Love is the Way escrita por Ameume


Capítulo 1
♡ . único


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha preferida dos seus presentes, eu espero que você goste dela tanto quanto eu ♡.
Aliás... A zosan era pra ter sido de presente de natal, mas essa aqui eu comecei em 11 de junho do ano passado :) ANTES TARDE DO QUE NUNCA NÉ?
Essa aqui tem 0 betagem e eu li bem por cima MESMO pq nossa grande demais.



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Akutagawa não entendia a comoção que algumas garotas costumavam fazer sobre certos alunos. Ele eram bonitos, mas isso não era tudo. Dazai, por exemplo, era um completo babaca. Como primo dele, alguém que convive com Dazai mais tempo que o recomendado para sua sanidade pelo fato de morarem juntos, Ryuunosuke podia afirmar com a mais pura certeza.

Por isso, tinha criado o pensamento de que todos os belos rapazes que as garotas endeusavam eram canalhas bonitos que adoravam atenção.

Pelo menos, até conhecer Nakahara Chuuya no clube de literatura, um lugar no qual Akutagawa jamais imaginou encontrar um aluno popular da escola.

Chuuya tinha boas maneiras, era gentil e compreensivo, às vezes perdia a paciência e mostrava que era sim o garoto que conseguiu diversas medalhas em três áreas de artes marciais, seu conhecimento sobre cultura era tão amplo quanto sua desenvoltura nos esportes e ele também tinha notas altas, sempre entre os 20 melhores — por mais que Dazai gostasse de fazer pouco das suas notas, como se Nakahara estivesse nos últimos lugares de toda a escola, ele era alguém realmente desagradável. Chuuya conseguía cativar à todos. Ryuunosuke não foi exceção alguma.

Ele era verdadeiramente a definição de príncipe encantado.

E Akutagawa queria ser seu par romântico.

Na peça teatral. Obviamente.

Infelizmente, o conselho estudantil, junto ao corpo docente, decidiu que o festival cultural daquele ano precisava ser o mais diverso possível, eles também queriam incentivar todos os alunos à darem seu melhor. Ryuunosuke não estava interessado em nada daquilo, e deu seu melhor para evitar todo trabalho excessivo que o evento sazonal da escolha pudesse trazer, no entanto, não teve escapatória da peça que os segundo-anistas fariam. O roteiro seria escrito por alguém do terceiro ano, porém a encarregada era ninguém menos que Naomi, que claro que não poderia perder a chance de importuná-lo. Akutagawa tinha certeza que a irmã do seu melhor amigo tinha algo contra si, só não fazia ideia do porquê.

Akutagawa queria um papel pequeno, alguém que precisasse aparecer uma única vez, um personagem de fundo. 

Queria, passado, do verbo não quer mais.

Na verdade, ele não podia mais querer, pois Naomi deixou claro no almoço daquele dia que se ele fosse algum personagem de fundo, ela o colocaria para ajudar com o cenário. E trabalho braçal era algo que Akutagawa não queria nem que fosse pago, ele era fraco demais aquilo.

Por isso, deu uma olhada na lista e personagens da peça pendurado no quadro de avisos quando voltava do refeitório, e não precisou de muito para concluir que Toshihiko era o personagem mais adequado.

Toshihiko era um nobre que, devido à rebelião no reino, acaba em um conflito com seu melhor amigo, a pessoa que ele ama secretamente — o qual, por uma incrível coincidência, era o papel que Chuuya estaria interpretando. Naomi iria escolher as pessoas para seus respectivos papéis no fim das aulas, mas quem faria o personagem principal tinha sido escolhido desde o início — aparentemente Poe, o tal aluno que escreveu o roteiro, tinha usado ele de modelo. Naomi, obviamente, insistiu em fazer Nakahara atuar, e o ruivo aceitou sem problemas.

