Uma Aposta Perdida escrita por Srta Snape


Capítulo 1
Uma Aposta Perdida




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O dia parecia muito favorável, pode perceber isso quando se levantou naquele sábado. A luz que batia em sua janela era forte e clara. O céu estava limpo e o sol começava a se erguer forte. Estavam no final da primavera e o dia prometia ser mais do que perfeito.

Sorrindo torto Severus Snape retirou seu pijama e entrou debaixo do chuveiro. A água estava quente e deliciosa. Deixou que caísse sobre seu corpo despertando-o por completo. Depois enxugou-se olhando-se no espelho. O final da guerra cobrou caro de si, a marca das mordidas de Nagini podiam ser vistas ainda que fechasse o sobretudo todo, por isso usava um feitiço para disfarçar. Odiava que o olhassem com repulsa ou pior, pena.

Devidamente arrumado rumou para o Salão Principal e sentou-se em sua cadeira de sempre ao lado da diretora. McGonagall ainda não estava presente, possivelmente estava arrumando os detalhes do grande evento que aconteceria em algumas horas. O último jogo de Quadribol daquele ano. Grifinória contra Sonserina. Os alunos estavam mais barulhentos do que nunca. O retorno as aulas após o término da guerra fora mais do que essencial na vida daquelas crianças e até mesmo dos adultos que ali trabalhavam. Todos ansiavam para que suas vidas voltassem a normalidade já que a guerra cobrara caro de todos eles. Então aquele jogo seria mais uma conquista para eles, mais uma vitória. A grande massa de aluno estava vestida de vermelho e amarelo, representando as cores da Grifinória. Snape não podia culpar os alunos das outras três casas de odiar seus protegidos da Sonserina, muitos alunos ali eram filhos de ex comensais da morte e tiveram uma atitude deplorável durante a guerra enquanto muitos pais e alunos morreram nas mãos dos comensais.

— Bom dia, bom dia. – Cumprimentou a diretora se aproximando de sua cadeira no meio da mesa. – Ah Severus, que bom vê-lo antes do jogo.

— Estou ansioso para saber o motivo.

— Bom, estava pensando. – Disse a mulher tomando um gole de suco. – Eu sempre te disse que você é muito sozinho e que deveria sair com outras pessoas.

— Uma ideia ridícula  e absurda.

— Me escuta seu velho ranzinza. – Ralhou vendo-o revirar os olhos. Após o final da guerra e Potter o inocentar perante o mundo bruxo usando suas lembranças, McGonagall lhe pedira desculpas, até mesmo lhe abraçara e então Snape se viu prezo em uma amizade incomum com a mulher que também perdera seu grande amigo, Dumbledore e apesar de ser estranha, era uma deliciosa amizade. – Eu te sugiro uma aposta.

— Quantos anos acha que eu tenho?

— Bastante. A minha sugestão é que apostemos quem ganhará o campeonato de Quadribol. – McGonagall deu uma pausa esperando que o mestre de poções dissesse algo, mas só encontrou silêncio. – Se a Sonserina ganhar eu paro de me meter na sua vida amorosa, que você não tem.

— Interessante. E se a Grifinória ganhar?

— Se a Grifinória ganhar, você vai a um encontro às escuras com alguém que eu escolher.

— Você só pode estar ficando senil.

Snape se levantou da cadeira, estava prestes a ir para seus aposentos e esquecer a loucura que a diretora estava falando, mas McGonagall sempre soube jogar com Snape, aprendera direitinho com Dumbledore.

— Covarde. – Disse alto o suficiente para que ele ouvisse e parasse de andar. O professor girou nos calcanhares e retrocedeu alguns passos parando ao lado do cadeirão da diretora. Sem dizer nada estendeu a mão e aguardou. McGonagall estendeu a sua e apertou a dele sentindo firmeza no aperto. – Apostado então. Não vejo a hora da Grifinória ganhar.

— Só nos seus sonhos, Minerva.

Snape não foi enfim para os aposentos, rumou para fora do castelo, em direção ao campo de Quadribol. Sem cerimônia entrou no vestiário da Sonserina encontrando os alunos ainda se arrumando. Sua entrada foi uma surpresa tão grande que todos se calaram, alguns estavam sem camiseta enquanto se trocavam e outro sem calça. Snape não tinha o menor interesse, podiam estar pelados que nem mesmo teria percebido, seu olhar caiu em cima do capitão do time, de quem se aproximou devagar.

— Vocês não podem perder esse jogo, entendeu?

— Sim senhor, professor.

— Que bom.

Após dar seu recado, rumou de volta para o campo e sentou-se na arquibancada aguardando o início da partida. Logo os alunos saíram do castelo e começaram a encher o local. Os professores sentaram-se perto e McGonagall, claro, sentou-se ao seu lado. O campo gritou em vermelho e amarelo quando os alunos da Grifinória voaram se apresentando. Dessa vez não havia Potter para agarrar o pomo, então Sonserina tinha grandes chances de ganhar. Era com isso que Snape estava contando e esperava que as vaias que seus alunos ganharam ao se apresentarem no campo não desestabilizasse eles.

O jogo começou, mal conseguiam visualizar os jogadores de tão rápido que voavam. Por fora Snape estava impassível, parecia simplesmente uma pessoa que estava ali por estar, apesar de seus olhos estarem bem atentos e quem observasse de perto veria as pontas dos dedos fazendo força em suas pernas. Por dentro ele estava gritando, xingando e amaldiçoando seus alunos que não conseguiam roubar a goles da Grifinória e agora estava perdendo de 60 a 10. Eles tinham que pegar o pomo, não suportaria ter que olhar na cara de Minerva se os Grifinórios ganhassem.

Mas então o pior aconteceu, Sonserina não conseguiu dar conta dos Grifinórios que se mostraram bem superiores a eles. A artilheira do time era Gina Weasley que fazia novamente seu último ano na escola e estava empenhada para ganhar aquele campeonato, a ruiva voava com força derrubando quem estivesse a sua frente como se fosse um balaço e tinha uma pontaria incrível. A Sonserina pegou o pomo no final, mas a Grifinória marcara 270 pontos e Sonserina finalizou com 190 pontos devido a captura do pomo. Uma vergonha. Grifinória ganhara o campeonato de Quadribol. O campo explodiu em vivas e gritaria. McGonagall pulava ao seu lado junto com os outros professores, Snape se afastou devagar tentando passar despercebido, mas McGonagall cutucou seu ombro o fazendo se virar e encarar o rosto enrugado com um sorriso de uma ponta a outra.

— Esteja pronto hoje a noite, as 20hs. Use uma veste elegante, o restaurante é bem estimado.

