Intenções escrita por Miss A
Notas iniciais do capítulo
Olá!
Tenho que dizer que estou extremamente feliz por Junho Scorose ter se tornado real. Muito obrigada, Tahi e meninas do S.S.S. ♥
Devo avisá-las que mudei o plot, então a sinopse divulgada no dia 30 não é válida mais.
A proposta aqui são diálogos...
Espero que vocês gostem. ♥
Era véspera do dia dos namorados e, para o meu azar, uma vontade insana de ter um encontro tinha se apoderado do meu corpo.
Era culpa das fanfics.
Das cartas do Napoleão Bonaparte.
E do vinho.
Mas eu estava sem muitas opções. Na verdade, só tinha uma.
Scorpius Malfoy.
Um dos meus amigos e o único solteiro do meu círculo social.
E talvez a pessoa por quem eu estava me sentindo atraída nos últimos dias...
Talvez.
Mas isso não significava muita coisa.
O real problema era que Scorpius era um ser nada romântico.
Mas afinal, quais opções eu tinha?
Liguei para Scorpius.
— O que você vai fazer amanhã?
— Trabalhar e você?
— Fazer alguma coisa com você.
— Quer que eu vá aí ou você vem aqui?
Revirei os olhos.
— Não! Eu quero sair.
— Está me chamando para um encontro?
— Sim.
— Ok... Espera. Como assim?
— Eu quero um pacote encontro do dia dos namorados, Scorpius.
— Eu não sabia que esse tipo de serviço estava no mercado e muito menos que era eu o comerciante.
— Pare de ser chato. Vamos, por favor?
— Eu não gosto de sair no dia dos namorados, tem um monte de casal lá.
— Eu sei, mas é para ajudar sua amiga que quer muito fazer algo divertido amanhã.
Ouvi-o suspirar.
— Só vou aceitar, porque tenho dificuldades em dizer não.
— Para a minha sorte.
— Devo levar flores?
— Você nem deveria estar me perguntando isso. É claro que sim.
— Certo. Vou desligar agora para tentar fazer uma reserva em algum restaurante na véspera do dia dos namorados para satisfazer os seus desejos esquisitos.
Eu ri.
— Não me decepcione.
Desliguei e enviei um monte de corações para Scorpius no WhatsApp.
Tentei impedir os pensamentos sobre ele ter aceitado significava alguma coisa ou não.
Não fui muito bem-sucedida.
No dia seguinte eu estava tão animada que comecei a me arrumar três horas antes. Pela primeira vez eu estava pronta primeiro do que Scorpius.
Pronta, ansiosa e com fome.
Minhas mãos estavam suando.
Cansada de esperar, liguei para ele.
— Onde você está?
— No elevador.
— Por que você está subindo? Eu já estou pronta.
— Achei melhor subir.
— Mas não tem necessidade nenhuma, só vai nos fazer atra...
— Rose, abre a porta.
Desliguei na sua cara. Eu não ia deixá-lo entrar de jeito nenhum.
Abri a porta pronta para continuar reclamando, mas... Não deu.
Scorpius estava encostado na batente da porta, vestido todo de preto e com um ramalhete de flores silvestres.
Ele sabia que eu gostava de flores coloridas.
Ele também sabia que eu gostava quando ele usava preto.
Não consegui impedir o sorriso.
— O que é isso?
— O pacote completo – Ele disse me passando as flores – Tem até um cartão.
Enquanto ele entrava no apartamento, olhei desconfiada para o cartão. Era enfeitado demais. Nada Scorpius.
Você não é comida, mas eu gosto de você.
Eu ri.
— Melhor cartão da minha vida. Você é um doce – Dei um abraço nele – E obrigada pelas flores.
— Estavam em promoção.
Revirei os olhos e fui procurar um vaso para colocá-las.
— A gente pode ir já? Estou morto de fome.
— Eu também! Era por isso que eu não queria que você subisse.
— E você queria ficar andando com flores por aí?
— Eu não me importaria.
— Já sei o que te dar em seu aniversário.
— Eu ia amar.
