Drawing My Life escrita por Coruja Literaria


Capítulo 1
A viagem


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui, meu povo!!! É a vez dele brilhar!! Em comemoração ao aniversário do nosso vampiro favorito, tem one especial!! Espero que gostem.



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One shot A menina dos meus olhos

Eu nunca fui muito sociável, mas nunca me preocupei muito com isso. Minha mãe diz que não tem problema ser diferente dos outros e por isso nunca me importei. Eu sei que ter um grau leve de autismo tem muito haver com isso. Minha mãe diz que meu talento nas artes compensaram minha falta de habilidade social. Eu não acho que seja um talento. Eu apenas gosto de desenhar, mas não gosto de mostrar meus desenhos.

Eu tenho muito tempo livre, porque agora estudo em casa. Quando eu tinha sete anos, eu freqüentava uma escola normal. Eu me lembro disso, porque também tenho memória eidética.

Eu sou esquisito. Era o que as crianças diziam. Elas zombavam de mim porque eu não era como elas e porque as vezes eu não sei o que as pessoas querem dizer e então eu fico nervoso, sentado, tentando fazer os exercícios de respiração que a terapeuta me ensinou. Então depois de tanto serem chamados na escola, meus pais resolveram que eu iria estudar em casa.

Eu gosto de estudar em casa. Não tem barulho, tenho uma rotina e não tem ninguém me chamando de esquisito ou coisas assim. Eu acordo, tenho minhas aulas, uma vez por semana vou para a terapia, uma vez por mês vou ao médico, mas isso é pelo minha bronquite, não pelo autismo. Era  onde eu estava agora nessa manhã. Quando volto para casa, sento na cadeira de madeira, porque a de plástico encosta  e gruda nas minhas costas e eu não gosto da sensação.

— Desenhando outra vez? – Meu pai pergunta, fazendo com que eu me assuste.

—  Não devia se aproximar assim. A mamãe diz que assustar as pessoas é ruim. Você não faz barulhos quando anda. Deveria fazer barulhos. – Respondo, enquanto puxo o papel contra o peito. Meu pai tenta se aproximar, mas eu sei que não é fácil para ele.

— Desculpe. Não sabia que existiam regras contra passos silenciosos.

— Não existem. – Sarcasmo é outra coisa que não entendo. Assim como mentir, mas minha mãe diz que também não tem problema, porque ela adora ter um filho que não pode mentir. Isso não faz sentido para mim, mas tudo bem. Eu sei que meu pai queria que eu fosse normal, porque eu ouvi eles discutindo uma vez. Ele queria me levar ao jogo de futebol, mas tem muito barulho, pessoas empurrando e gritando umas com as outras. Eu não gosto de esportes, mas meu pai gosta. Minha mãe disse que era uma ideia ruim. E então ele parecia irritado e então ela parecia irritada, foi quando ela disse que ele parecia não gostar muito de mim. Eai meu pai bateu a porta e saiu.

Eu lembro de tudo sobre minha vida, mas não gosto de pensar sobre isso quando estou desenhando. Principalmente quando estou desenhando ela.

— Olá senhor Cullen. – Bella declarou ao se aproximar. Seus passos não são silenciosos como os do meu pai, mas também não são tão barulhentos. Ela é minha vizinha há cinco anos. Eu tenho observado e desenhado ela desde então. Eu me lembro que uma manhã eu estava sentado na cadeira de madeira, quando ela estava cuidando do jardim e acenou para mim. Eu não acenei de volta porque não gosto da sensação de mexer os braços, mas só balancei a cabeça levemente e ela sorriu. Tenho sentado aqui e a observado desde então. Apesar da minha mãe dizer que observar as pessoas é errado e que muitos não gostam. Eu não vejo como pode ser errado. Eu não gosto de me comunicar com as pessoas, mas gosto de observar. É assim que eu aprendo sobre todos a minha volta.

— Oi Edward. – Ela diz meu nome, chamando minha atenção.

— Olá! – Respondo, puxando o bloco para mais perto.

— Desenhando outra vez? – Pergunta, mas eu ignoro. Eu me sinto estranho perto dela, então gosto de observar apenas de longe. – Eu posso ver? – Questiona se inclinando na minha direção e tocando meus ombros.  Eu não gosto que as pessoas toquem em mim, porque eu me assusto. O toque tem que ter força. Com pressão. Eu gosto da pressão, não gosto da suavidade. Assim que suas mãos tocam meus ombros, eu me encolho, levantando da cadeira e caminhando para dentro de casa.

Tudo  que eu escuto é ela perguntando o que fez de errado e meu pai explicando que eu não gosto que toquem em mim.

*************

Quando eu tinha quatro anos, meus pais decidiram que era hora de eu dormir sozinho no meu quarto. Mas a iluminação era um problema e falta dela era um problema maior. Eu não conseguia dormir com um abajur, porque a luz prendia minha atenção e me incomodava, mas era uma criança com medo de escuro. Então meu pai pintou o teto do meu quarto de azul escuro e colocou vários adesivos florescentes, que se acendem quando as luzes se apagam. Parece um pequeno universo e é iluminado por igual. Olhar para cima e contar as estrelas me ajuda a recuperar o controle.

—Tudo bem, querido? - ouço minha mãe perguntando assim que bate na porta. Eu me sinto bem, fisicamente, então aceno. - Jasper está aqui.

 -Eu desço em um minuto. - Respondo me levantando e abrindo as cortinas. Eu sei que Bella já foi embora, porque consigo vê-la em seu quintal, cuidando do jardim.

—Ei, cara. Sua mãe disse que eu podia subir. - Jasper declarou entrando no meu quarto. - O que está fazendo? - Perguntou se aproximando.

—Abrindo as cortinas.

—Mesmo? Eu acho que você estava secando a gata da vizinha. - Respondeu sorrindo, o que era estranho, porque eu não tinha dito nada engraçado.

— Bella não tem uma gata. – Respondo me virando para ele.. -Você me acha esquisito? - perguntei, me lembrando das crianças da escola. Sempre que alguém tentava se aproximar de mim, eu fugia, exatamente como eu fiz quando Bella tocou meus ombros. Minha mãe e minha terapeuta dizem que eu também tenho mania de repetição e algumas vezes, algumas palavras ficam presas e eu sinto necessidade de repeti-las, várias e várias vezes. Esquisito. Esquisito. Esquisito.

—Terra para Edward?- ouço Jasper me chamar enquanto estala os dedos na minha frente. - Cara, você saiu do ar. Eu não acho você esquisito. Não mais do que eu. Por que a pergunta? O Black andou mexendo com você outra vez? Porque se mexeu, eu posso dar um jeito nele. - Declarou seriamente.

—Ele mataria você, já que ele é mais velho e maior que você. - Respondi porque era a verdade. Jacob era um garoto que morava no fim da rua. Ele era dois anos mais velho que nós. Ele e eu tínhamos o mesmo tamanho, o que significa que ele é maior que o Jasper.

—Quanto apoio, hein. - Declarou revirando os olhos. - Eu daria conta. - Acrescentou se jogando em minha cama. - Por que me perguntou isso?

—As crianças diziam isso. E meu pai ainda briga com alguém toda vez que vamos ao mercado.

—Isso é porque as pessoas são idiotas, não porque você é esquisito. Cara, você não é esquisito. É meu melhor amigo. - Respondeu sorrindo. - Agora me dá o bloco. Quero ver como é o de hoje.

