Intenções escrita por Miss A


Capítulo 1
intenções


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Tenho que dizer que estou extremamente feliz por Junho Scorose ter se tornado real. Muito obrigada, Tahi e meninas do S.S.S. ♥
Devo avisá-las que mudei o plot, então a sinopse divulgada no dia 30 não é válida mais.
A proposta aqui são diálogos...
Espero que vocês gostem. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791835/chapter/1

Era véspera do dia dos namorados e, para o meu azar, uma vontade insana de ter um encontro tinha se apoderado do meu corpo. 

Era culpa das fanfics.

Das cartas do Napoleão Bonaparte.

E do vinho.

Mas eu estava sem muitas opções. Na verdade, só tinha uma.  

Scorpius Malfoy.

Um dos meus amigos e o único solteiro do meu círculo social.

E talvez a pessoa por quem eu estava me sentindo atraída nos últimos dias...

Talvez.

Mas isso não significava muita coisa.

O real problema era que Scorpius era um ser nada romântico.

Mas afinal, quais opções eu tinha?

 

Liguei para Scorpius.

— O que você vai fazer amanhã?

— Trabalhar e você?

— Fazer alguma coisa com você.

— Quer que eu vá aí ou você vem aqui?

Revirei os olhos. 

— Não! Eu quero sair.

— Está me chamando para um encontro?

— Sim. 

— Ok... Espera. Como assim?

— Eu quero um pacote encontro do dia dos namorados, Scorpius.

— Eu não sabia que esse tipo de serviço estava no mercado e muito menos que era eu o comerciante.

— Pare de ser chato. Vamos, por favor?

— Eu não gosto de sair no dia dos namorados, tem um monte de casal lá.

— Eu sei, mas é para ajudar sua amiga que quer muito fazer algo divertido amanhã.

Ouvi-o suspirar.

— Só vou aceitar, porque tenho dificuldades em dizer não.

— Para a minha sorte. 

— Devo levar flores?

— Você nem deveria estar me perguntando isso. É claro que sim.

— Certo. Vou desligar agora para tentar fazer uma reserva em algum restaurante na véspera do dia dos namorados para satisfazer os seus desejos esquisitos.

Eu ri.

— Não me decepcione.

Desliguei e enviei um monte de corações para Scorpius no WhatsApp.

Tentei impedir os pensamentos sobre ele ter aceitado significava alguma coisa ou não. 

Não fui muito bem-sucedida.

 

No dia seguinte eu estava tão animada que comecei a me arrumar três horas antes. Pela primeira vez eu estava pronta primeiro do que Scorpius. 

Pronta, ansiosa e com fome. 

Minhas mãos estavam suando.

Cansada de esperar, liguei para ele.

— Onde você está?

— No elevador.

— Por que você está subindo? Eu já estou pronta.

— Achei melhor subir.

— Mas não tem necessidade nenhuma, só vai nos fazer atra...

— Rose, abre a porta.

Desliguei na sua cara. Eu não ia deixá-lo entrar de jeito nenhum. 

Abri a porta pronta para continuar reclamando, mas... Não deu.

Scorpius estava encostado na batente da porta, vestido todo de preto e com um ramalhete de flores silvestres.

Ele sabia que eu gostava de flores coloridas.

Ele também sabia que eu gostava quando ele usava preto. 

Não consegui impedir o sorriso.

— O que é isso?          

— O pacote completo – Ele disse me passando as flores – Tem até um cartão.

Enquanto ele entrava no apartamento, olhei desconfiada para o cartão. Era enfeitado demais. Nada Scorpius.

 

Você não é comida, mas eu gosto de você.

 

Eu ri.

— Melhor cartão da minha vida. Você é um doce – Dei um abraço nele – E obrigada pelas flores.

— Estavam em promoção.

Revirei os olhos e fui procurar um vaso para colocá-las.

— A gente pode ir já? Estou morto de fome.

— Eu também! Era por isso que eu não queria que você subisse.

— E você queria ficar andando com flores por aí?

— Eu não me importaria.

— Já sei o que te dar em seu aniversário. 

— Eu ia amar.

— Eu também. Sabia que flores são baratas?

— Scorpius, você está tirando toda a emoção da coisa.

— Desculpe?

— Não vale se não for de coração.

— Você está bonita – Seu sorriso e seus olhos em mim eram bastante descarados.