— Eu também. Sabia que flores são baratas?
— Scorpius, você está tirando toda a emoção da coisa.
— Desculpe?
— Não vale se não for de coração.
— Você está bonita – Seu sorriso e seus olhos em mim eram bastante descarados.
Tentei não corar nem fazer algo drástico, como por exemplo, jogá-lo no sofá.
Mesmo que fosse o que eu queria fazer.
— Eu sei, mas obrigada. Você também está.
— A gente pode ir comer agora?
— Sim – Empurrei-o para fora do apartamento.
Confesso que fiquei boquiaberta quando entramos no restaurante. O lugar estava lindo, cheio de flores, corações e velas. Um tanto brega, mas bonito.
— Como você conseguiu reserva nesse lugar tão em cima da hora?
— Suborno.
— Sério?
— Não. A namorada do meu colega de trabalho terminou com ele hoje.
Eu fiquei horrorizada.
— E por que você não está lá com ele?
— Eu me ofereci, mesmo sabendo que poderia ser decapitado por você, mas ele disse que queria ficar sozinho e pediu para eu aparecer daqui três dias para me certificar de que ele tome banho.
— Leve chocolate. Chocolate sempre ajuda. Skin care também.
— Não sei se o Zabine é do tipo que faz skin care.
— Ele deveria.
Scorpius rolou os olhos e se voltou para o cardápio.
— Por que a namorada dele terminou com ele?
— Hum...
— O que foi? A culpa não foi sua, não é?
— Que? Claro que não. Eu nem gostava da garota.
— Eu sei, mas você é safado.
— Assim você me ofende. Eu não sairia com namorada de amigo.
— É que você tem aquele estereótipo.
— Qual?
— O vou-roubar-sua-namorada.
— Isso é um elogio ou uma ofensa?
— Depende. O namorado da garota ficaria ofendido.
— Eu não faria esse tipo de coisa, como eu já disse. Eu sou um ótimo amigo.
— Eu sei. Desculpe.
— Se não for de coração não vale – Ele rebateu.
— Mas eu falei de coração!
— Não sei não, eu senti uma leve ironia, o que é inapropriado, porque eu estou aqui e isso é uma grande prova da minha lealdade.
— Eu sei – Peguei sua mão em cima da mesa – E eu estou muito feliz por você estar me fazendo companhia.
— Não estava parecendo.
Apertei sua mão.
— Pare de fingir que está bravo, você não é muito bom nisso.
Ele deixou escapar um sorriso.
— Não sou bom com mentiras.
Soltei sua mão.
— O que me faz pensar... Como você saiu com todas aquelas garotas?
— De novo esse menosprezo?
— Eu só estava brincando, desculpe.
Ou estava com ciúmes.
— Está pronta para pedir?
— Pode ser.
O garçom anotou nossos pedidos e se afastou.
— De onde surgiu essa ideia de sair no dia dos namorados?
— Ontem eu estava tomando vinho e lendo fanfic...
— Fala sério.
— Não me julgue! Mencionaram cartas que o Napoleão Bonaparte escreveu e eu fui procurar... O cara não parecia legal, mas se eu tivesse recebido aquelas cartas provavelmente me apaixonaria por ele.
— Me envie depois.
— Pode deixar, mas não ache que são declarações de amor da minha parte.
Ele riu.
— Achei estranho você me ligar para pedir um encontro. Você também não gosta muito desse tipo de coisa.
— Mais ou menos. Às vezes gosto, de uma coisa ou outra. Não tenho aversão ao romantismo igual você.
— Eu te dei flores.
— Porque estavam baratas.
— Ah, é mesmo.
Revirei os olhos.
— Na verdade, achei que o convite era com segundas intenções.
Sorri.
— E se fosse?
— Vou ficar contente. Amanhã vou me gabar com Thomas de que alguém me queria com segundas intenções.
— Pobre Zabine.
— Faz algum tempo que ninguém me deseja com segundas intenções.
— Eu duvido disso.
— É sério. Faz algum tempo que não saio com ninguém.
Tentei não parecer muito animada com a informação.