—Como é o que?

—O desenho da gata da vizinha. Eu sei que tem um novo, porque seu pai me contou que quando ela apareceu na porta, você saiu correndo.

— Não gosto que vejam meus desenhos e a Bella não tem uma gata. - Expliquei pegando o bloco.

— Deus, as vezes eu esqueço como você é literal. E não, você não gosta que os outros vejam seus desenhos. Mas eu não me encaixo nessa regra. Agora passa para cá!

**********

—Edward! Jantar!- Minha mãe grita e eu desço porque não quero que ela grite de novo.

—Jasper não quis ficar para o jantar?  - Perguntou enquanto alinhava meu prato na mesa. O guardanapo sempre fica dobrado embaixo dos talheres. Eu não gosto quando eles tocam na mesa e o copo fica sempre a minha esquerda, mesmo sendo destro.

—Nao. Ele vai jantar com o pai hoje. - Respondo me sentando e me servindo dos legumes cozidos. Eu gosto quando minha mãe os cozinha porque é como se eles derretessem na boca. Quando estão como salada e eu mastigo, fazem barulho e eu não gosto da sensação.

—Deve estar sendo difícil para ele, o divórcio dos pais. - Meu pai comenta se servindo dos legumes também.

—Susan disse que Rosália decidiu morar com o pai. Jasper vai ficar com ela. Deve estar se sentindo solitário, pobrezinho. O que ele disse, Edward?

—Nada. Não conversamos sobre isso. - Respondo terminando meu jantar. -Podemos comprar mais material amanhã? O meu está quase acabando.

—Amanha você tem uma consulta com a doutora Charlotte, querido.

—Podemos ir depois da consulta. -Respondi.

—Depois da consulta eu tenho uma reunião com o grupo de apoio, Edward. Podemos ir na semana que vem.

—Eu posso levá-lo para comprar os materiais. Onde é a loja?- Meu pai perguntou, ganhando um olhar estranho da minha mãe.

—A loja é em Port Angeles, Carlisle. Além disso, tem que ser a marca certa e você tem uma consulta no final da tarde. A viagem e tudo mais levaria o dia todo. Podemos ir na semana que vem, Edward. Tenho certeza de que tem material o bastante até lá, querido. - Respondeu apertando minha mão com força e sorrindo.

—Eu podia pegar o ônibus. - Declarei, esperando uma resposta.

—E ir sozinho? Que ideia absurda, querido. - Respondeu seriamente.

—Eu acho que é uma boa idéia. Não é tão longe e assim ele pode ficar mais independente, Esme.

—Edward, porque não vai para o quarto terminar sua tarefa. - Pediu, fazendo com que eu me levantasse.

—Entao eu posso ir? - Perguntei, porque ela não tinha dito nem sim, nem não.

—Falamos sobre isso amanhã, querido. Agora vá terminar suas tarefas, está bem? - Pediu e eu assenti, mas não tinha tarefas para fazer, então me sentei na escada.

—Acha uma boa ideia? Ele não pode pegar um ônibus e ir para outra cidade sozinho, Carlisle.

—Por que não? Ele tem dezesseis anos, querida. Eu tinha a idade dele quando tirei carteira e comprei meu carro. E sei que você fez o mesmo. Independência é uma das coisas que ele precisa nessa idade.

—Ele não é como nós, Carlisle. Suponhamos que eu deixe ele ir e aconteça alguma coisa, o que aconteceria? Como ficaríamos sabendo?

—Já faz mais de um ano desde de o incidente, Esme. Ele está bem. Está fazendo a terapia, vai bem nas aulas, e gosta de desenhar, mas viver é mais que isso. Ele precisa sair e conhecer pessoas. Conversar com elas. Fazer amigos.

—Ele tem amigos. Jasper e Bella são amigos dele. -Minha mãe respondeu. A conversa deles está ficando mais alta e eu não sei se quero continuar ouvindo.

—Jasper é amigo dele, mas Edward nem ao menos sabe como está a vida do amigo em casa e hoje mais cedo, quando Bella se aproximou dele, ele saiu correndo, Esme. Ele precisa de mais do que isso. Ele merece mais do que isso. Talvez um pouco de liberdade faça bem a ele.

—Isso não está em discussão. Ele não vai sozinho para Port Angeles, Carlisle. - Respondeu se apoiando no balcão da cozinha. - Eu não quero brigar com você, está bem?- Ouvi ela sussurrando. - Ele não está pronto para isso ainda, está bem? E nem eu. - Acrescentou e meu pai se aproximou a abraçando.

Me levanto das escadas, subindo em direção ao meu quarto. Já é noite e quando apago as luzes, as estrelas do teto voltam a brilhar, fazendo com que eu me perca nelas.

*******************************

— Então, Edward. Como está essa semana? – Charlotte pergunta, enquanto eu mexo meus dedos sem parar. Uma das coisas que ela notou, é que eu não gosto de manter contato visual. Ela diz que o contato visual é importante para melhorar a habilidade social. Talvez por isso eu seja ruim nisso.

— Como na semana passada. Não houve nada de diferente, porque eu tenho uma rotina. A não ser pelo almoço. Eu não consegui almoçar hoje.

— Bem, já passa das três, então você deve estar morrendo de fome. – Ela comentou, enquanto se ajeitava na poltrona.

— Isso não faz sentido. Levariam pelo menos quarenta horas para alguem morrer de fome, isso se não estiver hidratado. Com água, levariam dias. Só faz algumas horas desde que eu comi. Eu não estou morrendo de fome.

— Eu sei, eu não... Quer saber, deixa para lá. Aconteceu alguma coisa diferente essa semana? – Questionou, fazendo anotações em seu bloco.

— Eu conversei com o Jasper, fiz alguns desenhos e disse oi para a Bella.

— Ela é sua vizinha, certo? – Perguntou e eu assenti. – Ela é sua amiga?

— Minha mãe diz que sim, mas meu pai diz que não, porque quando ela se aproxima de mim, eu fico nervoso e corro. – Expliquei.

— Por que correu? Ela disse algo que você não gostou? – Perguntou, se curvando levemente.

— Eu estava sentado na cadeira de madeira e ela tocou nos meus ombros.

— Com pressão? – Perguntou e eu neguei. – E você disse a ela para na fazer isso? – Acrescentou, me fazendo pensar.

— Ela já havia tocado meu ombro. Do que adiantaria dizer que ela não deve fazer isso se ela já havia feito? – Questionei. – Então eu me levantei e fui para o quarto guardar meu material.

— Você tem desenhado bastante? – Perguntou.

— Não. Meu material está acabando e como eu vim para a consulta, não posso ir até Port Angeles comprar mais.

— E por que não pode ir? Nossa consulta está acabando e Port Angeles não é longe.

— Minha mãe tem o grupo de apoio e meu pai uma reunião. – Expliquei me levantando quando ouvi a batida do relógio.

— Sim, mas por que você não vai? – Perguntou novamente.

— Eu acabei de dizer o motivo. Você não meu ouviu?

— Sim, eu ouvi, Edward. Quis dizer, por que não vai sozinho? – Perguntou outra vez, mas eu já estava perto da porta.

— Porque minha meu pai acha que é uma boa ideia, mas minha mãe não acha e meu pai sempre faz o que minha mãe quer, então eu vou para casa agora.

