Future Looks Good escrita por Love Rosie


Capítulo 7
Capítulo VII - See you with a broken set of eyes


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Primeiro quero agradecer à Ane, vulgo Sunny Deep por ter favoritado meu nenê.

E agora, antes de ler esse capítulo bora cantar um "parabéns pra você" pra nossa Rosinha geminiana que está completando 18 anos (esse capítulo se passa no dia 07 de junho de 2024).

E vamos de capítulo novo!



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R O S E   G R A N G E R – W E A S L E Y

Porcaria de escola, porcaria de exames, porcaria de aniversário, porcaria de vida.

Definitivamente não era assim que esperava celebrar a chegada dos meus dezoito anos. Saí irritada da última prova dos N.I.E.M.s, praticamente soltando fogo pelas ventas. História da Magia não era meu forte e tinha certeza de que aquela prova era na verdade um dementador transfigurado em pedaço de papel pois pude sentir cada parte da minha alma sendo sugada por aquelas perguntas específicas sobre assuntos impossíveis de memorizar. Por que exatamente eu tinha que saber qual a porcentagem de megeras ressocializadas segundo a último Boletim Anual do Ministério da Magia? Se foram ressocializadas, sorte a delas! Eu não tinha nada a ver com isso.

Além disso, sabia que meu desempenho em Feitiços e Poções também não havia sido muito satisfatório, o que faria mamãe ficar furiosa. Esperava somente que meu pai conseguisse convencê-la a não me expulsar de casa, pelo menos não até o meio da temporada de quadribol, quando poderia me arranjar com meu próprio salário. Isso porque expulsa podia até ser que não, mas deserdada era certeza que estava.

Todo meu fracasso poderia ser atribuído a um único bruxo: Scorpius Hyperion Malfoy, meu ex-alguma-coisa-mal-definida. É, aquele loiro aguado costumava me dar aulas particulares quando tinha dúvida em alguma matéria, o que me salvou no último ano, porém com nosso rompimento era evidente que ele não me ajudaria, até porque eu estava evitando ao máximo estar no mesmo ambiente que ele. Questão de princípios.

É óbvio que fiquei fragilizada com o término, só alguém muito insensível não ficaria. Chorei no ombro do meu irmão naquele fatídico dia, depois chorei sozinha em silêncio até pegar no sono no meu dormitório. No dia seguinte houve treino do time de quadribol da Grifinória e Sabrina Wood acabou reparando que eu não estava enérgica como costumava estar, então quando ela perguntou se estava tudo bem não resisti e acabei contando os recentes infortúnios da minha vida a ela.

Sabrina e eu passamos anos nos dando bem no quadribol, havíamos entrado para o time no mesmo ano, nossa parceria em campo era notável, no entanto nunca antes pensamos em tornar mais intimista nossa relação. Considerava ela como amiga, ainda que distante, até porque não era um traço da minha personalidade sair por aí compartilhando minha vida com qualquer um. Diziam que eu era malvada demais para sustentar uma amizade, contudo preferia o termo reservada para definir esse meu comportamento. Hugo era a pessoa mais próxima que tinha e não precisava de muito mais que ele. Entretanto, quando Sabrina me deu um longo abraço e contou sobre suas experiências nada legais namorando uns caras que nem de longe a mereciam, me senti acolhida, não por Scorpius ser um babaca, porque não era. Mas senti que finalmente alguém entendia o que eu estava sentindo. A partir daí nos tonamos inseparáveis.

Era exatamente por respeito à nossa recente e intensa amizade que eu não fui correndo para o dormitório apagar na minha cama assim que terminei o maldito teste escrito de História da Magia, já que prometera aguardar a garota para de voltássemos juntas para a torre da Grifinória. Amaldiçoei mentalmente até a sétima geração da família de Sabrina por ela demorar demais para terminar uma prova. Se não fosse por isso não precisaria ver Clarisse Sachs e Scorpius Malfoy dando risadinhas ao sair da sala de prova, como se aquela atividade não os afetasse nem um pouco. Eles comentavam empolgadamente sobre uma questão que tinha absoluta certeza que não soube responder, as mãos dela apoiadas no ombro dele. Eu deveria desviar o olhar, aquela cena me machucava, mas não conseguia. Quando passaram por mim, Clarisse acenou, e o acompanhante, por sua vez, me encarou brevemente e desviou o olhar, seguindo caminho com a garota que deixava rastro do cheiro de coco de seu cabelo por onde passava.

