O Verão que Você me Deu escrita por JúhChan


Capítulo 7
Sétimo Sol


Notas iniciais do capítulo

AVISO 1: este capítulo contém cenas tristes e relatos melancólicos.
AVISO 2: terão termos técnicos sobe a doença do Sasuke, então fiz uma explicação de todos os eles e suas ligações, se quiserem entender melhor, ele estará no final do capítulo.
Boa noite, pessoal!
Trago o penúltimo capítulo dessa shortfic, que era para ser uma one shot...
Estão com a caixa de lenço próximos a vocês?? Estão preparadas, preparadas?
Boa leitura!
Até consultar a minha orientadora para explicar a vocês alguns termos técnicos, eu fiz hein. =)



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07 de agosto de 2016

— Ainda dá tempo de voltar para o carro. – Sasuke avisou ao passarem pelas portas automáticas da entrada do aeroporto internacional de Narita.  

— Você pega as minhas malas e eu distraio a minha tia.

— Combinado, é só dar o sinal.

Trocaram um olhar cúmplice.

— Quem dera se fosse fácil assim.

— Mas é. – Beijou a lateral da cabeça dela. - Quer ver?

...

Suas malas foram despachadas, sobrando apenas a mochila verde água nas costas. O embarque para o seu já estava aberto, ela já tinha agradecido, abraçado e beijado todos, especialmente sua tia, e agora, se preparava para se desprender de Sasuke.

Porém, quando pensava em se despedir, apenas apertava ainda mais os braços em volta dele. Todos os momentos vividos ao lado dele naquele verão passavam como um filme pela sua mente. 

— Está na hora de ir. – A Haruno murmurou contra o tórax masculino, após a voz, das caixas de sons espalhadas por todo o aeroporto, avisar que era a última chamada para o embarque do voo.

Era a última vez que sentiria o cheiro único dele e que seria envolvida naquele abraço de urso. 

— Sem arrependimentos?

— Sem arrependimentos.

O Uchiha respirou profundamente.

— Essa sua cara não passa nenhuma confiança.

Os olhos verdes marejaram.

— Não, não. – Falou sereno. – Não chara. Temos a tecnologia ao nosso favor, o Skype, o Facebook, o Istagram... – Colocou a insistente mecha cor de rosa atrás da orelha dela. - E poderemos no ver nas férias. É só nos organizarmos. Vai dar certo, eu prometo. – A voz dele falhou em algumas partes, por sentir uma ardência na garganta.

— Eu queria tanto ficar. – Fungou, perdendo o controle das lágrimas que escorriam por suas bochechas.

Sasuke encostou a testa na dela, de olhos fechados.

— E eu de ir com você, pequena. – Sussurrou. – Tome cuidado e faça uma boa viagem de volta. Não fale com estranhos, mantenha a bateria de tudo sempre cheia, coma sempre que der fome...

— Sasuke-kun?

— Me deixe terminar, beba bastante água, não deixe suas coisas a mostra e, o mais importante de todos, me avisa quando chegar no Brasil!

Sakura apenas assentiu com a cabeça, o rosto num misto de sorriso e careta chorosa. Mas não impediu Sasuke de selar os seus lábios nos dela, para poderem gravar o gosto do último beijo de verão deles.

— Está na hora de ir. – Ele repetiu a sua frase, soltando-a para que pudesse voltar ao Brasil.

~~*~~*~~*~~

15 de julho de 2021

— Foi na primavera do ano seguinte a que você veio para cá. Nossa banda já estava bem conhecida pela cidade e fomos convidados para tocar na festa de recepção dos calouros. – A voz do Uzumaki a despertou das lembranças daquele verão. - Mas, nós não tocamos, porque o Sasuke passou mal no meio do ensaio. – Naruto engoliu em seco. Chegara a parte mais dolorosa do relato. - Ele ficou trinta dias internado, porque os rins dele tinham parado de funcionar. A pressão alta danificou os rins dele. Sasuke foi considerado doente renal crônico em estágio 5, dialítico*.

A medida que processava cada palavra dita, Sakura arregalava os olhos fixados no rosto de perfil de Naruto. Dentro da cabeça dela, as peças iam se juntando.

— Sasuke e eu terminamos no final de março daquele ano. – Falou baixo. – Na verdade, foi ele quem terminou comigo por meio de uma mensagem no inbox do Facebook. – Ainda era revoltante, pois eles não conversaram depois daquela mensagem.