Tentei não corar nem fazer algo drástico, como por exemplo, jogá-lo no sofá. 

Mesmo que fosse o que eu queria fazer.

— Eu sei, mas obrigada. Você também está.

— A gente pode ir comer agora?

— Sim – Empurrei-o para fora do apartamento.

 

Confesso que fiquei boquiaberta quando entramos no restaurante. O lugar estava lindo, cheio de flores, corações e velas. Um tanto brega, mas bonito.   

— Como você conseguiu reserva nesse lugar tão em cima da hora?

— Suborno.

— Sério?

— Não. A namorada do meu colega de trabalho terminou com ele hoje.

Eu fiquei horrorizada.

— E por que você não está lá com ele?

— Eu me ofereci, mesmo sabendo que poderia ser decapitado por você, mas ele disse que queria ficar sozinho e pediu para eu aparecer daqui três dias para me certificar de que ele tome banho.

— Leve chocolate. Chocolate sempre ajuda. Skin care também.

— Não sei se o Zabine é do tipo que faz skin care.

— Ele deveria.

Scorpius rolou os olhos e se voltou para o cardápio.

— Por que a namorada dele terminou com ele?

— Hum...

— O que foi? A culpa não foi sua, não é?

— Que? Claro que não. Eu nem gostava da garota.

— Eu sei, mas você é safado. 

— Assim você me ofende. Eu não sairia com namorada de amigo. 

— É que você tem aquele estereótipo.

— Qual?

— O vou-roubar-sua-namorada.

— Isso é um elogio ou uma ofensa?

— Depende. O namorado da garota ficaria ofendido.

— Eu não faria esse tipo de coisa, como eu já disse. Eu sou um ótimo amigo.

— Eu sei. Desculpe. 

— Se não for de coração não vale – Ele rebateu.

— Mas eu falei de coração!

— Não sei não, eu senti uma leve ironia, o que é inapropriado, porque eu estou aqui e isso é uma grande prova da minha lealdade. 

— Eu sei – Peguei sua mão em cima da mesa – E eu estou muito feliz por você estar me fazendo companhia. 

— Não estava parecendo. 

Apertei sua mão.

— Pare de fingir que está bravo, você não é muito bom nisso.

Ele deixou escapar um sorriso.

— Não sou bom com mentiras.   

Soltei sua mão.

— O que me faz pensar... Como você saiu com todas aquelas garotas?

— De novo esse menosprezo?

— Eu só estava brincando, desculpe.

Ou estava com ciúmes.

— Está pronta para pedir?

— Pode ser.

O garçom anotou nossos pedidos e se afastou.

— De onde surgiu essa ideia de sair no dia dos namorados?

— Ontem eu estava tomando vinho e lendo fanfic...

— Fala sério. 

— Não me julgue! Mencionaram cartas que o Napoleão Bonaparte escreveu e eu fui procurar... O cara não parecia legal, mas se eu tivesse recebido aquelas cartas provavelmente me apaixonaria por ele.

— Me envie depois.

— Pode deixar, mas não ache que são declarações de amor da minha parte.

Ele riu.

— Achei estranho você me ligar para pedir um encontro. Você também não gosta muito desse tipo de coisa. 

— Mais ou menos. Às vezes gosto, de uma coisa ou outra. Não tenho aversão ao romantismo igual você.

— Eu te dei flores.

— Porque estavam baratas.

— Ah, é mesmo.

Revirei os olhos.

— Na verdade, achei que o convite era com segundas intenções.

Sorri.

— E se fosse?

— Vou ficar contente. Amanhã vou me gabar com Thomas de que alguém me queria com segundas intenções.

— Pobre Zabine.

— Faz algum tempo que ninguém me deseja com segundas intenções.

— Eu duvido disso.

— É sério. Faz algum tempo que não saio com ninguém.

Tentei não parecer muito animada com a informação.

— Oh, pobrezinho. Que bom que eu te chamei para sair no dia dos namorados.

— Ainda não tenho certeza se isso foi algo bom ou não.

— Se eu não tivesse te chamado você estaria agora de pijamas, comendo pizza e chorando assistindo um amor para recordar na TV. 

— Não vejo nada de errado nesse cenário. Inclusive talvez fosse melhor, porque eu não teria visto aquele casal ali – Ele apontou para a mesa ao lado – engolirem um ao outro.         

— Você acha que ela está sentindo o sabor do fígado dele?

