Albus Potter e o Pergaminho do Amanhã escrita por lexie lancaster


Capítulo 6
O Grandalhão Lewis




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— CAPÍTULO SEIS –

O Grandalhão Lewis

Depois da pequena surpresa com a górgona protetora da Sala Comunal, Riley, Emma, Scorpius e Albus se separaram em duplas e foram direto para seus dormitórios. Enquanto atravessavam o pequeno labirinto em túnel que levava aos quartos, Scorpius não parou de tagarelar um minuto sequer sobre o incidente da gruta. Não parecia estar receoso como Emma, nem curioso como Riley. Parecia verdadeiramente animado, sobretudo com a parte de terem conseguido sair vivos de lá.

— Aquilo foi irado – disse ele com os olhos cintilando de emoção – Mamãe enlouqueceria se soubesse...

Pelo que Albus conseguiu entender do monólogo entusiasmado do amigo, o Sr. e Sra. Malfoy eram pessoas bastantes reservadas, sobretudo o Sr. Malfoy. No entanto, pelo que Scorpius deixara escapar entre um suspiro de alegria e outro, era a Sra. Malfoy que parecia ser, por vezes, um tantinho superprotetora demais. De fato, Scorpius não tivera muitas aventuras de como aquela dentro dos muros da mansão Malfoy.

As vestes de primeira linha do garoto, outrora perfeitamente engomadas, estavam, agora, sujas e encardidas. Os sapatos novos e bem-lustrados? Enlameados. O cabelo milimetricamente arrumado? Uma zona. Albus achou que se a Sra. Malfoy o visse agora, mandaria um exército de esfregões encantados o enxaguarem até o amanhecer. De qualquer modo, Scorpius pareceu não se importar com isso, e Albus estava definitivamente mais preocupado em entender o que exatamente haviam presenciando na gruta durante a manhã.

Depois de trocarem as vestes lamacentas por roupas limpas, os dois voltaram para a Sala Comunal, onde haviam combinado de se reunirem com Riley e Emma novamente. A sala ampla estava revigorante durante a tarde, mas somente alguns gatos pingados se afundavam nas poltronas bem forradas agora. A maioria dos alunos ainda estava em Hogsmeade, aproveitando pra valer o primeiro fim de semana nos arredores do castelo. Albus, porém, não pensava em sair explorando mais nada desconhecido da escola tão cedo. Ele avistou as duas amigas, ocupando sorrateiramente um tapete afofado e acolhedor esquecido num canto, e foi se juntar a elas.

 – Tá lendo o quê, Emma? – Quis saber Scorpius quando se sentaram de frente para as outras duas.

A garota tinha o nariz grudado entre as páginas do que parecia ser uma revista muito enternecedora.

— Ah – exclamou ela num pulo, como se não tivesse visto os amigos se aproximando e os dois tivessem apenas acabado de se materializar na sua frente – É o Weekly Witch. A Riley me emprestou.

— Bem pensando, não é? – Falou Riley confiante – Uma revista de fofoca adolescente vai deixar a Emma antenada no mundo bruxo rapidinho.

Albus não costumava ler revista alguma no geral, mas já tinha ouvido falar da Weekly Witch, sobretudo por causa da Rose e da Dom, que trocavam uma ou outra edição, dependendo de qual delas tinha o pôster da vez da Little Lutin. Sem sucesso, Albus tentou não reparar que Emma não parava de olhar a revista, depois para ele, e depois voltava a enfiar o nariz na revista de novo.

 – Que foi?

— Na-nada – gaguejou Emma nervosamente.

— Ela não sabia – explicou Riley calmamente – Ela é uma nascida trouxa, afinal. Não tinha como saber.

— Saber o que?

— Que você é famoso.

— Eu não sou famoso.

— Claro que é.

 – Não sou não. Meu pai que é.

 – Bem... Isso não te torna famoso também?

