Táxi escrita por Chrys Monroe


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, trouxe essa one para comemorar o dia dos namorados como faço todos os anos, até neste que anda turbulento para não perder o costume.

Bora ler?



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Narrado por Edward Cullen. 

 

 

 

 

 

 

Tédio. 

É assim que minha vida anda nos últimos anos, mais parada que uma tartaruga. 

Antes eu era um rapaz alegre e sonhador, mas desde o dia dos namorados de 2017 algumas coisas pararam de fazer sentido para mim. 

Tudo começou no dia dos namorados, quando peguei minha noiva, Tanya, na cama com meu melhor amigo, Jacob. Tanya e eu namorávamos há séculos e ela parecia gostar muito de mim, tanto que até me apoiava nos meus sonhos malucos. 

Sempre fui apaixonado pelo céu, pela lua e pelas estrelas e meu sonho quando criança era ser um astronauta, mas com o tempo decidi ser mais realista e passei a sonhar em ser piloto de avião, mas enquanto não tinha grana para fazer o curso, comecei a trabalhar como táxista, assim como meu pai, Carlisle, que passou mais de trinta anos rodando pela iluminada Nova York com seu táxi amarelado. 

Trabalhar como táxista me possibilita as mais distintas experiências. Já tive clientes que me deram uma boa gorjeta e outros, que deram o maior calote, além de conhecer muito da vida dos passageiros, suas histórias e seus mais profundos desejos. Alguns são simpáticos e me contam detalhes malucos sobre suas vidas enquanto outros, agem como se eu nem existisse e mal olham na minha cara. Também já fui assaltado anos atrás e confesso ter sido uma das experiências mais traumáticas da minha vida.

Só não foi tão ruim como quando flagrei minha ex com outro. 

E não era qualquer outro, era meu antigo amigo de adolescência. 

Jacob e eu nos conhecemos no colégio, um dos mais tradicionais da cidade. Só consegui estudar lá porque consegui uma boa bolsa de estudos. Enquanto eu virei um simples dono de táxi, Jacob prosperou  e hoje é um empresário importante, dono de uma famosa loja de carros da cidade que nunca dorme. 

Deve ser por isso que minha namorada me trocou por ele. 

Isso dói pra caramba ainda, mesmo já fazendo quase três anos pois realmente fui muito apaixonado pela Tanya, tinha verdadeira adoração por ela. Estava até juntando dinheiro para comprar uma casinha para morarmos juntos e iniciar a nossa história, mas agora... Agora isso não tem mais nenhuma importância. 

Não só isso, como mais nada nesta vida. 

— Táxi! - Um rapaz gritou acenando para mim que dei um sorriso amarelo e estacionei o carro. 

O loiro de olhos escuros entrou no carro com certa euforia. 

Em suas mãos, havia uma mochila enorme. 

— Quero ir pra Tiffany. - Avisou se referindo a joelheria mais famosa da cidade. 

— Está bem, senhor... - Respondi voltando a dirigir e ligando o táximetro - Parece bem feliz, senhor... - Reparei olhando pelo retrovisor. 

— Riley ! E estou, acabei de fazer uma coisa que adoro, dá um prazer danado! 

— Ah é? 

— Sim. Sabe... Eu... Sou rico, mas as vezes, quando vou nas lojas, roubo algumas coisinhas mais caras. É emocionante! - Arregalei os olhos - E agora, quero ir na Tiffany pra roubar a jóia mais cara e... - Parei o carro imediatamente. 

— Cara, desce do meu carro agora. Por favor, não quero encrenca. 

— Eu hein? Que frescura... - O jovem reclamou dando as costas para mim e saindo do carro. 

Onde já se viu?

Um cara rico roubando por prazer. 

Engraçado né, quando pobre rouba uma caneta é chamado de ladrão, mas quando é rico vira cleptomania, né? 

Aja paciência. 

[...]

Hoje não é meu dia de sorte. 

Depois daquele passageiro maluco, ainda tive que aguentar um empresário que falava cuspindo e um casal de namorados que ficavam dando muitos amassos no banco de trás, me lembrando a todo momento que hoje é o dia dos namorados, o dia em que tive meu coração partido por aquela... Mulher.  

[...]