Aparentemente, Toshihiko não precisava ser tão expressivo, não tinha muitas cenas apesar de ser um personagem importante para desenvolvimento da história e ser o par romântico do principal, e a maioria delas seriam contracenadas com Nakahara, que, sem sombra de dúvidas, seria todo o foco dos espectadores, e aquilo deixaria Akutagawa bem mais relaxado no palco.

Ryuunosuke assegurou-se mentalmente. Ele faria Toshihiko.

(„• ֊ •„)

Surpreendente, Ryuunosuke conseguiu o papel de Toshihiko.

Naomi ficou tão chocada quando ele não se ofereceu para um papel pequeno que acabou aceitando sem pestanejar — e fez seus 5 minutos pensando em respostas para as possíveis inquisições dela antes da reunião serem um desperdício.

Até então tudo estava indo bem. O clube de literatura teve as atividades encerradas por um tempo já que não tinham intenção de participar do festival como os clubes musicais e a maioria do membros estaria muito ocupados com outras funções — Akutagawa e Chuuya estavam na peça; Louisa May Alcott era parte dos alunos escolhidos pelo Conselho Estudantil para ajudar no monitoramento e organização do festival; e os terceiro-anistas Edogawa, Ozaki e Fyodor, estavam ocupados com suas próprias salas. Akutagawa tinha altas expectativas para a sala 3-A e não só porque Ozaki era sua veterana favorita do clube, ouviu dizerem que ela iria cozinhar e ele sabia quão deliciosas eram as sobremesas que ela fazia.

Eles já estavam ensaiando há algumas semanas e Ryuunosuke não teve tanto trabalho com o foco todo na peça. Já tinha cada uma das suas falas gravadas, só precisava melhorar um poucos sua atuação em uma das cenas finais, onde ele e Yaku, o personagem de Chuuya, lutavam e ele se declarava. No caso, Toshihiko se declarava.

Chuuya, aliás, estava ajudando-o a treinar sua atuação da cena que tinha dificuldade.

Para sua sorte, as duas das suas cenas que não seriam com Nakahara, eram com as personagens de Lucy, que faria a irmã de Yaku, e Gin, a chefe da guarda. Akutagawa sentia que aquele papel era realmente como uma luva para si por poder contracenar somente com pessoas de quem era próximo. Lucy era sua amiga mais próximo depois de Junichirou, e bem, Gin era sua irmã gêmea. Ele e Chuuya não eram exatamente próximos, mas Ryuunosuke se sentia confortável com ele, ainda mais depois de começarem a passar mais tempo juntos ensaiando durante o almoço.

Realmente, as coisas iam tão bem que Akutagawa sequer se preocupava com o fato de precisar atuar na frente de tantas pessoas. Era raro ele se sentir tão despreocupado com aquela situação que ele normalmente consideraria desagradável, e ele nem sabia a razão para aquilo.

Mas, pelo visto, Montgomery sim.

— Porque você tá caidinho pelo Nakahara.

Ou ela achava que sabia. 

Akutagawa não achava que ela sabia, muito que seu achismo estava certo.

Revirou os olhos.

Tinha voltado do almoço com Chuuya há poucos minutos, e quando a viu na sala conversando com Atsushi — algo incomum já que ela sempre passava o almoço com Gin na sala da sua irmã — pensou que seria uma boa ideia conversar com os dois, deixar os pensamentos saírem e ouvir a opinião alheia para poder raciocinar com mais facilidade. O que foi, claramente, um erro.

Ia retrucar quando ela o interrompeu.

— Mas não precisa gastar seu tempo e voz tentando negar, eu sei que você não percebeu ou não saiu da negação ainda. Tome isso como uma sugestão.

— Não tenho interesse nessa sugestão.

Foi a vez dela revirar os olhos.

— Enfim… Soube que o nosso querido Atsushi aqui vai usar roupa de empregada no dia do festival?

(„• ֊ •„)

Akutagawa não pensou muito naquilo nos dias que se seguiram. 

Ele tentou não pensar muito, mas não sabia até onde era verdade e até onde estava tentando se enganar.