Sachs havia sido promovida a companheira de jornada ao passo que eu fui reduzida a uma simples encarada.

Não imaginei que Malfoy superaria tão depressa, já que eu, a dita fria e insensível, não estava nem perto de solucionar internamente esta questão. Me sentia péssima pelas acusações nada sensatas que havia feito, todavia ele deveria relevar que eu estava pirando e quando isso acontecia não raciocinava corretamente. Mas Scorpius não tinha como saber lidar com isso, principalmente porque eu havia o ferido falando de sua mãe e isso era imperdoável.

Quando eu saía dos eixos assim, Hugo costumava me chamar por Elizabeth, meu segundo nome, até que eu me tocasse e voltasse à razão. Controle não era muito o meu forte, era explosiva e precipitada, agia e falava por impulso, sem pensar nas consequências. Contudo não imaginei que este seria um problema para Scorpius, até porque ele raramente me tirava do sério. Ele sim era racional e quando estava perto dele, me sentia em equilíbrio.

Agora teria de aprender a lidar sozinha com o furacão dentro do meu peito.

Mais tarde, naquele mesmo dia, o castelo estava em polvorosa com o fim dos N.O.M.s e N.I.E.M.s. Os alunos do primeiro ao quarto anos, juntamente aos alunos do sexto ano ainda precisavam passar pelos exames regulares da escola na semana seguinte, porém compartilhavam da excitação dos colegas que finalmente alcançaram a liberdade.

O clima era propício para que meus primos e alguns amigos preparassem uma comemoração para o meu aniversário no meio do jantar. A mesa dos leões inteira cantou “parabéns para a Rose”, enquanto festins vermelhos e dourados saíam das varinhas do meu irmão e de Lily. Eles também conseguiram um pequeno bolo com os elfos na cozinha e até Albus estava presente para receber seu pedaço. Acompanhado de Molly, ele fez o esforço de se deslocar da mesa da Sonserina até o outro lado do salão. Louis deixou os colegas da Lufa-Lufa para se juntar a nós, trazendo Alice consigo, enquanto Lucy conseguiu escapar da Corvinal. Todos celebrando mais um ano de vida da prima que, com toda certeza, não era a mais querida. Estava grata por tê-los ali. Não pude resistir ao ímpeto de observar a mesa das cobras, porém os olhos acinzentados que procurava não estavam lá. Por impulso, conferi se Sachs estava entre os lufanos e confesso que fiquei tensa ao constatar sua ausência.

O salão principal estava quase vazio quando a família Weasley, bem como os agregados, foram se recolher. Avisei que iria à cozinha agradecer aos elfos pelo bolo delicioso antes de voltar ao dormitório. Estava me encaminhando para lá na presença de alguns lufanos que iam na mesma direção quando Albus postou-se ao meu lado, sem se dar ao trabalho de perguntar se eu desejava ou não sua companhia.

— Soube do que aconteceu. – disse baixo, para que apenas eu escutasse – Na verdade meio que deduzi e ele teve que confirmar. Não queria comentar muito sobre o assunto.

— Que coincidência. Eu também não quero.

Apressei o passo na esperança de que o Potter desistisse.

— Rose, eu quero conversar. Quero ajudar você.

Parei de andar imediatamente e me virei para ele, indignada.

— Ajudar? – indaguei – Você deve é estar feliz por isso ter acontecido, não venha com fingimentos.

— Não é fingimento. – garantiu – Concordo que não fui o maior apoiador do relacionamento de vocês dois, nunca entendi direito o que Scorpius viu em você para falar a verdade. Sempre existiram garotas muito mais interessantes e parecidas com ele, além de algumas que eram realmente muito bonitas...

Voltei a andar sem dar atenção ao que o moreno dizia. Muito bonito me procurar no dia do meu aniversário para jogar na cara o quanto eu não era digna para o amigo dele.

— Ei! – a praga me alcançou novamente – Eu estou falando com você.

— Me insultando, quer dizer. – corrigi.

Estava prestes a fazer cócegas na imagem de pera do quadro, quando ouvi meu primo dizer:

— Eu estava errado.

O encarei confusa.

— Precisa ser mais específico.

— Estava errado sobre pensar que Scorpius estaria melhor sem você. Ele claramente não está.

