Contos de Uma História Sem Fim escrita por Leh


Capítulo 3
September 6


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Fazia uma tarde bonita em 6 de setembro de 2003 e todos os membros da família Weasley se encontravam irradiando felicidade e alegria.

A filha de Bill Weasley, Victoire, estava arrumada com um lindo vestido de daminha, levando uma bronca de sua mãe, Fleur, por ter desarrumado o cabelo e tirado a tiara que deveria estar usando.

Assim como Teddy Lupin, que seria o pajem, a menina se importava mais com os doces do que com o casamento em si, tendo, junto com ele, roubado alguns da mesa, levando sua avó Molly à loucura.

Após esse pequeno contratempo, Molly Weasley, que anteriormente possuía o nome Prewett, foi até onde estava sua nora, levando consigo uma tiara deslumbrante que havia sido fabricada por duendes e pertencia a sua tia Muriel.

Angelina se encontrava sentada acariciando a barriga que crescera consideravelmente nos últimos quatro meses. George e ela já namoravam havia algum tempo, mas noivaram pouco depois de ela descobrir a gravidez. Bom, tal motivo não fora a única razão pela qual decidiram se casar, mas essa história será contada em um outro momento.

Era uma mulher bonita. Não apenas uma “negra bonita” – tal comentário, convenhamos, soaria de forma extremamente racista. Era uma mulher bonita. A mais bonita, na opinião de George. Mas naquele momento, não estava somente bonita, estava deslumbrante tal como a tiara que Molly trazia nos braços. Venusta também seria uma boa palavra para descrevê-la, mas acredito que poucos de vocês conheçam seu significado.

Levantou-se com a chegada da sogra, que após muitos elogios e palavras emotivas, ofereceu-lhe a bela tiara:

—Virou uma tradição que as mulheres da família se casem usando essa tiara — contou, sorrindo abertamente. — Desde que Fleur usou em seu casamento com Bill, todas as outras usaram. Audrey se casou com ela, assim como Ginny, e acredito que Hermione adorará usá-la quando finalmente ela e Ron se casarem.

Na parte de fora do salão, onde ocorreria a celebração do casamento, George Weasley encontrava-se sentado em um canto, observando o céu. Estava tão distraído que não percebeu a chegada de sua irmã mais nova.

—No que está pensando? — “o que está fazendo?” seria uma boa pergunta, porém a resposta era bastante óbvia.

George se assustou ao ouvi-la falar primeiro, e pareceu acordar de um transe quando viu Ginny.

Ele fez um gesto como se chamasse sua irmã para se sentar ao seu lado, e ela foi, mesmo que aquilo a fizesse sujar seu vestido azul.

O vestido era solto ao corpo, por isso sua barriga se tornava quase imperceptível ao seu contato, mas qualquer um que a conhecesse saberia que estava esperando um filho. Encontrava-se com pouco menos de duas semanas a menos do que Angelina, então provavelmente seus filhos nasceriam em datas próximas.

Não eram as únicas, afinal. Audrey, esposa de Percy, esperava seu primeiro filho ou filha, mas ao contrário das duas estava bastante próxima do dia do parto, coisa que sua barriga ou os pés inchados não a deixavam esquecer. Mal sabiam na época que poucos meses depois Fleur também engravidaria, esperando, assim, sua segunda filha.

George suspirou e sem olhar para Ginny, respondeu sua pergunta:

—Já parou pra pensar que nunca tivemos um casamento em nossa família com todos os membros presentes?

Ginny o olhava atentamente, os olhos castanhos brilhando levemente em contraste com o sol.

—No casamento de Bill, Percy ainda era um babaca, mesquinho, cego de poder e não foi — George disse. — Em todos os outros, Fred já estava morto.

Seus olhos viajavam pelo céu azul, tinha um olhar ausente, como se não estivesse realmente ali. Em alguns poucos momentos desde a batalha de Hogwarts, Ginny olhava George e por poucos segundos esquecia que Fred estava morto. Não era como se ela os confundisse, mas algo nela nunca conseguiu enxergar os dois separados. Parecia que enquanto George estivesse ali, Fred também estaria.