Praticamente, ela foi bloqueada nas redes sociais e apagada da vida dele, mesmo assim, foram inúmeras as vezes em que ela tentou conversar com Sasuke, seja por mensagens ou por ligação de Skype e Facetime, mas sempre era ignorada.

“Me desculpe, mas não está mais dando certo. Sinto muito”, foi a mensagem que ela visualizou assim que ‘Sing, Brasil’, um reality show musical que participara com mais dois amigos, terminou de ser transmitido no dia vinte de março de 2017.

Não havia feito nem uma semana que retornara de Tóquio, a Haruno não perdera tempo e se associou à Associação Estadual de Canto - AEC para voltar a cantar, seja em competições seja em eventos culturais, ela estava decidida a manter a chama do amor pela música acesa e, com um plus, seguir o conselho do Uchiha.

Qual foi sua surpresa em reencontrar os amigos de infância, Akira e Chikara, os gêmeos que a apresentaram ao universo musical, no dia que foi levar seus documentos à sede da associação. Foram ao karaokê para relembrar os velhos tempos e, a partir dali, sempre cantavam juntos em eventos que a associação promovia ou participava.

No começo de outubro daquele ano, a emissora mais famosa do país anunciou um reality show de grupo musical. Sem pensar duas vezes, o trio se inscreveu para as audições e foi selecionado para participar do programa que começaria após o Carnaval do ano seguinte.

Até lá, o trio teve que decidir um nome para o grupo, compor, ensaiar e criar melodias para não chegarem de mãos vazias. Além disso, tiveram que planejar os seus horários para conciliar a escola e o reality show, pois era ano de vestibular. Para Sakura, foi um pouco mais puxado por manter um namoro a distância.

Porém, quando chegou o final de abril se aproximava não foi mais preciso se preocupar com este último item, pois Sasuke terminou com ela de forma fria, justo no dia que o Triple K foi classificado para as quartas de finais do programa.

— Ele terminou com você, porque queria te poupar de sofrimento. Além do mais, você estava arrasando no reality show, Triple K tinha muitas chances de sair campeão do programa e com um contrato com uma gravadora. Sasuke não queria ser um peso no começo do seu sucesso, muito menos que ficasse com ele por pena.

— Quando ele fez isso, ele me tirou o direito de escolha.

— Concordo, ele decidiu por você e isso foi errado. – O Uzumaki percebeu um olhar enigmático direcionado a ele.

— Foi sim, mas não vou ficar brava por isso.

— Ele só queria o seu melhor. – Acionou a alavanca da seta, para indicar que iria guiar o carro para o lado esquerdo.

Naruto estacionou o automóvel em frente a um prédio de dez andares, de janelas espelhadas e de aparência moderna.

— Reconhece? – Indagou, indicando o edifício com a cabeça. – Ele foi expandido e reformado, mas continua sendo um prédio comercial, com os primeiros três andares de estúdios e o restante de escritórios.

A surpresa estampou a expressão facial feminina.

— Vamos lá. Você tem que ver como o nosso estúdio mudou. – Tirou a chave da ignição e puxou o freio de mão.

— Eu acho melhor não. – Sakura disse nervosa, sentindo certa familiaridade naquela situação. – Tenho uma reunião com o staff da Triple K em trinta minutos. – Falou a primeira desculpa que apareceu em sua mente.

A Haruno até olhou para o relógio de última geração no pulso esquerdo, para dar ênfase a sua fala. 

— Você me garantiu que hoje sua agenda estava vazia. – Lançou um olhar convencido a ela. - Além do mais, não vamos demorar muito aqui. Hinata está aguardando o kamaboko*. Vamos. – Saiu do carro.

Ela suspirou derrotada e o imitou.

— Kamaboko? – Perguntou ao entrarem no prédio.

— Desejos de uma gravidinha.

Os olhos verdes se arregalaram ao mesmo tempo em que um sorriso iluminou o rosto dela.

— É um menino. – Adentraram o elevador.

— Parabéns, que venha com bastante saúde!

— Obrigado. – Agradeceu. – Pensamos em chama-lo de Sasuke, porque no mesmo dia que perdi o meu melhor amigo, eu também descobri que ia ser pai.