Era estranho porque a impressão que eu tinha era que doía para Albus admitir aquilo. E por mais que eu estivesse satisfeita em vê-lo dando o braço a torcer, não fazia a menor diferença àquela altura.

— Bom, fico feliz que reconheça isso, porém sinto em informar que chegou um pouco atrasado. Seu amigo não está mais interessado.

— Nós dois sabemos que ele fez aquilo por impulso. E na verdade nem sei como ele teve coragem. Você era como uma deusa que Scorpius cultuava, Rose, era tudo para ele. – revelou – E, de repente, não estão mais juntos. Ele apenas disse que tomou a decisão, não disse o porquê. Preciso que me conte.

— Não tenho que lhe dizer nada. – devolvi zangada.

— Eu preciso saber o que aconteceu para saber o que dizer ao meu melhor amigo. – ele respirou fundo, buscando uma paciência que não lhe era muito comum – Tenho de saber se devo aconselhá-lo a seguir em frente ou retomar os laços com você. Por mais que a segunda opção não me agrade nem um pouco.

— Seu amigo já tomou a decisão dele. Terminou comigo e seguiu em frente – informei ao desavisado – Ele me pareceu muito feliz com a Sachs.

Contrariando o tom da conversa que estávamos levando, Albus riu.

— Então acha que Scorpius e Clarisse estão juntos? – perguntou em meio às risadas.

— Parece meio óbvio, já que ela sempre demonstrou interesse por ele.

— E você já viu o garoto retribuindo isso alguma vez? – neguei com a cabeça – Eu sei que a Sachs é a fim dele. Acredito que Hogwarts inteira saiba, do mesmo jeito que sabe que ele é maluco por você.

— Era. – corrigi.

É. – continuou rebatendo – Nós dois sabemos como aquele Malfoy pode ser lerdo. Ele nunca teve olhos para qualquer garota que não fosse você, o que é um pouco irritante. Scorpius queria que você fosse a primeira pessoa a beijá-lo e só não esperou dezesseis anos por isso porque eu mesmo fiz questão de empurrar Polly Chapman para debaixo do mesmo visgo que ele. Fiz isso porque pensei que esse beijo que ele esperava de você nunca viria e convenhamos que você nunca facilitou as coisas.

— Eu sei. – admiti – Só que você nunca parou para ver o meu lado também, Albus. Me trocou por outra pessoa na primeira oportunidade assim que embarcou no Expresso de Hogwarts há sete anos. Não sou sociável como minha mãe, é complicado me enturmar, apesar da popularidade. Além disso eu morria de medo de qualquer um que se aproximasse. Eu precisava me sentir segura perto de alguém e a única pessoa que me proporcionada esse sentimento naquela época era você.

— Não vim para falar sobre nós dois.

— É e sempre será sobre nós dois, Albus. – demorei muito tempo para finalmente estar pronta para aquela conversa – Nós erramos muito um com o outro. E erramos na mesma proporção, senão mais, com Scorpius. Era impossível para mim enxergá-lo sem que fosse como uma extensão de você, sua sombra. Era impossível para mim encará-lo como alguém além da pessoa que tomou você de mim e te arrastou para a Sonserina.

“Só depois fui crescendo percebendo que ele era a peça manipulável, você é o cabeça. E então ficou pior porque me senti ainda mais deixada de lado, como se o apêndice do Albus estivesse atrás de mim. É ridículo, eu sei. Mas eu era apenas uma criança solitária tentando encontrar uma explicação para ser rejeitada, sem sucesso, devo dizer. Autocrítica não é o meu forte.

Eu fui má, sei disso. Disse a ele coisas que não deveria, fui rude, fui dura com ele que sempre me tratou com uma doçura inexplicável. Coisa que eu não merecia. Mas você também foi maldoso. Me pintou como um monstro, fez com que ele acreditasse que gostar de mim era inconcebível e por mais que tenha feito isso na tentativa de protegê-lo, isso o machucou. E ninguém deve se sentir mal por gostar alguém, Albus.”

O garoto pálido de olhos verdes me olhava com a expressão dura, séria. Estava preparada para receber xingamentos ou que ele simplesmente me desse as costas e fosse embora. Por isso me assustei quando senti os braços magros circundando os meus e suas mãos tocando minhas costas. Albus estava me abraçando.