Como Toshihiko, ele não tinha muitas cenas, nem muitas falas, também não precisava se esforçar demais para demonstrar emoções. As suas cenas eram todas com pessoas com quem ele se sentia confortável. Não precisava ajudar no backstage também.

Ryuunosuke repetiu aquelas razões mentalmente vez após vez, se convencendo de que Lucy não estava certa.

Não, ela não estava. E ele não estava se convencendo, e sim assegurando que não começasse a pensar demais no que não tinha motivos.

Mas ele sabia que já tinha falhado.

Akutagawa não conseguia mais acompanhar a própria linha de pensamentos. Talvez não estivesse mais tão em negação como antes, estava a um passo da realização que ele mesmo não sabia se queria ou não.

A aproximação de Chuuya não melhorava em nada o seu estado.

Nakahara o procurava na sala todos os dias após o sinal tocar, continuava elogiando-o sempre que ensaiavam, ligando para conversar trivialidades depois do jantar, e ele até convidou Ryuunosuke para ir à uma cafeteria que gostava no sábado — uma recompensa pelo seu esforço, como Chuuya disse simplista, enquanto seu coração começava a correr uma maratona fictícia no seu peito. Ryuunosuke só esperava que não tivesse corado tanto a ponto do ruivo notar. Talvez ele devesse deixar crescer uma franja para esconder o rosto como Poe fazia.

O pior veio uma semana depois àquela conversa que o deixou inquietante.

Faltavam três semanas para o festival cultural quando o grupo encarregado dos figurinos entregou eles completos. Naomi não queria fazer um ensaio geral nos últimos dias, ainda mais porque todos ali também estavam encarregados de algo quanto aos seus clubes ou salas. E se tivessem erros de atuação ou problemas com as roupas, ainda tinham tempo o suficiente para arrumar.

Akutagawa suava frio dentro de uma roupa elaborada demais para o seu gosto enquanto esperava o início do ensaio.

 

Pensou em conversar com Gin para passar o tempo quando a viu voltar do vestiário com seu uniforme de guarda, mas seu estômago estava embrulhado demais para lhe permitir ter uma conversa normal sem sentir vontade de vomitar.

Estava nervoso e ao mesmo tempo não. Não se importava que Dazai estivesse na quadra, prontinho para zoar ele e Chuuya depois. 

Não se importava em precisar de apresentar na frente de quase todos os alunos do segundo ano. 

Se importava que estava prestes a declarar seu amor para Chuuya. De Toshihiko para Yaku, mas aquilo não deixava de ser menos alarmante na sua mente.

Notou o sorriso complacente de Montgomery que estava devidamente caracterizada como Aini do outro lado do camarim improvisado que os alunos tinham feito atrás do palco. Não havia dito nada sobre o seu pane interno para ela, mas eram amigos há tempo suficiente para ela conhecê-lo como a palma da sua mão, portanto, era claro que ela teria notado.

Se sentiu grato pelo apoio.

No entanto, ainda iria arrumar uma forma de se vingar por ela ter acordado sua consciência da negação em que esteve.

Não demorou muito para o ensaio finalmente começar e mais rápido do que imaginava, chegou sua vez. Ele não sabia dizer se esteve tão alheio à tudo ou se tudo tinha sido realmente ligeiro.

A primeira opção era a mais provável, pois só percebeu a presença de Chuuya ao seu lado quando tocou na espada para verificar se não teria dificuldades para desembainhá-la e bateu de leve com o cotovelo no braço do ruivo.

Estava a ponto de se desculpar quando Higuchi passou por eles após sua parte. Era a deixa para a próxima cena, a cena deles.

Chuuya somente sorriu em encorajamento e seguiu para o palco. Ryuunosuke foi logo atrás.

Diferente do que imaginava, ele não vomitou com o nervosismo, também não errou suas falas e nem entrou em pânico nos momentos em que Chuuya — Yaku — tocava-o — à Toshihiko —. Na verdade, ele não deixou demonstrar o surto em que estava por dentro. Ryuunosuke atuou com tanta destreza que até se espantava com suas próprias habilidades, os ensaios com Chuuya realmente deram frutos.