— Eu acho que você está superestimando o tamanho da língua dela.

Eu ri.

Voltei ao assunto anterior.

— Ok, você tem um bom ponto, mas se você tivesse ficado em casa você não teria a minha companhia.

Touché. Mas – Ele se inclinou sobre a mesa, seus olhos se concentrando nos meus – Se isso não me render um beijo ou uma massagem nas costas terá consequências.

Tentei não demonstrar o quanto seus olhos me desconcertavam. 

A verdade era que “leve atração” era raso demais para definir como eu me sentia em relação a Scorpius. 

— Isso deveria ser você sendo ameaçador? Porque não deu certo.

Nenhum pouco.

Eu inclusive fiquei interessada pelas consequências.

— Você não compreende o perigo, Weasley.

— Achei que tínhamos passado do período dos sobrenomes.

— Eu acho que dá uma tensão sexual bacana.

Ergui uma sobrancelha, foi impossível não sorrir.

— É isso que você quer causar? Tensão sexual?    

— Tentarei me empenhar essa noite.

— E por que exatamente?

— Você sabe como as noites com tensão sexual terminam.

— Sei?

— Acho que você sabe. 

Tentei não me animar. 

Bebi minha água para não precisar respondê-lo imediatamente. 

Aquele tipo de jogo me divertia, mas não é algo que eu admitiria em voz alta. 

— Como dizia Lady Violet, vulgaridade não substitui inteligência.

— Eu nunca entendo suas referências.

— Entenderia se assistisse Downton Abbey ou as outras inúmeras séries que eu já te indiquei.

— Rose, nós temos muito em comum, mas séries não é uma delas. 

— Um dia ainda vou acertar.

— Você pode continuar tentando. 

— Eu vou. 

— Em vão, devo dizer.

— Se você fosse meu amigo de verdade você assistiria minhas séries.

— Eu sou seu amigo de verdade, eu não estou aqui?

— Você vai jogar isso na minha cara para sempre ou só até o fim da noite mesmo? 

— Depende... De como a noite terminar – Seu sorriso era bastante malicioso.

— Você bebeu antes de vir?

— Não. Por quê?

— Você está... Como eu posso dizer? Muito atirado essa noite.

— É o dia dos namorados.

— Isso significa o que exatamente?

— Que as pessoas ficam atiradas no dia dos namorados.

— Eu pensei que elas ficassem românticas.

— Essas são o outro tipo de pessoas.

Não segurei o sorriso. 

Scorpius era divertido.

Ou eu é que estava encantada demais.

— Como foi o seu dia?

— Um pouco estressante. Clientes que buscam serviços de publicidade são uns chatos e chefes de agências de publicidade também. Além disso, o Zabine estava melancólico demais para apreciar o meu humor ácido.

— Dia difícil, guerreiro.

— Foi como lutar contra os persas com só 300 guerreiros espartanos.

Ergui a sobrancelha.

— Você perdeu então?

— Mas resisti bravamente.

— Acho que devo te parabenizar então.

— Só aceito cumprimentos se for acompanhado de beijos.

— Você está um pouco carente.

— Não é essa a palavra que eu usaria.

— Você está impossível essa noite.

— Você só me disse para vir, não especificou qual deveria ser meu humor. 

— Tentarei me lembrar disso na próxima.

— Então você vai me convidar para outros encontros?

— Vou ganhar outras flores?

O garçom voltou com os nossos pratos.

— Já pensou que se você tivesse uma floricultura você teria flores todos os dias?

— Por que eu teria uma floricultura?      

— Eu já não disse? Para ter flores.  

— Ah. Claro. Mas talvez eu prefira ganhá-las. 

Ele ergueu as sobrancelhas, mas não disse nada. 

Começamos a comer. 

— Eu contei sobre a conferência sobre sexualidade que eu fui?

— Não, mas por que você não me chamou?

— Eu fui por causa do trabalho. Perdi uma aposta.

— Você continua fazendo apostas?

— Às vezes, mas o que eu quero te contar é sobre a senhora que eu entrevistei. Ela era dona de uma das lojas de produtos eróticos e também bisavó. 

— Uau.

— Você ainda não ouviu nada. Ela contou que quando ela conhece um cara, ela pergunta se ele é homem ou lobo. Se ele responder que é homem, ela não quer. Sabe por quê?

— Por quê?

— Porque é lobo que come vovozinha.   