— Oh, pobrezinho. Que bom que eu te chamei para sair no dia dos namorados.
— Ainda não tenho certeza se isso foi algo bom ou não.
— Se eu não tivesse te chamado você estaria agora de pijamas, comendo pizza e chorando assistindo um amor para recordar na TV.
— Não vejo nada de errado nesse cenário. Inclusive talvez fosse melhor, porque eu não teria visto aquele casal ali – Ele apontou para a mesa ao lado – engolirem um ao outro.
— Você acha que ela está sentindo o sabor do fígado dele?
— Eu acho que você está superestimando o tamanho da língua dela.
Eu ri.
Voltei ao assunto anterior.
— Ok, você tem um bom ponto, mas se você tivesse ficado em casa você não teria a minha companhia.
— Touché. Mas – Ele se inclinou sobre a mesa, seus olhos se concentrando nos meus – Se isso não me render um beijo ou uma massagem nas costas terá consequências.
Tentei não demonstrar o quanto seus olhos me desconcertavam.
A verdade era que “leve atração” era raso demais para definir como eu me sentia em relação a Scorpius.
— Isso deveria ser você sendo ameaçador? Porque não deu certo.
Nenhum pouco.
Eu inclusive fiquei interessada pelas consequências.
— Você não compreende o perigo, Weasley.
— Achei que tínhamos passado do período dos sobrenomes.
— Eu acho que dá uma tensão sexual bacana.
Ergui uma sobrancelha, foi impossível não sorrir.
— É isso que você quer causar? Tensão sexual?
— Tentarei me empenhar essa noite.
— E por que exatamente?
— Você sabe como as noites com tensão sexual terminam.
— Sei?
— Acho que você sabe.
Tentei não me animar.
Bebi minha água para não precisar respondê-lo imediatamente.
Aquele tipo de jogo me divertia, mas não é algo que eu admitiria em voz alta.
— Como dizia Lady Violet, vulgaridade não substitui inteligência.
— Eu nunca entendo suas referências.
— Entenderia se assistisse Downton Abbey ou as outras inúmeras séries que eu já te indiquei.
— Rose, nós temos muito em comum, mas séries não é uma delas.
— Um dia ainda vou acertar.
— Você pode continuar tentando.
— Eu vou.
— Em vão, devo dizer.
— Se você fosse meu amigo de verdade você assistiria minhas séries.
— Eu sou seu amigo de verdade, eu não estou aqui?
— Você vai jogar isso na minha cara para sempre ou só até o fim da noite mesmo?
— Depende... De como a noite terminar – Seu sorriso era bastante malicioso.
— Você bebeu antes de vir?
— Não. Por quê?
— Você está... Como eu posso dizer? Muito atirado essa noite.
— É o dia dos namorados.
— Isso significa o que exatamente?
— Que as pessoas ficam atiradas no dia dos namorados.
— Eu pensei que elas ficassem românticas.
— Essas são o outro tipo de pessoas.
Não segurei o sorriso.
Scorpius era divertido.
Ou eu é que estava encantada demais.
— Como foi o seu dia?
— Um pouco estressante. Clientes que buscam serviços de publicidade são uns chatos e chefes de agências de publicidade também. Além disso, o Zabine estava melancólico demais para apreciar o meu humor ácido.
— Dia difícil, guerreiro.
— Foi como lutar contra os persas com só 300 guerreiros espartanos.
Ergui a sobrancelha.
— Você perdeu então?
— Mas resisti bravamente.
— Acho que devo te parabenizar então.
— Só aceito cumprimentos se for acompanhado de beijos.
— Você está um pouco carente.
— Não é essa a palavra que eu usaria.
— Você está impossível essa noite.
— Você só me disse para vir, não especificou qual deveria ser meu humor.
— Tentarei me lembrar disso na próxima.
— Então você vai me convidar para outros encontros?
— Vou ganhar outras flores?
O garçom voltou com os nossos pratos.
— Já pensou que se você tivesse uma floricultura você teria flores todos os dias?
— Por que eu teria uma floricultura?