— Naruto, você sabe que não precisa me contar tudo. – Disse, vendo o quanto aquele assunto o afetava.

— Mas decidimos homenagear o Sasuke de outra forma. – O Uzumaki fingiu não ter a escutado e continuou. – Uma vez, ele me contou que se um dia tivesse um filho, ele batizaria usando parte do nome dele, tipo Daisuke, Shinsuke, Shunsuke. Então, Hinata e eu concordamos em tirar o na do meu nome e colocar bo, assim ficou Boruto. – Riu levemente.

O coração de Sakura se apertou de forma dolorosa em seu peito.

— É uma linda homenagem, Naruto.

A portão de entrada mudou de madeira envernizada para preta metalizada, sem lugar para encaixar uma chave, apenas um leitor de cartão magnético, mas o número 16 continuava pregado ali e parecia brilhar.

Adentraram o estúdio e uma nostalgia tomou conta dela. Por dentro, nada havia mudado, os dois cômodos estavam ali, divididos por um curto corredor. O local onde se abraçaram pela primeira vez.

Sakura seguiu para o lado esquerdo. A enorme sala se projetou para si, onde sediou o primeiro ensaio da Kyuubi que ela assistiu pessoalmente, os momentos de diversão com os amigos, a primeira vez que ela cantou com ele e, o mais inesquecível, o primeiro momento íntimo deles.  

A visão ficou embaçada pelas lágrimas que vinha contendo desde que aceitou finalizar a turnê internacional da Triple K no Japão. Respirou fundo e focou a sua atenção em porta-retratos pregados na parede.

— O médico do Sasuke decidiu iniciar uma terapia renal substitutiva chamada diálise peritoneal* e, isso o ajudou por três anos. Ele conseguiu levar a vida dele dentro e fora da faculdade, fazíamos apresentações com a banda sem problema algum. – O Uzumaki voltar a contar. – Chegamos a lotar casas de shows e, até mesmo abrir shows de algumas bandas famosas. – Disse, olhando as fotos da Kyuubi ao lado dos integrantes de One Ok Rock, Kana-Boon, Radwimps, e revivendo a explosão de sentimentos que era tocar ao lado dos amigos para um público extasiado.

— Eu sei, acompanho vocês no Instagram. Assim como vocês acompanham a Triple K. – Disse em tom acusatório. – Vocês podiam ter me contado o motivo, a pressão alta, os rins parando de funcionar. – Murmurou.

— Sasuke implorou para gente não contar nada sobre a condição dele a você. Foi uma das poucas coisas que ele pediu, não podíamos... – A voz dele foi ficando baixa. – Eu sinto muito, Sakura-chan.

 Um arrependimento cresceu dentro dela.

— Tudo bem, no fim era uma decisão só dele. – Apertou os lábios um contra o outro, na tentativa de segurar o choro entalado em sua garganta. – Você não precisa pedir desculpas.

— Vamos para a outra sala! – Falou no típico tom alegre, no intuito de quebrar o clima pesaroso entre eles. – Você tem que ver como o nosso estúdio mudou.

Sakura apenas deixou ser levada até o cômodo do lado aposto do corredor.

O formato dela continuava o mesmo, mas antessala dos computadores estava modernizada, com aparelhos de ponta. Dentro do estúdio propriamente dito, os instrumentos se encontravam rentes as paredes, em seus devidos suportes, cases ou cobertos por pano branco, como era o caso da enorme bateria. Em um armário sem portas, tripés estavam dobrados e dezenas de fios enrolados, juntamente com os microfones e os headphones.

Quando parou no centro do estúdio, a lembrança de ela cantando o dueto que ele escreveu em menos de uma semana, a atingiu em cheio, inundando seus olhos de lágrimas de novo.

Foi após cantar com a Kyuubi, trocando intensos olhares com Sasuke que ela decidiu que voltaria a se dedicar à música e que superaria o que sua colega do clube de karaokê fez. Por meio daquele dueto, ela sentiu o amor que ele tinha pela música e a importância que era para ele vê-la cantar.

— Aqui, pega. – Naruto estendeu um tablete em sua direção. – Senta aí. – Indicou o puff que colocou atrás dela, enquanto esta viajava na lembrança da primeira vez que esteve ali no estúdio de gravação.

— O que é isso? – Indagou, indicando o tablete.

