Scorpion-cat escrita por CrushHP


Capítulo 1
Sr. gato, Scorpius e corridas matinais


Notas iniciais do capítulo

Essa história fala sobre problemas com autoestima, por favor, estejam avisados.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792562/chapter/1

Rose começou sua tentativa de ter uma rotina matinal com exercícios no terceiro ano. Ela falhou miseravelmente e disse a si mesma que estava tudo bem, que ela não precisava fazer uma dieta. Mas seu corpo continuou a incomodá-la. Sua barriguinha saliente deixava-a aborrecida. 

 

No seu quarto ano, uma espécie de bullying a despertou. Ela havia ganhado mais peso com o passar do ano e sua família fazia comentários inocentes no início mas as coisas pioraram depois do Natal. Na Páscoa, ela se sentia um lixo ambulante. 

 

Ela dormiu chorando algumas vezes e nem se olhou no espelho pelo resto do ano. Rose tinha um real problema em suas mãos e ela tinha que lidar com isso porque sua mãe a conhecia como ninguém e, quando voltou para casa no final do ano, ela exigiu saber o que estava errado.

 

E Rose contou tudo. Seus hormônios adolescentes faziam parecer um grande monstro mas sua mãe sorriu para ela como se as coisas sempre se acertassem.

 

"Você quer que eu fale com Ginny? Ela pode mandar James parar de importuná-la" ela disse quando Rose parou de chorar em seus braços. 

 

Mas isso não parecia certo. Ela queria se olhar no espelho novamente e James, por mais estúpido que fosse, não era o único que notara suas gordurinhas a mais. Ela notava desde sempre.

 

"Eu quero emagrecer." Foi o que ela disse para a mãe. Hermione sorriu para ela e uma longa conversa sobre se sentir bem como era se seguiu. 

 

Rose a convenceu que o real motivo por não gostar de estar gorda não era o bullying. Que o mal estar com sua aparência começara antes de tudo isso. Então Hermione foi para o tópico mais importante, emagrecer tinha que ser uma trabalho duro para Rose, nada de feitiços ou remédios milagrosos porque se não, ela não faria esforço algum. Rose prontamente concordou.

 

Seu verão fora longo. Ela foi até uma médica trouxa que fez um mapa para ela mudar sua alimentação. Rose achava que isso não daria certo em Hogwarts, mas sua mãe falou que poderia conseguir com os elfos. Ela então passou o número de telefone de outro trouxa, um homem malhado (Rose babou por ele um pouco) que disse que ela devia fazer academia — seja lá o que isso significasse — mas sua mãe negou e explicou que Rose estudava a maior parte do ano em um colégio interno e que ela gostaria de exercício aos quais ela pudesse praticar lá. 

 

A ruiva então começou a fazer caminhadas no bairro todas as manhãs. Os primeiros dias foram um inferno porque ela precisava acordar cedo e seu corpo ainda estava atordoado com a mudança na sua alimentação (ela nunca comeu tanto alface na vida) mas Rose conseguiu. Ela fazia polichinelos, agachamentos e todas as coisas que o personal trainer — ela descobrira o que ele era — mandara.

 

Ela havia substituído a caminhada pela corrida no final de agosto e, Merlin, Rose se sentia tão bem. Ela emagrecera, ainda faltava alguns quilos para ela atingir o seu ideal — outra longa conversa com sua mãe sobre como emagrecer demais era ruim, Hermione adorava conversas — e sua mãe tinha pedido para uma amiga antiga que trabalhava nas cozinhas para preparar as refeições que Rose precisava. 

 

Tudo estava bem. Ela até recebera o distintivo de monitora esse ano. Comemorou com seus pais e irmão comendo muita pizza. (O QUE? Ninguém é de ferro.)

 

Rose passou o verão evitando o restante da família mas teve que ir a Toca na festa ao fim do verão. Sua avó adquirira a tradição após o final da guerra, todos os amigos da família eram convidados para um banquete e Rose teve que aparecer. Sua avó estava sempre preocupada com ela. 

