Incoerências escrita por Miss A


Capítulo 1
Primeira Regra: Nunca fazer apostas com o Malfoy.


Notas iniciais do capítulo

Mais uma para Junho Scorose ♥



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Desci da vassoura já cogitando acertá-la em alguém.

— Não acredito no que está acontecendo.

As arquibancadas comemoravam a vitória da Sonserina.

James, com a expressão nada feliz, caminhou em minha direção.

— Vamos manter a dignidade, ok? Só perdemos um jogo, não saímos do campeonato ainda.

Dignidade?

Que tipo de dignidade eu ainda poderia ter depois de ter perdido um jogo para a Sonserina?

E pior... Depois de ter perdido uma aposta para o Malfoy?

— Dignidade? Não sei mais o que é isso.

O resto do time se juntou a nós.

— Um pouco dramático, Rose – Fred falou.

Estreitei os olhos para ele.

— Dramático seria se eu não tivesse desviado daquele balaço que você não viu.

Fred era um dos batedores do time e seu trabalho era desviar os balaços do resto do time. O que ele não fez.

— Aquilo foi sem querer!

Não respondi. Não estava no clima de ouvir desculpas.

James suspirou do meu lado.

— Vamos manter a paz, beleza? Mantenham a cabeça erguida e vamos cumprimentá-los.

Quis morrer.

— Você tem certeza? Se eu chegar muito perto do Malfoy há chances de ele não ter mais um rosto.

— Mas é tão bonito o rosto – disse Florence, a apanhadora do time.

— Foi por isso que você não pegou o pomo, Roth? Ficou admirando o rosto do seu crush?

Ela ficou vermelha.

— Crush? Claro que não, ele só viu o pomo mais rápido que eu!

— Tanto faz. Já perdemos mesmo.

— Rose, a culpa não foi de ninguém – James falou.

— Eu não disse que era.

— Vamos – Ele fez sinal para o grupo seguir. James deixou que os outros avançassem para que não ouvissem nossa conversa.

— Essa raiva fulminante tem a ver com alguma outra coisa?

— Não – respondi rápido demais.

James não se convenceu.

— O que foi? Apostou alguma coisa?

— Eu não apostei nada – Menti de novo.

Mas James me conhecia há tempo demais.

— Tome cuidado com as apostas - Ele claramente não estava acreditando em mim – Não aposte contra pessoas que você não tem controle. Ou não pode manipular – Ele deu um uma piscada.

Acabei sorrindo. Era impossível ficar brava perto de James.   

E ele não estava errado.

— Que estranho, não estou ouvindo os grifinórios rugirem mais – Albus zombou enquanto nos aproximávamos.

— Nós ainda podemos morder, Albus – James rebateu.

— Não sei não, irmão. Vocês parecem um pouco esverdeados – Ele riu da própria piada.

Crispei o nariz.

Aqueles trocadilhos eram horríveis e Albus, em especial, era péssimo com piadas. 

James, no papel de capitão da equipe, foi o primeiro a cumprimentar o outro time. Segui-o contra a minha vontade.

Mas é claro que quando chegou a vez de cumprimentar Malfoy eu passei reto por sua mão estendida.

— Ei! 

— Desculpe, mas é que pode ser contagioso.

— O que?

— Isso – Apontei para ele e coloquei todo o desprezo que eu sentia no meu tom de voz.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Se fosse contagioso o mundo seria um lugar melhor.

Aquela arrogância me exasperava.

— Tenho certeza que sim – Ironizei.

— Eu sei que você tem certeza.

Ignorei seu tom malicioso e dei as costas, seguindo para o vestiário.

James realizou uma breve reunião, passou o cronograma intenso da próxima semana e nos disse frases motivadoras.

Ele era um bom líder.

Até chegar o dia seguinte e nos tratar como diabretes no treino pós-derrota. Era sempre assim.

Fomos liberados e fui para o chuveiro.

Eu não estava nada feliz.

Eu não fazia ideia do que Scorpius iria querer de mim e eu não estava nenhum pouco afim de descobrir.

Senti-me pior quando sai do vestiário e encontrei Malfoy esperando.

Ele estava encostando na parede, provavelmente pensando em maneiras de me torturar.

Cruzei os braços.

— Você não vai me dar nem tempo para lidar com a derrota? Que indelicadeza.

— Não vim pela aposta.

Ele se afastou da parede, mas não se aproximou tanto, o que me deixou aliviada.

Eu não gostava de ter que lidar com os conflitos de emoções que ele causava no meu corpo.

— Você vai aparecer na festa da Sonserina hoje?

Que pergunta idiota.

— Claro, posso até brindar em sua homenagem.

