Grissom estava impaciente, já tinha bipado a morena há cerca de uma hora e até agora ela não tinha aparecido. Estava em uma cena de crime com Nick e Warrick, os dois já tinham percebido o nervosismo do mesmo.  

— Chefe — Nick o chamou — Se quiser, eu posso ir no lugar da Sara e ela fica no meu quando chegar.  

— Eu a designei para o caso, Nick — disse grosso — É responsabilidade dela, quero uma boa justificativa.  

Os dois subordinados se olharam, sabiam onde a morena estava e com quem estava, talvez esse fosse o principal motivo para aquele nervosismo. Após alguns minutos a morena chegou, estava afobada, dava para perceber que foi pega de surpresa com a chamada. 

— Oi Gris — cumprimentou alegre. 

— Você está há uma hora atrasada — manteve seu tom grosseiro. 

— Bom, é minha noite de folga e eu aproveitei para ir em um simpósio de Análise Criminal Comportamental, você sabe que é obrigatório — sorriu gentilmente, tentava manter a calma.  

— Sua folga acabou — olhou para ela — Tem um homicídio em uma escola, pode ir. 

— Beleza, quem vai comigo? — imaginou que fosse a Cath, era a única que não estava ali.  

— Solo  

Ela ficou estática por alguns segundos, seria seu primeiro caso solo e nem estava acreditando — Obrigada, Griss — sorriu e se direcionou para seu carro, ele pode observar a felicidade dela de longe. 

Ele se recordou do dia em que ela o convidou para jantar, sempre soube dos sentimentos dela, mas ao seu ver era algo inviável, não poderia arriscar sua carreira e nem a dela.  

“Pedi pra Deus abençoar sua vida 
Não pense que eu te quero mal 
To aqui na torcida” 

Sua mente vagou para a frase que disse a ela — “Você merece ser feliz, Sara — ele pode observar a mudança em seu rosto — Você merece alguém que te ame verdadeiramente, eu não posso te dar isso” —  O semblante dela era algo que ele nunca iria esquecer, com certeza tinha lhe machucado.  

“Que vocês viagem o mundo 
Conheçam um pouco de tudo 

Que tenha pôr do sol 
Banho de chuva e vento na cara 
Faz amor no meio da estrada 
Eu te desejo tudo isso e muito mais 
Muito mais” 

Ele desejava a felicidade dela, mas não estava pronto para vê-la feliz ao lado de outro, logo soube que ela estava saindo com o paramédico, o tal do Hank. Podia sentir uma dor de cabeça forte só de imaginar ela com outro, talvez tenha mentido para ela, ele a amava e não sabia lidar com o sentimento.  

“Amar é deixar ir 
É saber sair de cena 
É ficar longe 
Pra não te causar 
Nenhum problema” 

De volta ao laboratório, seus olhos buscaram pela morena na sala de descanso, a encontrou o encarando, olhava para aqueles olhos castanhos e se perguntava se realmente é hora de sair de cena? É hora de deixa-la ir? Ele não podia mais causar nenhum problema a ela, seu futuro dependia disso e ele nunca iria se perdoar por isso. Se sentiu mal ao ouvir Cath perguntando de como iria o namorado e se tinha dado para ela aproveitar algo antes de ser chamada para o trabalho. De cabeça baixa, o supervisor se retirou da sala, sendo seguido por Sara. 

Todos na sala perceberam o clima que ficou, já era evidente os sentimentos deles, até mesmo os de Grissom que sempre foi fechado.  

— As únicas pessoas que não percebem que são apaixonadas uma pela outra são Sara e Grissom — a ruiva comentou com os amigos que estavam na sala de descanso.  

“Amar é deixar ir 
Te desejo o bem e só 
Ah, e que tenha uma boa memória 
Só pra você lembrar 
Que comigo ia ser bem melhor” 

Sara o seguiu para até sua sala, Grissom sentou e a encarou. Os olhares se conectaram, ela estava só a alguns passos de distância dele, tão longe e tão perto ao mesmo tempo.  

—  O que foi aquilo, Grissom? — o questionou.  

— Sara, eu ... — ele não sabia o que responder  

— Grissom, sinceramente, eu não estou te entendendo — tentava mantar a calma — Você pede para eu me afastar e seguir meu caminho, quando finalmente faço isso você volta — gesticulava com as mãos — Eu não consigo te entender e não vou ficar me quebrando para isso, você me tirou da minha folga, dá sinais de coisas que não vão acontecer ... Por favor, pare de me dar esperanças — sem dizer mais nada ela saiu de sua sala, deixando sozinho com as palavras ecoando por sua mente. 

“Eu não quero te deixar ir, Sara, mas eu preciso.” — aquilo estava lhe corroendo por dentro, que sentimento horrível de impotência. Desviou o olhar da porta e se concentrou nos papeis em sua frente.  

“Que você lembre dos momentos que tivemos juntos e possa guardar em sua memória eternamente, eu nunca irei te esquecer, minha abelhinha” 

...♥... 

Alguns meses se passaram e Grissom não conseguia amenizar seus sentimentos pela morena, ela acabou se afastando por conta do que sentia pelo supervisor. Ele sua falta, sentia falta de sua sapiência e até mesmo de suas palavras cruzadas. Sentia falta de algo que outras mulheres não puderam lhe dar, não importava se tivesse uma mulher incrível ao seu lado, não era a mulher, não era sua lua, não era sua Sara. 