 

E James estava lá. Ela não sabia porque as piadas dele a machucaram tanto. Mas elas machucaram e Rose queria dizer para ele que não gostara, mas pensou que pareceria bobo agora. 

 

Então ele a viu e seu queixo caiu. Rose riu internamente, parecia uma boa vingança. Ele tentou conversar com ela inúmeras vezes mas Rose apenas desconversou. Ele podia ser seu primo mas ela não estava pronta para perdoá-lo. Albus, o único parente dela fora de sua casa que sabia de sua saga para emagrecer, passou a noite com ela. Quando ela perguntou porque Scorpius não estava com eles, Al deu de ombros mas Rose não perdeu o fato dele parecer um pouco ansioso. Ou talvez muito, já que ele não comentou sobre o melhor amigo quase nada no verão. 

 

Scorpius era um assunto delicado para sua família. Ele era melhor amigo de Al desde o primeiro ano e os Potter/Weasley tiveram que se acostumar a ideia de um Malfoy nos feriados. Rose era indiferente ao garoto valentão. 

 

Porque ele era um valentão. Sabia feitiços que não estavam nos livros da escola, vencia qualquer aula de duelo e fazia cara feia para todos os que sussuravam quando ele passava. 

 

Mas sempre sorria quando Albus ou Amélia Zabini, sua outra amiga, estavam próximos, defendia Al de estúpidos grifinórios que se achavam no direito de aterrorizar o garoto por ser de outra casa e ajudava primeiros anos perdidos nos corredores.

 

Rose era totalmente indiferente, é claro. 

 

Mas ela sentiu-se um pouco triste por ele não estar na festa. 

 

Triste por Albus, é óbvio. Ela não ligava para Scorpius.




***


Foi no final de setembro que Rose o viu pela primeira vez. Um gato branco de olhos claro andando pelos terrenos de Hogwarts. Havia sempre animais de estimação andando pelo castelo, mas por algum motivo esse chamou sua atenção. Ela nunca o tinha visto antes.

 

Ela continuou sua corrida porque já eram seis da manhã e ela precisava se apressar para concluir o percurso ao redor do lago.

 

O gato a observou por um tempo.

 

No dia seguinte ele também estava lá. Rose seguiu seu caminho intrigada. A única conclusão lógica era que ele pertencia a um novo aluno ou fora recentemente comprado. No entanto, era um comportamento estranho para um gato, decidiu não pensar muito sobre isso.

 

A rotina de Rose consistia em acordar às cinco e correr por uma hora porque no final de outubro ela já atingira seu peso e merda, ela estava bonita.

 

Rose gostava do que via no espelho. Seus seios não eram mais desproporcionais a sua barriga e suas pernas não ficavam assadas por esfregar uma contra a outra. Ela sorria mais e nem mesmo a montanha de deveres como monitora e as atividades para os OWLs tiraram seu mundo do eixo. 

 

Então começou a esfriar e ela não conseguia mais sair para correr por causa da neve. Maldito inverno. 

 

Ela não esquecera do gato branco. Ela não sabia seu nome mas ele estava lá durante todo o mês e Rose, seja por loucura ou por diversão, sempre cumprimentava o seu novo amigo.

 

"Bom dia, Sr. Gato. O dia está lindo hoje, não acha?"

 

Ela precisava arranjar novos amigos, porque a única explicação para estar conversando com um gato desconhecido era a solidão. 

 

Sua tentativa que funcionou foi continuar acordando cedo, descer ao salão principal, subir até a torre de astronomia pelo caminho mais longo e depois voltar para sua sala comunal. Não era uma corrida mas a manteve ativa. 

 

Em dezembro o gato a encontrou. Dumbledore, Rose tinha certeza de que aquele gato não era apenas um gato. Talvez fosse meio amasso como o antigo animal de estimação de sua mãe.  

 

"Hey, Sr. Gato, você me encontrou hum?" 

Ela estava descansando ao pé da torre mais alta.

 

O gato nada dissera, Rose ficaria muito preocupada caso ele respondesse mas ele a olhou como se confirmasse que a procurara.