—Eu só queria que ele estivesse aqui — uma lágrima silenciosa caiu de seu olho esquerdo, e ele precisou olhar pra cima para impedir que viesse uma segunda, ou uma terceira...

Ginny não sabia o que dizer. Eram poucos os momentos que a deixavam sem palavras, e a maioria deles tinham a ver com mortes. Sendo assim, ela o envolveu em um abraço e o deixou chorar ali por algum tempo.

George era uma pessoa expressiva, não era o tipo de pessoa que conseguia esconder seus sentimentos muito bem. Não era como Bill, Charlie ou Percy. Seus três irmãos mais velhos eram desenrolados e conseguiam se manter calmos em momentos de estresse. Percy às vezes fraquejava um pouco quanto a isso, sempre que se sentia culpado por alguma coisa ruim que acontecia, mas antes das brigas com a família, ele conseguia se manter frio com muita facilidade.

Ele também se lembrava de ter visto Bill chorar escondido dias após a morte de Fred. Não por vergonha. Mas porque achava que devia se manter forte. Era o irmão mais velho e por isso tinha que ser forte por seus outros cinco irmãos. E, principalmente, tinha que ser forte por seus pais.

Ron também era uma pessoa um tanto quanto expressiva. Se estava com raiva, demonstrava. Se estava envergonhado, demonstrava. Se estava triste, demonstrava. Mas no geral, tinha um emocional do tamanho de uma colher de chá, por isso talvez fosse tão raro vê-lo chorando.

Tampouco era como Ginny, uma pessoa forte. Era raro ver lágrimas escapando de seus olhos. Se manteve forte em todos os momentos nos quais precisaram dela. Como quando Arthur passou mal horas após o enterro de Fred e foi ela, junto com Bill, quem tomou a frente da situação. Também foi ela que ajudou Andromeda e Harry quando Teddy adoeceu poucas semanas após o fim da guerra.

Mas George não sabia ser forte. Desde sempre ele demonstrara demais seus sentimentos. Sua alegria era sempre representada em seus sorrisos e risadas. Também não era uma pessoa capaz de controlar tão bem sua raiva, por mais que não fosse uma pessoa realmente agressiva. E chorava muito quando estava triste.

—Como se faz pra superar, Ginny? — as palavras escaparam de sua boca antes que pudesse contê-las.

Naquele momento, duas crianças que deveriam estar bem arrumadas e sentadas quietas esperando serem chamadas, passavam correndo pelo campo, sem notar a presença dos dois adultos.

Ginny soube a resposta.

—Esperança e fé — ela respondeu. — De que haverão dias melhores e de que ele está bem. Que está em paz e que está feliz porque você está feliz.

Sua voz falhou no final.

—Você está feliz, não está?

George observou Teddy e Victoire correndo e lembrou de dois dias atrás, quando ele estava acariciando a barriga de Angelina e fazendo piadas que faziam sua, até então, noiva rir e, então, sentiram, pela primeira vez, seu bebê chutar.

—Um pouco incompleto — ele disse após alguns longos segundos. — Mas mais feliz do que nunca.

Ginny beijou a testa do irmão mais velho e depois de acalmá-lo totalmente, os dois foram até a entrada do salão, já que seria pouco provável que resolvessem realizar o casamento sem a presença do noivo. E também porque Angelina o mataria caso se atrasasse. Ela era, em geral, uma pessoa bastante explosiva, mas com a gravidez estava mil vezes pior.

Mas, mais do que nunca, ele estava feliz. Talvez não alegre, mas essas duas coisas são consideravelmente diferentes. Sua família estava feliz por vê-lo feliz.

Fred também estava feliz, de onde quer ele estivesse.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, eu sei que a maioria das pessoas pensa que o Fred e a Angelina tiveram alguma coisa, mas na minha cabeça eles só foram no baile juntos e nada mais. Não sei se deixei passar alguma coisas nos livros, mas enfim.
Outra coisa, o próximo capítulo será uma continuação desse, então tudo vai se passar em um mesmo dia, okay?
Espero que tenham gostado!



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