Partilhar escrita por deemoonyy


Capítulo 1
Capítulo Único




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Se for preciso, eu pego um barco e remo

Por seis meses, como peixe pra te ver

Tão pra inventar um mar grande o bastante

Que me assuste, e que eu desista de você

A taça de vinho foi apoiada na mesa de centro e ele buscou o celular apressadamente. Já havia passado alguns minutos do horário que eles haviam marcado e ele parecia um adolescente apaixonado esperando a ligação da namorada.

A chamada de vídeo foi atendida antes mesmo que o aparelho emitisse algum som. Germano não conteve o sorriso ao vê-la na tela.

—Muito atrasada? – ela questionou rindo.

—Um pouco, mas o mais importante é que você ligou. – O celular foi apoiado estrategicamente na mesa. – Como foi seu dia?

—Cansativo, mas muito produtivo. – Os cabelos loiros foram espalhados no travesseiro quando ela se deitou e, mesmo a um oceano de distância, Germano pareceu sentir o cheiro que eles emanavam.

— Conseguiu ir à exposição do Andy Warhol? – um gole do vinho foi tomado.

—Fui sim, foi sensacional. Um tributo digno do talento dele, mas... – a continuação em aberto e o suspiro fez com que ele entendesse perfeitamente.

—Mas ainda assim você vai precisar ir para Bali...

—Sim. Preciso de mais material para o livro. – Ela estava morrendo de saudade de casa, dos filhos e do marido, mas preferia voltar sem precisar viajar novamente. Não queria pressa para recuperar os quatro meses longe.  – Vou para Bali em dois dias.

—Ah, Lili. Nem quando a gente quase se divorciou eu fiquei tanto tempo longe de você... – o líquido da taça desapareceu em um gole.

—Eu sei, meu amor. Mas são ossos do ofício. – Os lábios dela pressionaram-se um contra o outro. – Prometo que sem mais viagens longas por enquanto.

—Nota mental, lembrar a minha esposa dessa promessa por pelo menos um ano. – Ambos sorriram.

—Como estão as coisas por aí? – o silencio fora quebrado por ela após alguns segundos apenas admirando o sorriso um do outro.

—Fábio está focadíssimo no novo projeto que está fazendo com a Débora, Eliza vai para Nova York em uma semana e Benjamin está enlouquecendo todo mundo da Bastille. Ele tem ido comigo todos os dias para dar uma trégua para Dona Euzébia. – Riu lembrando do caçula que, com cinco anos, questionava tudo a todos. Germano narrou detalhadamente a ela todos os detalhes dos últimos cinco dias e arrancou-lhe boas gargalhadas.

—Queria tanto que você estivesse aqui. – Confessou quase em um sussurro. – Tô com tanta saudade do teu cheiro, do teu beijo, do calor da tua pele com a minha. 

—Eu também, Germano. Até dos seus roncos no meu ouvido eu estou com saudade. – riu. – Mas logo eu estarei aí pra gente recompensar. – Sorriu e inspirou, como se pudesse sentir o cheiro dele.

—Vou contar os segundos. – sorriu.

Se for preciso, eu crio alguma máquina

Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima

Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor

Eu chego pra dizer que eu vim te ver

Ela não sabia o que doía mais: Os pés machucados pelos saltos usados o dia todo, a cabeça que parecia querer explodir ou o corpo que clamava por uma boa noite de sono, mas tinha certeza que todos eram insignificantes perto da dor da saudade que aquela hora do dia a trazia.

Adentrou o quarto levemente iluminado do hotel em que estava hospedada e largou a bolsa na poltrona, sentando-se na mesa de centro buscando livrar-se logo daqueles malditos sapatos.

Um arrepio percorreu todo seu corpo ao ter mãos tapando seus olhos. Pensou em gritar, mas temeu que a boa acústica não lhe ajudasse.

—Não vai adivinhar quem é? – a voz muito conhecida fez com que seu corpo relaxasse e o medo que outrora sentira desaparecesse em um segundo.

—Germano, o que você está fazendo aqui? – a voz carregada de expectativas fez com que ele tirasse as mãos de seus olhos e a ajudasse a se levantar.

—Meu marido, querido, que saudade. – Ele tentou imitar a voz dela enquanto envolvia os braços em sua cintura. – Precisei vir para ter certeza de que você vai voltar pra casa.

—Medo de que eu não voltasse? – riu e segurou o lábio inferior entre os dentes, chamando a atenção dele para sua boca.

—Louco de saudade, na verdade. – Suspirou.

Ela lançou seus lábios contra os dele calmamente, reexplorando a boca já muito conhecida. Mesmo após tantos anos, Lili ainda conseguia sentir as mesmas borboletas que sentira na primeira vez que o beijara.  

Somente a ponta dos pés tocavam o chão para que eles pudessem ficar quase da mesma altura. Em segundos, o beijo tornou-se feroz e os toques urgentes. As roupas foram de encontro ao chão rapidamente e os corpos guiaram-se para a cama. Germano a segurou pela cintura e a puxou para seu colo, separando seus lábios por um instante.

Conhecia aquele corpo perfeitamente há quase trinta anos, sabia de cor cada pinta, marca e cicatriz. Sabia todas suas reações aos seus toques, sabia como acalmá-la e como atiçá-la. A única coisa que não sabia era como ela ficava cada vez melhor com o passar dos anos e como conseguia desejá-la cada vez mais.

 Quanto mais tinha dela, mais queria.

Levou a mão esquerda até os cabelos longos e segurou com firmeza, fazendo-a expor o pescoço e fechar os olhos. Depositou beijos na pele exposta e sorriu ao vê-la se arrepiar. Subiu-os vagarosamente até seus lábios e a olhou nos olhos.

Impaciente, Liliane resolveu tomar as rédeas. Adorava a forma romântica dele amar, mas estava com muita saudade para ir com calma.

As mãos delicadas seguraram os ombros fortes enquanto buscou os lábios dele urgentemente. Os corpos foram encaixados e ele a segurou pelo quadril, ajudando-a. Ambos estavam mais do que prontos um para o outro.

Por mais quente que estivesse a noite, todo toque era correspondido com um arrepio.

O rubor no rosto de Lili denunciava que ela estava quase lá e com a visão dela arrebatada pelo prazer, Germano também estava.

Com a mão apoiada em suas costas, o homem inverteu as posições e afundou-se nela em movimentos firmes, devorando sua boca e levando-os ao clímax.

Por alguns minutos, permaneceram em silêncio, desfrutando apenas do som de suas respirações voltando ao normal. Germano deitou-se ao lado dela e a puxou para repousar em seu peito.

—Eu não acredito que você enfrentou quase vinte horas de voo só para me ver. – ela o olhou sorrindo.

—Vinte e três na verdade. – Tirou a mecha de cabelo que tapava parte de seu rosto. – Mas por você, eu teria voado por uma semana se fosse preciso.

Eu quero partilhar

Eu quero partilhar

A vida boa com você


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