 

Rose então começou um longo monólogo. Ela nunca fora a garota que falara com as amigas, ela era uma boa ouvinte. Maggie, sua amiga mais próxima a chamava disso. Mas ela não dava muito a chance para Rose falar. Ela se descobriu uma tagarela com o lindo gatinho mal encarado. 

 

"Acredita que já estamos perto do Natal? Mal posso esperar até ir para casa. Vic está grávida e o bebê deve nascer a qualquer instante [...]Peter me perguntou se eu queria sair com ele, eu quase cai da cadeira porque ele estava rindo das piadas de James sobre eu estar parecendo um barril há pouco tempo[...] Lily está beijando um sonserino do sexto ano, se Al ou James descobrem vai ser uma bagunça.[...]Acredita que eu consegui emagrecer em tão pouco tempo? Isso me deixa tão feliz porque eu passei meses sem me olhar no espelho[...] Será que eu sei beijar sem nunca ter feito isso..?

 

Rose continuou a falar sobre o que estava acontecendo em sua vida, sobre o quanto feitiços era uma matéria horrível, sobre seus amigos. 

 

Ela finalmente se levantou para ir embora. Antes, porém, ela abaixou a mão e coçou atrás da orelha do gato. "Obrigada por escutar, amiguinho." 

 

Foi naquele Natal que Rose percebeu que tinha uma pequena queda por Scorpius Malfoy. Ela dormira na toca porque a festa do pijama das meninas Weasley era tradição. Lily tinha muito o que falar sobre seus irmãos por serem trogloditas e enfeitiçarem seu "namorado" e acusou Rose de contar para Al.

 

"Eu nunca contaria um segredo seu para Al, Lily." Ela se defendeu veementemente porque Al podia ser seu melhor amigo mas ela não contaria um segredo de Lily.

 

Ela acordou mais tarde do que o normal na manhã de Natal e pensou seriamente em não correr naquele dia. Então a quantidade de comida que ela comeu na noite passada a acusou. Rose sabia que tinha que levantar porque fugir da rotina era seu caminho sem volta. Em agosto ela parou um dia e depois se tornou uma semana… Era melhor evitar.

 

Ela levantou às sete mas todos ainda dormiam, pegou uma maçã e saiu para a neve. Ela não ia correr porque estava frio demais para aquilo. Uma pequena caminhada tinha que servir. Se seu personal musculoso a visse fugindo da rotina, mesmo num feriado, ele comeria seu fígado.

 

Mas Rose não estava sozinha, Scorpius pareceu ter a mesma ideia porque estava sentado em um banco perto do lago. Rose pensou em ignorá-lo e ir em frente mas ele a notou e levantou. 

 

Eles caminharam juntos em silêncio por um longo momento. Rose estava surtando por causa disso. Okay, não havia motivos para descompasso, era apenas Scorpius.

 

"Não sabia que acordava cedo, Malfoy." Falou ela em uma tentativa de quebrar o silêncio pesado. Merlin, por que era tão difícil falar com ele? 

 

Ele deu de ombros. Se Rose tivesse olhando para o rosto anguloso dele, ela veria um brilho diferente naqueles olhos. "Todos os dias desde o primeiro ano eu saio para ver o sol nascer." 

 

Rose queria dizer que nunca o vira e que ela saia para correr poucos minutos depois do nascer do sol mas calou-se. Ele poderia estar do outro lado do Castelo, próximo a floresta ou qualquer lugar longe do lago.

 

"Eu não sou fã das manhãs." Começou ela. Rose odiava o silêncio como podem notar. 

 

"E mesmo assim está acordada." Respondeu Scorpius, sua boca formando um sorriso. 

 

"Eu gosto de correr." Rose disse com um sorriso fraco. Merlin, ele era ainda mais bonito de perto. 

 

"Eu sei, Weasley. Já vi você correndo perto do lago." Eles estavam em frente à Toca naquele momento. Scorpius virou-se para ela. "Você está muito bonita, Rose. Suas corridas te fazem bem." Então ele entrou e subiu até o quarto em que os garotos dividiam.

 

Rose ficou lá, presa ao solo. 

 

Scorpius a chamou de bonita. Ele sorriu para ela e a chamou de bonita.