Todas as vezes que eu termino uma consulta, Charlotte e minha mãe conversam por alguns minutos. Eu espero por ela em pé, porque não gosto de me sentar na sala de espera. As pessoas se sentam muito perto umas das outras e invadem o espaço pessoal umas das outras.

Minha mãe sai da sala e nós nos despedimos de Charlotte, que diz que espera me ver na semana que vem, o que é besteira, porque ela sabe que vai me ver, porque eu sempre a vejo todas as quintas.

Caminhamos até o carro, quando alguns carros começaram a buzinar. Eu tampei meus ouvidos, porque o barulho me incomoda. 

—Quer seus fones? - Minha mãe perguntou, quando percebe que minha respiração está alterada.

—Nao.

— Contou a Charlotte sobre Port Angeles? – Minha mãe pergunta enquanto estamos no carro.

— Contei o que exatamente? – Perguntei observando a paisagem.

— Sobre você não ir hoje. – Explicou, chamando minha atenção.

— Ela perguntou e eu disse que você disse que iria pensar. - Respondo enquanto continuo entrando no carro.  - Eu posso ir até Port Angeles amanhã?

—Querido, já conversamos sobre isso. Eu não posso te levar e nem o seu pai. Sinto muito, mas podemos ir na semana que vem. -Respondeu me fazendo voltar a mexer nos dedos.

—Charlotte disse que eu posso ir sozinho. - Declarei contando as árvores do caminho. Eu gostava de contar as árvores. De casa até o consultório da Charlotte tinham 27 árvores. Do consultório até o supermercado eram 15 e do parque até a nossa casa eram mais 19. Toda a contagem era de números ímpares e isso era bom. Um padrão. Algo a ser seguido.

—Ela disse isso? Tem muitos motivos para que eu vá com você, Edward. É uma outra cidade, pessoas diferentes e muitas informações, querido.

—Charlotte disse que eu posso ir sozinho. - Rebati outra vez.

—Ela não é sua mãe, Edward. Eu sou. - Declarou olhando para mim.

—E eu tenho dezesseis anos. Eu estou crescendo e gostaria de ser mais independente e Jasper concorda comigo.

—Ele concorda?- Perguntou estacionando o carro. - Edward, eu sei que você está crescendo e quer fazer as coisas, mas eu não acho que você viajar até outra cidade sozinho. - Declarou descendo do carro.

— Mas...- Comecei, mas ela me interrompeu.

— Seu pai e ela acham que você pode ir, mas eu não acho que seja uma boa ideia, querido. Tem muito barulho e pode ter luzes, e se você fosse de ônibus, eu sei que o acento incomoda você. Além disso, e se você perdesse o ponto e se perdesse? Mas eu sei que você está crescendo e talvez precise de um pouco de liberdade, então que tal se fizermos um acordo?

— Que tipo de acordo? – Perguntou, me virando para ela.

— Vamos fazer assim… Você pode ir, se, e eu disse se, encontrar alguém responsável para ir com você. - Acrescentou me fazendo pensar. Tudo bem assim? – Indagou e eu assenti. Parecia bastante justo.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

— Como estão as coisas na sua casa? – Perguntei, enquanto Jasper mexia em seu celular.

— Como assim? – Perguntou erguendo os olhos da tela.

— Meus pais dizem que eu não me importo com as coisas que acontecem com você, mas isso não é verdade. Você é meu amigo. Minha mãe disse que sua irmã vai morar com seu pai e você não. Eu não tenho uma irmã, mas imagino que seja estranho não morar mais com a sua e...

— Edward!- Me interrompeu antes que eu terminasse.- Você é meu amigo, está bem. Meu melhor amigo. E também é a única pessoa que não olha para mim com pena. Pobre do menino que os pais estão se separando. Como será que ele está? Se quer mesmo me ajudar, então pode continuar agindo como sempre agiu. Me contando sobre como vão as coisas e aquelas curiosidades estranhas, mas muito legais que você sempre conta. Isso tem me ajudo a não enlouquecer no meio das brigas, está bem? – Assenti concordando. –  Quero sorvete. Vamos arrumar sorvete. – Declarou se levantando e eu o segui pela rua.

— Você vai a Port Angeles amanhã? – Perguntou e eu dei de ombros.

— Minha mãe disse que posso ir se eu encontrar alguem responsável para ir comigo. Você pode ir comigo?

— Acha que sua mãe me considera alguem responsável? – Perguntou me encarando. – Eu poderia ir...- Acrescentou, mas parou de falar, olhando em direção a casa da Bella. – Pensando bem, eu acho que não vou poder. Tenho umas coisas para fazer, mas que tal a Bella?

— O que tem a Bella? – Perguntei, olhando em direção a casa dela. Ela estava abaixada cuidando do jardim.

— Por que não pergunta se ela pode ir com você?

— Por que eu perguntaria isso a ela? – Questionei.

— Porque eu acho que sua mãe a considera responsável, levando em conta de que ela é babá de todas as crianças da vizinhança.

— Talvez, mas isso não quer dizer nada. – Respondi, enquanto caminhava.

— O pior que ela pode dizer é não. – Ele respondeu sem que eu perguntasse nada.

— Na verdade, ela pode dizer coisas muito piores do que não. – Expliquei.

— Tarde demais para isso. Lá vem ela. – Declarou apontando com os ombros, foi quando percebi ela se aproximando.

Bella estava vindo em nossa direção, mas eu conseguia ver muito mais do que isso. Era um dia quente, porque ela usava um vestido azul claro. Eu gosto de cores claras. Ventava um pouco, porque seu cabelo balançava levemente. E havia o sol. A luz brilhava e refletia em seu rosto, fazendo com que seus cabelos castanhos brilhassem, assim como seus olhos.

— Vai lá, Edward! – Jasper empurrou meu ombro levemente, fazendo com que eu olhasse para ele. Ele sabe que eu não gosto que toquem em mim. Eu estava prestes a retrucar, quando a ouvi.

— Olá Edward.- Declarou sorrindo. Sempre que eu olhava para ela, Bella estava sorrindo.

— Meu material de desenho acabou e eu preciso de mais. – Declarei, mas ela não disse nada. - Ele não tem aqui em forks, por isso eu preciso ir até Port Angeles. – Expliquei, mas ela continuou em silencio.

— Tudo bem. – Murmurou, ainda me observando.

— Mas minha mãe disse que eu não posso pegar o ônibus sozinho porque é longe e eu nem ela nem meu pai podem me levar, mas eu preciso ir.

— Edward... – Jasper sussurrou, mas ela ainda não havia dito nada.

— Jasper também não pode me levar. E eu preciso de mais material. – Conclui, apontando para Jasper, que cobria os olhos.

— O que meu amigo está tentando dizer, é que ele gostaria de saber se você quer ir com ele até Port Angeles. – Explicou e ela finalmente pareceu entender, porque ela olhou para mim.

— Ahh, claro. Eu preciso de umas coisas de port Angeles – Respondeu sorrindo. – Eu adoraria ir com você, Edward. – Acrescentou se virando, olhando para trás. – Eu tenho algumas coisas para fazer, mas eu te pego amanhã, tudo bem? – Perguntou e eu assenti, enquanto ela ia embora.

~*~*~*~~*~*~*~*~*~*~

— Mãe? – A chamei, chegando e casa.

— Estou na cozinha, querido. – Gritou, enquanto eu seguia até lá.

