Clichê escrita por Day


Capítulo 3
I bet u can get that girl - blackinnon


Notas iniciais do capítulo

pode entrar o melhor casal juntamente com jily: blackinnon!! ♡♡

achei que escrever o blackinnon seria tranquilo, mas mudei tanto de ideia enquanto escrevia que foi um sofrimento só, mas saiu hahaha e saiu melhor do que eu tinha pensado de início :)

eu amei tanto esse capítulo, me segurei demais pra não colocar um smutão no meio das cenas (blackinnon me induz a isso hahaha), então vou guardar as cenas de smut só pra mim mesmo

revisei conforme escrevia e depois de pronto, então acho que pode não ter erros, massss se houver, podem avisar!!!

é isto, boa leitura! ♡

nos vemos nas notas finais!!

ps: reforço que eu farei (sim) sempre em todos os capítulos: a informalidade nas falas/mensagens é o motivo dos erros PROPOSITAIS desses trechos!!!!

ps 2: como eu falei nas notas gerais, os personagens podem eventualmente aparecer nos outros capítulos, mas de modo algum ligados à sua one. são independentes em todos os capítulos, a exemplo do James e Dorcas, aqui, como vocês vão ver.



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Sirius passou a mão pelos cabelos pela milésima vez naquela noite. Já não estava mais tão sóbrio quanto há algumas horas, mas certamente estava longe de chegar ao seu máximo para bebida. Com ele, era sempre um pouco mais, um pouco além, estendendo seu próprio limite. Era sua válvula de escape mais rápida, acessível e, considerando outras opções, mais barata. Mas, acima de tudo, era a que ele mais gostava.

Por vezes, até se bandeava para os cigarros, apreciando a sensação única que a nicotina causava enquanto percorria seu corpo, mas o prazer que os cigarros lhe davam eram efêmeros demais.

Sirius Black gostava de prazeres prolongados.

— Padfoot, vem pra cá! — ouviu James o chamando. O pub estava lotado e com música muito alta, o que fazia com que as pessoas precisassem gritar para conversar umas com as outras mesmo a uma distância mínima. Era isso que James estava fazendo: gritando. — Tá cheio de mulher bonita aqui, vem logo.

Ele foi. Foi porque era seu melhor amigo e estava passando pelo pior término de toda sua vida. Sirius devia isso a ele. E de qualquer modo, era melhor beber ali, rodeado de muitas outras pessoas, do que em casa, onde tinha de aguentar sozinho as lamúrias aparentemente intermináveis que James tinha a fazer sobre a ex que deu um pé na bunda dele.

O lado bom de não se envolver muito com mulheres era evitar justamente aquilo: fazer aquele papel de sofredor na frente dos outros. Sirius era e sempre tinha sido adepto de casos rápidos e sem compromisso, importando-se mais em ter uma boa companhia por uma única noite do que uma companhia mediana por tempo suficiente para deixa-lo como seu amigo estava agora.

James bebia a torto e a direito, como se não houvesse amanhã, estava muito mais bêbado do que Sirius jamais o tinha visto em todos os quinze anos que se conheciam. E, quando chegava a esse ponto, não demorava muito para que começasse a achar o homem mais rico do planeta e apostar em qualquer coisa, desde que envolvesse dinheiro — fosse para ganhar ou, o que acontecia mais frequentemente, perder.

— Eu aposto cem paus — Sirius revirou os olhos para aquela frase, sem nem esperar pelo resto.

— Prongs, não. Sem apostas hoje.

— Não! Aquela garota ali — ele apontou para uma direção cheia de garotas — tá te olhando desde que chegou. Aposto cem paus que você consegue ir embora acompanhado dela hoje.

— Não estamos para eu conseguir ir embora acompanhado de ninguém, e sim você.

— É sério. Eu te dou cem pila se você for com ela. Ah, e mais cem se conseguir ficar com ela, só com ela, por um mês — James tinha um brilho nos olhos ao falar aquilo. Era um pouco doentio, Sirius imaginava.

— E te deixar aqui sozinho? Nesse estado? — Sirius riu. — Que tipo de amigo eu seria se fizesse isso?

— O tipo que vai transar hoje, diferente de mim. Vá logo lá, Pads! Se você não for, eu vou e faço o trabalho por você.