— Eu já não disse? Para ter flores.
— Ah. Claro. Mas talvez eu prefira ganhá-las.
Ele ergueu as sobrancelhas, mas não disse nada.
Começamos a comer.
— Eu contei sobre a conferência sobre sexualidade que eu fui?
— Não, mas por que você não me chamou?
— Eu fui por causa do trabalho. Perdi uma aposta.
— Você continua fazendo apostas?
— Às vezes, mas o que eu quero te contar é sobre a senhora que eu entrevistei. Ela era dona de uma das lojas de produtos eróticos e também bisavó.
— Uau.
— Você ainda não ouviu nada. Ela contou que quando ela conhece um cara, ela pergunta se ele é homem ou lobo. Se ele responder que é homem, ela não quer. Sabe por quê?
— Por quê?
— Porque é lobo que come vovozinha.
Scorpius gargalhou.
— Não é maravilhoso?
— Surpreendente.
— Espero ter a energia dela na velhice.
— Você pensa sobre isso?
— Um pouco. Quero envelhecer bem. Saudável. Você não?
— Evito pensar na velhice. Não gosto da ideia.
— Não tem como escapar, você sabe.
— Não quero escapar... Só adiar.
— Medo da beleza desaparecer, Scorpius?
— Acho que sim... E obrigado pelo elogio embutido.
Não desfiz o elogio. Não tinha necessidade de contrariar a realidade.
— E como está o jornal?
— Divertido. Continuo cada dia fazendo uma coisa.
— E você gosta?
— Por enquanto sim. Tenho que confessar que escrever o horóscopo é muito engraçado.
— Você gosta de brincar com a vida das pessoas não é?
Revirei os olhos.
— Não exagere. Não é assim que funciona... Só que é impossível fazer uma previsão válida para todas as pessoas do mesmo signo, elas não terão dias iguais. Acabei cansando de tentar. Agora eu só deixo a criatividade agir.
— Céus.
— Leia a coluna amanhã.
— Por quê?
— Dependendo de como a noite terminar, o horóscopo de escorpião amanhã pode ser de bons presságios ou de maldições.
— Você vai me mandar indiretas pelo horóscopo?
— Claro! Cheque o tarot também.
— O que eu faço com você, Rose?
Eu gostaria de poder responder com sinceridade, mas a resposta era bastante imprópria.
— Eu estava brincando, o tarot eu levo mais a sério. Posso jogar as cartas para você um dia.
— Eu passo, mas obrigado.
— Medo do que as cartas vão dizer, Scorpius?
— Medo do que você vai dizer.
— Eu sou um anjo.
– Acho que você tem uma imagem distorcida de si mesma.
— Você está falando isso para mim?
— Não sei do que você está falando.
— Você se lembra de quando nos conhecemos?
— O que tem?
— Você achou que eu queria dormir com você.
Ele pareceu constrangido.
— Ok. Talvez eu tenha interpretado errado aquele dia.
— Você acha?
— A culpa foi do Albus. Ele ficou me incitando.
— Depois de anos você ainda presta atenção no que Albus diz?
— Agora eu tenho você para filtrar o que ele fala.
— O que seria você sem mim, não é?
— Eu estaria perdido, jogado na rua, em eterna lamúria.
Eu ri.
— Você é realmente dramático.
— Você sabia que pessoas que passam muito tempo juntas acabam ficando parecidas, não sabe?
Ignorei sua indireta.
— Deus me livre me tornar um Scorpius Malfoy.
— Quem está perdendo é você.
— Não sei não.
Ele colocou a mão no queixo, pensativo.
— Apesar que é bom que você não seja eu.
— Por que você não se suporta, é?
— Porque eu não poderia beijá-la.
Era simples assim.
Ele dizia essas coisas e nem corava.
Era uma insensibilidade com os meus sentimentos.
Não encontrei palavras suficientes para expressar o que eu sentia, portanto, não respondi.
— Não vai falar nada?
— O que você quer que eu fale?
— Que você quer me beijar de volta, ué.
Scorpius era insuportável.
— Você realmente é um convencido.