— Acha mesmo que eu vou nesse jantar?

— Ah Severus. Até parece que não o conheço. Você nunca deixaria de cumprir algo que disse que faria.

Snape bufou e foi embora. McGonagall o olhou com malicia, estava louca para que a noite chegasse logo.

O mestre de poções passou a tarde inteira praguejando e reclamando para as paredes de seus aposentos que aquilo era loucura e que não entraria nos joguinhos de McGonagall. Aquela mulher estava ficando igual Dumbledore, possivelmente pelo tempo em que estava ouvindo seu quadro no escritório da diretoria. Onde já se viu Severus Snape passar por esse papelão. Ainda assim as 20hs ele estava devidamente pronto em seus aposentos e apenas aguardava a diretora que bateu em sua porta quase no mesmo instante em que o relógio marcou o horário definido.

— Severus.

— Minerva. – Cumprimentou Snape abrindo a porta. – Por favor, entre.

— Obrigada.

A bruxa entrou carregando em sua mão um pequenino buquê de flores. Snape entortou o nariz para elas e fechou a porta.

— Está muito bonito, Severus. Deveria se vestir assim mais vezes.

Snape escolhera não usar suas habituais vestes negras de todos os dias. Naquela noite ele vestia um smoking preto com detalhes em prata e um colete verde musgo que contrastava com sua pele pálida. Os cabelos pareciam mais brilhantes, quase tanto quanto seus sapatos. Minerva estava encantada, jamais o vira se vestir daquela forma e por dentro rezava para que tudo desse certo em seu plano.

— Trouxe isso aqui, você dará para a mulher que vai se encontrar com você. Nem adianta insistir, eu não te direi quem é, quero que seja surpresa. Entregue a ela quando a encontrar. – Disse estendendo o buquê para o homem que o pegou sem muita vontade. - Seja educado e mostre gentileza, ela é uma pessoa muito especial.

— Eu sei como tratar uma mulher, Minerva.

— Espero que sim. Bom, eu fiz reserva em um restaurante trouxa em Londres, em um bairro requintado, o restaurante é muito bom e bem recomendado. Preferi deixá-los mais à vontade, por isso o restaurante trouxa, provavelmente ninguém reconhecerá vocês e assim não precisam se preocupar com questões de privacidade. Você tem dinheiro trouxa, Severus?

— Sim, eu tenho. Mais alguma coisa ou posso ir para meu martírio?

— Era só isso mesmo, eu marquei com ela as 20:30, então você deve chegar alguns minutos antes para esperá-la na porta, como manda a etiqueta.

— Não vejo a hora disso terminar.

— Ah Severus. – Suspirou a senhora se aproximando e começando a fazer o nó da gravata que ainda estava pendurada no pescoço dele. – Falando sério agora, espero que você encontre alguém em sua vida. Você não merece ficar sozinho. – As mãos da senhora deslizaram pelo peito dele parando em cima de onde se podia sentir o coração batendo. – Deve deixar que mais alguém ocupe seu coração, não apenas a Lilian. Alguém vivo, que possa te dar o que merece.

— Está passando muito tempo em companhia daquele quadro velha. Está ficando tão senil quanto ele.

McGonagall riu e se afastou dizendo para Snape que o buquê era também uma chave de portal que o levaria diretamente para o restaurante. O professor assentiu e segurou as flores com força antes de ser puxado pelo objeto e deixar os seus aposentos para trás, aparecendo agora em uma rua escura e escondida. Rapidamente arrumou a roupa que desalinhou, passou as mãos no cabelo e ajeitou as flores saindo logo em seguida para descobrir-se na rua lateral do restaurante. Realmente era um lugar muito bonito. A rua era movimentada, haviam jovens de um lado conversando animadamente e casais do outro lado sentados em mesas na rua, conversando, beijando e sentindo a sensação gostosa de uma noite quente. A frente do restaurante era elegante, com uma porta dupla no centro, paredes brancas com detalhes em volta das janelas e luzes penduradas em lustres pequenos.

Sentiu-se por um momento um idiota, rosnou por dentro novamente amaldiçoando McGonagall e então a si mesmo por não conseguir não cumprir o que lhe é proposto. Nem mesmo parecia um sonserino, um bom sonserino colocaria sua escolha na frente de qualquer coisa, se não se sentia bem para ir nesse jantar, então simplesmente não iria. Mas não, ele teve que se portar como um Grifinório que fica se exibindo cumprindo a palavra. Que tolo. Enquanto ficava olhando em frente e apenas aguardando a chegada de sua companheira misteriosa, ficava pensando em quem poderia ser e se pelo menos era bonita, pois possivelmente seria alguém que odiaria no mesmo instante de que visse, ainda mais que fora Minerva quem a chamara. Sua cabeça estava tão distante que nem mesmo ouviu os passos atrás de si.

Ela chegou devagar, ainda envergonhada e quase sem coragem, ainda mais depois de vê-lo parado na frente do restaurante a esperando, com flores na mão. Suas mãos suaram a cada passo e então finalmente chegou perto o suficiente para sentir o perfume de sua pele. Respirou fundo tomando coragem e então finalmente falou aquele nome.

— Professor Snape?

Snape não precisava se virar para reconhecer aquela voz, agora sabia muito bem quem era e amaldiçoou McGonagall por isso. Devagar virou-se e a olhou. Seus olhos castanhos estavam grandes e refletiam a lua deixando-os mais brilhantes ainda. Seus cabelos estavam mais claros do que se lembrava e mais vivos, os cachos caiam em seus ombros e emolduravam o rosto com traços finos. O vestido azul com detalhes preto ajustava-se perfeitamente em seu corpo e a sandália preta mostrava pés bonitos com unhas pintadas. Olhou novamente para seus olhos e a viu tímida, mas não surpresa como ele estava. Claro, ela sabia muito bem quem encontraria naquele lugar, McGonagall lhe contara, agora o que precisava saber era porque. Porque uma mulher como ela estaria naquele dia, naquela noite em sua companhia sendo que poderia ter quem ela quisesse?

— Senhorita Granger. – Disse franzindo de leve a testa. – Perdida?

— Acredito que não, senhor.

Snape deu um sorriso torto e continuou a observá-la por alguns instantes antes de lhe estender o buquê, sem nada dizer. Hermione o aceitou com um obrigada e um sorriso, cheirou as flores e retribuiu o olhar ao mestre.

— Então, vamos? – Perguntou Snape indicando a entrada com a mão.

— Claro.