— Eu encontrei alguem para me levar até Port Angeles. Então eu posso comprar o meu material amanhã.

— Mesmo? –Perguntou, olhando em direção ao meu pai. – E quem é? Porque você sabe que adoramos o Jasper, mas ele não é exatamente o que consideramos responsável, querido.

—  Não o Jasper. Apesar de ter perguntado a ele, mas ele tem um compromisso então não pode me levar. Então encontrei outra pessoa.

— Sério? E que é? – Meu pai indagou, curiosamente.

— Bella.- Respondei me sentando, enquanto ambos olhavam em minha direção. – O jantar está pronto? – Perguntei, mas eles continuavam a me encarar. – O que?

— Querido, eu pensei que ficasse nervoso perto dela. – Perguntou me observando. – Como vai até outra cidade no mesmo carro com a Bella se você mal consegue conversar com ela?

— Esme. – Meu pai disse, fazendo minha mãe erguer a mão.

— Não, ele precisa ouvir, Carlisle. Quando eu disse alguem responsável, quis dizer um adulto responsável. – Explicou.

— Ela é responsável. Ela trabalha como babá para todas as crianças da vizinhança. Eu lamento, Edward, mas...

— Você pode ir. – Meu pai declarou, fazendo minha mãe olhar para ele.

— Carlisle! – Ralhou, fazendo ele dar de ombros.

— Não, Esme. Vocês fizeram um acordo. Disse que ele teria de encontrar alguem responsável e ele encontrou. Se Bella concordou em ir com ele, então tudo bem. Pode ir.

Sempre que meu pai e minha mãe tinham uma discussão, parecia que meu pai sempre a deixava vencer. Sempre que eu perguntava porque ele fazia isso, ele dizia que é porque a ama e as vezes, deixa-la vencer, porque isso a deixava feliz, e isso era como vencer para ele. Aquilo não fazia o menor sentido para mim.

Mas dessa vez é diferente. Ela não venceria dessa vez. Minha mãe deve ter visto porque ela olhou para meu pai e para mim, depois assentiu.

— Está bem. Você pode ir então. – Eu sabia que eles teriam uma discussão, mas não havia bem um motivo para isso, então eu assenti e fui para meu quarto.

Eu gostava das roupas que eu usava para dormir, porque elas eram quentes e confortáveis. Tudo cem por cento algodão. Quando eu me deito, é tudo macio. Gosto da sensação. Ainda me concentro na sensação, enquanto olho para o teto cheio de pequenas estrelas. Todas as noites, antes de dormir, eu costumava recitar os nomes das constelações. Andrômeda, Antlia, Apus e assim eu vou seguindo até que eu fique com sono, mas hoje não conseguia me concentrar nos nomes. Apenas nela. O vento balançando seus cabelos, a luz do sol refletindo em seus olhos. Seu sorriso. Essa foi a ultima coisa em que pensei, antes de me perder entre as estrelas outra vez.

~*~*~*~*~*~*~*~*

Era de manhã e o tempo estava bom. Jasper e eu estávamos no quintal. Ele deitado no chão e eu em minha cadeira.

— Eu quero caminhar. – Declarei me levantando.

— Agora ? – Perguntou olhando em minha direção. – Eu não quero caminhar, Edward.

— Você não precisa ir, mas eu quero. – Respondi me levantando.

— Está bem! – Resmungou se levantando.

As vezes, quando eu tenho muito em que pensar, eu gosto de caminhar pelo bairro. Minha mãe diz eu só posso andar de uma esquina até a outra, mas já é longe o bastante.

Jasper não era o tipo de pessoa que gostava de caminhadas, então eu fazia isso sozinho, até que o primeiro incidente aconteceu.

O céu não estava tão claro e algumas nuvens começavam a se formar no céu. Eu estava quase terminando minha caminhada, quando a vi apanhando suas ferramentas de jardinagem do quintal. Não percebi que não estava sozinho até eu fosse tarde demais.

— Ei, esquisito. – O ouvi gritando, mas não dei atenção, até que as vozes ficaram mais altas.

— Meu nome é Edward. – Respondi, quando percebi que com “esquisito”, eles estavam falando comigo.

— Eu vi o jeito como você olha para a gata da sua vizinha, mas ela não é para você, carinha. – Declarou, bagunçando meus cabelos.

— Eu não gosto eu toquem em mim. E eu já disse, a Bella não tem uma gata. Por que todos dizem isso? Não faz sentido. – Expliquei.

As pessoas acham que eu não sei quando zombam de mim, mas eu sei. O que acontece é que nem sempre eu sei o motivo, o que faz com que seja pior.

— O que? Não gosta que eu faça isso? – Perguntou, tocando meus cabelos outra vez.

— Eu acabei de dizer que não gosto. Você não me ouviu? – Perguntou, alinhando meus cabelos em uma tentativa inútil.

— Vai deixar ele falar assim com você, Jake? – O outro rapaz perguntou, fazendo com que o moreno a minha frente franzisse o cenho.

— Não gosta que eu faça o que? Isso? – Perguntou me empurrando outra vez, mas dessa vez eu estava preparado. Quando eu tinha seis anos, alguns meninos me cercaram no parque. Eles eram maiores, mais fortes e eu estava sozinho, porque eu gostava de caminhar. Eu não pude me defender, então eles me pegaram. Depois daquilo, meu pai fez com que eu tivesse aulas de defesa pessoal. Eu não queria machucar ninguém, mas também não queria me machucar, então apenas usei o peso do tal Jake contra ele mesmo, fazendo com que ele caísse como um chumbo.

— O esquisito te derrubou, Jake! – O outro homem riu, olhando em minha direção. – Vamos ver se tem sorte duas vezes. – Acrescentou, vindo em minha direção. Seu punho veio em minha direção, quando eu usei meu braço direito bloquear seu golpe, com um cruzado de esquerda, depois deixa-lo atordoado, com uma batida em cada orelha. Ele tenta um golpe maior, que eu bloqueio com o cotovelo. Eu levanto meu joelho, acertando suas costelas e me afasto, enquanto ele vai ao chão. Mas parece que seu amigo se recuperou e está pronto para brigar. Eu sei que se os dois se levantarem, eu sou uma presa fácil, mas felizmente não tenho tempo de descobrir o que vai acontecer.

— Ei! – Ouvi um grito, que parecia cada vez mais perto. – Ei, covardes. Dois contra um não é uma luta limpa. E ainda sim, vocês parecem que levaram uma surra. – Jasper rosnou, se colocando ao meu lado. Eu sabia que ele odiava brigas, mas sempre que alguem mexia comigo, era o primeiro a se colocar de pé.

Depois daquele dia, sempre que eu queria fazer uma caminhada, Jasper se levantava e ia comigo.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

— Nervoso? – Jasper perguntou.

— Por que estaria? Me sinto normal. – Respondi, enquanto voltávamos para minha casa.

— Sério? Nem um pouco nervoso com a viagem com a Bella? – Indagou. – Vocês sozinhos.

— Eu preciso dos materiais e você disse que não poderia ir, então, sim, vamos só nós dois.

— As vezes me irrita você ser tão literal. Eu tenho que ir, então fique com o seu celular e me ligue se precisar de algum conselho. – Respondeu se despedindo, quando uma buzina soou em minha porta. Um volvo prata estava parado, com vidros escuros  e uma Bella de óculos de sol ao volante.

— Quem está pronto para as compras? – Perguntou, baixando o vidro.