 

Era oficial, seu rubor não foi causado pelo frio. Ela tinha uma queda por Malfoy.




***

 

Ela gostaria de dizer que seu ano escolar continuou tranquilo, mas não, isso não aconteceu. Seus exames estavam cada vez mais próximos e com o passar dos dias, Rose estava surtando de tanto estudar. 

 

Ela não tinha o cérebro brilhante de Hermione, Rose precisava trabalhar duro para conseguir aprender e feitiços a estava destruindo. 

 

Ela estava exausta numa manhã de sábado enquanto corria ao redor do lago. A primavera chegou brilhante nos terrenos de Hogwarts e abril já estava no fim quando ela devidamente desabou.

 

Ela estava estressada e nem correr por mais de duas horas a ajudou. Rose ia ser reprovada em feitiços porque não importava a forma que ela balançava o pulso, ela não conseguia se concentrar nas malditas palavras. Antes que ela pudesse se conter, as lágrimas rolaram. 

 

A garota Weasley sentou na beira do lago quando finalmente estava cansada demais para correr. Passaram poucos minutos até ela sentir os pelos macios do pequeno gatinho que virou seu companheiro nas manhãs. 

 

"Hey, Sr. Gato, como está hoje?" Ela limpou as lágrimas e tentou sorrir para o felino. Rose quase podia vê-lo lançando a ela um olhar severo que dizia você não parece bem, humana. Conte o que te aflige. 

 

E ela contou. Em sua imaginação louca, ele era um bom ouvinte. Rose derramou suas frustrações como um vulcão em erupção. 

 

Ao final de uma hora, Rose estava deitada na grama e seu amigo felino em cima de sua barriga. Ela acariciava sua orelha com carinho. "Obrigada." Ela sussurrou para o pequenino e ele a encarou com aqueles olhos estranhamente familiares. 

 

Feitiços ainda era uma porcaria para Rose mas ela conseguiu não surtar novamente. Na semana seguinte, num sábado que ela não foi correr porque passara quase a noite inteira acordada para terminar suas lições a tempo e poder estudar o fim de semana inteiro, Scorpius se sentou em sua mesa na biblioteca. 

 

Ela tomou um leve susto e aquele rubor insistente voltou para fazê-la companhia.

 

No entanto, sua queda por ele tinha se controlado depois que ela beijara o tal Peter por causa de um desafio de James. Foi estúpido? Sim, mas a cara de James ficou eternizada por uma foto de sua prima Roxanne. 

 

Enfim, ela beijou um cara e não foi tão bom quanto ela esperava. Ela já havia lido tanto sobre beijos que talvez fora isso que tirou o especial da coisa toda. Sabendo disso, Rose colocou na cabeça que sua vontade de beijar Scorpius toda vez que ele estava perto era bobagem, logo, não uma paixonite.

 

Viu? Simples.

 

Quem ela estava tentando enganar com toda aquela baboseira? Scorpius continuava estupidamente atraente, inteligente e cada vez mais amigável para com ela. 

 

Rose começou a hiperventilar. Ele sentou em sua frente e deu um pequeno "bom dia". Rose sussurrou uma resposta e tentou controlar seu rubor. 

 

Por que esses genes ruivos só ativavam quando o Malfoy estava por perto?

 

Eles ficaram em silêncio. Por que sempre havia silêncio perto dele? Isso era tão desconfortável. Rose tentou se concentrar no livro a sua frente mas a teoria de como balançar a varinha e mentalizar o feitiço não contribuíram para o seu aprendizado, não  ajudava que Scorpius estava lá na sua frente lançando olhares nada discreto à suas anotações.

 

Depois de longos minutos, a voz de Scorpius a despertou:

 

"Você está fazendo isso do jeito errado, Rose."  

 

Isso não deveria ofendê-la, ela sabia que estava fazendo errado, mas a ofendeu. Rose odiava que alguém dissesse o que ela tinha que fazer. Antes que ela pudesse reclamar e dizer que não precisava da ajuda dele, — o que era uma mentira total — Scorpius moveu-se e segurou sua mão que estava com a varinha. 