Hermione andou a frente com Snape perto de si atrás. Ao chegar a recepção uma linda recepcionista sorriu para os dois e pediu o nome. Snape adiantou-se falando seu sobrenome e então a mulher pediu que a acompanhassem. Como um devido cavalheiro, ele a indicou para ir a frente e ao chegar a mesa puxou sua cadeira esperando-a sentar-se para só então se sentar em sua cadeira de frente para ela.

— Quer que eu coloque as flores em um vaso, senhorita? – Perguntou a Recepcionista gentilmente.

— Ah, sim, por favor. Obrigada.

Após a recepcionista sair houve um momento de silêncio na mesa. Hermione desviava o olhar enquanto Snape estava focado em seu rosto sem nem mesmo piscar. As bochechas da menina estavam vermelhas.

— Estou intrigado, senhorita Granger. – Disse Snape interrompido rapidamente pelo garçon que enchera sua taça com champagne, assim como a taça da jovem. – Entendo que sabia dos planos de Minerva quanto a me submeter a um encontro as escuras.

— Sim, eu sabia.

— E porque participou dessa brincadeira de mal gosta que a diretora quis me pregar?

— Não sei ao certo como dizer.

— Apenas diga. Sempre foi muito eloquente com suas palavras quando em sala de aula.

— Obrigada. – Agradeceu Hermione. – Mas não sei ao certo o que devo dizer, não sei como irá receber o que falarei e nem como irá me responder.

Snape ponderou as palavras da jovem, bebeu sua taça e fez um sinal para o garçom encher novamente. E então olhou para a mulher a sua frente vendo-a dar seu primeiro gole. Uma bebida como aquela jamais o comprometeria, mas poderia usar como desculpa posteriormente, o fato é que estava muito curioso e precisava que ela lhe dissesse mais.

— Faremos o seguinte, senhorita Granger. Por hoje, durante esse jantar, prometo não a tratar como uma sabe tudo irritante no entanto que não me trate como um professor. Seremos dois adultos jantando em um restaurante bom e conversando educadamente. O que acha?

— Hã, acho que é válido.

— Ótimo, então me diga, porque quis participar disso?

— Porque. – Começou sentindo a garganta fechar por um instante. - Eu fiquei sabendo das memórias que o Harry apresentou e queria uma oportunidade de poder te agradecer por tudo. Então, obrigada.

— Não tem que agradecer, eu fiz o que era preciso, o que era minha obrigação.

— Ainda assim, eu acho o senhor muito corajoso.

Snape não respondeu, apenas apertou os lábios, franziu a testa e continuou a observá-la enquanto lia o menu.

— Vamos pedir?

— Claro. O que deseja?

— Não sei ao certo. Acho que pedirei uma salada.

— Salada? A senhorita está em um dos melhores restaurantes da cidade e quer pedir salada?

— Eu gosto de salada.

— Eu vou pedir pelos dois. – Snape chamou o garçom, entregou os menus e pediu um prato de frango para Hermione e um de salmão para ele.

— E se eu não gostar de frango?

— Em todas as refeições da escola a senhorita comia frango, de todos os tipos e todas as formas de preparo. Acredito que frango seja a escolha certa para você.

Os olhos de Hermione estavam arregalados, Snape sabia exatamente o que ela comia na escola. Ele então a observava? O que mais o professor sabia?

— Ainda está lecionando em Hogwarts, professor?

— Sim, estou.

— Como mestre de poções?

— Exatamente.

— Eu sempre gostei de poções. – Hermione bebeu sua taça de champagne e Snape imediatamente pediu ao garçom para que enchesse a taça dela e deixasse a garrafa na mesa. – A forma como os ingredientes se difundiam para formar algo tão poderoso. Os cheiros, o tempo de preparo, a calma que se precisa ter para que seja feita corretamente.

Snape a olhava com atenção, nunca ouvira outra pessoa, além dele mesmo, falar sobre poções daquela forma, com admiração.

— Se gosta tanto da matéria, torne-se professora. Quem sabe assim eu consiga finalmente ir para DCAT.

— Ah, não, não, não. – Respondeu a jovem rindo. A cada gole da taça ela ia se soltando e ficando mais leve e confiante. Snape imaginou que sendo ela, não tinha muita experiência com bebidas e qualquer gole já a deixaria mais alegre. – Eu não sirvo para ser professora. Eu gosto muito de aprender sim, mas repassar o conhecimento aos outros, principalmente crianças e adolescentes é uma tarefa árdua. Eu já ficava muito nervosa com os meninos na época da escola, imagina se eu tivesse vários Harrys e Ronys na minha sala?

— O senhor Potter e o senhor Weasley não foram meus piores alunos. Eu tive o Longbottom.

— Não fale mal do Neville. – Disse Hermione balançando a cabeça e o olhando com um sorrisinho nos lábios como se a lembrança do menino a fizesse sorrir confortavelmente.

— Ora Ora Ora, a senhorita e o senhor Longbottom? – Questionou divertindo-se com a imagem que se instalou em sua mente.

Apesar de começar como uma tarefa obrigatória devido a perda de uma aposta, Snape estava de certa forma gostando de estar naquele lugar. O restaurante era confortável, aconchegante, ninguém ali o conhecia, e a jovem a sua frente era muito bonita. Usou o tempo em que os garçons chegavam com a comida e a colocavam na mesa para a observar mais atentamente. Seus olhos, sua pele agora avermelhada nas bochechas pela timidez e pela bebida, seus lábios vermelhos sem a necessidade de batom e o pescoço, longo, bonito e que descia até o colo alvo onde repousava um colar delicado em forma de coração. Aquele jantar poderia, no final das contas, ser muito interessante. Observou-a agradecer aos garçons e pegar o garfo cutucando de leve o prato a sua frente.

— Neville? Não, não. – Disse Hermione respondendo ao questionamento de Snape. – Neville é maravilhoso e um doce, e se tornou um homem muito bonito, mas nunca senti mais do que carinho por ele. É um ótimo amigo.

Hermione sorriu ao se lembrar de Neville, seus olhos brilharam de ternura e Snape continuou a observá-la atentamente. A menina começou a comer e enquanto isso pensava em como estava dando tudo certo até aquele momento. Quando conversou com McGonagall no dia que fora visitar Hogwarts, jamais imaginou que duas semanas depois estaria naquele restaurante, mas a diretora era uma mulher determinada. No dia de sua visita, conversaram sobre muitas coisas e uma delas era Snape, Hermione lhe dissera que ficara surpresa com toda a revelação e que depois disso se intensificou em seu peito o sentimento que já sentia antes, mas que guardava a sete chaves para ninguém saber, admiração e paixão. Fora na ponte de Hogwarts, olhando para o lago negro que confessou para Minerva que sempre tivera uma queda pelo professor de poções, mas que sempre guardara, pois além de ser uma adolescente, era amiga de Harry e Rony que o odiavam com todas as forças. E depois que toda a verdade veio a tona, tudo que ela sabia era que a paixonite de criança crescera e tudo que ela mais queria era a oportunidade de pelo menos poder dizer obrigado para ele. McGonagall lhe sorrira e dissera que poderia resolver isso para ela. Contou-lhe o plano e pediu para que ficasse a espera de seu patrono com as informações. Dito e feito, o patrono aparecera em seu quarto dizendo-lhe onde ir e a que horas.