Sirius sabia que, àquela altura, era inútil discutir. Perguntou a James qual das várias garotas era a que ele se referia e caminhou até lá. Era alguns anos mais nova do que ele, ou pelo menos aparentava isso, rodeada pelas amigas e rindo como se fosse dona do lugar. Não fazia exatamente o tipo dele, com cabelos escuros e aparência inocente. Sirius preferia loiras. E quanto menos inocente aparentasse, melhor. Ao menos era espirituosa, ou parecia.

Ele nem precisou chegar tão perto para que ela viesse a seu encontro. Tinha um sorriso quase juvenil, que era bem moldurado pelos fios castanhos, e os olhos apertados pelo sorriso em questão. Segurava uma gin tônica em uma mão, e o que ele achou que fosse uma bolsa em forma de cabeça de gato na outra. Por Deus, onde ele estaria se enfiando com aquilo?

— Oi, lindo — ela sussurrou no ouvido dele. — O que te traz até aqui?

— Entre outras coisas, você — respondeu em um sussurro de volta, no mesmo tom provocativo dela.

— Ah, é? Vamos fazer sua vinda valer a pena então.

Sirius jogou a cabeça para trás riu com aquilo, colocando abaixo todas as pré-suposições que tinha feito. A garota até podia parecer inocente, mas suas duas frases até agora mostravam que, na realidade, estava bem longe daquilo. Pegou-o pela mão, caminhando até a pista onde as pessoas dançavam; estava perto o bastante dela para ver, à luz precária do pub, que algumas sardas pintavam as bochechas da garota.

Durante um par de segundos, permitiu-se encarar os lábios dela. Pareciam bons.

Ela dançava no ritmo da música, próxima demais dele, deixando que, por várias vezes, seu corpo estivesse colado ao dele. Sirius levou as mãos à cintura dela, mantendo-a em contato permanentemente, enquanto perdia-se nos olhos âmbar da garota. Parecia fácil, até certo, que a beijasse ali, sem qualquer cerimônia, afinal, era ela quem o tinha olhado a noite toda, certo? Era ela que o levara até a pista, certo? Ela tinha juntado o próprio corpo ao dele primeiro, certo?

Mas, era ele que sairia cem reais mais rico dali.

— Qual seu nome? — perguntou, antes de fazer qualquer coisa.

— McKinnon, Marlene — ela, de novo, sussurrou no ouvido dele, antes de morder o local. — E o seu?

— Sirius Black, ao seu dispor — dito aquilo, ele a beijou.

E era bom, era muito bom. Sirius afundou uma das mãos nos cabelos cheios dela, enquanto deixou que a outra percorresse a lateral do corpo de McKinnon até pousar em sua cintura, onde fez questão de deixar um aperto. Ela arfou no meio do beijo, o que foi totalmente excitante, e cravou as unhas no pescoço dele, arranhando de leve o local.

Por Deus, ele amava quando era arranhado.

Sentiram que nascia, com aquele beijo, uma tensão sexual entre eles, até então inexistente. E se tinha uma coisa que Sirius Black não aceitava, eram tensões sexuais. Deixou de se importar com a aposta de James, ou o dinheiro que iria ganhar, no segundo em que McKinnon desceu as mãos para a barra da camisa dele e, ao invés de arranhar seu pescoço, arranhava agora a parte baixa de suas costas. Ele queria mais, muito mais do que aquilo. E logo.

Beijou o pescoço e parte do ombro dela que estava exposto, mordendo a região. Não ligou se fosse marcar, no fundo queria mais era que marcasse mesmo. Podia sentir a urgência crescendo dentro de si, a necessidade e voracidade com as quais sempre fazia aquilo já se mostravam presentes em seus atos. Movia as mãos com rapidez, desbravando e conhecendo todas as partes do corpo de McKinnon que pudessem ser conhecidas ali, aos olhos dos outros.

Não pôde impedir que um gemido lhe escapasse os lábios quando ela, deliberadamente, tocou sua ereção — já existente — por cima da calça. Porra, pensou.

— Sabe... — falou com os lábios colados no ouvido dela. — Eu quase não fui até você.

— Por quê?

— Prefiro loiras. Mas, acho que posso mudar de ideia — respondeu, simplesmente, mordendo o lóbulo dela.

— Ah, Black, você vai mudar de ideia. Eu garanto.

Não demorou até que saíssem dali. Sirius olhou rapidamente na direção de James, achando que poderia se despedir, mas o que viu foi o amigo agarrado a uma ruiva e parecia entretido demais para ser interrompido; depois se falariam e ele cobraria seu dinheiro. Não era porque estava gostando daquilo que não deixaria de receber, afinal, era uma aposta, não era?