Ele deu um sorriso que tentei ignorar.

— Ótimo, assim posso te ver mais tarde. Depois das 22h. Mesmo lugar de sempre.

Não respondi. Detestava admitir uma derrota.

Ele sabia disso.

Quando percebeu que eu não responderia, sorriu.

Quis batê-lo.

Era um sorriso bonito demais para uma pessoa.

Absolutamente detestável.

— Às 22h então – Ele falou e saiu, me deixando ali completamente perdida.

Ferrada.

Literalmente no fundo do poço.

Era por isso que havia regras.

 

 

Regras que aparentemente eu tinha um grande prazer em não cumprir.

Sinceramente eu era uma completa vergonha quando se tratava de cumprir as minhas próprias regras.

Parecia que eu fazia questão de ignorá-las, fingir que não existiam ou dar um ponta pé bem no meio de suas fúteis existências.

Eu era um vexame.

Talvez fosse um tipo de vício.

E como uma viciada, lá ia eu para mais uma leva de transgressões.

Quase chegando à Sala Precisa, não segurei o grito quando acreditei que estava sendo agarrada por um trasgo.

Mas os braços não eram de um trasgo, era de Scorpius.

Bem... talvez um tipo de trasgo bem semelhante.

— Não grite.

Um pouco tarde demais para falar isso.

Eu me afastei de seus braços.

— Você quer morrer?

— De surdez? Não, obrigado.

— Eu conheço outros métodos de assassinato.

— Eu estarei ansioso para conhecê-los, mas depois que sairmos desse corredor. Filch está por aí.

— Ele sempre está.

Seguimos para a entrada da Sala Precisa.

— Pergunto-me se ele irá se tornar um fantasma depois que morrer.

— Seria típico dele, assim poderia continuar suas rondas.

Passamos pela porta e não escondi minha desagradável surpresa.

Era a réplica do salão comunal da Sonserina.

— Sério?

— Você vai gostar.

— Questionável.

— Pelo menos eu não repliquei a biblioteca.

Indireta recebida com sucesso.

— Eu a considero confortável, ok? 

— Mas não muito sexy.

— E isso é?

Apontei para o redor.

Sofás de couro preto. Móveis de madeira escura. Decoração verde, cinza e preto. Iluminação de gosto discutível.

Ele estralou os dedos. A lareira acendeu.

— Agora está melhor? – Ele se sentou no braço do sofá, de frente com a lareira.

Tinha ficado mais acolhedor, mas eu não admitiria isso, então, fiquei calada.

Cruzei os braços. Esperando o seu próximo passo.

O problema do silêncio é que sobrava tempo demais para observá-lo.

E calado ele não tinha defeitos.

Logo, este era o maior problema.

A roupa se adequava perfeitamente ao seu corpo, a manga da camisa realçava seus braços atléticos, seu cabelo era perfeitamente bagunçado e seu rosto parecia esculpido por deuses gregos.

Era irritante a forma como a sua aparência era minuciosamente perfeita.  

Ele ergueu os olhos do fogo para me olhar e quase me derreti inteira em minhas próprias roupas.

— Sabe, eu fugi da minha festa de comemoração para te encontrar.

— Você quer um cumprimento por isso?

Um sorriso surgiu em seu rosto.

Aparentemente ele gostava de sorrir para me provocar.

— Eu não esperaria tal coisa de você.

— Que indelicadeza da sua parte. Eu te elogio. Por outras coisas.

— Que mentira deslavada.

— Claro que não.

— E quais seriam essas outras coisas?

— Coisas... que eu prefiro não dizer.

Seus beijos. Seu corpo. Os orgasmos que ele me proporcionava.

Ele ergueu uma sobrancelha.

Eu dei alguns passos em sua direção e apontei para a sua sobrancelha.

— Essa sua sobrancelha arqueada. É arrogante. Irritante. Mas é razoavelmente sensual.

— Isso não é um elogio.

— Claro que é. O dicionário define elogio como um comentário favorável sobre algo ou alguém. Foi o que eu fiz.

— Você tentou elogiar depois de ter usado uma conjunção adversativa. Tudo o que vem depois do “mas” não vale.

— Essa regra não existe.

— Claro que existe. É uma regra social.

— Você não pode estar falando sério.

— Sem contar que dizer “razoavelmente” não é um elogio.

— Eu completei com sensual.

— Irrelevante.

Revirei os olhos.

Ele estendeu o braço até alcançar minha mão e me puxou para perto.

— Essa sua revirada de olhos é completamente irritante.

— Isso também não é um elogio.

— Mas a intenção não era pra ser.

Soltei sua mão.

— Você é um trasgo.

Suas mãos alcançaram minha cintura, me puxando para mais perto. Bem mais perto.