E então estava li, naquele restaurante, na companhia dele. Tentava inutilmente o observar, mas Snape sempre a olhava diretamente nos olhos, e ele tinha um olhar intenso, como se tentasse decifrá-la, despi-la. Aproveitou aquele mínimo momento em que ele olhava para seu prato enquanto comia, para olhá-lo. Estava diferente de quando em sala de aula. Não havia mais as vestes de sempre, estava devidamente arrumado com um smoking lindo, os cabelos brilhavam à luz do local, mas não era só isso, seu rosto também estava diferente, parecia mais saudável do que antes, um pouco mais encorpado, seus lábios finos não pareciam apenas um risco no meio do rosto, tinha uma cor leve e Hermione passou alguns segundo imaginando o gosto que teriam. Mas eram os olhos que chamavam atenção. Eram negros, intensos e tinham algo mais que Hermione não conseguia decifrar naquele momento.

— Professor?

— Senhorita Granger, você não é mais minha aluna há dois anos, pode me chamar pelo nome.

— Snape, estranho te chamar assim ao falar diretamente com você. Não parece certo. – Disse sorrindo de canto. Snape poderia colocar a culpa na bebida ou no ambiente, mas o fato é que ele gostou de ouvi-la o chamando apenas de Snape, sem professor, assim não pareceria que estava com uma aluna e sim com uma mulher muito bonita.

— O que ia me perguntar, Granger?

— Acho que estarei me intrometendo demais, mas gostaria de saber porque não aceitou o cargo de mestre de poções nos laboratórios de ST’Mungus. Como agora estou trabalhando no Ministério acabei sabendo que lhe foi ofertado esse cargo e não entendo porque não aceitou sendo que sempre deixou claro que não gosta de lecionar.

— Quem disse que não gosto?

— Bom, ninguém. – Disse Hermione desconcertada tomando mais um pouco de sua bebida. – Mas você nunca demonstrou estar feliz naquele cargo de professor, sempre fora injusto e rude com os alunos, exceto Sonserina. Em ST’Mungus teria prestígio, coordenaria uma equipe e com seus conhecimentos, poderia fazer muitas coisas boas para o mundo bruxo.

— Sim, eu poderia realmente fazer muitas coisas boas, Granger. Tenho conhecimentos que muitos não tem, pois estudei muito durante muitos anos, me aperfeiçoei. Mas jamais aceitaria um cargo dado por pena ou piedade. Prefiro aguentar os alunos acéfalos por anos do que aceitar algo assim.

— Acha que foi um cargo dado por pena?

— Não acho, eu sei. Só me ofereceram esse cargo após Potter mostrar minhas lembranças para me inocentar. Até então eu era um comensal da morte ou apenas um professor de Hogwarts. Por muitos anos eu fornecedor meus conhecimentos para ST’Mungus e para o Ministério. Eles me pediam poções e criações, eu as fazia, pois além de ser um dever, eu gostava de fazer, sempre gostei de poções e sentia o que a senhorita disse sentir com as aulas. E durante anos não recebi tal oferta.

— Entendo. É uma pena, seria de grande valia no ST’Mungus.

— Não, se aceitasse o cargo estaria me pondo nas mãos do Ministério que é no fim quem controla o hospital. E não aceito mais ter nenhum dono. Apenas Minerva que acha que me controla, aquela velha.

— Bom, você está aqui agora comigo, por causa dela.

— Sim eu estou aqui agora, com você.

Snape bebeu sua taça e a observou. Sim, ele estava ali, naquele restaurante, com ela. Hermione Granger, agora uma mulher linda e sedutora.

O garçom retirou os pratos da mesa e trouxe a sobremesa. Era de chocolate, com calda e sorvete. Hermione sorriu e mordeu os lábios fechando os olhos e sentindo o cheiro da sobremesa. Snape apenas a olhou, descobriu que gostava de olhá-la, observar sua beleza em cada gesto e que a mordida nos lábios lhe causara um arrepio. A jovem pegou as colheres que foram deixadas e estendeu uma para Snape que a pegou sentindo seus dedos encostarem.

— Eu amo chocolate, sabia?

— Sim, eu sabia, por isso pedi essa sobremesa.

— É muito observador, Snape. – Disse Hermione pegando um pedaço da sobremesa com a colher.

— Apenas com o que me causa interesse.

— Então eu sou interessante?

Snape não respondeu, apenas levantou a sobrancelha. Hermione sorriu enquanto saboreava aquela iguaria.

— Minha nossa, isso é muito bom. Prova.

— Não gosto muito de doces.

— Ah, mas isso não é simplesmente um doce, isso aqui é uma divindade. – Nem mesmo Snape conseguiu segurar o riso com a jovem mostrando-se apaixonada pela sobremesa. Estava gostando daquele jantar mais do que imaginara. – Vamos, prova.

— Acho que não.

— Vai provar sim.

Hermione pegou uma quantidade pequena na colher e estendeu o braço para Snape o instigando a comer. Ela estava lhe dando a sobremesa na boca e por mais que aquilo fosse algo que jamais imaginara que aconteceria em sua vida, a beleza dela, a felicidade e mais ainda o sorriso o fizeram abrir a boca e aceitar a explosão de chocolate que ela oferecia.

— E ai? Gostou?

— É muito gostoso. – Respondeu com sinceridade sentindo a sobremesa derreter em sua boca. – Mas eu realmente não gosto de doces, sendo assim. – Empurrou o prato para mais perto dela. – Pode ficar à vontade, Granger.

Ela sorriu e feito uma criança devorou cada pedaço e gota daquele prato.

— Minha nossa, isso é muito bom. Sério, nada do que já comi antes, nem mesmo em Hogwarts, se compara com isso.

— Não se serve comidas afrodisíacas em Hogwarts. – Hermione franziu a testa por um momento. – Haviam ingredientes afrodisíacos na sobremesa, não sentiu o gosto?

— Não. Eu amo tanto chocolate que só prestei atenção nele.

— Então agora. – Snape pegou a colher da mão dela e pegou uma quantidade considerável da sobremesa fazendo igual a ela, estendeu o braço para que ela comesse. – Coloque na boca e não engula. Saboreie.