Beijaram-se mais um pouco até saírem do pub, e na calçada à espera de um táxi, e dentro do táxi também — parando diante do olhar reprovador que o taxista os lançou pelo retrovisor. Ela passou um endereço qualquer, no qual quiseram chegar o mais rápido possível para se livrarem de todas as camadas de roupa que os separavam.

Ela morava em um prédio recém construído em um bairro afastado do centro e pouco movimentado. Ainda bem que não tinham muitas pessoas na rua ou Sirius correria risco de cometer atentado ao pudor quando deliberadamente tentou levantar, sem sucesso, o vestido que ela usava ali mesmo, antes mesmo de entrarem, ele precisava com urgência descobrir o que mais estava por baixo do tecido.

A princípio, logo que chegaram ao apartamento dela, ele não soube o que fazer. Nunca antes tinha ido à casa de outras, elas sempre iam à dele. Não conhecia o caminho para o quarto, nem o trajeto para qualquer superfície mais próxima na qual podia sentá-la e tirar de vez aquele maldito vestido. Estava desconcertado com o desconhecido, mas encarou como oportunidade de ver como ela o conduziria até os finalmentes.

McKinnon o puxou pela mão, caminhando — próximo o suficiente dele para que seus narizes tocarem, mas nada além disso, provocando-o ao máximo — até alcançar a bancada de sua cozinha. Sem cerimônia, sentou-se ali e o colocou de pé entre suas pernas, para enfim se livrar da camisa de Sirius, seguida de imediato pelo vestido que usava. Ele suspirou alto assim que viu que ela não usava nada além da roupa recém tirada.

— Alguma loira já usou essa roupa, Black? — perguntou, com o indicador na boca, fazendo aquela expressão de inocente de novo.

Sirius balançou a cabeça para reorganizar os pensamentos. Quem era Marlene McKinnon e o que ela faria com ele até o fim daquela noite?

— Definitivamente não.

— Eu falei que você mudaria de ideia hoje.

Ela o puxou para mais um beijo e, agora, foi a vez dele de arfar durante o beijo assim que sentiu seu tronco nu ser pressionado pelo dela. Pouco depois, lá estava o que ele não podia negar que amava: os arranhões nas suas costas, fortes, doídos, marcantes, a prova no dia seguinte do que estava prestes a acontecer.

Beijá-la era viciante, Sirius descobriu em pouco tempo. Causava nele uma sensação de querer, de precisar de mais; separar da boca dela era desagradável ao extremo, fazia-o querer tomar os lábios dela assim que os largava, pouco importando que precisasse de ar. Não só os lábios, mas a mandíbula, queixo, pescoço, ombros e, ele descobriu, tudo que estivesse dali para baixo.

Precisou passar pouco dos beijos para que ele revisasse suas preferências: loiras já não eram mais suas favoritas, não quando a morena à sua frente era claramente melhor do que todas as loiras antecessoras a ela. Os gemidos dela se assemelhavam à musica para seus ouvidos, o que só elevava o tesão que sentia e aumentava a vontade de acabar com aquilo tudo o quanto antes. Mas, sua parte racional o mandava aproveitar ao máximo, até porque valeria cem pratas no fim de tudo.

Ela embrenhava as mãos pelo cabelo de Sirius, puxando-o se cerimônia, o que era tão sexy quanto fosse possível.

— Sabe que eu amo homem de cabelo longo?

— É mesmo? Que sorte a minha — ele respondeu, pautando as palavras em beijos pelo pescoço dela.

— Não tem coisa mais fodidamente sexy do que isso — ele a olhou diante da resposta, encarando quão escura estava a íris dela, carregada de luxúria. — Eu diria que a sorte é minha, na verdade, de te encontrar hoje. Achei que voltaria pra casa e teria outra noite sozinha... sem ninguém pra me fazer companhia.

O tom sensual dela era desnecessário para que ele soubesse exatamente o que aquela frase significava. Precisou respirar fundo um segundo antes de falar alguma coisa, ou provavelmente falaria alguma besteira; seu cérebro não estava mais funcionando do modo normal, não desde a surpresa e choque — bom — em vê-la nua à sua frente.

— Vamos fazer valer a pena, então.

— Já tive prova suficiente para saber que vai valer a pena — ela sustentava um sorriso lascivo que o levou ao céu e o trouxe de volta à terra em segundos. — Onde você quer fazer valer a pena? Eu nunca fiz valer a pena aqui nessa bancada, nem naquela poltrona, ou no box do banheiro.