— Não – respondeu Albus sem enrolação – Eu não salvei ninguém de nenhum bruxo das trevas. Que é que tem aí afinal?

Emma passou a revista na página que estava aberta. Uma imagem que saltava aos olhos ocupava duas páginas: Harry e Ron fechavam as portas do Expresso, enquanto um Albus preocupado com a atenção a sua volta se despedia dos parentes ao lado da sua prima Rose. Logo em baixo da fotografia, uma letra pomposa em caixa alta ressaltava:

Harry Potter se despede dos filhos na Plataforma 9 ¾

Acompanhado pela esposa, Ginevra Potter, 36, ex-artilheira das Holyhead Harpies, Harry Potter,37, se despediu dos filhos, James, 13, e Albus, 11, que embarcaram junto aos demais estudantes no Expresso de Hogwarts neste 1 de setembro. O primogénito dos Potter é conhecido por sua excelente popularidade entre os colegas e por ter herdado o talento da mãe no Quadribol, já que, desde o ano passado, passou a integrar o time da Grifinória na posição de artilheiro. Resta esperar para saber se o mais novo Potter a ir para Hogwarts, também seguirá os passos do irmão mais velho ou se escolherá rumar um destino grandioso como o pai.

— Seguir os passos do Jim? – Resmungou Albus, confuso – Que isso quer dizer? Ser um completo cabeça de vento?

— Deixa pra lá, Al – falou Scorpius tentando animar os ares – Ninguém liga pra isso de verdade.

Albus queria muito concordar totalmente com o que Scorpoius dizia, mas isso não o fez sentir muito melhor em relação às palavras estampadas na página vibrante da revista.

 – Mais importante que minha chegada na escola, é descobrir o que está acontecendo nos túneis secretos que tem nela – disse Albus num tom mandão, que soou esquisito até para ele mesmo.

Por um momento, os quatro se entreolharam em silêncio, pensando no que poderia significar a passagem que encontram mais cedo.

— Eu só tinha ouvido falar de uma construção secreta em Hogwarts até agora – confessou Scorpoius olhando para Albus, parecendo receoso.

— Você quer dizer a Câmara Secreta? – Perguntou Albus de volta.

Ele entendia rapidamente o que olhares apreensivos como aquele queriam dizer. Geralmente, tinham algo a ver com algum dos feitos históricos do seu pai.

— Escute – continuou Albus – O que quer que tenha tido lá, acabou. A Câmara está fechada de uma vez por todas, sabe?

— Eu sei – disse Scorpius parecendo envergonhado – É só que foi algo que aconteceu quando seu pai estava aqui e... bem, agora você está aqui também, não é? Poderia significar alguma coisa.

— Scorp, Hogwarts está de pé há um tempão – disse Riley cruzando os braços – Seria até um pouco estranho ter apenas uma construção secular escondida nesse castelo, você não acha?

— Mas se já se passou tanto tempo assim... – murmurou Emma, quase parecendo como se estivesse pensando em voz alta – Então isso não quer dizer que alguém já deveria ter descoberto algo sobre ela?

— Ahá! – Soltou Riley animadamente – Muito bem observado minha cara, Wright! Deve ter algo sobre uma gruta misteriosa em Hogwarts registrado em alguma lugar, só temos que achar onde!

Scorpius suspirou pesadamente, quase como uma resposta imediata.

— Pode até ser, mas não deve ser fácil de conseguir.

— Vamos, Scorp! – Instigou Riley – Pode ser divertido... Vai que realmente encontrarmos alguma coisa?

— Alguma coisa como outra harpia selvagem no caminho?

— Nós nos livramos da primeira, não foi? Além do mais, temos um Potter do nosso lado. Vai ser como fazer história outra vez, podemos deixar uma marca!

Novamente, Albus se sentiu inquieto. O entusiasmo na voz de Riley toda vez que surgia um novo desafio o deixava animado, e ele começava a achar que era assim com Scorpius e Emma também, já que os dois se voltaram para ele ao mesmo tempo, como se esperassem uma resposta.