— Eu me esforço.
— Você não tem vergonha na cara, Scorpius?
— Vergonha é a última coisa que eu tenho.
— Estou percebendo.
Eu estava provocando-o, mas a verdade é que eu estava gostando daquele jogo.
Scorpius fazia o meu tipo.
Não tinha como negar.
— Não acredito – Ele falou, olhando para o outro lado do salão – Minha ex-namorada.
— Qual? – Perguntei, antes de olhar para a mesa que ele tinha apontado.
— Aquela que tinha ciúmes de você.
Era Quinn Scamander. Ela costumava ser uma garota legal.
— Será que deveríamos ir dizer oi?
— Por que faríamos isso?
— Educação?
— Não, ela nem se lembra de mim.
Encarei-o, descrente.
Se eu tivesse namorado Scorpius Malfoy seria bem difícil esquecê-lo.
— Isso seria impossível.
— Obrigado.
— Não foi isso que eu quis dizer.
— Eu já disse que você é um convencido?
— Já. Duas vezes – Ele sorriu – Acho que você gosta bastante desse aspecto da minha personalidade.
— Não era isso que eu estava pensando, mas vamos deixar por isso mesmo.
— Você é tão gentil.
Dei o meu sorriso mais falso.
— Eu sei.
— Vamos pedir a sobremesa?
— Sim, vou precisar de algo bem doce para superar o seu humor azedo.
— Que gratuito.
— O vinho me deixa um pouco sem noção.
— Isso é um pedido de desculpas?
— Pode ser.
— Você precisa se esforçar mais do que isso.
— Será que você poderia me perdoar pela minha ofensa impensada?
— Eu só aceito desculpas se forem acompanhadas de beijos.
— Pensarei a respeito, mas agora eu quero bolo de chocolate.
Pedimos nossa sobremesa.
Meu celular começou a vibrar incansavelmente e fui obrigada a pegá-lo.
Eram mensagens da Lily que ignorei.
Sem querer entrei no instagram.
Uma foto de Albus e Dominique preencheu a tela inteira.
— Oh, céus.
— O que foi?
— Albus postando foto com a Dominique e com um texto bem brega.
— Deixe-me ver.
Ele leu o texto e me devolveu o celular.
— Ele é muito gado.
— É um pouco bonitinho.
— O vinho realmente deturpa sua noção.
Ignorei seu comentário.
— Vamos tirar uma foto.
— Por quê?
— Para postar.
— Repito: por quê?
— Porque isso é um encontro e eu mando nele, então você vai fazer o que eu quiser. Senta aqui do meu lado.
— Já que você está pedindo com tanto carinho...
Ele sentou-se ao meu lado e passou o braço pelo meu ombro.
— Vamos logo que eu detesto foto.
— Isso é mentira, você ama foto.
O instagram do Scorpius tinha mais de quatrocentas fotos.
— Mas não com gente bonita, porque ofusca a minha beleza.
Apertei sua bochecha.
— Seria impossível.
Era pra levar só um minuto tirando a foto, mas Scorpius era exigente demais.
— Desisto. Escolhe uma dessas.
— O meu nariz é torto?
— Só um pouquinho, mas é bonito.
Ele nem deu bola, ficou passando as fotos e dando zoom no próprio rosto.
— Gostei dessas duas.
A primeira éramos nós dois sorrindo para a câmera e a segunda ele beijando minha bochecha.
— Incrivelmente você conseguiu escolher fotos onde nós dois estamos bonitos.
Scorpius tinha a tendência de só reparar nele e o resto que se dane.
Selecionei as fotos e postei.
— O que você escreveu na legenda?
— Feliz dia dos namorados.
— Lily vai me mandar mensagem até o fim da noite perguntando se estamos namorando mesmo.
— Ela vai te perturbar horrores, se prepare.
— E isso nem vai me render beijos. Ou vai?
— Falando desse jeito? Claro que não.
— Vou tentar de novo – Ele se inclinou um pouco na minha direção, sorrindo – Gata, é verdade que você tem duas línguas na boca?
