos mais confortáveis para se passar uma noite. Ela subiu, tencionando ir levar o rosto, mas mudou de ideia e foi para o quarto de Charlie.

Era um ambiente sereno, só um pouco maior do que o quarto dela. Bella não notou nada de diferente ali, olhando rapidamente e por cima. A cama estava arrumada, o guarda-roupas fechado, tudo em seu lugar. Ela fez uma inspeção mais cuidadosa, dessa vez mexendo nas coisas. Não achou a grande bolsa que Charlie vulgarmente chamava de mala, mas tampouco notou a ausência de roupas o suficiente para significar uma viagem. As peças em falta nas gavetas poderiam muito bem estar no cesto de roupas sujas, e depois, por que o pai viajaria sem avisá-la?

Ela balançou a cabeça e se retirou, indo se arrumar. Estava um dia frio e escuro, com nuvens de aparência pesada. Bella não gostou; estupidamente, achou aquilo um mau presságio. Edward foi junto na picape, mas os dois não conversaram. Não havia clima para brincadeiras.

Não viu a radiopatrulha do pai no estacionamento da delegacia, e lá dentro encontrou Larry, um policial muito amigo de Charlie e muito bigodudo.

— Oi, Larry – Ela o cumprimentou.

— Bella, é você garota? – Ele sorriu e levantou da cadeira. Sempre a cumprimentava daquele jeito, mesmo que a visse várias vezes seguidas. – Você está cada vez mais alta, garota. Como vai?

— Estou bem, obrigada – Ela respondeu evasivamente – Larry, você viu meu pai? Não sei nada dele desde ontem.

— O qu... Charlie não te avisou?

— Avisar o que?

— Ele ligou ontem de manhã e disse que iria ficar uns dias fora, garota – Larry parecia muito confuso – Achei que ia sair de férias com você. Ele não te avisou, mesmo?

— Não – Bella respondeu tão confusa quanto ele – Ele disse para onde ia?

— Não, ele não disse. Só disse que ficaria fora por uns dias.

Bella encontrou o olhar chocado de Edward. No caminho de volta para casa, eles falaram e falaram, tentando achar uma lógica na atitude de Charlie. Não encontraram nenhuma. Bella voltou ao quarto do pai, procurando alguma pista de onde ele poderia ter ido. Novamente, não achou nada.

Ela não queria ir trabalhar naquela tarde; estava muito inquieta para isso. Mas Edward insistiu que ela fosse, dizendo que não faria diferença ela ficar em casa, já que não sabiam nada de Charlie, e que o trabalho a ajudaria um pouco a se distrair. Bella acabou concordando e foi, embora o dia não parecesse render.

De noite, em casa, a situação permaneceu igual. Ela fez o jantar e comeu pouco, sem muito apetite. Edward lhe disse para ir se deitar no quarto. Dessa vez, ela não o ouviu. Foi para a sala e voltou para o sofá desconfortável.

O pesadelo que teve naquela noite foi novamente barulhento. Ela tornou a acordar assustada, já de manhã, mas foi o barulho de um carro parando do lado de fora que a despertou. Bella se levantou em um pulo, sendo seguida por Edward, e ela encontrou Charlie ainda no quintal.

Em uma rápida primeira inspeção Charlie estava bem. Então, ela notou sua expressão. Ele parecia ter envelhecido vinte anos, os olhos perturbados. A olhou e havia muita dor em seu olhar, e se adiantou para abraça-la, o que a surpreendeu. Bella devolveu o abraço, confusa.

— Bella, eu sinto muito – Sussurrou – Me desculpe, Bella, por favor...

— O que foi? – Ela perguntou sem entender.

— Eu devia ter visto, devia ter te protegido – Continuou – Eu lamento tanto...

— Pai, o que aconteceu? – Estava começando a se preocupar de verdade.

— Aquela... Aquela mulher – Cuspiu a palavra com nojo – Filha, por que nunca me contou o que aquela bruxa fazia com você?

Bella congelou.

— Pai – Ela começou, muito tensa – Você...

— Ouvi tudo, tudo, Bella – Charlie encontrou seus olhos – Ela te trancava como se você fosse um bicho, filha. Te deixava sem comer. Por Deus, Bella, por que nunca me contou?!

Ela o encarou, incapaz de encontrar algo para dizer. Como Charlie poderia saber disso agora?