— Vamos a cada um desses lugares — Sirius sabia que precisava ir logo com aquilo, sua voz estava mais rouca que o normal, denunciando que sua excitação atingira o máximo.

≡≡≡

Marlene tinha se cansado de seus namoros fracassados, que nunca duravam mais do que alguns meses, estava cansada de se entregar a pessoas que não iriam lhe agregar nada além de mais uma decepção e já tinha se fartado de estar decepcionada por homens que, simplesmente, não valiam as horas que passava pensando neles. Daquele dia em diante, se daria ao privilégio de sair e curtir, pouco se importando com como e com quem faria isso.

Sua nova fase iniciaria naquela mesma noite. Os convites de suas amigas para que saísse um pouco de casa já começavam a incomodá-la além da conta. Talvez fosse, de fato, hora de sair. Não podia ser tão ruim assim, podia? O que podia dar errado ao aceitar ir a algum pub, beber alguns gins, beijar um pouco na boca e ir embora? Não estava mais presa a nenhum ex, de qualquer modo. Estava livre.

Assim que decidiu sair, estabeleceu a meta de só voltar para casa acompanhada, consciente de que não duraria mais do que algumas horas, e, para tanto, não se deu ao trabalho de vestir nada além de seu vestido. Estar confiante consigo mesmo a faria confiante com os outros, e era tudo que ela precisava.

Pouco tempo depois, lá estava com as amigas: em um pub qualquer no centro da cidade, no seu terceiro ou quarto copo de gin tônica — podia sentir seus sentidos começarem a se alterar — quando o viu. Alto, cabelo preso em um coque, um par de olhos escuros nos quais ela quis afundar, e braços fortes que Marlene decididamente quis apertar e, sobretudo, arranhar.

— Eu ainda vou embora com ele — anunciou, apontando-o. Suas amigas riram pouco confiantes de que daria certo. Marlene não ligou e fixou os olhos nele pelo que pareceu uma eternidade até que o visse caminhando em sua direção. Ela sorriu vitoriosa para as amigas, como quem soubesse de que, no fim, sempre teria o que quisesse.

Ela tivera sua cota de beijos antes daquele, mas estaria mentindo para si mesma se não o colocasse como um dos melhores. Bastou alguns segundos com a sua boca na dele para que fosse levada ao paraíso e precisasse focar em coisas aleatórias para manter-se sã e evitar que fizesse alguma coisa antes da hora. Acima de tudo, ouvir que Sirius Black estava ao seu dispor era brincar demais com o tesão acumulado que Marlene tinha àquela altura.

Tudo em seu apartamento foram flashes. Lembrava-se de provocá-lo com palavras para em seguida esquecer todas as que sabia por ser incapaz de raciocinar corretamente. Ele não era bom apenas nos beijos, afinal de contas. Em um momento estavam se beijando na porta; depois na bancada, na poltrona, até que, finalmente, em sua cama.

Marlene se comprometeu a aproveitar ao máximo, porque se dependesse de sua mais nova e recente versão, as chances daquela noite se repetirem não eram tão altas assim. Se fosse para iniciar a sua fase de curtição e diversão longe de qualquer tipo de compromisso, não parecia nada errado que iniciasse com os beijos ávidos, rápidos e urgentes do moreno à sua frente.

Quando toda a sua realidade voltou ao normal, seus sentidos se normalizaram e, acima de tudo, sua respiração deixou de estar descompassada, ela sentiu o próprio corpo ser puxado para perto de Black. Tirou alguns fios que caíam pelo rosto dele, podendo vê-lo sem qualquer bloqueio, e pelos céus, ele era maravilhoso. Não era só efeito da bebida em sua corrente sanguínea ou a exigência de ter a boca dele na sua de momentos antes, não.

— Você é tão lindo, eu quero morrer.

— Oh, não, não faça isso, por favor — ele respondeu, beijando seu pescoço, clavícula e ombro. — Como vamos repetir tudo mais uma vez se você estiver morta?

— Repetir, é? — Marlene perguntou com malícia.

— Se você quiser, eu quero.

— Ótimo — respondeu determinada, subindo sobre o corpo dele.

E, então, repetiram por mais uma, outra e outra vez.