Já tinha passado das cinco da tarde e o que mais queria agora era um bom banho, cama quentinha, uma xícara de café e um bom livro ou filme de ficção científica, meu gênero preferido. Inclusive, já estava começando a me preparar para parar o trabalho já que as sextas-feiras costumo não rodar até tarde pela cidade, quando ao passar por uma famosa rua da cidade onde as prostitutas arrumam seus er... Clientes, reparei que uma das meninas na calçada parecia não estar tão a fim de entrar no carro de um certo brutamontes. 

— Vamos logo, vadia. - O cara disse pra garota segurando seu braço com rispidez no momento em que parei o carro. 

A garota em si parecia estar na casa dos vinte anos, certeza que menos de vinte e cinco. Estava com uma saia curtissíma jeans, um cropped preto, uma bolsinha de ombro no mesmo tom e sapatos bem altos. Seus cabelos eram volumosos e longos e sua maquiagem, forte, com olhos bem marcados. 

— Qual é cara? Você ta bêbado e toda vez que fica assim é agressivo demais. Não faço programa contigo hoje, nem se você pagar mil dólares! 

— Vai fazer sim! E sabe por quê? Por quê eu quero e tô mandando! - E tentou puxa-la para o carro. 

Apesar de nos últimos tempos eu não estar tão fã do sexo feminino, jamais iria permitir que uma mulher fosse destratada assim, na minha frente por um idiota machista. 

— E aí camarada? Está surdo por acaso? Ela disse não e não é não. - Falei descendo do carro rapidamente e me aproximando deles. 

— Ta maluco rapaz?! Vai defender uma vadia dessas agora? - O homem perguntou soltando o braço da morena e me olhando com cara de quem queria quebrar meus ossos. 

— Vou sim. - Confirmei com as mãos na cintura - Porque essa vadia é minha garota. Inclusive, já tinha marcado programa com ela hoje. - Falei me aproximando e pondo minha mão nas costas da garota - Vamos querida?

Ela entendeu rapidamente o recado. 

— Claro gatinho! - Exclamou sorrindo e me seguiu até o carro. 

— Ta pensando que é assim rapaz?! A mulher é minha e pronto! Você me paga seu filho de uma... - O homem gritou entrando no carro dele. 

Já dentro do carro, coloquei o cinto de segurança, liguei o carro e aumentei a velocidade ao perceber que o tal brutamontes passou a nos seguir. 

Nos seguir não, nos perseguir. 

— Coloca o cinto, garota. - Mandei e ela me obedeceu, se dando conta de que o que estava acontecendo era grave. 

— Acelera logo, cara! Acelera! - Ela gritou batendo no meu banco que nem uma doida - Tenta despistar o filho da mãe! Céus, você dirige feito uma tartaruga! Cruzes! Vai logo! Quer trocar de lugar? Não tenho carteira, mas devo dirigir melhor que você.  

— Dá pra calar a matraca? Tô fazendo o que posso. - Reclamei virando mais algumas esquinas e tentando prestar atenção no volante mas a passageira tagarela não estava deixando muito. 

— Pois ta fazendo pouco, muito pouco! 

— Salvo sua vida e é assim que me agradece? Muito bonito, hein?  

— Salvou minha vida? Estamos sendo perseguidos por um maluco, querido. Minha vida está correndo mais perigo do que nunca agora. 

— Dá pra parar de me distrair? - Acelerei mais um pouco. 

— Estou tentando te ajudar, seu ingrato!

— Eu? Ingrato? Só me faltava essa! 

Essa garota de programa está me dando nos nervos já.  

Como o cara parecia não estar a fim de desistir mesmo, continuei tentando despista-lo até que consegui, parando o carro somente depois de uns cinquenta minutos dirigindo que nem um maluco pela cidade noturna de Nova York. 

O ruim é que parei o carro em um lugar ermo, descampado, que nem casas tinha. 

E o pior de tudo é que não tenho ideia de que lugar é este. 

— Ufa... - Suspirei - Acho que consegui despistar aquele cara. 

— Não tenho dúvidas, este lugar está as moscas - Deu de ombros - Onde estamos?

— Não tenho a menor ideia. - Respondi fazendo sinal de negativo com a cabeça. 

— Só olhar o GPS, gatinho. 

— Meu GPS está quebrado desde ontem. Ia consertar amanhã que é meu dia de folga. - Dei um sorriso amarelo e olhei para ela. 

Apesar de estarmos dentro do mesmo carro há sei lá, mais ou menos uma hora, mal tinha olhado seu rosto. 

Apesar da maquiagem exagerada, a garota era muito bonita e tinha olhos bastante expressivos, castanhos, muito semelhantes ao chocolate, único guloseima doce que me agrada.