Hermione olhou dentro dos olhos dele e então postou sua mão em cima da dele enquanto aceitava a colher em sua boca fechando os olhos logo em seguida. Snape teve que confessar a si mesmo que a visão dela aceitando a colher oferecida e fechando os olhos logo em seguida por prazer o deixara com calor.

— Sinta o gosto de todos os ingredientes. – Sussurrou o homem inclinando-se para ficar mais perto. – Use a língua. – Hermione sentiu uma fisgada no abdômen com aquela frase.

— Estou sentindo. – Disse levando uma das mãos aos lábios e levando a outro até a dele que estivera postada em cima da mesa, seus dedos apertaram aquela mão macia.

Snape olhou para a mão dela na sua e de volta para o rosto da jovem, estava linda com os olhos fechados, os lábios em um meio sorriso enquanto saboreava o doce em sua boca.

— Meu Deus, isso é bom demais.

— Fale baixo, Granger. – Disse Snape vendo algumas cabeças virarem para olharem a menina. Não queria ninguém interrompendo aquele momento, era só dela e agora só dele também.

Após alguns segundos Hermione abriu os olhos focalizando um Snape com um sorriso brincalhão nos lábios. Não sabia dizer o que era, mas ele parecia mais bonito ainda. Instintivamente apertou a mão dele na sua e não recebeu recusa, ambos apenas se olharam com as mãos dadas. O coração de Hermione pulou dentro do peito, Snape sentiu dentro de si algo que jamais imaginou sentir por aquela mulher. Desejo. Ficaram se olhando por mais alguns segundos até que Snape afastou sua mão da dela a fazendo baixar a cabeça sentindo-se tola, mas então ele ergueu sua cabeça com um dedo em seu queixo e Hermione viu que ele tinha um guardanapo na mão.

— Você se sujou.

Hermione não se moveu um centímetro, apenas o olhou, não tinha mais sorriso, não tinha mais riso, tinha apenas a constatação de um sentimento que cresceu em seu peito naquele momento. Snape limpou o rosto dela com cuidado, devagar, sem pressa para se afastar. Ambos estavam inclinados na mesa, seus rostos estavam perto e os olhos estavam mergulhados um no outro. Não sabiam quanto tempo demoraram daquela forma. Poderia ter sido a noite inteira. Snape sabia que algo estava acontecendo ali, Hermione o deixava intrigado e desejoso. A única coisa que conseguia pensar era que ela era linda, estava linda. Só se separaram quando o garçom se aproximou para retirar o prato.

— Desejam mais alguma coisa? Caso desejem temos mais sobremesas especiais devido o dia dos namorados. Muitos casais pedem para viagem.

— Dia dos namorados? – Perguntou Hermione. – Mas estamos em Junho.

— Isso mesmo, aqui comemoramos em duas datas. Fevereiro e Junho, pois temos muitos turistas que vem pra cá comemorar o dia dos namorados de seus países e lá é em Junho, então resolvemos inovar colocando mais um dia dos namorados no nosso calendário.

— Inteligente. – Disse a menina. – Mas obrigada, estamos satisfeitos, a sobremesa foi muito gostosa, estão de parabéns e seu atendimento foi maravilhoso, muito obrigada mesmo.

Snape apenas observava a gentileza de Hermione com o garçom que sorria de volta.

— Ah, querida, muito obrigado. Vou fazer o seguinte, eu achei vocês um casal de namorados muito fofo. Vou pedir ao chef que prepare uma sobremesa para viagem para vocês, por conta da casa.

O garçom saiu com um sorriso no rosto e Hermione tinha um maior ainda no seu.

— Vou ganhar sobremesa, uhuu.

A comemoração da jovem arrancou um sorriso dos lábios de Snape. O mestre de poções não acreditava, mas estava internamente agradecendo Minerva pela aposta. No final das contas, não fora um jantar ruim, na verdade fora muito bom e a companhia, ainda que no começo fosse estranha, mostrara-se deveras prazerosa.

— Eu vou ao banheiro. Volto logo. – Hermione se levantou arrumando o vestido e se aproximou de Snape. Criando coragem estendeu a mão e tocou o dedo no rosto dele fazendo um leve carinho. Snape a olhou surpreso.

— Você fica bonito sorrindo, deveria sorrir mais vezes. – Disse antes de caminhar até o banheiro.

Snape permaneceu na mesa e levou a mão até a bochecha onde antes estivera o dedo dela. Sentiu quente, imaginou como seria o toque dela e até mesmo o beijo. Enquanto isso Hermione estava diante do espelho no banheiro, respirando fundo e memorizando todos os momentos mais loucos que tivera naquela noite. Snape lhe dando flores, sendo gentil, conversando, limpando sua boca. Onde aquilo iria parar? Se perguntava se seria apenas um jantar ou se iria para algo a mais e se fosse permitiria?

Demorou alguns minutos para que Hermione voltasse para a mesa. Snape estava sentado aguardando pacientemente.

— Desculpe a demora.

— Sem problemas. Vamos?

— Claro, tem que pedir a conta.

— Eu já cuidei disso. – Disse Snape se levantando e arrumando a roupa.

— Ah, não é certo sabia. Eu deveria pagar metade, até mais, pois comi a sobremesa sozinha, você quase não comeu.

— Eu jamais a deixaria pagar, Granger. Não porque não pode, ou não deve, ou por ser mulher. Mas porque eu fui ensinado assim.

— A ser o cavalheiro?

— Mais ou menos.

— Talvez você devesse aprender algo mais moderno.

— Fazemos assim. – Disse Snape pegando o casaco da menina no encosto de sua cadeira e o segurando para que ela o vestisse. – No próximo jantar, eu deixo você pagar.

Hermione não ouviu o final da frase, seu pensamento se prendeu em Próximo Jantar. Ele queria repetir. Sorriu e se virou fechando o casaco.

— Combinado.

— Vamos, vou te levar para casa.

Ao saírem, a recepcionista estendeu o buquê de flores e a sobremesa embrulhada para viagem. Snape as pegou, agradeceu e postou a mão nas costas de Hermione direcionando-a para a saída. A jovem estava próxima a ele que não afastou a mão de suas costas quando saíram do restaurante.

— Onde fica sua residência, Granger. Preciso saber o local para poder desaparatar com você lá.

— Nesse caso seria mais fácil eu desaparatar e te levar junto. Mas minha casa fica a apenas alguns quarteirões daqui, posso ir andando, o que prefiro, a noite está bonita e já está tarde, não quero abusar do seu tempo.