 

As palavras fugiram de sua boca e o cérebro de Rose derreteu. Merlin, Malfoy tinha dedos firmes.

 

"Descendo é um feitiço para fazer um objeto cair por causa do aumento da gravidade, certo?" Rose só podia acenar "Então você não pode chacoalhar muito a varinha porque perde o controle, o movimento tem que ser firme mas suave ao mesmo tempo" E então ele moveu a mão de Rose da forma como havia dito. 

 

Dumbledore, ela não devia estar pensando em como os dedos dele eram longos. 

 

Scorpius pareceu satisfeito com o movimento e voltou a olhar para seus livros, mas Rose estava hipnotizada por ele. 

 

Se não fosse o bastante, ele voltou a sentar com ela todos os dias após a aula, na mesma mesa da biblioteca, no mesmo horário. Rose não estava reclamando porque ele a ajudava com movimentos de varinha e a forma correta de pronunciar as palavras. 

 

E, merda, feitiços não era tão difícil porque Rose finalmente conseguia entender. 

 

E foi na última semana de aula, depois de furar com sua rotina de corrida durante mais dias do que ela podia contar, que Rose admitiu para si  que estava apaixonada por Scorpius e não havia nada que pudesse fazer.

 

Seu felino preferido não tinha nada a dizer sobre essa afirmação, como sempre, mas Rose continuou a falar mesmo assim:

 

"Ele está me ajudando com feitiços e poxa, ninguém sabia que eu era ruim em feitiços além de você, amiguinho. Scorpius não tirou sarro de mim por não conseguir pronunciar o nome Incarcerous, ele apenas repetiu até eu entender. Os exames quase me mataram esse ano, mas mamãe apenas me disse para não enlouquecer por isso e eu estou tentando me manter calma. Talvez eu não consiga um E em feitiços, mas professora Padma aceita alunos com A também." 

 

Rose se sentou ao pé de uma árvore antes de subir para seu quarto e o gato branco que ela já amava se aproximou. Era tão engraçado que ele se achegava mas parecia sempre com medo de se aproximar demais. Rose o puxou para seu colo e continuou a falar enquanto acariava seus pelos.

 

"As férias estão chegando. Vou sentir sua falta nesses meses. Eu nunca descobri quem é seu dono, Sr. Gato. Eu devia ter procurado mais e quem sabe eu conseguisse convencer ele ou ela a me deixar ficar com você por alguns dias. Mas Al disse que não havia um gato branco na sala comunal da Sonserina."

 

Se Rose entendesse o que os gatos sentem, ela podia ter visto um olhar triste no pequeno animal.



***

 

 

Rose provou firewhisky na noite do aniversário de dezesseis anos de Albus. Seu primo sonserino odiava festas, então sua mãe fazia um jantar para os amigos dele e os deixava ficarem acordados até a hora que quisessem. Em algum momento da noite, os pais de Al se foram e oito adolescentes sem supervisão não era uma boa ideia. Teddy tomou toda a responsabilidade com um sorriso "Ninguém vai se matar, tio, prometo." 

 

Duas palavras que não existem na mesma frase são Teddy e responsabilidade. Ele não devia estar com Vic e o pequeno Remus?

 

Em algum momento da noite, James correu até o escritório do tio Harry e trouxe consigo uma garrafa da bebida. 

 

"Oh não. Teddy, olhe isso." Rose tentou puxar os outros para a razão mas o de cabelos azuis deu de ombros, dizendo: 

 

"Ele é maior de idade." Quando Al tomou um gole, ele disse "É o aniversário dele, Rose." Quando Gregory (outro amigo de Al) bebeu, ele deu de ombros "Me responsabilizo apenas pela família."

 

Esse foi o estopim, Scorpius e Amélia  brindaram e Roxanne foi logo depois porque fizera dezessete anos em fevereiro. 

 

Logo Lily (da qual nem tentou beber porque só faria catorze anos no fim de agosto) e Rose eram as únicas completamente sóbrias.

 

Além de Teddy. ("Vic está na casa da mãe dela, não posso ir buscá-la cheirando a álcool" Ele dissera.)