Eu queria meu material e iria compra-lo. Meus pais precisavam ver que eu podia fazer as coisas sozinho. Ignorei a voz em minha cabeça, que mandava eu voltar para minha cadeira com meu bloco e esquecer essa viagem, mas eu precisava superar isso e crescer.

— Eu estou pronto. – Respondi, entrando no carro.

~*~*~*~*~*~*~*~*~

— Tudo bem se eu ligar a música? – Bella perguntou, me observando enquanto eu dirigia.

— Claro. – Respondi, colocando o cinto e olhando pela janela. Ela dirigia em uma velocidade segura e o carro pareci seguro o bastante. Eu ainda olhava as arvores quando reconheci a musica. – Debussy?

— Conhece? – Questionou me observando. Nunca havia estado tão perto dela. Seus cabelos estavam presos para o alto hoje, deixando seu pescoço alvo a mostra. Alguns fios caiam suavemente em sua nuca.

— Sim. Gosto das composições dele. Essa é uma das minhas favoritas. – Respondi, baixando a cabeça.

— E o que mais você gosta? Não sei muito sobre você. Só que gosta de Debussy e desenha.

— Como sabe que eu desenho? – Questionei, voltando a observa-la.

— O que eu vou dizer agora pode parecer estranho, mas gosto de observar as pessoas e você é a única pessoa que conheço que tem a mesma rotina todos os dias. Eu gosto de cuidar do jardim, mas também gosto de ver você enquanto desenha. – Respondeu, voltando a olhar para a estrada. Ela gostava de me observar. Assim como eu gostava de olhar para ela. Talvez minha mãe estivesse errada sobre observar as pessoas.

— Eu gosto de desenhar. É como se as coisas ficassem lentas ao meu redor.

— Sei como é. Me sinto assim quando cuido do jardim. Você parece em paz quando desenha. Como se tudo sumisse ao redor. – Acrescentou e eu assenti. – Então, onde vamos primeiro? – Perguntou, enquanto eu me lembrava de cada parada que deveríamos fazer.

— Primeiro vamos até o Andy. Ele tem os melhores blocos. Não tão caras, não tão finos. Ele sabe a marca que eu gosto, então deve ser rápido.

— Certo. Primeiro os papeis. E depois? – Perguntou, aumentando levemente o som do carro. Eu comecei a mover os dedos no ritimo da musica, acertando teclar imaginarias de um piano. Era uma mania estranha, mas eu gostava de acompanhar as notas musicas. – O que está fazendo com a mão? – Perguntou.

— Acompanhando as notas. Eu gosto de praticar, mesmo sem o piano.

— Você toca? – Perguntou e eu assenti. – Isso é muito legal, Edward. Nunca conheci alguem que tocasse. Adoraria ouvir algum dia. – Acrescentou sorrindo. – Certo, e depois do papel?

— Giz. Mas não gosto muito daquela loja. A senhora Miller não é ruim, mas ela está sempre acompanhando a novela, então quem nos atende é a filha dela. Minha mãe diz que ela é muito... amigavel.

— Bom, aposto que não deve ser ruim. – O tempo passou e quando percebi, estávamos chegando a primeira parada. Eu havia explicado como chegar na loja de papeis com o máximo de detalhes que conseguia me lembrar. –Vamos lá? – Perguntou e eu assenti, descendo do carro.

Me lembrei de tudo que Jasper me disse ontem, sobre como me comportar. O que dizer, o que não dizer. Pareciam muitas regras, mas eu gostava de regras.

— Do que você gosta? – Perguntei, enquanto caminhávamos.

— Sobre o que? – Ela perguntou de volta, me observando.

— Acho que sobre tudo. – Retruquei, colocando as mãos nos bolsos.

— Vamos começar com coisas fáceis então. Ei, tive uma ideia. – Declarou, parando de andar. – Somos vizinhos a tanto tempo e não sabemos muito um do outro, então que tal o jogo de vinte perguntas?

— Eu gosto de jogos, mas quais as regras? – Perguntei, parando em sua frente.

— Regras? – Indagou confusa.

— Sim, um jogo precisa de regras. – Expliquei.

— Está bem, eu faço uma pergunta e a respondo. Depois você responde minha pergunta, faz uma pergunta, responde a sua pergunta, assim como eu. Entendeu? – Perguntou, mas não respondi. – Assim, qual sua cor favorita? A minha é azul.

— Gosto de amarelo. – Respondi, ainda a observando.

— Viu, foi fácil. Agora é sua vez de perguntar.

— Certo, qual sua coisa favorita? – Perguntei e ela pareceu pensar antes de responder.

— Meu jardim. E a sua ? – Questionou.

— Meu piano. – Respondi sem pensar. Eu tinha doze anos quando meu pai o comprou. Eu estava tendo aulas e eles descobriram que eu me sentia mais calmo quando tocava. Então invés de ter que ir até a escola sempre que quisesse tocar, meu pai foi até um amigo que trabalhava com instrumentos, e pediu que fizesse um piano para mim. Ele literalmente pediu que o amigo construísse um piano do zero. Eu lembro que quando ele chegou, e isso é importante, porque não tenho contato físico com as pessoas, eu fiquei tão feliz, que o abracei. Quando me afastei, vi que haviam lagrimas em seus olhos, mas não entendi o que havia feito. Foi quando ele disse que aquele era o primeiro abraço que partiu de mim. As pessoas pensam que autistas não sentem empatia, mas isso não é verdade. As vezes eu não sei se alguem está chateado, mas quando eu sei, sinto muita empatia. Até mais que alguem considerado normal.

— Ele deve ser bem legal. – Declarou, quando voltamos a caminhar, enquanto eu tentava me lembrar de tudo que Jasper havia dito.

— Eu acho que nunca vi seus pais. Eles não moram com você? – Perguntei.

— Não. Eles morreram cinco anos atrás. Eu tinha doze anos e me mudei para a casa da minha avó, que morreu ano passado. Mas eu sou emancipada, então tudo bem.

— Sinto muito.  Então você mora sozinha? – Perguntei.

— Sim. Eu recebo uma pensão, que me ajuda a pagar as contas e também trabalho como babá alguns dias. Não vou ficar rica, mas vou vivendo.

— E como é? – Indaguei, curioso. – Morar sozinha?

— Solitário na maior parte do tempo. Quer dizer, sinto falta deles o tempo todo, mas o que se pode fazer? – Perguntou dando de ombros. – Essa é a loja?

— Sim. – Respondi entrando. As perguntas e dicas de Jasper não me prepararam para aquela conversa. Apesar de tudo, eu amava meus pais  e não fazia ideia de como seria a vida sem eles, enquanto Bella vinha vivendo completamente sozinha por anos. Não havia nada que eu pudesse dizer sobre isso, então apenas segui caminhando.

— Olá, Edward. Como vai? – Andy perguntou, se levantando. Ele era um senhor na casa dos quarenta anos, que cuidava da loja que era de seu pai. Ele sabia exatamente de como eu gostava das coisas. Sua loja era bem iluminada e ao mesmo tempo silenciosa. Os papeis ficavam guardados em ordem alfabética de tipo, o que facilitava encontrar o que eu precisava. – Quem é sua amiga? – Perguntou, apontando Bella.

— Eu sou a Bella. Amiga do Edward. – Respondeu me observando.

— Muito prazer, Bella. Esme não veio hoje?