Não lembrava disso acontecendo desde que tínhamos, sei lá, dez anos? Era desajeitado e estranho. Estava claro que não estava nada acostumado com aquilo, mas de alguma maneira senti que havia muito depositado naquele aperto, então retribuí. Não sei mensurar exatamente por quanto tempo ficamos assim, só que foi bom.

— Me desculpe, de verdade. – pedi com sinceridade quando nos separamos – No fundo sempre soube que Scorpius era demais para mim, você tinha razão, afinal.

Albus lançou um sorrisinho amarelo, negando com a cabeça.

— Também devo desculpas a você. Não pensei que tinha causado tanto estrago assim.

Nós dois rimos desta vez, caindo num silêncio um tanto desconfortável logo em seguida.

— Ele está sofrendo. – Albus recomeçou – A verdade é que em todos esses anos de amizade, nunca vi Scorpius tão feliz como quando estava com você. Esse período fez bem a ele. Você fez bem a ele, acho que meu orgulho não me deixou admitir. Nós dois não precisamos ser inimigos. Gostamos muito de uma mesma pessoa. Isso deveria nos unir, não nos separar.

Ponderei um pouco sobre sua fala, repensando minhas próprias ações.

— Eu errei muito, Albus. As coisas que Scorpius me disse... Foram mais do que insultos, eram verdades dolorosas. Eu deveria ter mudado há tempos, mas não pensei que fosse difícil gostar de mim, não para ele. E então ele disse estar cansado... – suspirei – Quero dizer, ele precisou mesmo se esforçar todo esse tempo e eu fiz apenas o mínimo, não é?

— É. – ele confirmou – Por alguma razão você pensou que já fazia demais apenas por estar com ele, o que me irritava bastante. Não deveria tratar isso como favor, Rose. É um conselho de amigo.

— Amigo dele?

Seu amigo. – o moreno sorriu e retribuí.

Me direcionei novamente à pera no quadro, lhe fazendo cócegas e liberando a entrada da cozinha.

— Então, agora que somos amigos, será que me acompanha num suco enquanto lhe conto como consegui estragar tudo com Scorpius Malfoy?

Sem dizer nada, Albus me seguiu sabendo que aquele seria talvez o suco mais esclarecedor que tomaria na vida.

S C O R P I U S   M A L F O Y

Não estava sendo fácil. Nada fácil. Se havia algo que não estava sendo, essa coisa era fácil. Eu me acostumei a estar com Rose, senti-la perto de mim, me acostumei com seu perfume e seu temperamento. Aprendi a domar a fera, como Al dizia, a fazê-la sorrir, a lhe causas suspiros, a surpreendê-la. E numa só frase consegui acabar com tudo. Me sentia culpado? Totalmente. Arrependido? Nem tanto.

Estar com Rose também era extremamente penoso para mim. Era tudo nos termos dela e eu aceitava, os encontros somente quando ela queria e eu apenas seguia. Só que chega uma hora em que o balde transborda e a paciência acaba, eu estava cansado de ser apenas coadjuvante na nossa relação. E além de tudo ela tinha vergonha de me assumir, ficava cada vez mais claro. Muito provavelmente não gostaria de ser vista por aí com um Malfoy e havia usado a história de publicidade negativa apenas para camuflar o fato de que ela não me assumiria nunca.

Já estava irritado com tudo, o estresse que os N.I.E.M.s causavam era absurdo e Rose fez questão de colocar a cereja no bolo quando insinuou – me dá asco só de lembrar – que eu a estava usando para chegar em sua mãe. E pior, que eu queria colocar Hermione Granger no lugar de Astoria, como uma substituta. Foi a gota d’água.

E pensar que eu estava somente tentando ajudá-la porque vi como se sentia mal com a distância da Ministra nos últimos tempos. Foi no meu ombro que ela chorou por todo esse caos acontecendo em sua vida, no entanto preferiu acreditar na primeira história fantasiosa que sua mente excessivamente criativa desenvolveu.

Há quase três semanas meu coração havia se esmigalhado e eu tentava em vão recolher os pedacinhos. Nos primeiros dias estava destruído, tenho certeza de que quem me visse pensaria que o salgueiro lutador havia me pegado de jeito.  Ao fim da primeira semana consegui me sentir um pouco melhor quando recebi de Minerva a notícia de que a Medalha de Mérito em Magia seria entregue a mim naquele ano, pelos esforços dedicados às atividades em Hogwarts durante os sete anos de graduação. A sensação boa não durou por um período longo dado que, após um tempo, só conseguia pensar em como gostaria de estar comemorando este feito com Rose. Ela sorriria e diria que estava orgulhosa. E então me beijaria, uma espécie de prêmio bônus que recebia pelos meus bons feitos.