Scorpius gargalhou.

— Não é maravilhoso? 

— Surpreendente.

— Espero ter a energia dela na velhice.

— Você pensa sobre isso?

— Um pouco. Quero envelhecer bem. Saudável. Você não?

— Evito pensar na velhice. Não gosto da ideia.

— Não tem como escapar, você sabe.

— Não quero escapar... Só adiar.

— Medo da beleza desaparecer, Scorpius?

— Acho que sim... E obrigado pelo elogio embutido.

Não desfiz o elogio. Não tinha necessidade de contrariar a realidade.  

— E como está o jornal? 

— Divertido. Continuo cada dia fazendo uma coisa. 

— E você gosta?

— Por enquanto sim. Tenho que confessar que escrever o horóscopo é muito engraçado.

— Você gosta de brincar com a vida das pessoas não é?

Revirei os olhos.

— Não exagere. Não é assim que funciona... Só que é impossível fazer uma previsão válida para todas as pessoas do mesmo signo, elas não terão dias iguais. Acabei cansando de tentar. Agora eu só deixo a criatividade agir.    

— Céus.

— Leia a coluna amanhã. 

— Por quê? 

— Dependendo de como a noite terminar, o horóscopo de escorpião amanhã pode ser de bons presságios ou de maldições.

— Você vai me mandar indiretas pelo horóscopo?

— Claro! Cheque o tarot também.

— O que eu faço com você, Rose?

Eu gostaria de poder responder com sinceridade, mas a resposta era bastante imprópria. 

— Eu estava brincando, o tarot eu levo mais a sério. Posso jogar as cartas para você um dia.

— Eu passo, mas obrigado.

— Medo do que as cartas vão dizer, Scorpius?

— Medo do que você vai dizer.

— Eu sou um anjo.

 – Acho que você tem uma imagem distorcida de si mesma.

Você está falando isso para mim?

— Não sei do que você está falando. 

— Você se lembra de quando nos conhecemos?

— O que tem?

— Você achou que eu queria dormir com você.

Ele pareceu constrangido.

— Ok. Talvez eu tenha interpretado errado aquele dia.

— Você acha?

— A culpa foi do Albus. Ele ficou me incitando. 

— Depois de anos você ainda presta atenção no que Albus diz?

— Agora eu tenho você para filtrar o que ele fala.

— O que seria você sem mim, não é?

— Eu estaria perdido, jogado na rua, em eterna lamúria.

Eu ri.

— Você é realmente dramático.

— Você sabia que pessoas que passam muito tempo juntas acabam ficando parecidas, não sabe?

Ignorei sua indireta.

— Deus me livre me tornar um Scorpius Malfoy.

— Quem está perdendo é você.

— Não sei não.

Ele colocou a mão no queixo, pensativo. 

— Apesar que é bom que você não seja eu.

— Por que você não se suporta, é?

— Porque eu não poderia beijá-la.

Era simples assim.

Ele dizia essas coisas e nem corava.

Era uma insensibilidade com os meus sentimentos.

Não encontrei palavras suficientes para expressar o que eu sentia, portanto, não respondi.

— Não vai falar nada?

— O que você quer que eu fale?

— Que você quer me beijar de volta, ué.

Scorpius era insuportável.

— Você realmente é um convencido.

— Eu me esforço.

— Você não tem vergonha na cara, Scorpius?

— Vergonha é a última coisa que eu tenho.

— Estou percebendo.

Eu estava provocando-o, mas a verdade é que eu estava gostando daquele jogo.

Scorpius fazia o meu tipo. 

Não tinha como negar.

— Não acredito – Ele falou, olhando para o outro lado do salão – Minha ex-namorada.

— Qual? – Perguntei, antes de olhar para a mesa que ele tinha apontado.

— Aquela que tinha ciúmes de você.

Era Quinn Scamander. Ela costumava ser uma garota legal.

— Será que deveríamos ir dizer oi?

— Por que faríamos isso?

— Educação?

— Não, ela nem se lembra de mim.

Encarei-o, descrente.

Se eu tivesse namorado Scorpius Malfoy seria bem difícil esquecê-lo. 

— Isso seria impossível.

— Obrigado.

— Não foi isso que eu quis dizer.

— Eu já disse que você é um convencido?

— Já. Duas vezes – Ele sorriu – Acho que você gosta bastante desse aspecto da minha personalidade.