— Ela tinha outro compromisso, mas disse que eu poderia vir se arrumasse alguem responsável, e meu amigo Jasper disse que eu deveria convidar a Bella, porque ela é responsável. Alem ser uma companhia agradável para o dia. – Expliquei e vi Bella sorrir ao meu lado.

— Sim, além disso, ele falou muito bem da sua loja, então vim conhecer. Edward precisa de papel.

— Ótimo. Você deu sorte, carinha. Chegou um carregamento novo ontem e eu terminei de catalogar tudo, então aqui está. Do seu tipo favorito.

— Obrigado. – Respondi educadamente. – Como vai a Sarah?

— Ela está melhor. Teve alta semana passada e já está descansando em casa. – Respondeu com um leve sorriso.

— Isso parece bom. Mande um oi por mim. – Respondi pegando minha sacola e caminhando em direção a porta, quando Bella gritou meu nome.

— Edward? Você não precisa pagar pelo papel ou algo assim? – Perguntou, olhando para Andy com um olhar assustado. – Sabe, pelos papéis?

— Não. – Respondi confuso, enquanto Andy sorria para Bella.

— Primeira vez com ele em Port Angeles, é Bella, certo? – Ele questionou e ela assentiu. – Edward é meu melhor cliente. Ele sabe o que quer e é bastante educado. Então criei uma conta para ele. Ele sempre vem aqui, pega o que precisa, então no final de cada mês, Esme vem e paga a conta. Tem sido assim por muito tempo, e acredito que eu não seja o única da cidade a fazer isso com ele.

— Eu não gosto de ficar muito tempo em um lugar, e entre entrar, escolher o material, me livrar da filha da senhora Miller, e pagar a conta, isso levaria muito tempo, então criamos o sistema de conta.

— Isso faz muito sentido. – Respondeu, mais tranqüila. – Tudo bem, foi um prazer, senhor.

— Me chame de Andy, querida. Espero que goste do passeio pela cidade. – Acrescentou enquanto caminhávamos de volta ao carro.

— Acho que esse dia vai ser mais divertido do que eu pensava. – Bella respondeu sorrindo.

~*~*~*~*~*~*~*~*~~*~*~*~*~*~

— Qual é a próxima parada? – Perguntou, enquanto ligava o carro.

— É quase hora do almoço, então vamos até o Carver. – Declarei, explicando o caminho até o restaurante. Eu gostava de rotina, então sempre que vínhamos aqui, minha mãe e eu almoçávamos no mesmo lugar, sentávamos na mesma mesa e pedíamos a mesma coisa. Bem, pelo menos eu pedia, uma vez que ela gostava de experimentar coisas novas.

— Certo. Eu já vim aqui algumas vezes, mas o que você gosta de comer? – Perguntou quando descemos do carro.

—  O Ravióli de cogumelos é o melhor que já comi. – Respondi a acompanhando até a porta.

— Edward, com vai? – Julie estava na porta quando me viu. – Não sabia que viria hoje. Sua mesa está ocupada, mas não deve demorar. Gostaria de esperar? – Perguntou.

— Você se importa? – Perguntei para Bella, que me olhou confusa. – Eu gosto de vir aqui, e sei que vai parecer bobagem, mas gosto de me sentar no mesmo lugar, então...

— Tudo bem. – Respondeu rapidamente. – Mais tempo para nos conhecermos.

— Certo, eu aviso quando a mesa liberar, sou Julie. – Ela sorriu para Bella, que retribuiu o sorriso.

— Bella. – Respondeu, e se virou em minha direção quando ela se afastou.-  E então, você freqüente escola ou algo assim?

— Não. Eu tenho aulas em casa, o que é muito mais confortável. Nunca gostei da escola. O barulho e as pessoas. Quando eu era pequeno, tivemos muitos problemas, então meus pais decidiram que seria melhor que eu estudasse em casa.

— E como é isso? – Perguntou. – Não sente falta das outras pessoas, e de fazer amigos?

— Não realmente. Jasper é meu amigo, então não é como se eu ficasse sozinho por tanto tempo. O que me lembra de dizer, ele mandou que eu perguntasse se você tem uma amiga para apresentar a ele, mas tudo bem se não tiver. – Declarei, fazendo com que ela risse. Uma risada alta e gostosa.

— Talvez eu tenha, mas precisaria saber mais sobre ele. Vocês parecem muito amigos. Eu o vi chegar no dia da briga. Jacob é um idiota, mas é enorme. Jasper não pareceu se importar com isso.

— É, ele é assim. Ele é meu melhor amigo e está sempre por perto. – Respondi me lembrando da briga. Depois daquele dia, sempre que eu quisesse sair para caminhar, ele vinha comigo. Não importava a hora.

— Como se conheceram? – Perguntou, se aproximando de mim, enquanto brincava com uma mecha solta dos cabelos.

— Estamos na escola e eu tinha cinco anos. Era hora do almoço e eu sempre me sentava sozinho. Eu sempre levava o mesmo lanche todos os dias. Então ele se sentou junto comigo. Ninguém nunca se sentava comigo, mas ele se sentou. Então ele disse que alguem havia tomado o lanche dele e que o meu parecia bom.

— Meu Deus! – Ralhou levando a mão a boca.

— Então eu perguntei a ele se queria dividir o lanche comigo. – Contei, o que a fez sorrir.

— Isso é muito legal, Edward. Sabe, quanto mais tempo passamos juntos, mais eu gosto de você. Você é diferente.

— Diferente? – Perguntei. – Por causa do autismo?

— Não. Diferente, porque é bom, divertido e gentil. – Respondeu, quando Julie se aproximou.

— A mesa de vocês está pronta.

— Obrigado – Agradeci, enquanto caminhávamos em direção a mesa.

— Então, porque aquela mesa? – Bella perguntou curiosamente.

— Quando viemos aqui, minha mãe e eu nos sentamos em três outras mesas, mas eram desconfortáveis. A primeira era muito perto da porta, e o som do sino da porta me irritava; A segunda era perto da cozinha e sempre que algum garçom passava, ele esbarrava na minha cadeira; E a terceira era desnivelada e fazia um barulho irritante. Aquela do canto é perfeita. Fica perto da janela, então é arejada, mas é longe das portas então não tem barulho. E é perfeitamente nivelada. – Expliquei detalhadamente, enquanto Bella me ouvia atentamente. – Mas eu acho que estou falando muito. Jasper disse que garotas gostam quando você escuta.

— Algumas garotas realmente gostam, mas eu gosto de ouvir você. Sempre que eu penso que estou começando a te entender, você faz o oposto do que eu espero. Sabe, quando você me chamou para vir com você, eu não tinha muita certeza, mas eu estou me divertindo muito hoje.

— Eu também. - Respondi e aquilo era realmente verdade.

~*~*~*~*~*~*

— Qual a próxima parada? – Bella questionou.

— Tintas. – Respondi.

— Senhora Miller? – Questionou e eu assenti. – Certo. Quando disse que a filha dela é amigável, o que quer dizer com isso?

— Ela tenta tocar nos meus braços, mesmo eu dizendo que não gosto que toquem em mim, e ela sempre sorri muito. Não de um jeito bonito como você, mas de um jeito assustador.

— Acha meu sorriso bonito? – Perguntou e eu assenti. – Bem, acho que eu posso te ajudar com isso. – Acrescentou movendo as sobrancelhas. – Me siga.