— Você é táxista, não conhece mesmo essa parte da cidade?

— Não, nunca vim para esses lados não e estava tão eufórico que nem reparei quando desviamos da estrada e viemos parar aqui. - Confessei. 

— Mas é muita burrice mesmo! - Esbravejou fechando a cara. 

— E você é muito esperta, né? 

— Sou sim, me viro nas ruas desde os quinze anos e tô aqui, viva, linda e forte. Sou uma sobrevivente, não acha? 

— De certa forma é mesmo. - Assenti com a cabeça - Vou ver se telefono pra... Ops, celular descarregou. - Avisei ao tirar o aparelho do bolso da calça. 

— Então estamos ferrados porque tô sem celular também. Quando saio pra trabalhar nos fins de semana nunca levo o celular porque tenho medo de perder. E não posso perder de jeito nenhum porque ainda tô pagando os boletos dele. 

— O jeito vai ser caminharmos até acharmos um posto de gasolina, uma base da polícia, qualquer coisa pra pedir ajuda com a rota. - Falei tirando o cinto de segurança quando de repente, escutei um trovão - Vamos. 

Bastou colocar o pé para fora do carro para começar a chover e não foi qualquer chuva não, era uma tempestade daquelas. 

— Não acredito. 

— Pois pode acreditar, agora estamos presos aqui porque dirigir com uma chuva dessas é até perigoso! - Cobriu o rosto entre as mãos - Droga! 

— Argh... - Subi os vidros do carro - É muito azar mesmo. 

— E como! Vou perder a maior grana hoje. Sextas são bem movimentadas na minha profissão e por sua culpa, perdi essa bolada que ia ajudar a pagar o aluguél do mês.  

— Por minha culpa? Se não fosse eu aquele brutamontes teria sei lá, batido em você. Sabia? 

— É... - Ela pareceu finalmente se tocar que estava sã e salva graças a mim - Você me salvou mesmo. Obrigada gatinho! - Agradeceu abrindo um sorriso para mim.

Seu sorriso era alegre, quase contagiante. 

— De nada. 

— Caraca, nem sei seu nome! Qual o seu nome, gatinho? 

Não sei por quê, mas ficava sem graça quando ela me chamava de gatinho. 

— Edward Cullen. E o seu?

— Isabella, mas no meu meio sou conhecida como Bella, a gostosa. 

— Que marketing péssimo. - Fiz uma careta - Sério, você devia mudar de apelido porque este é um horror. 

— Que absurdo! Pois saiba que quem provou a gostosa aqui, adorou, sabia? - Senti minhas bochechas queimarem ao sem querer, acabar pensando besteira - Você ficou vermelho? Que bonitinho! - Riu de mim. 

Revirei os olhos. 

— Será que essa chuva vai demorar muito pra passar? Ficar nesse carro todo fechado por tanto tempo ta dando uma sensação ruim, tipo clausfabu...

— Quê?

— Aquele lance de se sentir incomodada em locais fechados. Nunca ouviu falar?

— Claustofobia?

— Isso mesmo! 

— Você não tem cara de ter isso não...

— Só porque é doença de rico? 

— Que nem cleptomania! Hoje cedo apareceu um passageiro assim, que parecia bem de vida e que roubava por prazer. Acredita?

— Sério? Que bizarro. - Ela tirou o cinto e olhou a chuva pelo vidro da janela - Deve ser bacana ser táxista, né?

— Bacana? Dizem que é uma das profissões mais sem graça que existem, Bella. 

— Sem graça? Que nada! Você conhece todo tipo de pessoas, sempre tem uma novidade, a chance de acontecer algo diferente no seu dia. Já na minha profissão, tudo é repetitivo. Todos os dias são iguais. 

— Bella... Por quê você é garota de programa? Você é jovem, bonita. Por quê vive sua vida assim? 

— Porque não tenho escolha - Deu de ombros - Antes de rodar bolsinha pela cidade, minha vida era o típico melodrama clichê. Tinha um padrasto que... Me olhava diferente, certa vez tentou me atacar, minha mãe ficou do lado dele, tive que ir embora de casa. Com quinze anos? Não tinha outra alternativa a não ser me prostituir. Mas não pense que quero passar o resto da vida assim não. Eu tenho sonhos! Quero fazer uma faculdade, casar, ter filhos - Esboçou um sorriso - Ser feliz. Por isso guardo dinheiro todo mês pra conseguir comprar uma casinha e sempre que tô de folga - Fez aspas com as mãos - Tento arrumar um emprego decente, mas com essa crise anda bem difícil. 