— É melhor entrar – Edward falou tomando a frente – Tem muita coisa para ser dita, anjo.

Bella concordou e levou o pai para dentro. Não foi uma tarefa fácil; suas pernas pareciam feitas de gelatina e Charlie parecia ter se esquecido de como andar. Ela estava muito chocada, muito tensa, com o que viria a seguir. Achou melhor que estivessem sentados, portanto o levou para a sala e se sentou de frente para ele. Edward ficou ao lado dela, bem sério.

— Pai, onde estava? – Foi a primeira coisa que perguntou. Teria que começar pelo começo, decidiu.

— Em Phoenix. Fui atrás daquela... Daquela... – Seus olhos faiscaram de raiva; não parecia encontrar uma palavra suficientemente ruim para se referir a Renée – Fui até lá para ouvir da boca dela, para saber... Precisava saber...

— Como ele descobriu? – Edward perguntou.

— Pai, como você descobriu isso? – Ela ecoou a pergunta.

— Ouvi você falando... Com alguém – Charlie contou, exausto – Fiquei com isso na cabeça. Simplesmente... Encaixava. Tudo começou a fazer sentido. Seus medos, seu jeito assustado, a reação de Renée. Tudo. Eu comprei uma passagem e voei direito pra lá, não querendo... Não queria acreditar na minha própria burrice. Como pude ser tão cego? Ela me passou o endereço quando veio para cá, e eu segui direto. Phil estava lá quando cheguei, ela não queria falar na frente dele, mas eu estava tão furioso. Ela ficou surpresa por me ver, e depois com raiva quando comecei a perguntar.

Bella não conseguiu se impedir de olhar para Edward naquele momento. Ele era o único com quem ela falava sobre aquilo. Charlie tinha ouvido os dois conversando, aparentemente.

— Quando Phil começou a pressionar também, ela confessou. Ela confessou, Bella, no maior descaramento. – A voz dele tremeu de raiva – Disse que só estava tentando fazer o melhor pra você, que te trancava, que não podia deixar você ter contato com as pessoas, pelo seu próprio bem. Ela disse que às vezes se esquecia de te dar comida, de te deixar tomar banho... Inferno, ela agiu como isso não fosse nada demais, filha. Bella, por que nunca me disse nada?

Ela o encarou. Se sentia tonta com a surpresa.

— Eu... Achei que não iria acreditar em mim – Bella murmurou – Achei...

— Como eu não acreditaria, Bella? Eu jamais duvidaria de você sobre isso – Charlie respondeu e se levantou, indo se abaixar na frente dela – Jamais. Se eu soubesse antes... Eu vou mandar aquela mulher para a cadeia, juro que eu vou. Ela nunca mais vai chegar perto de você de novo, filha.

Bella engoliu em seco, assentindo. Enfim, a verdade. Tinha pensado em um milhão de cenários que se sucederiam após aquela descoberta, nem todos bons. Ela não estava esperando a imensa onda de alívio que a tomou, nem de longe. Como se uma pedra tivesse sido retirada de suas costas. Todo aquele tempo imaginado que Charlie não acreditaria nela, que duvidaria, que escolheria acreditar em Renée... Parecia tão tolo agora.

Quando Charlie a puxou para outro abraço, aquele alívio se intensificou em dez vezes. Tivera tanto receio, tanto medo. Era tudo infundado. Charlie acreditava nela, nela, não em Renée. Deixou algumas lágrimas caírem antes de se recompor. Edward deu a volta e ficou atrás de Charlie, de modo que pudessem se olhar.

— Você está bem, anjo? – Ele perguntou gentilmente.

Ela balançou a cabeça levemente, para que Charlie não sentisse. Eles se separam e o pai a olhou profundamente.

— Sei que há algo em você, Bella – Charlie parecia exaurido, muito mais velho do que realmente era, mas seu tom era carinhoso – Ela me disse uma vez que você via coisas, quando você tinha sete anos. Achei que era coisa de criança, um amigo imaginário ou coisa assim. Nunca sonhei... Por Deus, Bella, nunca me passou pela cabeça que ela te maltratava por causa disso. Quando você veio morar comigo, eu percebi também.

Bella sentiu o alívio se azedar um pouco, contra sua vontade.

— Percebeu o que? – Ela perguntou.