— Edward! – Victória gritou vindo em minha direção, mas deu um passo para trás quando Bella se colocou no caminho. – Só um minuto que alguem já vai atender você, mocinha.- Respondeu tentando passar, mas Bella não se moveu.

— Na verdade, tudo bem. Eu estou com ele, e nós precisamos de tinta.

— O que? – Victoria parecia confusa e recuou. – Onde está Esme?

— Ela não pôde vir hoje. – Expliquei, mas Bella me interrompeu.

— Ela tinha um compromisso hoje, então eu vim com ele.

— Certo. – Victoria murmurou, voltando a olhar para mim. – Na verdade isso é perfeito, eu sempre quis te perguntar uma coisa, mas seria estranho com sua mãe tão perto. Acabou de sair um filme, um romance na verdade e eu queria saber se você não gostaria de assistir comigo. – Perguntou e eu congelei. Bella parecia tranqüila, então deu um passo para trás, segurando minha mão com firmeza.

— Na verdade, ele não pode, porque bem, ele tem planos comigo. Como eu disse, Esme não pôde ir hoje, então como boa namorada, eu vim com ele. – Bella respondeu tranquilamente, fazendo com que eu olhasse para ela, que apenas sorriu e piscou para mim.

— Namorada? – Victoria perguntou, recuando ainda mais. Ela nunca havia estado tão quieta. – Eu não sabia que você... Bem, acho que tudo bem.

— Você pode nos ajudar com as tintas? – Bella perguntou, enquanto ainda segurava minha mão com força e eu apenas observava. Sua mão era pequena, macia e quente. Eu gostava da sensação.

— Claro. Ele sempre leva essas aqui. – Respondeu colocando as tintas na sacola e entregando para Bella.

— Obrigada. Adoraríamos ficar, mas temos planos para depois, vamos amor? – Perguntou, me puxando suavemente, seus olhos brilhavam de divertimento.

— Nós temos planos? – Perguntei, ainda segurando sua mão pelo estacionamento. Já passava das três da tarde e logo voltaríamos para casa, mas naquele momento, eu só queria ficar ali. Ela segurando minha mão, sorrindo, enquanto o sol iluminava seus rosto. Uma vez perguntei ao meu pai, como sabíamos que estamos apaixonados. Ele disse que nós simplesmente olhávamos para a pessoa e sabíamos. Não pensei que aquilo fosse verdade até aquela tarde. Porque olhando para ela, me puxando pelo estacionamento, enquanto apertava minha mão e sorria, eu soube.

— Você estava certo sobre ela ser amigável. Acho que ela queria sair com você.

— Eu acho que não quero sair com ela. – Respondi.

— Então não está chateado por eu ter dito que era sua namorada? – Perguntou dando um passo para mais perto.

— Não. Quero dizer, você mentiu, mas não me chateou.

— E eu segurar sua mão, isso te chateia? – Indagou, erguendo nossas mãos, ainda juntas.

— Não. Eu gosto do toque com pressão, então assim é bom. – Respondi e ela deu outro passo. Cada vez. Mais. Perto.

— Faz sentido. Quando eu toquei seus ombros no outro, foi suave. Mas e se eu tocar assim? – Perguntou, apertando meu braço direito, com força. Assim te incomoda? – Eu neguei, porque diferente de quando as outras pessoas me tocavam, naquele momento, eu me sentia bem. Era uma sensação nova, e eu odiava mudanças. Mas seu toque era firme e bom. – Sabe de uma coisa? Eu realmente gosto muito de você Edward.

Seu aperto continuava firme em meu braço, quando ela encurtou a distancia entre nós. Eu havia passado horas olhando para ela, sonhando em me aproximar e conversar com ela. Mas de todos os cenários eu havia planejado, nunca considerei a possibilidade dela sentir o mesmo. Eu odiava mudanças, mas talvez elas fossem necessárias, porque se eu não tivesse vindo com ela ao invés de minha mãe, nunca chegaria até aqui.

Seu aperto ficou mais forte, seu lábios estavam perto demais. Uma brisa leve balançava seu cabelo e então, eu a beijei. Nunca havia feito isso com ninguém antes, o que fez com que me sentisse apavorado. Meu coração batia vinte por cento mais rápido e eu sentia o suor se acumulando em minhas mãos. Então me lembrei de quando eu era criança, e um grupo de crianças fingiu ser legal comigo, apenas para debochar de mim depois. E se ela estivesse fazendo o mesmo?

— Não. – Respondi me afastando e repetindo a pergunta em minha cabeça. De novo e de novo. E se ela estivesse fazendo o mesmo? E se ela estivesse fazendo o mesmo? E se ela estivesse fazendo o mesmo?

— Edward, tudo bem? – Perguntou, mas a frase continuava rodando em minha cabeça.

E se ela estivesse fazendo o mesmo?

E se ela estivesse fazendo o mesmo?

E se ela estivesse fazendo o mesmo?

— Edward? – Me chamou, mais alto dessa vez.

— Eu quero ir para casa. Por favor. – Acrescentei, porque meus pais haviam me ensinado que não importava o quão assustado eu estivesse, sempre deveria ser educado. – Por favor.

— Eu sinto muito, não precisamos ir embora.

— Eu quero ir para casa. Agora! – Falei mais alto, fazendo ela recuar e as outras pessoas olharem em nossa direção. Isso fez com que eu me lembrasse de quando eu tinha quinze anos.  Nós estávamos no mercado, meu pai e eu. Ele perguntou se eu podia ir até o caixa, porque tinha uma ligação do trabalho. Eu estava com meus fones e havia ido ao caixa dezenas de vezes, então sabia como fazer. Uma senhora se aproximou e tentou falar comigo, mas eu estava com meus fones abafadores. Ela ficava tocando meus braços enquanto falava e eu não gosto que toquem em mim, mas já disse isso. Ela continuou, então dei um passo para trás, mas ela continuou falando. Então tentei me afastar e meus fones caíram e se quebraram. Ela começou a se desculpar e tocar meu braço novamente enquanto se desculpava, mas era tudo barulhento de mais. Então eu gritei para que ela me soltasse. Meu pai chegou logo depois. Ele disse que as pessoas não viam como ela estava me incomodando, mas viam que eu havia gritado. A senhora começou a chorar, enquanto eu repetia os nomes das constelações. Andrômeda, Antlia, Apus e assim por diante. Eu fiz uma cena e assim como todas as vezes que eu ia ao mercado, as pessoas estavam me olhando agora.

— Tudo bem! – Ela respondeu tranquilamente erguendo as mãos. – Porque não vai até o carro, eu vou em um minuto. Pode ligar o radio se quiser. – Acrescentou com um sorriso gentil.

Eu segui até o carro, me sentei ligando o radio, enquanto apertava os dedos e repetia os nomes das constelações. Bella estava no telefone e parecia chateada. Levou mais do que um minuto até que ela veio até o carro. Voltamos para casa apenas com o som do radio e da chuva que começou a cair. Talvez eu devesse dizer alguma coisa, mas o que eu diria? Que eu gostava dela, mas que ela podia estar brincando comigo, como um bando de crianças malvadas havia feito? Ela parou o carro em frente a minha casa e se virou para dizer algo, mas eu não ouvi, porque assim que o motor do carro parou, eu saí na chuva, correndo em direção a minha casa.

— Edward? – Ouvi minha mãe chamar, mas apenas continuei correndo.