Seu nariz roçou o meu pescoço.

— Você tem um cheiro bom.

Ele abriu os olhos.

— Isso é um elogio.

— Não é um dos bons.

Não resisti e apoiei meu braço em seu ombro, meus dedos sedentos enroscando-se em seu cabelo. Eu tinha certa obsessão pelos seus fios loiros.

— Você é uma garota muito exigente.

— Ou você que não é muito esforçado.

Ele me encarou.

Olhos cinzas eram altamente intimidantes.

— Eu tenho um truque para garotas exigentes.

— Ah, é? Qual?

Ele pigarrou, se preparando.

— “Duvida da luz dos astros, de que o sol tenha calor, duvida até da verdade, mas confia em meu amor”.

Morte cerebral. Agora eu conseguia entender.

O corpo funciona, mas a mente não.

— Você cita Shakespeare? Sério? – Tentei soar debochada. Juro que tentei.

— Por quê? Não gosta do bardo?

— Não é isso. É que... é golpe baixo usá-lo.

— Eu nunca disse que jogava limpo.

— Nota-se.

Scorpius acariciou minha bochecha.

— Eu me esforcei o suficiente?

— Depende.

— Do que?

— O que você quer pela aposta? 

Seus olhos fugiram dos meus.

— Vamos falar disso depois.

Ergui uma sobrancelha.

— Agora eu preciso de outra coisa.

Eu não tive tempo para replicar. Seus lábios tocaram os meus.

Era sempre um conflito.

Eu tentava lembrar o que queria dizer, mas sempre perdia a batalha.

Eu não conseguia raciocinar quando ele me tocava.

Naquele momento eu sentia prazer, mas depois só o que pensava é que eu era uma idiota.

Quando seus lábios desceram para o meu pescoço, eu consegui respirar e retomar o controle.

Segurei seus ombros.

— Scorpius, pare.

Ele suspirou.

— Por que você está me enrolando?

— Porque você não vai gostar.

— Diga logo.

Suas mãos acariciaram minha cintura.

— Preciso que você vá a um evento de família comigo. Como minha namorada.

— Que?

Soava absurdo.

— Eu sei que parece...

— Absurdo.

— Eu ia dizer confuso.

— Isso também. Por que você precisa de uma namorada?

— Ahn...

— Eu preciso de uma boa razão.

— Ok... Meus pais só vão apoiar a minha carreira como jogador de quadribol se eu me tornar alguém responsável e comprometido. Eu preciso do apoio financeiro deles, pelo menos no começo, então tenho me esforçado. Mantive minhas notas e meu desempenho no quadribol, sem mais detenções ou aparecer bêbado ou de ressaca em casa ou nas aulas. Mas eles ainda estão hesitantes.

— E como uma namorada falsa entra nessa história?

— Meu pai mudou muito depois que conheceu a minha mãe. Eles dão muito valor a relacionamentos e acreditam que se eu me envolvesse com alguém de bom comportamento eu poderia ser inspirado ao mesmo. Talvez ter um relacionamento sério por um tempo seja o que eu preciso para mudar a imagem deles de forma mais concreta. 

— Eu entendo o ponto de vista deles, mas acho um pouco exagerado.

— Sim, eu não preciso de ninguém para me fazer melhor.

Sorri.

— Mas mesmo assim você vai sucumbir a essa ideia?

— Eu preciso de dinheiro!

— Você é um vendido, Malfoy.

— Serei até ter minha estabilidade financeira.

— Certo.

— Você se encaixa perfeitamente no papel. Tem uma boa reputação para isso.

— Eu definitivamente não vou agradecer por isso.

— Você vai me ajudar, certo?

— Eu tenho escolha?

— Não realmente.

— Então você já tem minha resposta.

— Vai ser fácil. Somos bons encenando. Vai passar tão rápido que você nem vai perceber.

— Somos bons encenando que nos odiamos porque nos odiávamos e às vezes ainda odeio – Apertei seu queixo por alguns segundos.

— Ah não, Rose. Nós temos química suficiente para fingir por uma noite – Scorpius me girou, encostando seu peito em minhas costas.

— Eu prometo te recompensar – Ele mordiscou minha orelha.

— Como?

— Do jeito que você quiser.

Ele não deveria fazer esse tipo de promessa.         

— Você deveria ter mais cuidado.

— O que eu posso fazer? Gosto do perigo – Ele me puxou para um beijo e depois para o sofá.

Foi uma boa prévia da minha recompensa. 

 


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Notas finais do capítulo

inimigos para amantes: ok.
namoro falso: ok.
Só falta gestação na adolescência para completar a trindade do clichê scorose, rs.