— Você fala com alguém, e parece ser sempre a mesma pessoa. Ouço você falando no quarto, e também vejo você olhando para o nada como se tivesse alguém.

Edward apertou os lábios. Bella fez o mesmo, estranhamente sem graça. Obviamente, não tinham sido tão discretos como ela pensava. Ela se perguntou quais das conversas ele tinha ouvido e sentiu o rosto esquentar; nem todas tinham sido muito decentes.

— Você acha que eu sou louca? – Indagou, meio brincando, meio preocupada.

— Não. – Charlie disse com sinceridade. – Você não é louca, Bella. Não parece ser loucura. Algum dia... Eu quero que me explique isso direitinho. Eu imagino muitas coisas diferentes sobre isso, mas algum dia quero ouvir de você o que isso é de verdade.

— Algum dia... Não hoje?

— Não, filha, hoje não. Não me importo com isso, não é um problema. Só deixe seu velho pai acalmar o coração antes. Um baque de cada vez. – Charlie abriu um sorriso cheio de pés de galinha.

Bella sorriu também, para ambos. Edward riu baixinho.

— Não foi tão ruim, no final das contas. – Ele falou, parecendo tão aliviado quanto ela.

— Bella – Charlie hesitou por um momento, e depois respirou fundo – Tem alguém atrás de mim, não é? Você está olhando.

— Tem – Ela admitiu por fim, surpresa com a naturalidade das palavras do pai.

— É alguma coisa feia?

Ela precisou fazer força para não rir da careta ofendida que Edward lançou a Charlie.

— Não, ele não é feio. – Bella comentou.

— Que bom. Um dia você vai me explicar, um dia... Um dia...

O pai a puxou para mais um abraço apertado e longo, prometendo que jamais deixaria algo parecido acontecer e pedindo mais desculpas por não ter percebido nada antes. Disse também que a amava mais do que tudo, e enfatizou que não se importava com o as coisas que ela via. Bella guardou aquelas palavras em um lugar muito profundo em seu coração, para que se lembrasse delas para sempre.

Ela faltou novamente na escola, e de tarde ligou para o Sr. Newton e disse que não poderia ir trabalhar naquele dia. Não queria ir; o mundo lá fora poderia esperar um pouco. Charlie foi tomar um banho e dormir durante a tarde, já que seu sono havia sido escasso nas 48 horas anteriores.

Havia um clima bem leve no jantar daquela noite. Bella não mais evitava olhar para Edward, sentado ao lado dela. Charlie não fez mais comentários sobre isso, demonstrando estar suficientemente satisfeito que não fosse nada feio ali, fazendo companhia aos dois. Mas Edward e Bella tinham chegado a um consenso silencioso sobre conversar abertamente na frente de Charlie; era melhor não. Ao menos, ainda não.

Bella não quis deixar nada perturbar aquela paz que estava sentindo. Nem mesmo quando Charlie falou sobre o processo contra Renée, que iria abrir no dia seguinte. Ela sabia que era inevitável. Enquanto comia, pensava em tudo que tinha acontecido, desde as longas e sábias conversas com Alice até a fria confissão de Renée.

Renée tinha escolhido seu próprio caminho, isso era um fato. Era justo que pagasse por suas ações. Apesar disso, Bella se sentia desconfortável com a perspectiva do problema judicial que estava vindo. Não ia ser uma coisa agradável, mesmo que Renée merecesse.

Quando foram se deitar, ela ainda estava com esse pensamento.

— Foi mais tranquilo do que eu achei que seria – Edward comentou enquanto se deitavam.

— Para nós, pelo menos. Deve ter sido bem feio, a briga que eles tiveram.

— Me admira que Renée tenha confessado.

— Me admira que ela achasse que estava me fazendo um favor com tudo aquilo. O que passa na cabeça dela?

— Nada normal, eu acho. – Ele a examinou na penumbra – Te incomoda que Charlie vai abrir um processo, não é?

— É o que ela merece.

— Não discordo disso, anjo. Mas estou perguntando o quanto isso te incomoda.

— Diga você, você foi um dos que disse que eu ainda a amava. – Bella disse baixinho.

— É uma verdade, por mais infeliz que seja. – Ele respondeu – Isso não vai ser fácil. Ela provavelmente ficará presa.

— Será? – Bella considerou– Já se passaram muitos anos.