— Pode deixar, senhora Cullen. – Ouvi a voz de Jasper e em um segundo ele estava no meu quarto.

— O que faz aqui? – Perguntei, me livrando dos sapatos molhados.

— Ela me ligou e disse o que aconteceu. Você a beijou, cara! Isso é demais. – Jasper ergueu a mão, mas eu a ignorei.

— E eu fiz uma cena logo depois. E como foi que ela te ligou ? – Questionei.

— Eu não deixaria alguem simplesmente te levar para longe, amigo. Eu sei que mudanças afetam você de um jeito diferente, então dei meu telefone para ela ontem. Sabe, para o caso de você precisar.

— Isso foi bem legal, na verdade. Obrigado. – Agradeci. – Mas não importa, porque eu não vou mais sair com ela.

— Por que? Ela disse alguma coisa? – Perguntou e eu neguei.

— Jasper, eu sei que somos amigos, mas talvez você não entenda. Eu tenho manias e regras e as pessoas dizem que eu sou esquisito, e talvez tenham razão. Ela é tão... Ela. Então depois de hoje, por que sairia comigo?

— Porque você é incrível, seu idiota. Você é meu melhor amigo, então eu tenho o direito de dizer, você devia se ver com mais clareza. E se ela não quiser sair com você, então é ela que está perdendo, cara. Agora vai trocar de roupa, você parece um rato molhado.

— Eu não pareço um...

— Eu estou lá embaixo. Sua mãe fez aquela lasanha incrível. – Gritou antes que eu pudesse responder.

~*~*~*~*~*~*~*~*

Eu acordei, olhando para o teto, que agora estava iluminado pela luz do sol. Não tinha nenhum plano para hoje e já fazia uma semana desde a viagem. Minha mãe havia parado de perguntar o que havia acontecido e meu pai me perguntava todos os dias se eu iria lá para fora, para minha cadeira. Não iria. Desci as escadas, e Jasper já estava na porta me esperando.

— Caminhada? – Perguntou e eu neguei. – Tudo bem. Algum desenho novo hoje?

— Não. – Respondi quando ouvi a campainha tocar outra vez. Jasper olhou para a porta e depois em minha direção.

— Por que não vamos lá para o quarto? – Perguntou, e eu o olhei confuso.

— Senhor Cullen, eu apenas queria conversar e... – Parei de subir quando ouvi a voz dela na porta. – Talvez eu não devesse ter feito aquilo, porque ele talvez não goste de mim, mas eu gosto muito dele. Edward é diferente.

Não queria mais ouvir. Então segui para meu quarto. O dia estava realmente bonito. Talvez eu devesse voltar a desenhar. Procurei meu bloco por todo quarto, mas não encontrei. Nem minha mãe nem meu pai haviam visto e eu não havia visto Jasper desde manhã para perguntar a ele. Eu precisava do meu bloco.

— Vamos encontrar, querido. – Minha mãe declarou. – Talvez Jasper tenha guardado. Você pode usar o novo.

— Não posso, porque o deixei no carro da Bella e não posso ir lá buscar.

— Tudo bem, eu posso ir comprar outro, querido, mas não agora. Por que não faz outra coisa para se distrair?

— Como o que? – Perguntei.

— Por que não conta as estrelas? – Questionou e eu assenti. Eu já ia começar, quando ouvi eles conversando.

— Esme, não pode protege-lo para sempre. Ele não é uma criança.- Meu pai explicou.

— Eu sei disso, mas não vou deixar que machuquem meu menino. Ela não tem o direito.

— Você nem ao menos sabe o que aconteceu. Deixe que ele esteja pronto e te conte.

— Está bem! Não vou me meter mais.

Eu parei de escutar e comecei a contar. Minha respiração estava mias controlada e eu estava quase pegando no sono, quando ouvi um barulho em minha janela. Outra batida. E outra. Me levantei, procurando de onde vinha o barulho. Foi quando a vi.

— O que está fazendo?  -Perguntei.

— Eu queria falar com você, mas sua mãe não me deixou entrar. Eu posso subir agora? – Indagou e eu dei um passo para trás. Meu quarto ficava no segundo andar, mas isso não pareceu ser um problema para ela. Havia uma estrutura de madeira que meu pai havia construído para que plantas crescessem, mas elas nunca cresciam. Bella escalou até conseguir chegar até minha janela. – Podemos conversar?

— Já estamos conversando. – Expliquei e ela revirou os olhos entrando.

— Você deixou suas coisas no carro. – Declarou abrindo sua mochila e me entregando o meu material. – Pensei que fosse querer. E eu só queria que você soubesse, que apesar de tudo, me diverti muito no outro dia. E talvez eu tenha me enganado e você não goste de mim e...- A interrompi, enquanto folheava o meu novo bloco.

— Eu gosto. Muito. Não gosto de coisas novas, mas me sinto bem com você.

— Então por que fugiu? – Perguntou se sentando em minha cama. Foi quando notei que ela segurava alguma coisa.

— Meu bloco. – Murmurei e ela o entregou para mim.

— Eu pensei que tivesse feito alguma coisa para você me odiar, e estava muito chateada porque sua mãe não me deixou falar com você. Então me encontrei com Jasper e conversamos. Ele invadiu seu quarto e roubou isso. São incríveis. Você é muito talentoso.

— Você viu meus desenhos. – Murmurei.

— Sim. Eu adorei. – Respondeu enquanto eu segurava o bloco.

— Você os quer? – Perguntei, tentando acalmar minha respiração. Ela gostava de mim. Talvez ela realmente gostasse de mim. Me lembrei das palavras de Jasper, sobre eu não me ver com clareza.

— Você os daria para mim? Por que? – Perguntou chegando mais perto.

— Porque eu gosto de você. E porque você gostou deles. Então eu os daria para você, porque você ficaria feliz. – Expliquei e ela sorriu, chegando mais perto.

— Edward? Eu tenho uma pergunta. – Declarou e eu assenti. – Eu gostaria que você me beijasse outra vez. Você faria isso? – Perguntou e eu assenti. Ela queria que eu a beijasse outra vez. Ela. Queria.Realmente. Sua mão apertava novamente meu braço com firmeza, diminuindo a distancia entre nós. – Por favor? – Suplicou e eu atendi. A beijando outra vez.

Minha respiração estava calma e não havia nem suor nem pânico dessa vez. Apenas seu aperto em mim, enquanto eu a beijava. Nos afastamos um pouco e ela sorriu.

— O que acha de voltarmos ao jogo das perguntas?  - Perguntou e eu assenti. A ultima coisa que queria, era dormir.

Eu estava deitado na cama. Depois de tantas perguntas, ela pegou no sono e não seria educado acorda-la. Então eu a deixei ali. Encolhida ao meu lado. Sua respiração era baixa e tranqüila. Eu descobri que gostava do som que fazia. Era como uma musica suave para meus ouvidos. Então decidi que talvez não precisasse mais contar estrelas para pegar no sono. Pensei em todas as mudanças que havia enfrentado. Talvez meu pai estivesse certo. Eu estava crescendo. E ao olhar para o lado e ver Bella dormindo tranquilamente, não conseguia me lembrar de porque me senti tão apavorado. Eu me sentia feliz. Em paz. E sentia que com meu melhor amigo e ela ao meu lado, não havia nada que eu não pudesse fazer.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Essa foi uma das ones mais diferentes que já fiz. Espero que tenham gostado.