Cena vai, cena vem… Ryuunosuke voltou ao palco outras três vezes antes da sua quinta e penúltima cena. Todas as quatro terminaram sem muitos problemas — esses somente por partes da iluminação — mas também, elas nem eram tão difíceis assim quanto a que viria a seguir.

Akutagawa tentou se manter calmo, afastando quaisquer pensamentos que pudessem surgir na mente só para terminar sua parte o mais rápido possível.

Por aquela razão que ele não prestou atenção em nada do que ele mesmo dizia ou no que Chuuya falava. Sua mente virou um branco total até que a sua espada falsa foi desembainhada.

Yaku e Toshihiko lutavam como se suas vidas dependessem disso — e dependiam —. Ele e Chuuya lutavam como se tivesse algo a mais naquela cena. Algo que Akutagawa não sabia o que era.

Talvez soubesse porque a ponta da sua língua ardia, seus dedos coçavam enquanto segurava a espada falsa com força, e seu pulso acelerava os batimentos rápido demais para uma simples cena de luta.

Mais rápido do que Akutagawa pôde assimilar, a espada escapou das suas mãos — aquilo foi ensaiado, mas por que parecia tão real? — e a ponta do florete que Chuuya segurava elevava levemente seu queixo.

Oh.

Chuuya tinha o semblante angustiado, a testa estava franzida, os lábios trêmulos.

— Eu te amo.

As palavras saíram dos seus lábios tão leves quanto uma pena. Ryuunosuke nem conseguia lembrar a razão ter o peito pesado com o mero pensamento daquelas palavras.

Eu te amo — Repetiu. Observou o rosto de Chuuya relaxar, o olhar de dor se transformando em pura confusão. — Amo-te tanto e há tanto tempo que você nem imagina, mais tempo do que eu mesmo devo imaginar porque, às vezes, me pego relembrando vários momentos que passamos juntos e percebo que você já era tão importante para mim. Por isso tenho medo de que posso te perder. Não sou traidor, não possuo razões para ir contra à rebelião… Só não quero que nada te aconteça e não consigo me deixar envolver com os assuntos políticos desse reino em ruínas pois sinto que se eu me permitir isso, estarei aceitando que, algum dia, você pode não voltar para mim.

Sua fala saiu perfeita, sua voz estava sôfrega como deveria, sentia algumas poucas lágrimas no canto dos seus olhos, sua respiração estava pesada e suas mãos tremiam. Era Ryuunosuke ali, mas parecia um Toshihiko perfeito.

As palavras não eram as mais adequadas, Ryuunosuke não amava Chuuya como Toshihiko amava à Yaku, não passou por anos de sofrimento com os sentimentos escondidos no fundo do peito, mas ele tinha a certeza de algo agora. Ele estava completa e irrevogavelmente apaixonado por Chuuya.

Akutagawa não deveria se surpreender com o sorriso que surgiu no rosto de Chuuya enquanto o ruivo jogava o florete no chão, ele viu aquela cena diversas vezes… E ainda assim, ele ficou. Ficou surpreso com o sorriso no rosto de Chuuya, com os olhos azuis que brilhavam como cristais na água, com o puxão pelo seu colarinho e com o beijo apaixonado que recebeu.

Bem, quanto aquele último, todos presentes no local, ficaram surpresos. Aquilo não estava no script.


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Notas finais do capítulo

*Toshihiko é um personagem de um dos livros do Akutagawa Ryuunosuke.

fun fact: na metade da fic eu quase esqueci que o ship era chuuaku, já ia botando poe x chuuya e akulucy.........
Por hora, é só isso u.u Eu espero que você esteja gostando das fics, eu escrevi elas para comemorar o fim do seu tcc e sua aniversário, então você feliz com elas é tudo que me importa ♡♡.