A professora responsável pela detenção fingiu que precisava atender uma ligação para poder fumar, deixando só as duas garotas na sala: Marian Alverte que, mesmo sendo encrenca, nunca ficara de castigo de por nunca ter sido pega, e Milena Almeida Campos que tinha fama de ser santinha e também era a primeira vez que precisava ficar depois da aula por motivos ruins.

— Espero que esteja satisfeita, sua sonsa. — Marian resmungou para a colega de classe. — Não acredito que estou de detenção por culpa sua.

— Culpa minha? — Mili queria dar um sorriso irônico, mas uma expressão indignada ficou estampada em seu rosto. — Estamos aqui porque você ficou me provocando e provocando e provocando até eu perder a paciência e então partimos pra briga.

— Pode ser! — rebateu, revirando os olhos. — Mas eu só fiz isso por você ser tão... Tão irritante, tão... Malditamente você!

— Como é que é?! Garota você não consegue ter um pingo de noção?!

Nisso as duas começaram a gritar e discutir uma com a outra, não havia ninguém para ouvir já que a chaminé que todos chamavam de professora estava do outro lado do colégio com um cigarro pela metade entre os lábios, alheia e despreocupada com o que acontecia na sala.

A discussão ficou acalorada ao ponto das duas levantarem das cadeiras para poderem esbravejar a centímetros de distância, sem poupar fôlego para expor o quão furiosas estavam.

— Por que você me odeia tanto, criatura? — Mili vociferou no auge da raiva.

— Como você é idiota! — Marian gritou de volta, impaciente. — Eu não consigo te odiar e eu odeio isso!

— O que?! Tá louca?!

Mariam agarrou a camisa de Mili e a puxou de uma vez, unindo seus lábios em um beijo selvagem, faminto. Era muito claro que aquele beijo estava sendo desejado há muito tempo. Foi impossível resistir, Mili tinha sua língua dominada e mesmo que não quisesse admitir a sensação era incrivelmente boa.

— Eu quero você, garota estúpida. Todo. Dia. — revelou ofegante depois de soltá-la.

Mili não sabia o que dizer, seu cérebro parecia ter sido desligado, mas mesmo que ela soubesse não teria a oportunidade, pois a professora entrou na sala esbravejando.

— Epa! O que tá acontecendo aqui? Não quero nem saber, só voltem aos seus lugares e fiquem quietinhas ou vão ganhar mais uma detenção.

As duas obedeceram sem questionar, ambas sentiam o coração martelando as costelas com força. Marian não conseguia olhar para Mili enquanto esta não conseguia parar de encará-la nem por um segundo.

A mente de Marian estava a mil. Talvez tivesse acabado de estragar tudo. Brigar com a nerdzinha irritante era seu jeito idiota de manter a atenção dela em si mesmo que fosse de um jeito ruim, agora Mili podia espalhar para todos o quão errada ela era e transportar para o lado de fora o inferno que já existia em sua cabeça.

Mili não sabia o que sentir. Dez minutos atrás odiava aquela insolente, mas aquele beijo chacoalhou seu mundo inteiro e ela não sabia se tinha volta.