— Bem, eu não tenho nenhuma cicatriz na testa, nem nada de especial nem nada – começou Albus, percebendo que sua garganta repentinamente parecia seca demais – E pode ser que nem achemos pista alguma afinal...

A incerteza em seu próprio tom de voz pareceu abalar também seus amigos. Até mesmo Riley, que parecia carregar uma espécie de chama indomável no olhar, se retraiu um pouco.

Imediatamente, Albus se deu conta que não era isso que ele queria.

— Mas não temos mais como voltar atrás agora, não é? – ele se ouviu dizendo – Quer dizer, de toda a escola, foi pra nós que o caminho de gemas se revelou. Nós encontramos a gruta abandonada, saímos vivos de lá para contar história. Isso deve valer de alguma coisa, não é Scorp? Você disse algo sobre a gruta ser encantada para não nos deixar sair ou algo assim, não foi?

Albus disso tudo aquilo num fôlego só, sem nem saber de onde exatamente tinha vindo cada palavra. Estava surpreso consigo mesmo, e parecia que os outros três estavam também. Scorpius precisou piscar um par de vezes antes de voltar a falar:

 – É, você tem razão, Al. – concordou ele, voltando a recuperar o ânimo – Aquela fenda que você achou para nos escondermos da harpia parecia ser algum tipo de erro. Um tipo de corrosão que deve ter se criado nas pedras com o passar do tempo – explicou Scorpius parecendo cada vez mais e mais entusiasmado – Toda a gruta estava encantada para fazer parecer que os feitiços que fossem usados para tentar sair de lá simplesmente desapareciam.

— Exceto... – murmurou Emma outra vez – Exceto que eles não desapareciam por completo, não é?

— Exatamente – concordou Scorpoius parecendo orgulhoso – Os feitiços não desapareciam. Eles eram mudados de lugar e mandados para aquela única fenda capaz de revelar a saída verdadeira.

— E você disse ter visto um baú quando estávamos lá, não foi, Al? – Perguntou Emma refletindo consigo mesma – Talvez houvesse algum tesouro que a harpia estivesse tentando proteger.

— É claro! – vibrou Riley – Temos que descobrir que tipo de tesouro é! E se houver mesmo algum registro sobre ele, alguém pode ter descoberto e pode estar tentando ir atrás dele agora!

A euforia momentânea que Albus tivera realmente pareceu surtir efeito, e ele se sentiu estranhamente reconfortado por isso. Era um pouco diferente do que estava acostumado. No geral, sempre fora uma espécie de filho modelo. Não é muito difícil, ele pensava, tendo Jimmy como irmão. Se James era ação, então Albus era razão. Veio naturalmente. Ele nunca precisou se esforçar para isso.  James falava alto. Tinha piadas prontas. Sabia interagir bem, fosse com adultos ou garotos da mesma idade. Era fácil para ele, mas não para Albus. Albus observava muito, pensava demais.

Talvez meu problema seja mesmo esse, resmungou para si mesmo, vai ver passo mais tempo na minha própria cabeça do que deveria. Mas não fora assim que vinha agindo desde que chegara em Hogwarts. Simplesmente não parecia ele mesmo. Pensando agora, seguir uma trilha misteriosa que levava para uma gruta abandonada, parecia ser a coisa mais idiota a se fazer. Para ele, sempre acostumado a pensar um pouco mais sobre tudo antes de agir, tomar uma ação precipitada parecia ter bagunçado seus miolos mais do que gostaria de admitir.

Depois de decidirem que a próxima coisa a se fazer seria ir atrás de qualquer livro da biblioteca de Hogwarts que indicasse um tesouro perdido, o restante da tarde passou mais rápido que uma corrida de centauros enfurecidos.  O ritmo da água lá fora continuava sereno, mas seu tom verde-musgo parecia cada vez mais escuro ao ritmo que as horas passavam. Scorpius e Riley pareciam prestar a engatar uma discussão sobre invadir ou não a biblioteca durante a noite, quando um grupo de alunos mais velhos chegou a Sala Comunal numa tremenda falação.