 Me ocupei ao máximo com as atividades extracurriculares. Clube de Duelos, Clube de Xadrez, monitoria, estudei para os N.I.E.M.s por todo o tempo em que estive acordado, porém com o fim dos exames, a tristeza batia forte novamente. Além de Albus, Clarisse estava sendo uma boa amiga. Bem, pelo menos até aquela tarde, quando ela agiu de modo muito estranho.

— Hey, Scorp, o que acha de irmos a Hogsmead amanhã? — a garota perguntou docemente, colocando uma mecha dos seus cachos atrás da orelha.

Havíamos acabado de sair da sala onde fora aplicada a prova de História da Magia e eu havia acabado de me deparar com Rose, por isso ainda estava meio desnorteado.

— Claris, me desculpe, não estava com ideia de ir ao passeio amanhã.

— Você está bem estranho esses dias, anda passando mais tempo comigo. Não que eu esteja reclamando – apressou-se em dizer – Estou preocupada apenas porque algo grave parece ter acontecido.

Clarisse era muito observadora, seus olhos verdes captavam até mesmo o mais discreto movimento, por isso era tão boa nos duelos; era óbvio que ela repararia no fato de eu estar agindo um pouco diferente. Não que fosse necessário ser algum gênio para enxergar o que estava na minha cara.

— Problemas familiares. Prefiro não entrar em detalhes.

— Entendo. – parecia decepcionada – Quem sabe marcamos algo depois de Hogwarts, então?

— É claro! Não tenho pretensão alguma de perder contato com você, a considero uma grande amiga.

Era a mais pura verdade. Sentia um carinho gigantesco por ela.

— Amiga, que ótimo. – resmungou – Preciso ir para o dormitório. Bom descanso, Scorpius. – desejou rispidamente e logo havia sumido pelos corredores.

Talvez ela também não estivesse com tanta paciência para mim, afinal.

Acabei indo para o dormitório, convicto que só daria as caras em outras áreas do castelo no dia seguinte pois não suportaria outro encontro com Rose sabendo que era seu aniversário, que seu presente ainda estava perfeitamente embrulhado no meu malão desde o recesso de Páscoa quando peguei a encomenda em Hogsmead tomando cuidado para que a ruiva não visse. Se eu soubesse o que aconteceria, teria entregado o presente antes, era dela afinal.

Estava sozinho no quarto pois os outros garotos decidiram realizar uma competição de Snap Explosivo na sala comunal. Não sabia ao certo o horário, apenas que já era tarde, muito depois do jantar, quando Albus chegou ao dormitório trazendo consigo uma fatia de bolo e uma garrafinha contendo o que eu imaginei ser suco de laranja. Ou urina, de Albus podia se esperar tudo.

Ele estendeu os dois para mim, que prontamente peguei já que estava morrendo de fome. Os biscoitos que escondia no baú não foram suficientes para me satisfazer. Reparei no meu amigo, que parecia bastante sério.

— Estava com a Longbottom? – perguntei imaginando que a resposta seria negativa. Sempre que escapulia para encontros noturnos com a namorada acabava voltando com cara de bobo, o que não era o caso.

— Estava na cozinha.

— Com a Longbottom? – insisti.

Ele teve o trabalho de preparar sua cama para dormir antes de me responder.

— Com Rose.

É, aquela informação era surpreendente. E muito estranha. Fiquei curioso para saber o que os dois estavam fazendo. Ela o procurou? Será que queria saber de mim? Não, claro que não, Scorpius. Pare de ser idiota, provavelmente nem estavam sozinhos.

— Nós meio que nos acertamos. – ele esclareceu antes que eu explodisse em curiosidade – Na medida do possível, obviamente.

— E como ela está? E você, como está? – emendei rapidamente na tentativa de disfarçar minha ansiedade em saber se ela estava bem sem mim – Quero dizer, como vocês dois estão?

