Café, donuts e borboletas no estômago - Spideypool escrita por Daroon


Capítulo 5
Ajuda Com O Trabalho Parte I




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O restante da semana para Wade se seguiu tranquilamente, por assim dizer. Seu chefe não estava de mal humor naquela semana, o que Wade presumiu é que a mulher deu um trato nele, pois ele estava até mesmo sorrindo. Conseguiu comprar o seu porquinho para finalmente juntar dinheiro e comprar uma bicicleta, naquele dia deu um surto de felicidade e acabou colocando uma nota de cinquenta dentro no porco, segundos depois sua felicidade foi embora e o desespero veio rapidamente, teve até mesmo vontade de quebrar o porco para recuperar o seu dinheiro. A questão, é que todo mundo começa pequeno guardar dinheiro, principalmente alguém que vive apertado logo no ínicio do mês após pagar as contas e ir ao mercado, então sabia que deveria ter começado com moedas e não notas altas, mas depois se conformou e, talvez, fosse até melhor, quem sabe nesses seus surtos conseguisse juntar dinheiro mais rápido e comprasse uma bicicleta usada. Um ótimo negócio em sua opinião.

Mas naquela semana seu professor tinha passado para a turma um trabalho que valeria mais da metade da nota da disciplina, aquilo tinha lhe feito suar frio, porque Wade era bolsista, não 100%, mas o suficiente para ter um maravilhoso desconto ao ponto de conseguir se formar sem ter problemas no quesito financeiro, claro que caso ficasse apertado, preferia diminuir na comida e pagar todas as contas, ter o nome sujo era algo que Wade não queria, por isso se esforçava em ter notas altas e manter a sua bolsa. Então aquele trabalho precisava ser bem feito. 

Em casa estava tendo muita dificuldade em se concentrar, seu vizinho resolveu que seria incrível convidar os amigos para beber e tals com direito a música alta. Soltou um longo suspiro, decidido. Juntou seus materiais, desligou seu laptop e foi tomar um banho rápido. Com tudo pronto, pegou tudo e se dirigiu até a Bittersweet, seu estômago já revirava ao imaginar que Peter poderia estar trabalhando, seria tão incrível em sua opinião e…  horrível, céus, talvez fosse uma péssima ideia.

Parou do outro lado da rua, já vendo pelas vidraças o doce atendente trabalhando, pelo visto naquele dia estaria atendendo nas mesas, seria ainda pior, certamente iria se distrair com as amêndoas de seus olhos ou o seu sorrisinho perfeito.

“Droga!”, vociferou, ponderando brevemente o que era pior; seu vizinho ou Peter. Chegou a conclusão de que, pelo menos, o jovem atendente de olhos castanhos seria a distração maravilhosa, ao menos não ficaria estressado.

Entrou no estabelecimento já sendo atingido por aquele cheiro de café. Foi em direção a uma das mesas e ajeitou seu material, enquanto o laptop ligava, Peter se aproximou, pronunciando com o típico sorriso: “Boa tarde, o que vai querer?”

Wade precisava parar de perder a voz sempre que o outro falava consigo, mas na real ele tinha medo de acabar falando uma bobagem, acontece que em certos momentos, Wade não possui filtro do cérebro até sua boca, falava o que vier na telha; aconteceu uma vez de sua ex vizinha ficar sempre insinuando para si, se tivesse sido nos tempos do ensino médio certamente teria dado bola, mas o Wilson estava tão focado em seus estudos e no trabalho que uma hora sua paciência explodiu e falou tantas coisas para a mulher, que por sinal era casada, que ela passou a lhe odiar. Ria muito quando se lembrava disso.

Fechou brevemente os olhos e sorriu. “Um café, com um pouquinho de canela seria bom”, disse juntando seu dedo indicador com o polegar como se quisesse mostrar exatamente a quantidade. “E pra começar, uns dois donuts com recheio de morango”, finalizou.

“Certo”, falou rindo, anotando o pedido e indo até o balcão. Enquanto isso, Wade passou a abrir todas as abas que tinha aberto em seu apê e o seu documento do trabalho. Talvez tivesse sido uma boa ideia ter vindo na cafeteria, aquele clima e o cheiro acabava deixando-o relaxado e tão concentrado que nem tinha reparado quando Peter trouxe o seu pedido. As coisas estavam fluindo tão espontaneamente que até se assustou, mas nada superou quando escutou a voz de Peter próximo do seu ouvido. “O certo seria os custos, você está falando as coisas no plural.”.

Wade segurou o grito que tanto queria sair, seu coração bateu a mil e não era por causa do outro, tinha certeza disso, porque ele levou um puta susto. Virou-se rapidamente para trás com os olhos arregalados, deixando o outro envergonhado por ter se intrometido.

“Desculpa”, pediu Peter, ainda vermelho. “É que eu vi você tão concentrado e minha curiosidade falou mais alto quando vi você fazendo o trabalho. Ai vi esse erro e digamos que não consigo me controlar, falando nisso aquela vírgula ali tá errada.” Wade estava paralisado, quais eram as chances dele ver o seu crush corado? Abriu a boca e por fim disse:

“Obrigado, nem tinha reparado.” E de fato, não tinha. Foi agraciado pelo pequeno sorriso do outro e ajeitou o trabalho. “Qual é a vírgula que você disse?”