 – Os calouros desse ano estão se superando! – gargalhou um deles, que tinha a cara vermelha feito um rabanete – E Callaghan disse que eu não tinha jeito no primeiro ano!

— Estamos ficando velhos, Arnold. Estamos perdendo o jeito da coisa – lamentou-se o mais polpudo entre eles.

No meio do grupo, Albus reconheceu Phill, o veterano que os tinha cumprimentado durante a Seleção das Casas. Pelo que parecia, ele os avistou também, pois deslizou sorrateiramente do meio do alvoroço para falar com o quarteto esfarrapado no tapete de canto da Sala.

— Alô! Já conheceram a Gismonda, hein?

— Quem?

— Gismonda, a Górgona! – respondeu Phill alegremente – Que é que estão arrumando aqui afinal?

 – Nada demais – respondeu Riley prontamente – Sobre o que estavam falando ?

— Parece que um colega de vocês empurrou um grifinório num arbusto venenoso ou algo assim – falou Phill tentando conter um sorrisinho –  O garoto é um Nott, se é!

 – Ben? – Questionou Albus surpreso – Ele não pareceu ser nenhum trasgo valentão. Que será que aconteceu?

— Bom, eu não ouvi a história toda – respondeu Phill dando de ombros – Foi só o que estavam falando durante o jantar.

— Já estão servindo o jantar ? – Perguntou Emma ansiosamente – O que estamos esperando?

Num só pulo, Emma se levantou e foi marchando decididamente em direção à Gismonda, a Górgona. Riley, Scorpius e Albus se despediram apressados de Phill e trataram de se juntar à ela no caminho ao Salão Principal. As centenas de velinhas flutuavam incandescentes sob o teto abobadado que refletia a imensidão do céu noturno como uma longa capa escura. Albus percebeu alguns olhares hostis vindos da mesa da Grifinória, sobretudo de um grupo de alunos que também pareciam estar no primeiro ano, todos sentados junto a um garoto grande e loiro com uma aparência horrível.

Ele parecia doente e prestes a vomitar. Tinha um lado do nariz escorrendo e vários furúnculos púrpuras lhe brotavam na testa. Albus se sentiu enjoado só de olhar.

 – Que é que há com ele? – Perguntou assim que se sentou ao lado de Gavin na mesa da Sonserina.

— Por que não pergunta pro Ben? – Sugeriu Gavin divertidamente.

Ben estivera com a cabeça enterrada entre os braços e Albus nem percebeu que ele estava ali. Diferentemente de Gavin, sua expressão não era nem um tantinho animadora, pelo contrário. O garoto parecia querer ser capaz de aparatar naquele momento.

— Eu aparentemente empurrei Levius Lewis da Grifinória em um arbusto potencialmente venenoso – confessou Ben sem nenhuma sombra de emoção – Acho que ninguém liga muito em deixar a parte do “aparentemente” na história – bufou ele antes de voltar a enfiar a cara sob os braços.

— Foi hilário – soltou Gavin numa risada – O idiota do Lewis estava querendo subir nessa árvore imensa, tentando mostrar pra todo mundo como era bravo e destemido! Mas aí quando ele passou do nosso lado, eu soltei um dos meus estalinhos de Tártalo e ele quase decolou do chão – explicou ele antes de parar para rir mais um pouco – Foi então que ele se agarrou na capa do Ben, que automaticamente puxou a capa de volta, e a capa se rasgou bem na metade, e o grandalhão do Lewis mergulhou de cara num desses arbustos borrachudos e esquisitões – completou ele pegando fôlego.

— Coitado – lamentou Emma – Ele parece péssimo. Arbustos venenosos são assustadores – disse ela, e então eles se viraram para dar uma última olhada na cara atordoada do grandalhão Lewis.


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