 

E ela estaria feliz em continuar assim pelo resto da noite mas Scorpius não deixaria. Ele disse a palavra que Rose mais odiava.

 

"Eu te desafio, Rose. Só um gole." 

 

Rose odiava ser desafiada.

 

Quatro goles depois ela estava vomitando na privada com os sons de risada de Lily atrás dela.

 

Maldito Malfoy!




***


Rose estava sentada em frente ao lago com seu amigo gato. Ela correra como sempre e como esperado, o felino estava lá. 

 

Rose riu sozinha lembrando da noite em que bebera firewhisky e compartilhava sua história com o animal. Seu mal estar na manhã seguinte não conseguia apagar o brilho do sorriso que Scorpius direcionou a ela naquela noite.

 

Ela estava animada para esse ano porque passara em feitiços com um EXCELENTE, ela não podia parar de pular pela casa.

 

Seu sexto ano tinha tudo para ser incrível porque ela e Scorpius eram amigos agora, (Sua reação ao receber sua nota, depois de correr pela casa como uma louca, foi escrever para o Malfoy. Ele respondeu. Ela respondeu de volta. E o restante do seu verão foi completo de cartas entre os dois.) Feitiços não a assustava e seu gatinho louco que aparecia no mesmo lugar todos os dias estava aninhado ao seu lado a escutando divagar sobre sua paixonite.

 

Mas não foi um começo de ano incrível. Por mais que o restante não fosse tão ruim.

 

A ruína foi logo na primeira aula avançada de transfiguração. Scorpius tentou contar a ela alguma coisa antes da aula, mas Mcgonagall apareceu e os mandou entrar.  Ela não notou o olhar assustado que Scorpius lançou para Albus. 

 

Em letras grandes na lousa estava a palavra Animagus. 

 

Rose sorriu. Eles falariam sobre animagia, isso esclarecia o motivo da velha diretora aparecer na aula do Prof. Smlitter. Minerva era a animago mais famosa da atualidade. 

 

 O discurso do professor sobre a dificuldade de se transformar em um animal, como existiam poucos animagos registrados na Grã-Bretanha… era fascinante. Quando o professor deu lugar a diretora para falar, ela tomou a forma de gato já bastante conhecida e andou pela sala antes de virar uma humana e começar a falar:

 

A mente de Rose achava aquilo incrível.

 

 "Creio que não tenho mais palavras para adicionar a bela dissertação do professor Smlitter mas gostaria de revelá-los um feito acadêmico recente. Nesse século só temos três animagos registrados no ministério, um deles, foi registrado muito recentemente, cerca de um ano atrás. Um aluno me procurou no fim do terceiro ano e perguntou se poderia estudar animagia, eu não pude negar ajudá-lo, desde que o ministério estivesse ciente."

 

Um aviso começou a piscar na cabeça de Rose mas antes que ela pudesse prestar atenção, a diretora a chamou para a realidade. 

 

"Sr. Malfoy venha a frente, por favor." 

 

Não foi apenas o suspiro de Rose que foi ouvido. Os alunos das quatro casas pareciam em choque. Scorpius foi a frente relutante. Ele parecia envergonhado mas um pouco orgulhoso também. 

 

No entanto, seu sorriso vacilou quando seu olhar encontrou os olhos de Rose. 

 

Um azul que ela conhecia muito bem. O alarme na mente de Rose soou mais forte. Ela estava congelada, incapaz de somar dois e dois. Ela conhecia esse olho azul porque era de Scorpius, mas também porque…

 

Malfoy se transformou e um sussurro de admiração preencheu o silêncio. Um belíssimo gato branco mal-encarado que Rose conhecia muito bem estava na frente da sala.

 

Albus que estava mais a frente virou a cabeça para encará-la. Amélia seguiu seu exemplo. Ele parecia dividido entre surpreso e culpado. 

 

Muito pensamentos passaram na cabeça de Rose, mas o aviso flutuante agora piscava em neon contendo as palavras: AL SABIA.