No meio da madrugada, em uma das inúmeras vezes em que acordou, olhou para a figura adormecida ao seu lado e pensou, pela primeira vez, se tinha sido um erro. Não podia negar que tinha sido bom, mas tinha sido certo? Nas duas últimas ocasiões em que dormiu com alguém na primeira noite, acabou com namoros de três e oito meses, respectivamente.

Precisaria lutar com a parte de si que queria quebrar o ciclo e mandá-lo embora na manhã seguinte. Por mais decidida que estivesse de sua nova fase, sua nova personalidade, já tinham se passado alguns anos de comportamento completamente oposto àquele.

Mais tarde, quando acordou de vez, com o sol já alto no céu, viu que a cama estava vazia ao seu lado. Ao menos não precisou, realmente, ter que mandar alguém embora de seu apartamento. Na mesinha próxima à cama, tinha uma folha de papel que, ela tinha certeza, não estava ali no dia anterior. Marlene hesitou antes de ir até lá; sabia o que estaria escrito, mas não sabia se queria saber o que estava escrito.

pra quando quiser um repeteco – 355-491-165 – sirius black, lindo de morrer

Ela riu com as últimas palavras e guardou o papel em algum lugar que não pudesse ver por algum tempo.

— Marlene McKinnon, não — disse para o próprio reflexo no espelho. Sua aparência não era das melhores, a noite anterior apresentava seus efeitos no resto de maquiagem borrado, o cabelo bagunçado e, ela não podia deixar de reparar, duas grandes marcas arroxeadas em seu pescoço. — Desgraçado! — xingou como se ele pudesse ouvir, antes de tomar banho e depois se preocupar em esconder aquilo, suas amigas a matariam, mas, acima de tudo, seu chefe acabaria com sua vida se a visse indo trabalhar com dois chupões nada discretos.

O resto de seu domingo passou como um borrão, sua mente estava concentrada ainda nas marcas que tinha e, sobretudo, como não tinha conseguido escondê-las de maneira satisfatória usando todos os truques — de maquiagem ou não — que conhecia. Se o repeteco que Black mencionou incluía aquilo de novo, ela definitivamente não queria mais nada.

Mesmo com a temperatura mais alta que o normal, forçou-se a ir trabalhar com roupas fechadas o suficiente para cobrir o que não deveria ser visto — e que, em primeiro lugar, não deveria nem ter acontecido. A primeira pessoa que viu quando chegou conseguia ser, ao mesmo tempo, a última que Marlene queria ver, Dorcas Meadowes. Eram melhores amigas, mas a loira era crítica ao extremo, além de muito observadora.

— Lene, você por acaso já viu o sol de rachar de hoje? Essa roupa? Sério?

— Dora, não enche, por favor — até tentou se esquivar, mas depois de muita insistência, mostrou o que escondia. — Não faça nenhum comentário, por favor.

— Você vai ver o autor disso aí de novo?

— Não se eu puder evitar.

Contudo, depois de pouco mais de uma hora, ela não pôde evitar. Parado à sua frente, em seu local de trabalho, estava Sirius Black, com o cabelo muito mais arrumado do que a última vez que ela tinha visto, e uma roupa social toda preta que o deixava tão gostoso quanto sem roupa nenhuma.

Marlene sentiu o coração perder uma batida, tamanha surpresa que a presença dele lhe causou. Se esforçou ao máximo para manter seu profissionalismo; tinha decidido jogar seu lado romântico fora, e isso não implicava jogar seu emprego junto. Mas, a curiosidade não foi e jamais seria descartada; observou-o por todo o tempo em que esteve ali, mantendo-se calada, até que, antes que ele fosse embora, ela o viu acenando para acompanhá-lo.

≡≡≡

No segundo seguinte após chegar em casa, Sirius procurou informações de James. Queria sua nota de cem, e logo. O amigo, ele esperava, era para ter se dado bem com a ruiva que estava agarrada em seu pescoço quando o viu pela última vez; e, se fosse verdade, eram pontos positivos para os dois.

siriusblack

cadê vc?

quero meu dinheiro, potter

jamespotter

conseguiu?

foi bom?

siriusblack

ta em casa? to indo aí

Embora Sirius conhecesse James há uma década e meia, isso não ajudava muito quando acaba vendo-o seminu. E era exatamente assim que encontrou Potter quando chegou ao apartamento dele: não vestido nada além de uma calça moletom.

— Prongs, vista uma roupa, não sou nenhuma garota interessada em ver seus músculos.

— Ninguém nunca reclamou de ver.