“Essa.” E apontou com o indicador. “Meu Deus, mas você conjugou esse verbo de maneira errada.” Wade queria rir pelo tom indignado que saiu do saiu dos lábios de seu crush. “Meu Deus, você comeu uma palavra, você usou o ‘p’ e o ‘q’ pra falar porque, que horror!” Não aguentou e começou a rir. “Não ria, isso tá horrível, se eu fosse o seu professor acho que te estrangularia por tamanha blasfêmia contra a nossa ortografia.”

“Perdão, mas eu ia revisar depois.”

“Certeza?”, indagou desconfiado, elevando a sobrancelha. Wade anuiu. “Certo, mas se quiser posso revisar para você, eu vou entrar no meu horário de intervalo daqui a pouco.” Wade permanecia piscando atônito, não esperava que o outro se oferecesse.

“Não vai te atrapalhar, quer dizer, seria seu horário de descanso”

“Imagina, além disso não estou cem por cento confiável de que sua revisão estará certa”, disse, arrancando mais risada de Wade, quando Peter estava prestes a voltar em atender os cliente, Wade pediu: 

“Pode me trazer mais café e um pedaço de torta de limão?”

“Claro” Sorriu. Wade poderia se derreter naquele momento. 

Quando finalmente chegou o horário de intervalo de Peter, o próprio simplesmente puxou a cadeira e sentou-se, ficando bem próximo de Wade. “E então, como está o andamento do seu trabalho?”, indagou.

“Estou na metade, mas se quiser ir revisando.” E passou o laptop para o atendente que sorriu. Wade passou o tempo todo olhando para o seu crush que tinha o cenho franzido, estava bastante concentrado e as raras caretas que fazia devido aos seus erros arrancava sutis de risadas de si. Sinceramente ele não esperava uma aproximação daquela de maneira tão repentina, definitivamente ele era um anjo. “Você… tem mania de revisar os erros ortográficos dos outros?” 

Peter acabou soltando uma risada, desconcentrando-se. Olhou para Wade sorrindo. “Talvez…” Desviou brevemente o olhar antes de retornar a encarar a imensidão azul do outro. “Digamos que eu tenho essa mania, não consigo evitar, nem mesmo com os meus pais.”

“Meu Deus!” E começaram a rir.

“Em minha defesa, eu amo fazer essas correções, algo que poucos gostam.”

“Concordo.” Sorriu de canto. “Você está estudando ou pretende?”

“Estou fazendo letras”

“Faz muito sentido” Peter acabou soltando uma gargalhada, fazendo o coração de Wade vibrar, arrancando mais sorrisos de si. 

“Eu sei o que você está pensando”, balbuciou. Wade alargou ainda mais o seu sorriso e passou a bebericar o seu café, mas sem antes de questionar:

“Sabe é?”

“Uhum, você deve achar que eu sou muito maluco por fazer letras, com todas as regras ortográficas e tals”

“É você que está se chamando de maluco. Eu não disse nada.” Na verdade a única coisa que passou na mente de Wade era o quão incrível ele era.

“Sei”, murmurou, cerrando os olhos, arrancando outra risada de Wade, fazia tempo que ele não ria tanto num pouco período de tempo.

“Já lhe disseram que você é incrível?” Arregalou os olhos subitamente, e ali estava o que mais temia, seu filtro sumiu. Abriu a boca para dizer alguma outra coisa, mas nada saiu. Peter permaneceu lhe olhando surpreso, por fim sorriu pequeno.

“Meus pais e amigos, apenas.” E voltou para a revisão, Wade permanecia quieto, xingando-se mentalmente, até que Peter olhou de canto e disse: “Mas obrigado, apesar de eu não concordar com vocês.”

Wade abaixou a cabeça, vermelho como um pimentão, passou a comer a sua torta como se dependesse disso, não tinha nem coragem de espiar o seu crush, estava encabulado, com o coração palpitando e as borboletas em seu estômago revirando-se dentro de si.

Já Peter olhava cada pouco para o Wilson, sorrindo sutilmente e balançando a cabeça, aquele cliente era tão diferente. Estranhamente estar ao seu lado não era desconfortável.

“Prontinho, finalizei.” Sorriu ao devolver o laptop, teve finalmente o vislumbre dos olhos azuis de Wade. “Se você quiser que eu revise o restante de seu trabalho, posso fazer para ti.”

“Eu agradeceria, mas tenho que entregar segunda e acho que vocês não vão abrir amanhã” sibilou, envergonhado.

“Bom, isso é verdade”, murmurou ao pôr sua mão sobre o queixo. “Hum…” Olhou de canto e sorriu. “Se não for problema eu posso ir na sua casa.”

“Ah!” Ficou brevemente mudo. “Você já pensou que posso ser um cara mau?”

Peter não se aguentou e começou a rir, levantando-se da cadeira, pois já estava acabando o seu intervalo. “Com esses olhos pidões e rosto vermelho, nem de longe seria uma ameaça.” Wade olhou indignado para o outro, que riu ainda mais. Peter pegou a lapiseira que estava na mesa e escreveu no canto de uma folha o seu número. “Me mande uma mensagem com a localização.” E balançou os dedos voltando ao serviço, não podendo vislumbrar o quanto mexeu com o Wilson.


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