— Não era isso que eu estava pensando, mas vamos deixar por isso mesmo.

— Você é tão gentil.

Dei o meu sorriso mais falso.

— Eu sei. 

— Vamos pedir a sobremesa?

— Sim, vou precisar de algo bem doce para superar o seu humor azedo.

— Que gratuito.

— O vinho me deixa um pouco sem noção.

— Isso é um pedido de desculpas?

— Pode ser.

— Você precisa se esforçar mais do que isso.

— Será que você poderia me perdoar pela minha ofensa impensada?   

— Eu só aceito desculpas se forem acompanhadas de beijos. 

— Pensarei a respeito, mas agora eu quero bolo de chocolate.  

Pedimos nossa sobremesa.

Meu celular começou a vibrar incansavelmente e fui obrigada a pegá-lo.

Eram mensagens da Lily que ignorei.

Sem querer entrei no instagram.

Uma foto de Albus e Dominique preencheu a tela inteira.

— Oh, céus.

— O que foi?

— Albus postando foto com a Dominique e com um texto bem brega.

— Deixe-me ver.

Ele leu o texto e me devolveu o celular.

— Ele é muito gado.

— É um pouco bonitinho.

— O vinho realmente deturpa sua noção.

Ignorei seu comentário.

— Vamos tirar uma foto.

— Por quê?

— Para postar.

— Repito: por quê?

— Porque isso é um encontro e eu mando nele, então você vai fazer o que eu quiser. Senta aqui do meu lado.

— Já que você está pedindo com tanto carinho...

Ele sentou-se ao meu lado e passou o braço pelo meu ombro.

— Vamos logo que eu detesto foto.

— Isso é mentira, você ama foto.

O instagram do Scorpius tinha mais de quatrocentas fotos. 

— Mas não com gente bonita, porque ofusca a minha beleza.

Apertei sua bochecha.

— Seria impossível.

Era pra levar só um minuto tirando a foto, mas Scorpius era exigente demais. 

— Desisto. Escolhe uma dessas.

— O meu nariz é torto?

— Só um pouquinho, mas é bonito.

Ele nem deu bola, ficou passando as fotos e dando zoom no próprio rosto.

— Gostei dessas duas.

A primeira éramos nós dois sorrindo para a câmera e a segunda ele beijando minha bochecha.

— Incrivelmente você conseguiu escolher fotos onde nós dois estamos bonitos.

Scorpius tinha a tendência de só reparar nele e o resto que se dane.

Selecionei as fotos e postei.

— O que você escreveu na legenda?

— Feliz dia dos namorados.

— Lily vai me mandar mensagem até o fim da noite perguntando se estamos namorando mesmo. 

— Ela vai te perturbar horrores, se prepare.

— E isso nem vai me render beijos. Ou vai?

— Falando desse jeito? Claro que não.

— Vou tentar de novo – Ele se inclinou um pouco na minha direção, sorrindo – Gata, é verdade que você tem duas línguas na boca?

Que garoto estranho.

— Não.

— Quer ter?

Eu ri.

— Você quase conseguiu.

— Vou tentar de novo...

— Não! Você já teve duas chances.

— Droga. Achei que ia conseguir beijos no dia dos namorados.

— Eu me pergunto por que você não tem uma namorada.

— Essa é fácil, porque minha última namorada terminou comigo.

— E por que será?

— Não sei, ela deu a desculpa de falta de afinidade, mas eu não acreditei muito.

— Eu aposto na total falta de romantismo.

— Eu te dei flores.

— Mais um ato obrigatório do que romantismo propriamente dito.

— Acho que estou ofendido com a imagem que você tem de mim.

— Não fique. Eu não me importo com você não ser romântico, só gosto de brincar com você sobre isso. 

— É, eu percebo que você gosta de brincar comigo.

— Eu? Você tem certeza?

— Eu sempre falei diretamente.

Estreitei os olhos. 

Não era bem o que eu achava. 

Fomos interrompidos pela chegada da nossa sobremesa.

— Você sabia que um dia o cacau não vai mais existir?

— Sério?

— Muito triste, não é?

— Eu não gosto de chocolate, Rose.

— Você é uma aberração, Malfoy.

— Ora, ora, tentando criar tensão sexual?

— Não. 

— Seu não foi bastante firme, acho que você está mentindo.

Apertei os lábios para não rir.

— Lembra do que eu disse sobre você distorcer as coisas?