 

Rose nunca se sentiu tão traída. Todas as evidências vinham em cascata para ela: a afirmação de que Scorpius sempre assistia o nascer do sol, como Al ficou sabendo do namoro de Lily, porque Scorpius a ajudava em feitiços… 

 

Como Rose era burra. 

 

Ela quase perdeu o final do discurso de Mcgonagall. 

Quase.

 

"Com minha total confiança e monitoria, Scorpius foi o primeiro bruxo a completar o processo para se transformar em um animago em apenas um ano. Também é o mais jovem animago já registrado no Reino unido."

Ele também foi a primeira pessoa que quebrou a confiança de Rose e partiu seu coração mas Minerva não sabia disso.

 

Ele voltou a forma humana e Rose evitou olhar para ele. No entanto, ela sentiu o olhar dele em suas costas pelo restante da aula.

 

 



***


Demorou uma semana para Rose passar por todos os seus sentimentos. Ela ficou em estado de choque que foi substituído pela raiva, depois frustração, medo… 

 

Rose acha que uma parte dela sabia, uma parte muito grande.

 

Além dos olhos iguais, ela sabia que o Sr. Gato tinha uma marca de nascença na pata, uma que Scorpius conseguiu em seu primeiro Natal na toca com um gnomo furioso. 

 

Ela lembra de comparar as marcas e achar aquilo engraçado.

 

Como Rose pode ser tão burra?

 

Ela se perguntava enquanto sentava na grama do outro lado do Castelo numa tentativa de evitar Scorpius/Sr. Gato durante sua corrida.

 

Só que Scorpius não fez nenhum movimento para falar com ela além do primeiro dia. Ela lembra de não olhar para ele ou Al quando correu para fora da sala, sua melhor amiga perguntando o que havia de errado. 

 

Scorpius foi muito rápido em correr até ela. Ele a puxou em sua direção e apenas disse: "Sinto muito, Rosie." 

 

Aqueles olhos maravilhosos com os quais Rose sonhava.

 

Caramba, ele a chamou de Rosie. Ela estaria derretendo se não estivesse tão magoada. Com uma resolução gigantesca, Rose virou e correu para sua sala comunal deixando um Scorpius aturdido para trás.

 

No jantar, o motivo por Mcgonagall ter revelado que Scorpius era um animago ficou claro. Lily jogou uma carta para ela. (Ginny Potter conseguia as matérias antes do lançamento porque ela era uma repórter importante e tudo mais.) Em uma entrevista para o profeta diário sobre suas ações de caridade, Astória Malfoy mencionou o fato sem querer por estar tão orgulhosa do filho. 

 

Até Rose podia perceber que não seria belo que um Malfoy, mesmo sendo Scorpius, tivesse acesso a esse tipo de magia às escuras. Mcgonagall assumir a responsabilidade em uma sala cheia de alunos garantiu que a perseguição não acontecesse. Rose não era estúpida, os rumores sobre o nascimento de Scorpius ainda eram divulgados. (Quem acredita que ele é filho de Voldemort? Lunáticos estúpidos.)

 

Mas isso não aplacou a raiva de Rose. Mesmo agora, dias depois, ela ainda sentia a dor. 

 

Porque doeu. Rose nunca foi a Weasley mais popular, ela era a gordinha e desajeitada que não se sentia bem consigo mesma. Tinha poucos amigos fora de sua família e nunca se encaixou nos parâmetros impostos por ser filha de sua mãe. 

 

Doeu saber que uma amizade com um bichinho não era aquilo que ela pensava. Doeu porque, no fundo, ela sempre achou que a amizade que floresceu entre ela e Scorpius era movida por algum motivo obscuro. 

 

Movido por pena. Ele tinha pena dela? Só isso explicaria porque Scorpius se aproximou dela sabendo de sua paixão por ele.

 

Merlin amado, Rose contou tudo para ele. De sua unha encravado a ter seu primeiro beijo por causa de uma aposta. 

 

Ela estava tão envergonhada que quase deixou passar um cabelo loiro muito distinto correndo até onde ela estava. 

 

Quase. 

 

Scorpius parecia bonito como sempre. Corpo esguio, cabelo despenteado, lábios carnudos que Rose queria…

ROSE NÃO QUERIA NADA. 