— Charlie vai lutar para que isso aconteça, anjo, tenha certeza disso. Ele não vai deixar ela sair dessa com uma multa em dinheiro, menos ainda depois dela ter agido com tanto descaso. Ela não se arrepende de nada do que fez.

— Talvez mude de tática no tribunal, para salvar a própria pele. Ela é boa em convencer as pessoas.

— É algo que podemos esperar – Edward concordou – Mas, para ser sincero, as chances estão contra ela. Ela confessou na frente de Charlie, um chefe de polícia, e na frente de Phil, que vai ser outra testemunha.

— Acha que Phil vai testemunhar? – Ela perguntou bem curiosa – Charlie não falou como ele reagiu sobre isso.

— Se ele realmente preza tanto a família, não vai aceitar tranquilamente o fato de que Renée maltratava a própria filha. Se aceitar, ele é um completo hipócrita.

— Bem, ela fez, sabia que era errado, continuaria fazendo se pudesse. É justo que ela pague por isso, de algum jeito.

— Ainda sim, você se incomoda. – Ele apontou.

Ela não respondeu.

— Quando for para a nova cidade, anjo, acho que deve procurar ajuda psicológica. – Edward continuou – Sei que isso não te agrada, mas é o melhor caminho para colocar as coisas no lugar.

— Você me ajuda bastante – Bella replicou.

— Não o suficiente, não do jeito que você precisa. – Ele insistiu – Anjo, o que está vindo por aí não será fácil, e você já tem os problemas do passado para lidar. Você precisa trabalhar a aceitação de muita coisa, Bella. Inclusive o fato de ainda se importar com sua mãe, mesmo contra sua vontade.

Ela o encarou e estreitou os olhos.

— Você não vai parar de falar disso até eu concordar, não é?

— Você me conhece bem, anjo.

— Eu sei que é bem idiota ainda me importar com ela a ponto de me incomodar que ela seja presa – Bella disse – E é bem pior depois da reação do meu pai. Ele merece meu amor, não ela. Ele merece tudo, ela não merece nada. Eu não quero me incomodar mais com isso, Edward. Eu tento ignorar, mas fica martelando.

— Você foi uma criança negligenciada. Você queria que ela te amasse de volta, por que qual criança não quer ser amada pelos pais? Qual criança inocente não ama seus pais? Isso ficou em você, Bella, uma parte disso ficou em você. E é essa parte que precisa de ajuda. Não porque Renée merecer qualquer consideração, mas para que você não fique o resto da vida lutando contra si mesma.

— Tudo bem, tudo bem – Ela cedeu – Eu vou procurar esse tipo de ajuda quando chegar na nova cidade. Contanto que você não fique falando disso todo santo dia até lá.

— Não vou. – Ele ofereceu a mão aberta e Bella levantou a dela para que se encontrassem.

Tinham se habituado a aquele gesto. Aquela sugestão de contato físico parecia diminuir levemente as barreiras que os separavam.

— Vai ficar comigo na tempestade que está vindo aí? – Ela perguntou, já sabendo a resposta. – Vai ser bem feio.

— Eu sempre vou ficar com você, anjo. Sempre.


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Notas finais do capítulo

Eu vi muitos comentários questionando o motivo da Bella não ter contado logo ao Charlie... Bem, não é fácil contar esse tipo de coisa. Acho que só quem passou por algo assim pode realmente entender o medo de contar, de não acreditarem, de zombarem. Pode parecer bobo, mas não é. De verdade, não é. E vale lembrar que a Bella não teve nenhum tipo de ajuda profissional. Ela superou alguns traumas sozinha, como o medo de ficar trancada, só que outros traumas precisam de mais tempo e mais cuidado. Pessoas abusadas precisam de muita ajuda. Eu digo isso com muita seriedade, como alguém que já passou por um abuso. Hoje, dez anos depois, já consegui superar a maior parte disso, mas ainda há coisas que preciso trabalhar. Acreditem em mim quando eu digo que é difícil falar sobre isso, é difícil pedir ajuda. Eu quis refletir muito do que eu senti na Bella. A confusão, a hesitação, a vontade de só querer deixar isso para lá e esquecer. Sei que em vários pontos da história pareceu irritante a hesitação dela em contar a verdade, e espero que entendam o porquê disso agora.
Isso está parecendo uma bronca, mas não é, juro. Só quero que entendam o motivo.



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