— Dê o play. Eu não te trouxe aqui só para mostrar as mudanças do nosso cantinho. – Sorriu minimamente.

Olhou Naruto com desconfiança.

— É uma música e, eu acho que ele quer que você a escute. Você vai gostar, Sakura-chan.

Então, ela encostou o indicador direito na tela, dando o play. O vídeo se iniciou mostrando Sasuke sentando no mesmo puff, no mesmo lugar em que ela estava com um microfone na mão direita, ao seu lado, Naruto atrás do teclado e do outro, Gaara, também segurando um microfone.

[https://www.youtube.com/watch?v=UWPu8bJGIdQ&pbjreload=101]

“A qualquer momento, galera”. - A voz de Neji soou, indicando era ele quem gravava. Sasuke fez um gesto com a mão e o som do teclado começou junto com a voz rouca de Gaara.

Depois de alguns segundos, ele começou a cantar. O foco da câmera se direcionou a ele, mostrando a palidez característica dele, os olhos ônix brilhantes e o cabelo escuro sem a rebeldia dos fios, por causa de uma faixa azul marinho, e mais cumpridos do que ela se lembrava. 

O cuidado que ele tinha em cantar cada verso, para transmitir o que sentiu enquanto estava compondo a música, era hipnotizante.

O refrão veio e trouxe com ele o entendimento: era uma mensagem de Sasuke a ela.

A declaração de amor que nunca se atreveram a fazer.

Assim, as primeiras lágrimas escorrem pelas bochechas femininas, Sakura estava tomada pelo arrependimento. Devia ter dito que estava apaixonada por ele antes de voltar para o Brasil, no verão de cinco anos atrás. Devia ter engolido o medo e gritado um sonoro ‘eu te amo’ quando veio para o Japão novamente, ver a neve e a estação de esqui de Hokkaido, na companhia dele, no inverno seguinte.

A segunda parte da canção começou trazendo ainda mais a intensidade dos sentimentos dele, pois estava claro que ele também imaginava um futuro ao lado dela, mas ele decidiu abdicar para protege-la e proporcionar algo melhor do que a atual condição dele.

 Novamente, o refrão foi entonado, fazendo um jogo de voz com Gaara. O choro silencioso dela passou a causar soluços, estremecendo a medida que a voz dele alcançava sua audição.

A música seguia para o seu final e, o arrependimento só aumentava dentro de si, pois Sasuke sofreu muito mais que ela.

O olhar melancólico dele foi a última coisa que a câmara filmou. 

— Ele nos contou que escreveu essa música enquanto estava internado, na época que vocês terminaram. – Relatou Naruto, após o vídeo acabar. - Nós gravamos no verão de 2017, logo quando entramos de férias das aulas. A diálise peritoneal estava sendo bem aceita pelo organismo dele, então estava estável. – Recordou-se do pedido feito durante uma passagem de som, no mesmo bar universitário de um ano atrás. - Não dá para perceber, mas Sasuke tinha um cateter inserido próximo ao umbigo dele, no lado direito. – Explicou. – Só que isso não atrapalhava, como eu disse, ajudava ele, ou melhor, ajudou ele por três anos. Foi nesse período que a Kyuubi conquistou aquelas fotos. – Fez uma pausa, tomando coragem para prosseguir. - Mas no verão do ano passado, ele passou mal novamente. Desta vez, era peritonite*. Uma complicação que acontece quando o cateter da diálise é manipulado com as mãos mal higienizadas.

“De novo, internado e agora tendo que fazer a hemodiálise* três vezes na semana na clínica de nefrologia. – Respirou fundo. - A vida do Sasuke mudou completamente, teve que trancar o curso, faltava pouco para ele terminar, dia sim e dia não se deslocar até a clínica para fazer a hemodiálise. Tomar o maior cuidado com o cateter inserido logo abaixo da clavícula direita, porque era uma porta de entrada direto para o sangue dele, qualquer erro na manipulação era infecção na certa. ”

A Haruno fungou, limpando as lágrimas com o dorso das mãos. Doía ouvir aquele relato, e até cogitou em pedir para o Uzumaki parar, mas ela precisava saber, aceitou se encontrar com ele para isso e, ele precisava desabafar.

— Foi terrível para gente vê-lo naquela situação, não consigo imaginar como ele se sentia, pois aquilo era para o resto da vida dele. – Respirou fundo de novo. - A banda acabou entrando em hiatos, não foi algo conversado, simplesmente aconteceu, pois estávamos sem o vocalista, e substituir o Sasuke estava fora de questão.