— Não será abuso. Não posso permitir que uma mulher bonita fique andando sozinha na rua a essa hora.

Hermione sorriu com o elogio e o sentiu apertar de leve os dedos em suas costas. Olhou em seus olhos e poderia jurar que vira um lampejo de desejo neles.

— Está bem, vamos por ali. – Apontou o caminho.

Snape deu-lhe um aceno de cabeça e, ainda com a mão nas costas dele, começou a caminhar ao seu lado. A noite estava realmente bonita e agradável, mas conforme o tempo passava um vento frio se formava. Uma brisa gelada bateu no rosto de Hermione que se encolheu. Snape postou a mão em seu ombro e a puxou para mais perto, passeando a mão pelos braços tentando esquentá-la. Hermione quase teve um ataque do coração quando o sentiu a puxar para perto. Ele caminhava com uma mão no bolso e a outra a enlaçando. Seus cabelos balançavam no vento e seu rosto era iluminado pela Lua. Olhou de relance para ele e o achou tão bonito como nunca antes poderia achar.

O caminho foi silencioso e então finalmente chegaram diante de uma casa bonita em uma rua comum com varias casas iguais, algumas arvores no jardim e carros estacionados na frente.

— Imaginei que fosse morar no mundo bruxo, junto com seus amigos, com o senhor Weasley.

— Rony? Não, acho que mesmo se tivéssemos dado certo, terminaríamos ao morar juntos, ele é muito bagunceiro e desleixado, e eu gosto de organização e controle. – Organização e Controle, tudo que Snape mais prezava. – Essa é a casa dos meus pais.  Eles preferiram continuar vivendo na Austrália, depois que eu devolvi as memórias deles. – Comentou caminhando lentamente até a porta. – Meus pais tinham um bom emprego lá, ganhavam bem e fizeram amigos. Não poderia exigir que se mudassem de novo, então fiquei com a casa. Ela é grande apenas para mim, mas é onde estão minhas lembranças.

Snape a viu sorrir triste. Ela sentia falta da família. Podia ver em seus olhos que viver sozinha não estava funcionando para ela, parecia doer.

— Mas tudo bem. – Disse a menina voltando a sorrir. – O importante é que eles estão bem e felizes e eu os visito uma vez ao mês.

Hermione colocou a chave na porta e girou abrindo-a. Olhou para Snape e aguardou. Não queria entrar, não queria se distanciar. O jantar durara duas horas, mas foram as melhores duas horas que tivera em muito tempo. Hermione não imaginava, mas Snape não queria que aquela noite acabasse também. A Grifinória que antes era uma aluna irritante, hoje se mostrara uma mulher encantadora. Não conseguia parar de olhá-la, sentia-se bem estando perto. Queria estar mais. Mais perto, bem mais perto.

— Obrigada pelo jantar.

— Foi um prazer.

O silencio novamente se instaurou, os olhos continuavam a se encarar e ninguém deu nenhum passo para lugar nenhum. Tomando coragem Hermione se adiantou postando a mão no ombro dele e se adiantando dando-lhe um beijo na bochecha.

— Boa noite, professor. – Sussurrou a menina sem se distanciar.

Snape postou a mão em sua cintura segurando-a com firmeza e virou o rosto a olhando. Seus rostos estavam muito próximos, podia sentir a respiração dela, estava rápida.

— Granger. – Sussurrou Snape com os olhos indo dos lábios aos olhos dela.

— Snape.

Sem pensar estar certo ou errado Snape adiantou-se colando seus lábios aos dela a puxando para mais perto. Foi apenas um encostar de lábios, mas causou em ambos um arrepio que passou pelos seus corpos. Snape postou as mãos na cintura dela e a puxou para perto, Hermione enterrou as mãos nos cabelos negros virando a cabeça e sentindo os lábios se abrirem. Por um momento se separaram apenas para se olharem por um segundo antes de voltarem a se beijar com vontade.

Não havia nem mesmo como explicar o que estava sentindo, mas Snape sabia que não queria se desgrudar dos lábios dela. Eram doces, pequenos e saborosos. Ela tinha um perfume doce que entrava em seu corpo fazendo-o acordar. Hermione sentia o corpo esquentar, jamais imaginou beijar o professor Snape e muito menos que o beijo fosse tão saboroso ou que a língua dele soubesse dançar também junto com a sua.

Sem se desgrudarem caminharam devagar para dentro da casa e fecharam a porta. Snape a empurrou prensando o seu corpo ao dela. Sua mão subiu até o rosto dela acariciando sua bochecha e afastando o cabelo para levar seus lábios até a junção do pescoço onde beijou causando arrepio nela. Hermione puxou o cabelo de Snape levemente arrancando um gemido baixo da garganta dele. Respirando rápido e com o rosto vermelho Hermione o afastou um pouco, apenas o suficiente para olhá-lo, os cabelos estavam despenteados e os lábios levemente abertos, estava lindo. Sem parar de olhar nos olhos dele, estendeu as mãos e desatou o nó da gravata jogando-a no chão, depois desabotoou o smoking e o retirou também passando a mão pelos braços, sentindo-os. Snape observou-a abrir seu colete e igualmente jogá-lo ao chão e então começar a desabotoar a camisa branca, engoliu em seco quando ela puxou a camisa de dentro de sua calça e desceu a mão desabotoando os últimos botões já perto do zíper da calça. A camisa foi ao chão expondo seu peito.

Por um momento Snape esperou que ela saísse de perto de si, que abrisse aquela porta e o mandassem embora, mas ao contrário do que imaginou, Hermione estendeu a mão e a postou em sua pele tocando onde estavam as cicatrizes pelos anos de comensal. Fechou os olhos por um momento apenas sentindo aquele toque até que sentiu os lábios doces dela beijando-lhe o peitoral. Levou uma mão aos cabelos volumosos e acariciou-os. Seu coração estava disparado. Era uma sensação que jamais sentira em sua vida. Aceitação.

Sem dizer palavras iniciou o mesmo processo com Hermione, retirando suas peças de roupa calmamente sem perder o contato visual. Hermione tremia e fechava os olhos mordendo os lábios. O casaco já jazia no chão quando ele levou as mãos as suas costas descendo devagar o zíper do vestido. Os dedos compridos seguraram as alças com delicadeza deslizando-as pelo braço dela. O vestido caiu repousando delicadamente aos pés de Hermione que suspirou quando os olhos cheios de luxuria postaram-se em seus seios já com os bicos intumescidos. Depois os mesmos olhos passearam pelo corpo esbelto da jovem, suas curvas bem desenhadas, as coxas definidas e o quadril que trazia uma calcinha vermelha de renda.