Olhava o papel em suas mãos, era o pedido de afastamento dela, ele não sabia o que fazer, o desesperou o tomou, a possibilidade de perder a morena estava em suas mãos. Há algum tempo ele percebeu o desanimo da morena, ficou sabendo pela Cath de que o “namorado” dela era um canalha e só estava a usando, a ruiva disse que aquilo acabou com ela. Percebia seu olhar cansado pelos corredores, seu desanimo com cada caso de violência que acabava pegando. Ele precisava fazer algo. 

 Não poderia deixa-la ir embora sem lutar, sem ao menos tentar. Se sentia culpado, sabia que uma parte dela estava fugindo dali por conta dele. Sabia o que precisava fazer, só precisa tomar coragem. 

Mesmo depois do “término", Grissom acompanhou o dia a dia da morena de longe, viu a distância ela comemorar seu segundo caso solo, seu aniversário, apoiar seus amigos, principalmente Greg que queria ir para campo. Ficava orgulhoso com o crescimento profissional dela.  

Não sabia se deveria ir ou não ao apartamento dela, na realidade, ele tinha medo da resposta que poderia encontra lá. O medo de ser rejeitado depois doeria muito, mas não seria maior do que vê-la partir por impotência sua. 

 “Só vai ter sua resposta se for lá, Gilbert — suspirou — Na pior hipótese você leva um “não”, ergue novamente paredes em seu coração e dar trabalho para a Cath — disse para si mesmo ao entrar no carro, o destino seria a casa da morena.  

...♥... 

Lá estava ele, parado em frente a porta dela segurando um vaso de violetas azuis, revisou pela última vez o discurso que estava em sua mente e respirou fundo. Bateu em sua porta e pode ouvi-la gritar que já estava indo. 

Ela abriu a porta e demonstrou surpresa ao vê-lo — Grissom  —tentou ser indiferente, não queria demonstrar algo por ele estar ali — O que você quer? 

— Oi, trouxe para você —mostrou o vaso em sua mão — Posso entrar?  

Ela tentou não sorrir, mas foi quase impossível, acabou deixando sair um sorriso de canto — Pode— disse dando espaço e pegando o vaso — Obrigada, são lindas — sorriu.  

Ele entrou e se sentou no sofá, suas mãos transpiravam e sua respiração estava acelerada, pode ouvir a morena perguntar algo, mas não conseguia responder. Sara colocou a mão em seu ombro, o tirando do transe.  

— Está tudo bem, Grissom? Você parece estar passando mal — o observou.  

— Está sim — respondeu limpando a garganta — Vim para podermos conversar.  

Ela o olhou curiosa, no seu ver não tinham mais o que conversar — Sobre o que? Sobre o pedido de afastamento que eu pedi? Olha, eu tenho várias férias e folgas acumuladas.  

— Não é — parou para pensar — Quer dizer, envolve isso também — ela o observava, esperava que continuasse a falar, mas foi então que as palavras fugiram de seus pensamentos e o discurso que ele tinha planejado e revisador se foi — É-é — gaguejou   

— Grissom — ela o chamou — Respire e calma — falou sorrindo.  

— Sara — ele se virou para ela e segurou suas mãos — Eu menti para você  — a mulher o olhou sem entender   

— Sobre o que? — riu e colocou a mão na testa dele — Tem certeza que está bem? — perguntou de novo.  

Aquela risada o desarmava completamente, como era maravilhoso a ouvir depois de tanto tempo — Estou bem, tenha um pouco de paciência — não conseguia desviar o olhar dela — É a primeira vez em muito tempo que irei fazer isso.  

— Está bem — sorriu.  

Grissom reorganizou seus pensamentos, não conseguia se lembrar do discurso que tinha feito, iria ter que improvisar. Respirou fundo e tomou coragem e segurou as mãos dela, no momento em que suas mãos se tocaram, os dois sentiram um choque em seus corpos lhe causando arrepios, se entre olharam de lado e tiveram a certeza de que os dois sentiram.  

Grissom em um ato impulsivo a puxou para sua direção, unindo seus lábios, a morena tentou resistir no começo, mas após alguns segundos se rendeu a um beijo longo e apaixonado, ele não poderia ter escolhido maneira melhor para demonstrar o que sentia. 

— Sara — ele a olhou nos olhos — Esse meu coração frio e o seu beijo quente tá dando um choque térmico na gente, com tanto esquenta e esfria, nosso clima varia e já já eu fico doente — sorriu segurando as pequenas mãos da mulher — Você se lembra que sempre que um soltava o outro prendia? Se um tá de boa, o outro quer briga? E um sempre saia da frente ... Eu quis estar presente, mas sabia que não podia. Não sei se tem amor que aguente ... — essa era sua dúvida, será que o amor tinha aguentado?  

— Grissom — ela estava emocionada com as palavras do supervisor — Claro que eu me lembro, seu bobo — sorriu entre lágrimas — Desde que eu te conheci, desenho você na cabeça. Como eu poderia deixar escapar minha chance? Ainda mais agora que eu te reencontrei.  

“É como se morasse um céu dentro dum beijo seu 
É como se jorrasse mel dentro das suas palavras 
É como se existisse um mundo só pra você e eu 
É como se esse amor me desse asas 
Pra viajar em paz 
Pra viajar sem mais” 

E naquela noite, a lua e as estrelas viram a chama de um amor se reacender, presenciaram juras de amor mais sinceras e puras jamais vistas em toda eternidade. Se Grissom tinha uma certeza na vida, é de que ele amava Sara desde o primeiro dia que a viu e amaria até seu último suspiro. Ela era sua lua e iria lhe dar estrelas, sua vida finalmente estava completa com ela.