 

Ele falou rapidamente quebrando a tradição de permanecer em silêncio.

 

"Perdoe Al. Ele queria te contar mas eu pedi que não fizesse isso."

 

Rose só pode assentir. Ele esperou que ela dissesse alguma coisa mas Rose manteve o silêncio (que grande ironia.)

 

Balançando a cabeça resignado, Ele levantou para sair e já estava a muitos metros quando Rose tomou coragem para perguntar:

 

"Você tem pena de mim, Scorpius?" Ela não devia ter perguntado, ela devia, sei lá, esperar até o Natal e conversar com sua mãe sobre isso porque Hermione amava conversar com sua filha. Ela sentia o arrependimento correndo em suas veias no momento que terminou de falar.

 

E  a vergonha ficou maior porque Scorpius virou devagar e a olhou como se ela estivesse louca.

 

"Esqueça. Eu-" 

 

Ela sentiu seu rosto esquentar quando o semblante de descrença no rosto do loiro se transformou em um sorriso. Burra! Burra!

 

Ele se sentou ao seu lado com aquele estúpido sorriso no rosto e ficou olhando-a com interesse.

 

"Por que eu teria pena de você, Rose?"

 

Ela queria levantar e correr mas o encarou. Rose estava tão cansada de tudo. 

 

"Por que me ajudou com feitiços, Scorpius?" 

Seu rosto se iluminou em compreensão. "Você acha que ajudei você por pena, Rosie?" Ele não esperou que Rose o respondesse. "Você é tão boba."

E riu com carinho. Bastardo! 

Era isso, Rose iria embora. Ele pareceu perceber que tinha dito a coisa errada porque segurou a mão dela e disse: "Desculpe. É só que você pensar algo assim, Rose… eu sei que não é a pessoa mais  confiante que eu conheço mas isso..." Scorpius começou a divagar. Seu sorriso morrendo.

 

Ele a olhou nos olhos quando disse: "Eu não tenho pena de você, Rose. Nunca me aproximei de você por pena."

 

"Então por que…?" Rose não conseguiu terminar. Por que você se tornou meu amigo sabendo que eu gosto de você? Por que não me contar que você era o gato?  Por quê? 

 

"Você não pode deixar as coisas fáceis, não é?" Ele sorriu. Rose prendeu a respiração. 

 

"Por que eu gosto de você, Rosie." 

 

Era isso. Ela ia desmaiar ali mesmo. 

 

"… Você estava sempre irritada por aí querendo perder peso… eu pensava 'mas ela é linda desse jeito' porque você era, Rose. E Merlin, você emagreceu e eu pensei que não existisse garota mais bonita nessa escola." Ele voltou a olhar para o campo de quadribol e Rose agradeceu a qualquer Deus que existisse porque ela estava hiperventilando com a firmeza daquele olhar.

 

"Eu não queria omitir que era o Sr. Gato, que por sinal é um péssimo nome, mas quando eu estava procurando você no castelo aquela noite e você começou falar comigo, e você falou e não parava. eu não tive coragem de interrom…"  

 

Mas ela teve que interrompê-lo porque ele não poderia continuar falando quando ela o beijou. 

 

Merlin, foi tão bom. Scorpius se recuperou do susto e a beijou de volta com vigor e pareceu que eles se beijaram por horas.

 

Quando a intensidade diminuiu, eles se afastaram. Scorpius suspirou quando suas testas se tocaram e Rose tentou recuperar o fôlego. "Eu gosto quando você faz isso." 

 

Ela nem notou que estava fazendo carinho atrás da orelha dele. A Weasley corou. "Quem fala demais agora?" 

 

Uma risada suave saiu dos lábios dele antes dele beijá-la novamente. 

"Ainda não te perdoei, Malfoy." Ela sussurrou quando se afastaram. 

 

"Veremos." Ele disse e sorriu aquele sorriso de lado antes de a puxar para mais um beijo, dessa vez suave e Merlin, ela se perdeu naqueles beijos.

 

Era oficial, Scorpius estava apaixonado por Rose. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Scorpion-cat" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.