— Eu imagino que não — respondeu, depois de entrar e se jogar no sofá. Relatou a James sobre a noite anterior, mantendo alguns detalhes restritos apenas à sua memória. — Isso significa que, se não estou enganado, que você me deve cem pratas.

A contragosto, James alcançou o celular e fez a transferência bancária. Era visível que se arrependia de sua mania estúpida de apostar quando bebia, mas era orgulhoso demais para que não cumprisse com a própria palavra. Perguntou a Sirius a respeito da segunda parte da aposta, que envolvia uma relação monogâmica a longo tempo.

— Por mais que eu ame tirar dinheiro de você, não posso dar certeza sobre isso. Deixei meu telefone, veremos se ela faz contato ou não, por mim tanto faz — deu de ombros. — Amanhã, talvez, eu a veja de novo, sabe como é. Causar um efeito subconsciente.

— Como assim, talvez?

— Preciso ir ao banco e, por acaso, é lá que ela trabalha — James levantou uma sobrancelha diante da resposta. — Eu vi uns papeis de lá na escrivaninha dela, não estou perseguindo ninguém relaxe.

— Perseguindo o meu dinheiro, isso sim.

— Isso com certeza.

Sirius não viu o tempo passar, pelo menos não costumava ver quando estava com Potter. Quando se deu por si, já eram altas horas da noite e, por mais que amasse passar horas do seu dia ali, era preciso voltar para sua própria casa. Durante o caminho, enquanto passava o momento mais longo de seu dia sozinho, ele permitiu que seus pensamentos vagassem pelas últimas horas.

Pensou se teria ido até ela na noite anterior se não houvesse o dinheiro de James envolvido. Teria feito metade das coisas que fizera se não valessem os cem que recebera? Reanalisou suas próprias reações, buscando por momentos em que estivesse inteiramente dedicado à morena, não dando atenção ao que ganharia com aquilo e, bom, todos os momentos se encaixavam naquela condição.

Ele concluiu que tinha se entregado a Marlene McKinnon desde o primeiro beijo.

Talvez fosse exatamente assim que estivesse quando a viu no dia seguinte, com uma roupa toda fechada, apesar do calor do dia. Sorriu na direção dela, sabendo que o motivo da camiseta tinha grandes chances de ter sido consequência de um par de vezes que se animou com a pele do pescoço dela.

Normalmente, não fazia o que estava prestes a fazer, mas não pensou o suficiente antes de chamá-la com um aceno e não deixou de sorrir ao ver que ela o acompanhava.

— Desculpa por te fazer usar algo tão quente hoje.

— Não tem problema — Sirius soube que ela mentia pelo modo como se incomodava visivelmente com o calor. — O que faz aqui?

— Adultos vão ao banco, certo? — ela riu, livre de qualquer malícia, diferente dos sorrisos que ele tinha visto até então.

Por mais alguns minutos, só conversaram, com nenhum assunto relevante envolvido. Sirius poucas vezes fizera aquilo, mas algo em McKinnon parecia fazê-lo agir fora de sua normalidade; não sabia se era a voz, os olhos, a boca ou o perfume dela. Algo naquela mulher o tiraria do sério, e ele estava consciente disso. Não só consciente, mas ansioso por isso.

— Não vou tomar muito mais tempo do seu trabalho com conversa fiada — falou em tom de desculpa. — Podemos continuar depois do seu expediente, você tem meu número — e sorriu com o sorriso mais presunçoso que sabia que tinha.

Naquela noite, mesmo sabendo que sua frase tinha sido descarada demais e que podia ser facilmente ignorada, não se surpreendeu ao ver o número desconhecido brilhar na tela do celular.

marlenemckinnon

sabe, eu nem devia mandar mensagem mas não aguentei

siriusblack

hahaha

e por que não?

marlenemckinnon

promessas, promessas...

siriusblack

não sabia que santo de igreja agora recebia promessa de n mandar mensagem

então vc não mantem suas promessas? interessante

marlenemckinnon

hahahaha NÃO!!!!

Pelas várias horas seguintes, Sirius se viu preso ao celular conversando com ela e, por mais que tivesse tentado, não chegou a descobrir o porquê não poder mandar mensagens — gostou, contudo, que ela tivesse quebrado a promessa, porque acabou tendo a chance de trocar frases com ela, frases que não ficassem inacabadas porque suas bocas estavam ocupadas demais uma com a outra.