“Eu não consigo descrever o sentimento que eu tinha ao vê-lo magro, pálido, às vezes inchado, cansado e com restrição para ingerir líquido. Toda vez que eu o visitava, ele me dizia que a vontade dele era de tomar uma garrafa de água e comer um pedaço enorme de melancia. – Sentiu uma ardência na garganta. - A primeira vez que eu ouvi isso, tive que me segurar para não chorar na frente dele. Já bastava a família dele sentindo pena, eu não queria ser mais um que o achava um pobre coitado. – A voz saiu esganiçada. ”

— Naruto. – Chamou-o, abraçando-o forte. – Não precisa me contar mais nada, eu já entendi... – E o choro retornou mais violento, ao ponto de balançar os ombros delicados.

— Eu comecei, agora vou terminar. – Os lábios tremeram chorosos. - É minha obrigação em te contar isso, da mesma forma que é sua em escutar, porque Sasuke te amou desde o dia que te conheceu até o seu último. – Desfez o abraço e a encarou firmemente, não se importando se seus olhos estavam vermelhos.

— Eu também amei ele. – Murmurou. – E muito! – Secou o rosto com o dorso das mãos novamente. - Eu só queria ter dito isso a ele.

— No final de fevereiro, Sasuke foi internado às pressas na clínica, acidose metabólica*. Depois disso, ele permaneceu lá, tivemos que fazer uma escala para que a família dele e os amigos pudessem visita-lo nos horários de visita. – Recomeçou a falar. – O médico de Sasuke descobriu que o coração dele não estava bombeando o sangue corretamente, insuficiência cardíaca*. É por isso que ele não recebeu alta depois que corrigiram a acidose. 

— O transplante de rim...

— Os pais dele e Itachi fizeram o teste de compatibilidade, mas todos deram negativos. Nós também fizemos e foi o mesmo resultado. A fila para transplante é enorme e ele estava muito debilitado. Todo mundo via que ele já estava cansado de tudo aquilo. – De novo, respirou fundo. - Você me perguntou se ele sofreu muito, eu tenho certeza que sim. Mas, ninguém o viu chorar ou fraquejar desde que foi diagnosticado com doença renal. Sasuke encarava toda a situação da forma mais otimista que ele conseguia. ”

“Quando abril chegou, ele finalmente recebeu alta e pediu para que todo mundo fosse com ele ao Hanami*. Claro que nós todos, família e amigos, acatamos o pedido dele. Ao final do evento, ele olhou para todo mundo, pediu uma foto, agradeceu pela nossa presença e disse que estava cansado de tudo aquilo. ”

A perda era recente, recém-completado três meses.

Naruto cobriu o rosto com as duas mãos e se perguntou internamente se ainda possuía forças para continuar a contar, pois chegou ao ponto mais doloroso do relato.

Ajeitou-se melhor sobre o puff, descobriu o rosto e encarou a expressão desolada de Sakura. 

— Sabe que pode parar, eu já enten...

— Três dias depois, Itachi me ligou aos prantos. – Interrompeu-a. - Quando ele conseguiu se acalmar, me disse que Sasuke teve duas paradas cardíacas no começo daquela manhã e se foi. 

~~*~~*~~*~~

Doença renal crônica (DRC) e Insuficiência cardíaca são complicações da hipertensão arterial sistêmica (HAS), mais conhecida como pressão alta, quando esta não é controlada corretamente com os medicamentos e hábitos de vida saudáveis. Por exemplo: reduzir a ingestão de sal de cozinha, tomar bastante água, praticar exercícios físicos, evitar comer alimentos que contém bastante sódio, dando preferência a verduras frescas, legumes e grutas.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a HAS é uma condição de saúde resultado de vários fatores (ambientais, hereditários, culturais, sociais), cuja sua principal característica é a permanente elevação da pressão arterial em valores maiores ou iguais a 140 e/ou 90 mmHg, comumente: 14 por 9.

Geralmente quem tem HAS, também apresenta obesidade, diabetes, colesterol ruim elevado, pois é uma doença crônica não transmissível, que não tem cura, e que é desencadeada por vários fatores.

Quando tudo isso não é tratado adequadamente, temos as complicações de longo prazo, como citado anteriormente.