— Você é linda. – Disse Snape antes de puxá-la para outro beijo agora muito mais quente com os corpos tocando-se.

Hermione passeou as mãos pelo peito de Snape enquanto esse tocava delicadamente a lateral de seus seios. Com pressa Hermione desabotoou a calça dele e desceu o zíper forçando a calça a sair. Com mais pressa ainda Snape fez com que os sapatos e as calças sumissem o deixando apenas com a cueca e um volume proeminente dentro dela. A jovem soltou um gemido ao ter seu corpo prensado a porta por Snape e sentir o volume dele em seu quadril.

Snape apertou sua cintura e a ergueu em seus braços fazendo-a entrelaçar as pernas em seu corpo sendo levada até o sofá próximo onde foi deitada devagar. Ele a beijou com volúpia e postou a mão em seu seio apertando-o de leve só para então separar seus lábios e os leva-los até os mamilos duros de tesão. Hermione gemeu e mexeu os quadris quando a língua dele brincou com um mamilo enquanto a outra mão apertava o monte firme de seu peito. Snape sentia o quadril dela batendo em sua ereção e pensou que logo gozaria.

— Severus. – Gemeu Hermione jogando a cabeça para trás enquanto com a mão empurrava a cabeça do homem para baixo.

Era fácil entender o que ela queria e Snape não a desapontou. Devagar beijou-lhe a barriga inteira, lambendo o caminho do umbigo até o início da calcinha. Hermione postou a mão em cima do braço dele e apertou enterrando as unhas em sua pele quando sentiu o hálito quente em seu sexo. Snape passou os lábios por cima da calcinha vermelha brincando com os desejos dela, sentindo-a tremer, ouvindo-a gemer cada vez mais alto. Devagar retirou a calcinha jogando-a longe e ao contrário do que Hermione imaginou que faria, levou os lábios aos pés dela, ainda com a sandália de salto alto que ela usava. Beijou-lhe os pés, a perna, a coxa. A jovem levou um dedo a boca e o mordeu tentando segurar o gemido, mas foi impossível não o deixar escapar quando a língua passou displicente pelo interior de suas coxas atingindo a virilha.

Snape estava adorando senti-la vibrar em suas mãos, assim como amou saborear o corpo doce dela. Precisava se controlar muito para não se derramar por ela antes do tempo, queria dar a ela todo o prazer que uma mulher deveria sentir no sexo e saber que os gemidos que ela dava era devido os seus lábios o deixavam preenchido.

— Por favor. – Implorou a menina quando passou o rosto pelo seu sexo sem de fato tocá-lo, apenas deixando-a sentir o hálito quente de sua boca sedenta.

Não suportando mais as súplicas dela Snape encostou o lábio em sua vagina enquanto subia uma mão até o seio apertando-o com delicadeza, acariciando o mamilo. A língua esperta saiu de sua boca e sentiu o gosto daquele sexo. Era indescritível, um sabor quente e doce. Hermione gemeu alto mexendo o quadril e enterrando a mão nos cabelos negros. Snape não se fez de rogado e obedeceu as ordens dela que enterrava seu rosto nela. Sugou e lambeu seu sexo com volúpia e cuidado.

— Isso, assim, isso.

Cada palavra dela, cada gemido e cada aperto em sua cabeça o deixava mais desejoso, mais excitado. Arriscou abrir os olhos e o que viu quase o fez gozar de tão belo. Hermione estava de boca aberta e olhos fechados em meio a um gemido, seus seios balançando. Ela abriu os olhos e o olhou, o encarou naquele momento e Snape soube que tudo que queria naquele instante era se tornar um junto com a ela.

Devagar se ergueu retirando rapidamente a cueca que apertava sua ereção e subiu pelo corpo dela beijando-lhe a pele e então capturando seus lábios em um beijo voluptuoso. Hermione sentiu o membro de Snape em seu sexo e queria muito aquele momento. Ao se separarem viu que Snape tinha o rosto vermelho, sua respiração estava descompassada e seus lábios molhados.

— Preciso te falar uma coisa. – Disse Hermione passando a mão no rosto dele afastando o cabelo.

— Diga. – Sussurrou Snape quase não se aguentando.

— Eu... – Começou respirando fundo tomando coragem.

— Pode falar. – Disse Snape beijando sua testa e distribuindo beijos pelo rosto dela. – Nada vai acontecer se não quiser. Não desrespeitarei você. Se não se sentir confortável, paramos e tudo bem.

Hermione olhou nos olhos dele e sentiu os seus próprios marejarem.

— Estou com medo. – Confessou a jovem afastando o olhar.

— Granger, olha pra mim. – Pediu Snape colocando o peso de seu corpo em um braço e afastando-se um pouco do corpo dela, sem de fato sair de sim. Hermione o olhou envergonhada. – Está tudo bem. Não precisamos fazer nada. Não precisa se envergonhar. Se você não quer, nada será feito.

— Mas eu quero. – Disse Hermione passando a mão carinhosamente pelo rosto dele não acreditando como aquele homem era gentil. – Eu tenho medo, pois nunca fiz antes.

Ao contrário do que pensou, que Snape se levantaria e iria embora não querendo ficar com uma pessoa que nem mesmo transara alguma vez na vida, uma menina apenas, o professor levou uma mão até seu rosto e colheu uma lágrima que caiu de seus olhos, depois colocou seu cabelo atrás da orelha e levou o dedo até seu lábio o acariciando.

— Você é tão linda. – Ele disse antes de se inclinar e a beijar docemente. Os cabelos negros lhe fazendo cosquinhas. – Você quer?

— Quero.

— Prometo ser cuidadoso. Mas para sua primeira vez, não vamos fazer no sofá.

Nem deu tempo de Hermione entender o que ele falara e quando percebeu estava em seu colo enquanto caminhava pelo corredor. Rapidamente indicou a porta do quarto e então se viu sendo depositada com cuidado em cima de sua cama.

— Eu te disse, só faremos se você quiser, Granger.

— Me chama de Hermione. – Pediu sentindo-o se arrumar sobre si apenas aguardando. – Eu quero. Fala amor comigo, Severus.

Ouvir aquelas palavras foi como a voz de um anjo em seu ouvido. Com carinho beijou-lhe os lábios, sem pressa, sem apavoro ou desespero, apenas saboreando o gosto dela. Deixando-a relaxada e excitada. Aos poucos e com cuidado posicionou-se na entrada de seu sexo e enquanto a beijava enlaçando suas línguas em um baile, adentrou-se àquele corpo. Hermione abriu a boca e retesou o corpo. Imediatamente Snape beijou-lhe o pescoço tranzendo-lhe arrepios. Seu corpo ficara parado por alguns segundos aguardando-a se acostumar com a intromissão e então, quando sentiu o quadril dela se mover por conta própria, iniciou os movimentos leves e devagar. Tentava controlar-se o máximo possível para que não terminasse antes de saciá-la, antes que ela se sentisse completa e preenchida.