— Eu acho que tudo é questão de perspectiva.

— Se você começar a falar sobre a “minha verdade” e a “sua verdade” eu vou embora.

— Claro que não, eu ia falar sobre realidades paralelas.

E foi assim que eu terminei minha sobremesa ouvindo Scorpius contar sobre teorias estranhas.

 

— Já não está tarde?

— Não?

— Eu preciso trabalhar amanhã e acho que você também.

— Saudades de quando eu virava a noite acordado e não parecia um zumbi no dia seguinte.

— Você já teve esse poder?

— Você nunca foi jovem?

— Acho que não.

— Não estou surpreso.

— Scorpius, você sabe que está se tornando um velho também, não é?

Ele suspirou, enquanto levantava.

— É, eu sei...

Deixamos o restaurante e fomos para o seu carro enquanto Scorpius reclamava dos bons tempos da sua juventude. Exatamente como um velho.

 

Scorpius estacionou em frente ao meu prédio.    

— Não queria trabalhar amanhã.

O que eu queria dizer era que eu não queria ter que terminar nossa noite.

— A frase que o proletariado mais diz.

— “Quero ir embora” também é bem usado.

— É uma indireta?

— Não – Dei um risinho, enquanto desafivelava o cinto e abria a porta.

Scorpius fez o mesmo.

— O que você está fazendo?

— Vou te levar até a porta – Ele respondeu já fora do carro.

— Você sabe que beijos na porta são clichês, não sabe? 

— Ah, é? – Ele não parecia muito interessado.

— Só não é mais clichê do que beijos na chuva.

— Você já tentou?

— Beijar na chuva? Não. Mas deve ser bem gelado.

— Não. Você já tentou não ser uma estraga prazeres?

Era assim que ele queria me beijar?

Ele deu a volta no carro, vindo em minha direção.

— Não sei do que você está falando.

— Acho que sabe, mas, talvez eu tenha errado. Você não é uma estraga prazeres - Eu ia abrir a boca para concordar, mas ele não deixou - Só gosta de iludir mesmo.

Agora eu estava definitivamente ofendida.

— Eu?

— Rose, se iludir fosse crime, você pegaria prisão perpétua. 

Era difícil ter raiva quando você queria rir.

Cruzei os braços.

— Não acho que seja eu que trabalhe com ilusão.

— Eu sempre sou bem direto.

— Discordo. Nunca sei se você está falando sério ou só brincando.

Ele parou um instante, parecia estar avaliando alguma coisa.

— Talvez... Talvez eu não tenha sido claro antes, porque você me deixa inseguro.

— Digo o mesmo.

Scorpius avançou alguns passos. Próximo demais.

Era um pouco difícil me concentrar quando ele estava tão perto.

— Que tal se eu for mais claro a partir de agora? – Suas mãos tocaram minha cintura e foi difícil pensar no que dizer.

Mas eu tentei.

— Acho que poderia ser uma boa ide...

Não consegui terminar.

Por que Scorpius Malfoy estava me beijando.

Parte de mim estava em choque, a outra queria sair gritando “finalmente” pela rua.

Parte de mim estava ciente de que estávamos nos agarrando na frente do meu prédio, a outra não estava ligando muito para os vizinhos.

Parte de mim precisava respirar e outra não queria deixar Scorpius se afastar.

Mas ele o fez.

Tentei pensar em alguma coisa inteligente para dizer, mas eu só conseguia sorrir.

Scorpius acariciou minha bochecha, parecia satisfeito por ter me deixado sem palavras. 

— Quem sabe a gente não pode repetir isso ano que vem?

Palavras não eram suficientes para responder essa pergunta, então me ergui e o puxei para outro beijo. 

 

 

 

 

 

Horóscopo do dia!

Escorpião – 23/10 a 21/11: Hoje Mercúrio em câncer se comunica com o seu Sol em escorpião lhe trazendo memórias afetivas (sobre a noite de ontem, talvez?). O desejo de repetir bons momentos está presente. Então, que tal ir fazer aquela ligação antes que a Lua em Peixes possa te distrair?

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

— Horóscopo final feito a partir do céu de hoje mesmo.
— Cartas do Napoleão: https://www.gutenberg.org/files/37499/37499-h/37499-h.htm. Leiam a de 23 de fevereiro de 1796.


Obrigada por lerem.
Dia 13 tem outra Scorose para vocês ♥