A DRC como consequência da HAS é o resultado da exposição dos rins a altas pressões sanguíneas, ou seja, o sangue que chega para ser filtrado nos órgãos chega com bastante força, assim acaba os danificando. Com o tempo, eles acabam perdendo a capacidade de exercer sua função.

A Sociedade Brasileira de Nefrologia classifica a DRC em 5 estágios, sendo o 5 o último estágio, que se divide em dialítico (caso do Sasuke) e não dialítico. No quinto estágio da DRC, os rins filtram menos de 15 mL de sangue por minuto, ou seja, não desempenham a sua função básica, pois o normal é de 100 mL/min.

Para que o sangue possa ser filtrado, pois é de extrema importância que isso aconteça já que é o sangue que carrega as impurezas do nosso corpo, temos a terapia renal substitutiva: a diálise peritoneal, a hemodiálise e transplante renal.

Diálise peritoneal: procedimento que é usado a cavidade peritoneal como um filtro natural. Para mais informações deixarei dois links: https://www.secad.com.br/blog/medicina/dialise-peritoneal-vantagem-desvantagem/

https://www.sbn.org.br/orientacoes-e-tratamentos/tratamentos/dialise-peritoneal/

Peritonite: é a inflamação das membranas que forma o peritônio, por causa de uma infecção.

Hemodiálise: é um procedimento através do qual uma máquina limpa e filtra o sangue. Link: https://www.sbn.org.br/orientacoes-e-tratamentos/tratamentos/hemodialise/

Acidose metabólica: é um desequilíbrio do nosso organismo que deixa o sangue com bastante hidrogênio, consequentemente diminui o pH dele, deixando-o ácido. Isso não é bom, pois o nosso sangue possui o pH adequado.

Os principais sintomas são: náuseas, vômitos, sentir-se casando e uma respiração profunda e rápida, pois esta é uma das formas do próprio organismo corrigir o desequilíbrio.

Outra forma do organismo corrigir a acidose é pelo sistema renal, ou seja, pelos nossos rins que realizam a filtração do nosso sangue. Eles fazem com que eliminemos o excesso de hidrogênio, que torna o sangue ácido, e reabsorvem o bicarbonato, um componente básico, (retomando as aulas de química da escola, a gente neutraliza um componente ácido com um componente básico), para a corrente sanguínea, assim o pH volta ao normal.

No caso do Sasuke que faz hemodiálise, é a máquina que filtra o sangue dele. Então, ele acabou tendo a acidose por acumular hidrogênio no organismo e por não conseguir reabsorver o bicarbonato.


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Notas finais do capítulo

Explicações das palavras com *:
Kamaboko: é uma iguaria japonesa feita de massa ou pasta de peixe curtido (surimi). Esta pasta é feita a partir de diversos peixes brancos que são batidos, combinados com aditivos como glutamato monossódico, modelados como se fossem pão e depois cozidos a vapor até adquirirem uma consistência firme. (Link para mais informações: https://www.japaoemfoco.com/kamaboko-uma-iguaria-japonesa-a-base-de-massa-de-peixe/) Eu amo essa massa! ♥ ♥
Hanami - tradicional costume japonês de admirar as flores de cerejeiras em seu pico. Eles têm o costume de comer, beber e desfrutar da companhia de pessoas queridas debaixo das árvores.
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Então, gentee... Só temos mais um capítulo para a fic ser finalizada... O que vocês estão achando?? Ainda dá tempo de dar um feedback quem ainda não se manifestou, viu! No aguardo...
Que despedida mais amorzinho, não??
Mas vocês podem xingar o Sasuke pela forma nada madura que ele terminou o namoro...
Aposto que vocês também esperavam que a Sakura se tornaria uma cantora famosa né? A bicha está fazendo turnê mundial!! Maravilhosa né?
O Sasuke também estava seguindo o caminho da música com a Kyuubi, mas teve que dar uma pausa de duração indeterminadaa...
Nartinho explicando todo o branco de 5 anos... Com direito a música original gravada, Sasuke recuperado e com homenagem ao mesmo... Me digam se vocês esperavam pelo significado do nome do Boruto ser isso? (Lembrando que é invenção minha, tá) kkkkkkk'
Por fim, gente... o inevitável aconteceu....
Até o próximo e último capítulo! Beijos!



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