— Eu estou bem, obrigado. – o moreno soltou uma risadinha, claramente achando graça da situação. Ele me conhecia bem demais e sabia o que eu estava sentindo – Quanto à Rose, considerando que é aniversário dela, poderia estar melhor.

Meu coração apertou por um instante. Saber que ela estava mal não era reconfortante como pensei que seria. Dei de ombros, fingindo desinteresse.

— Esse é o bolo do aniversário dela, inclusive. – continuou o Potter – Fui com ela até a cozinha e eles tinham um pouco mais dele lá. Nós conversamos sobre vocês. Ela me falou o porquê de terem terminado.

— Jogou a culpa toda em mim e disse que eu era um trasgo sem coração? – palpitei.

— Ela me disse o que pareceu ser verdade. A coisa sobre a sua mãe...

— Não quero falar sobre isso. – interrompi.

— Sei que é um assunto delicado para você, Scorpius. – ele se sentou na própria cama, me encarando – Não sabe o quanto me fere dizer isso, mas talvez deva perdoá-la por isso. Ela explicou o lance com tia Hermione e, para ser bem sincero, entendi o ponto dela. É difícil se sentir o preterido, ainda mais em detrimento de um quase desconhecido pelos pais. Se doeu em mim sentir isso em relação aos meus irmãos, imagino o que ela sentiu sendo em relação a você.

Ouvi atentamente o que ele dizia. Ele tinha razão no que falava, estava correto. Entretanto, por mais que compreendesse a reação de Rose para esta situação especifica, ainda havia muito sobre o que eu não entendia.

— Isso foi o estopim, confesso. Fiquei com raiva e explodi, mas não é o único motivo pelo qual tomei a decisão de terminar tudo entre nós. – falar sobre o assunto era custoso pois tornava mais real. E quanto mais real ficava, mais dolorido era – Como você mesmo disse várias vezes, era uma relação fadada ao fracasso, sem futuro. Nos divertimos, foi legal e tudo mais, mas você tinha razão. Uma hora ela se cansaria de mim e eu acabei fechando os olhos para isso. Fui um grandessíssimo idiota e agora estou pagando o pato por ter me enfiado num buraco.

— Cara – colocou a mão sobre meu ombro – Eu fui um completo babaca com você. – acabei me espantando por ele estar falando daquele jeito. Me preparei para rebater, contudo o rapaz não deixou que me manifestasse – É sério, sem discussões. Coloquei na minha cabeça que por ter um namoro consolidado e saudável com Alice, só o nosso jeito funciona. E não é bem assim. Você e Rose funcionam também. Do jeito torto e estranho de vocês, mas funcionam.

— Quem é você e o que fez com Albus Severus Potter?

Ele ignorou minha indagação.

— Havia algo a mais, um sentimento. Sei disso porque só de olhar para vocês dois dá para perceber que falta um pedaço em cada um. Não cabe a mim dizer que sentimento é esse, apesar de ter meu palpite. Sei que é forte porque está na cara, mas vocês mesmos devem se entender e definir isso. Ajam como adultos pelo menos uma vez.

As palavras de Albus me atingiram como uma facada. Fiquei imaginando se ele teria dito o mesmo para Rose. Provável que não, pois não possuíam intimidade para isso.

Enquanto meu colega de quarto foi vestir o pijama, não pude parar de pensar no quanto queria estar com ela no dia do seu aniversário. Não apenas nesse, mas em todos dali em diante. E em todos os dias que ela acordasse pela manhã. E em todas suas conquistas, além de querer dividir as minhas próprias com ela. Eu aguentaria o mau-humor da princesa da Grifinória com um sorriso no rosto todos os dias. Daria tudo para ver seu sorriso quando finalmente provasse da minha comida e descobrisse que talento para culinária era uma das poucas habilidades que eu possuía.

O que eu desejava de todo meu coração era viver um belo conjunto de dias comuns com Rose Granger-Weasley e isso não era ser capacho. A verdade é que não conseguia em nenhuma hipótese imaginar um futuro sem tê-la em minha vida. No fundo eu sabia o que era e algo me dizia que Albus também acabara por descobrir.

Era amor.


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Notas finais do capítulo

E aí, alguém já passou por isso de fazer aniversário num dia meio merda? Confesso que me identifiquei com a Rose.
Tá dando dó ver meus pombinhos sofrendo assim, mas se o meu coração está partido, imagina o deles né?
Espero que tenham gostado e até amanhã!