Ele próprio não era de esperar mensagens, nem muito de mandar, mas não pôde segurar a língua e, quando deu por si, já a tinha falado. Por sorte, McKinnon atendeu ao seu pedido e ali estavam eles: combinando de se verem de novo. Sirius podia sentir o cheiro do dinheiro de James caindo na sua conta ao final do mês.

— Hm, lá parece bom. Te busco aí às oito então, pode ser? — perguntou, depois de ela dar uma sugestão de local. Ele não aguentou as mensagens por muito tempo e ligou. Só por isso, tinha quebrado inúmeras regras pessoas. Não só ela quebrava promessas, afinal de contas.

Tá bom. Vou ter que fazer um esforço enorme pra ficar bonita em... menos de uma hora.

— Para com isso, não vai ser esforço nenhum — ela riu e Sirius fechou os olhos, apreciando o som da risada dela.

É pra ficar tão bonita quanto as loiras que você prefere — lá estava, de novo, a risada. — Até daqui a pouco, Black.

— Até, McKinnon.

Era uma segunda-feira, dia em que ele deveria correr com seus compromissos, resolver seus problemas, ficar quieto na sua, mas não. Sirius estava marcando de ir a um pub — cogitaram um restaurante, mas podia ser sério demais — com quem tinha conhecido há dois dias para, muito provavelmente, repetirem o primeiro encontro.

≡≡≡

Marlene se odiou em trinta jeitos diferentes quando enviou a primeira mensagem, mas seu dia estava atípico o suficiente para que permitisse aquilo. Não esperava que ele aparecesse no seu trabalho, nem que se desculpasse pela roupa, desculpas seguidas por uma conversa genuinamente boa e, para completar, o convite a entrar em contato.

Ela não pôde recusar aquele convite.

Enquanto se arrumava, dando especial atenção aos chupões ainda muito visíveis, repensou consigo mesma que não levaria adiante, não podia, nem devia continuar com aquilo. Era a última vez que o veria, que sairiam, se falariam. Só aquela saída e fim, nada mais, nenhum dia a mais, nenhuma palavra a mais. Ela se conhecia o suficiente para saber que sua capacidade de criar realidades futuras e gerar apego exagerado era muito maior do que a média. Precisava, de uma vez por todas, fixar em sua cabeça a ideia de mudança que tinha planejado.

— Isso não vai adiante — falou para si através do espelho enquanto passava uma camada generosa de batom vermelho nos lábios. Não era só porque não iria adiante que não poderia aproveitar. — Não seja burra e divirta-se.

Próximo das oito horas, ouviu batidas na porta. Pontual, pensou. Calçou o par de saltos altíssimos que tinha escolhido para a noite e caminhou ao encontro do som. Respirou fundo algumas vezes antes de abrir e ver que não só ela estava mais arrumada do que o local para onde iriam exigia, como ele também não estava nada mal.

— Eu preferia o vestido — falou sorrindo, depois de olhá-la de cima a baixo. — Mas, não é nada que eu não possa resolver.

Marlene sorriu de volta, consciente de que suas bochechas agora deveriam estar vermelhas. Flertar com ele estando sóbria era muito diferente de flertar bêbada, considerando que suas habilidades de flerte só apareciam depois da ingestão de álcool, o que significava que, logo, estaria apta a responder a frase à altura.

Ela não sabia direito como deveria agir, se deveria abraçá-lo, beijá-lo ou se o sorriso que sustentava era suficiente como resposta, tinha travado por completo. Sua antiga versão muito provavelmente se jogaria nos braços dele e diria coisas embaraçosas — como ter estado ansiosa para que ele chegasse, o que não era inteiramente mentira. Sua nova versão, entretanto, não sabia como agir.

As dúvidas morreram em sua mente quando o percebeu mais e mais próximo, até sentir que ele a beijava e era correspondido. Não importava o que uma de suas versões faria, e sim o que estava, de fato, fazendo, quando cruzou os braços ao redor do pescoço dele e o trouxe para mais perto. Era difícil manter sua sanidade quando tinha a língua habilidosa de Sirius Black em contato com a sua.

— Vamos? — perguntou, por fim, quando se separou dele.

— Vamos.

Se conversar por mensagens tinha sido fácil, pessoalmente parecia mais fácil ainda, se fosse possível; os dois eram parecidos demais em pontos demais para que faltassem assuntos. Ele tinha um papo legal, era inteligente, concordava com ela em muitas coisas — ponto mais do que positivo — e sabia como conduzir a conversa. Marlene pensou consigo mesma que há muito tempo não tinha tanta facilidade de conversar com alguém daquele jeito.