Jogando o peso do corpo para um dos braços, colocou a mão no quadril dela o movimentando conforme mexia o seu próprio, entrando e saindo. Hermione gemia enquanto o olhava. Era delicioso de ver, encantador.

— Mais. – Pediu a menina mexendo o quadril mais forte, pedindo por ele. – Isso, mais forte.

Snape voltou a deitar o corpo sobre ela, os braços agora segurando aos lados de seu corpo apertando os lençóis com força enquanto a penetrava cada vez mais forte como ela pedia. Hermione gemia com a boca aberta e os olhos fechados, era a imagem mais linda que Snape já vira.

— Severus. – Disse Hermione puxando-o para um beijo. – Eu acho que vou.

Snape sabia que ela estava perto do clímax, ele também estava, mas era o momento dela, queria tudo para ela, que ela se satisfizesse antes. Empenhava-se para movimentar-se como ela queria e pedia, sentia o suor em sua testa e costas. Sentia seu corpo pedir por libertação. Soltando o corpo sobre o dela, buscou suas mãos entrelaçando os dedos e então a olhou no fundo dos olhos descobrindo o quanto queria aquela mulher. Hermione gemeu com a movimentação forte e sentiu uma pontada em seu ventre, jogou a cabeça para trás e gritou o nome de Snape apertando seu quadril.

Ouvir seu nome gritado por uma mulher tão perfeita como Hermione em meio a um gozo fez Snape chegar ao seu ápice. Ele fechou os olhos movimentando o quadril fortemente enquanto se derramava dentro da jovem.

— Hermione. – O sussurro saiu dos lábios dele como o néctar de uma flor que Hermione tratou imediatamente de sorver com sua boca.

Demorou alguns minutos para que se recuperassem. Snape saiu devagar do corpo de Hermione e se deitou ao lado com a cabeça em seu colo. Enquanto apenas respirava fundo recuperando um pouco da consciência, acariciava a barriga lisa dela enquanto sentia seus dedos em seus cabelos suados.

Já tivera transas em sua vida, mas jamais sentira o que estava sentindo naquele momento, em nenhum segundo antes teve a vontade de se unir com outra pessoa como tivera naquela noite. Fosse a sobremesa afrodisíaca ou apenas por ser ela, não importava, o que sentia era que estava certo, ali, com ela. Com Hermione Granger.

Arrumando os cabelos atrás da orelha, ergueu o tronco e a olhou, estava linda com os olhos presos no teto, o semblante leve.

— Você está bem? – Perguntou puxando o lençol e cobrindo o corpo dela assim como o seu.

— Estou, obrigada. – Respondeu sorrindo e acariciando o rosto dele. Aqueles segundos depois de tudo, quando a excitação passou, não houve como evitar o constrangimento. Hermione ficou vermelha e Snape desviou o olhar.

— Granger. – Começou Snape. – Somos adultos e o que aconteceu entre nós ficará apenas entre nós. Não contarei a ninguém, não se preocupe.

Hermione franziu a testa.

— Não estou preocupada com isso. – Disse se sentando e puxando o lençol para cobrir seu colo. Snape se sentou também tomando o devido cuidado para cobrir suas partes.

— O que a preocupa então. – Questionou Snape brincando com uma mecha do cabelo dela entre seus dedos.

— É que, foi bom. Foi muito bom. – Snape ergueu as sobrancelhas e a viu se aproximar devagar postando uma das mãos em seu peito acariciando a pele marcada. – E eu não quero que acabe. Não quero que vá embora.

Snape virou a cabeça para o lado e observou a jovem, tão bela, tão perfeita como jamais imaginou que poderia um dia sonhar em sair quanto mais fazer amor e sentir junto a ela que não deveria ir embora.

— Tem certeza que é isso que quer? Você sabe quem eu sou, o que já fiz na minha vida, a minha idade. Me pedi para não ir embora é travar uma guerra com o mundo bruxo.

— Se for isso que você quer também, eu travarei quantas guerras forem preciso. Eu não pedi esse jantar para a Minerva apenas para lhe agradecer. – Snape franziu a testa. – Eu já sentia alguma coisa por você, mas nunca imaginei que um dia poderia te falar. Quando Minerva deu a ideia eu topei, meu intuito não era nada mais do que poder ter um momento com você, com o Severus Snape e não com o professor de poções ou com o ex comensal da morte, mas com você. Eu não sei o que você pensa ou sente, mas isso é o que eu sinto.

— Eu penso. – Começou Snape dando uma pausa para acariciar o rosto dela com as pontas dos dedos. – Que você é a mulher mais linda que eu já vi e eu sinto, que não quero ir embora.

Hermione sorriu antes de se aproximar e beijar Snape com vontade. O lençol escorregou pelo seu corpo, as mãos de Snape passearam por suas costas quando a jovem colocou uma perna de cada lado dele e sentou em seu colo.

A lua ia longe no céu, sua luz adentrava o quarto pela janela banhando os corpos nus dos amantes.

Era cedo quando aparatou diante da escola. Os pássaros cantavam no alto das árvores. Hagrid já estava acordado, mas nem o viu entrando no terreno, estava de joelhos e mexia em alguma planta estranha ou bicho esquisito, não se importava. Apenas seguiu seu caminho até a entrada principal. Dali iria diretamente para seus aposentos, precisava descansar antes de se concentrar no pedido de poções que Papoula pediu para encher o estoque da enfermaria. Devido ser bem cedo, imaginou que não encontraria ninguém por ali, era domingo, os alunos e professores deveriam dormir até mais tarde.

Mas a sorte não estava com bom humor e antes de conseguir chegar as escadas que levavam às masmorras encontrou-se com o sorriso aberto de Minerva que vinha caminhando em sua direção.

— Chegando apenas de manhã, com cara de sono, roupa amassada. – Disse a bruxa o olhando de cima a baixo. – Acredito que o jantar tenha sido muito bom, não foi, Severus.

— Não é da sua conta, velha.

— Vamos Severus, ao menos me agradeça. Quando vai vê-la novamente?

— Não te interessa, cuide da sua vida. – Respondeu Snape seguindo seu caminho.

McGonagall sorriu e apenas aguardou.

— Amanhã.

O som veio baixo, lá do final da escada e saiu com gosto amargo da garganta do mestre de poções, mas Minerva o ouviu em alto e bom som.

O domingo estava perfeito mesmo.


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