— Tenho certeza que um dia você vai conseguir. - A encorajei pondo minha mão sob a dela.

— Obrigada. - Bella apertou minha mão e sorriu - E você? Como é sua vida? Hoje não é dia dos namorados? Não deveria estar com sua namorada, esposa ou esposo caso você seja gay, claro. - Tirou sua mão da minha. 

— Eu não sou gay! - Neguei rapidamente - E não tenho namorada, a que tinha me traiu com o meu melhor amigo há exatos três anos. 

— No dia dos namorados? Que sacanagem! - Exclamou boquiaberta. 

— Pois é. - Suspirei - Desde então passo o dia dos namorados assim, trabalhando. Quer dizer, o dia de hoje está sendo meio fora do comum. 

— Claro, apareci e virei sua vida de cabeça pra baixo em menos de duas horas. 

— Exatamente - Rimos.

— Essa chuva que não passa... Vamos passar a noite toda aqui? 

— Você não cansa não?

— De quê? - Arqueou a sobrancelha.

— De falar. Você não calou a boca um segundo desde que nos conhecemos. 

— Eu sou assim mesmo. Adoro falar e o único jeito de me calar seria se você... - Mordeu os lábios. 

— Se eu o quê? 

— Tem grana aí? Tipo uns duzentos dólares?

— Acho que sim. Por quê?

— Estou no meu horário de trabalho, Edward. Se você quiser posso te atender agora mesmo. - Mordeu os lábios de novo. 

— Está querendo... 

— Você é gatinho, chato mas ao mesmo tempo legal e salvou minha vida há pouco. Então sim, se você quiser posso fazer programa com você agora mesmo. 

— Não. 

— Não? - A morena arregalou os olhos. 

— Se eu fizesse isso, seria só mais um cliente seu e sinceramente, não quero ser só um cliente.

— Não? - Bella continuava com os olhos arregalados.

— Não, quero te conhecer melhor. - Coloquei minha mão novamente sob a dela - E quero também que você me conheça mais. Quero que tudo entre nós aconteça no momento certo. 

— O que quer dizer com isso, Edward?

— Que quero que você sua matraca, faça parte da minha vida. - Falei aproximando meus lábios dos dela.

Bella fechou os olhos, fiz o mesmo e demos um selinho.

Depois, pedi passagem com a língua e ela permitiu que a beijasse com mais ardência. 

— Edward...

— Eu também sonhava em casar, ter filhos, uma boa profissão, assim como você. Mas depois do que Tanya me fez, fechei meu coração. Mas... Nessas últimas duas horas me senti mais vivo do que nos últimos três anos, sabia? E por isso quero que você continue na minha vida, Bella. Hoje, amanhã e sempre. Você também quer isso?

— Quero. - Afirmou sorrindo e acariciando meu rosto. 

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, assim como os meus. 

Mas eram lágrimas de alegria, de felicidade. 

E era tão bom.

[...]

A chuva passou, conseguimos ajuda e fomos embora, não sem antes trocarmos telefones. 

Bella continuou trabalhando "naquela vida" por mais alguns dias, mas com a ajuda de um amigo meu, conseguiu um emprego simples em um supermercado, abandonando as ruas. A pedi em namoro na semana seguinte e todas as sextas, saíamos juntos para conversar e nos conhecer melhor. 

Três meses depois, tivemos nossa primeira vez.  

Dois meses depois, usei o dinheiro que tanto guardei para comprar uma casinha para nós, que nos casamos perto do final do ano em uma cerimônia simples, só para os amigos mais próximos. 

Bella trazia vida e alegria para os meus dias. 

Me apoiava nos meus sonhos e vice-versa.

Com o incentivo dela, fiz o curso de aviação e me tornei piloto de avião, voando pelos céus de Nova York e de todo o mundo. Bella também estudou e se formou jornalista, profissão perfeita para minha matraquinha favorita. 

Dois anos depois, tivemos nossa primeira filha, Renesmee. 

E foi assim, graças a uma passageira muito maluquinha que encontrei minha felicidade e me tornei o homem mais feliz da face da terra. 

 

 

FIM...!


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?

Se sim, deixem seu comentário, favorito, recomendação...

Feliz dia dos namorados!