Isso não vai adiante, pensou enquanto o olhava falando com devoção sobre alguma coisa. Já tinha dispersado um pouco da conversa quando resolveu prestar mais atenção na boca dele do que nas palavras que saíam dali.

— E então? — ele perguntou, trazendo-a de volta à realidade.

— Desculpa, eu viajei. O que você perguntou?

— Se você quer mais uma dessas — respondeu apontando o copo de cerveja dela, quase vazio. — Vou ao bar buscar mais uma pra mim.

— Sim, por favor.

— Volto já — falou e beijou os lábios dela rapidamente, o que a deixou sorrindo feito uma adolescente até que ele voltasse com mais dos copos cheios. — Podemos ir pra pista depois, que tal?

Sim, por favor.

Ele riu e a puxou pela mão. Dançar com ele era tão bom na segunda vez quanto tinha sido na primeira, e provavelmente seria na próxima — não pode ter uma próxima, lembrou. Agora, já conhecendo um pouco do corpo dele, soube com exatidão de qual área podia se aproximar, onde podia e devia tocar e, acima de tudo, onde beijar. Algo em Black a atraía, a puxava e a mantinha sempre por perto, sempre em contato e, quando separados, a fazia voltar quase instantaneamente.

Não conseguia entender como o tempo, que era muito curto, parecia muito maior para todas as sensações que ele a fazia sentir; da última vez que tinha vivenciado algo parecido, já era o segundo ou terceiro mês de namoro. E, ainda assim, Marlene não se lembrava de ser tão bom quanto estava sendo naquele momento.

— Vamos embora daqui — pediu.

— O que? Aconteceu alguma coisa? Eu fiz alguma coisa?

— Não é nada disso, eu só preciso ir embora agora — ela tinha o brilho nos olhos que normalmente apareciam antes de estes escurecerem pela lascívia. Sustentava um sorriso maroto nos lábios. Ele entendeu a urgência de imediato. — Onde?

— Meu apartamento dessa vez — ela assentiu. — Faremos revezamento. Da próxima, é no seu.

Marlene sorriu sem dizer nada, porque aquilo não ia adiante. Preferiu concordar em silêncio do que correr o risco de sua boca lhe trair e dizer o que pensava.

A ida até o apartamento dele foi exatamente do modo como tinha sido a ida ao seu dois dias antes: uma troca de beijo quase incessante no banco de trás de um táxi, os mesmos olhares reprovadores do taxista e, a cada semáforo, a vontade de fazer o tempo andar mais rápido até que, enfim tivessem chegado, para só então desacelerar.

Ele morava tão próximo dela que se assustou por nunca o ter visto, nem que fosse por acaso, em uma das poucas quadras que separavam seus prédios. Pensar que ele sempre esteve, e estaria ainda por um tempo futuro, tão perto dela a fez resfolegar durante um dos vários beijos que eram deixados em seu pescoço. A partir daquele dia, precisaria se controlar caso bebesse sozinha além da conta para não parar ali onde estava: na porta do apartamento de Sirius Black.

— Não me marque de novo — pediu em tom firme, de ordem. — Se eu tiver que continuar usando roupas quentes pra esconder isso por mais tempo, vou ser obrigada a te matar.

— Culpado — ele respondeu, levantando as mãos. — Se você tiver oportunidade de revidar hoje, te faria se sentir melhor?

— Com certeza absoluta — disse, avançando para dentro da porta. Sem muita cerimônia, se livrou dos saltos que começavam a matá-la de incômodo àquela altura, da calça e a blusa que usava, ficando só de lingerie. Parada ali. Na sala dele. — Quase tão bom quanto o vestido.

Black riu do que tinha dito e foi ao encontro de Marlene pela primeira de muitas vezes naquela noite.


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Notas finais do capítulo

aiai um sirius seria tudo na minha vida.... dá vontade, mas sabemos que a Lene cuidou bem e fez bom proveito dele hahaha

comentem o que acharam, ajuda muito pra eu saber a opinião de vcs, de verdade!! espero não demorar com a continuação (apesar de achar que não tenho demorado tanto)

beijosss, até o próximo! ♡

meu tt caso queiram conversar: @thisissrenata (me avisa por aqui que seguiu pra eu saber hahaha) lá só tem reclamação do trabalho e piada ruim, mas juro que sou legal :)



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