Que garoto estranho.
— Não.
— Quer ter?
Eu ri.
— Você quase conseguiu.
— Vou tentar de novo...
— Não! Você já teve duas chances.
— Droga. Achei que ia conseguir beijos no dia dos namorados.
— Eu me pergunto por que você não tem uma namorada.
— Essa é fácil, porque minha última namorada terminou comigo.
— E por que será?
— Não sei, ela deu a desculpa de falta de afinidade, mas eu não acreditei muito.
— Eu aposto na total falta de romantismo.
— Eu te dei flores.
— Mais um ato obrigatório do que romantismo propriamente dito.
— Acho que estou ofendido com a imagem que você tem de mim.
— Não fique. Eu não me importo com você não ser romântico, só gosto de brincar com você sobre isso.
— É, eu percebo que você gosta de brincar comigo.
— Eu? Você tem certeza?
— Eu sempre falei diretamente.
Estreitei os olhos.
Não era bem o que eu achava.
Fomos interrompidos pela chegada da nossa sobremesa.
— Você sabia que um dia o cacau não vai mais existir?
— Sério?
— Muito triste, não é?
— Eu não gosto de chocolate, Rose.
— Você é uma aberração, Malfoy.
— Ora, ora, tentando criar tensão sexual?
— Não.
— Seu não foi bastante firme, acho que você está mentindo.
Apertei os lábios para não rir.
— Lembra do que eu disse sobre você distorcer as coisas?
— Eu acho que tudo é questão de perspectiva.
— Se você começar a falar sobre a “minha verdade” e a “sua verdade” eu vou embora.
— Claro que não, eu ia falar sobre realidades paralelas.
E foi assim que eu terminei minha sobremesa ouvindo Scorpius contar sobre teorias estranhas.
— Já não está tarde?
— Não?
— Eu preciso trabalhar amanhã e acho que você também.
— Saudades de quando eu virava a noite acordado e não parecia um zumbi no dia seguinte.
— Você já teve esse poder?
— Você nunca foi jovem?
— Acho que não.
— Não estou surpreso.
— Scorpius, você sabe que está se tornando um velho também, não é?
Ele suspirou, enquanto levantava.
— É, eu sei...
Deixamos o restaurante e fomos para o seu carro enquanto Scorpius reclamava dos bons tempos da sua juventude. Exatamente como um velho.
Scorpius estacionou em frente ao meu prédio.
— Não queria trabalhar amanhã.
O que eu queria dizer era que eu não queria ter que terminar nossa noite.
— A frase que o proletariado mais diz.
— “Quero ir embora” também é bem usado.
— É uma indireta?
— Não – Dei um risinho, enquanto desafivelava o cinto e abria a porta.
Scorpius fez o mesmo.
— O que você está fazendo?
— Vou te levar até a porta – Ele respondeu já fora do carro.
— Você sabe que beijos na porta são clichês, não sabe?
— Ah, é? – Ele não parecia muito interessado.
— Só não é mais clichê do que beijos na chuva.
— Você já tentou?
— Beijar na chuva? Não. Mas deve ser bem gelado.
— Não. Você já tentou não ser uma estraga prazeres?
Era assim que ele queria me beijar?
Ele deu a volta no carro, vindo em minha direção.
— Não sei do que você está falando.
— Acho que sabe, mas, talvez eu tenha errado. Você não é uma estraga prazeres - Eu ia abrir a boca para concordar, mas ele não deixou - Só gosta de iludir mesmo.
Agora eu estava definitivamente ofendida.
— Eu?
— Rose, se iludir fosse crime, você pegaria prisão perpétua.
Era difícil ter raiva quando você queria rir.
Cruzei os braços.
— Não acho que seja eu que trabalhe com ilusão.
— Eu sempre sou bem direto.
— Discordo. Nunca sei se você está falando sério ou só brincando.
Ele parou um instante, parecia estar avaliando alguma coisa.
— Talvez... Talvez eu não tenha sido claro antes, porque você me deixa inseguro.
— Digo o mesmo.
Scorpius avançou alguns passos. Próximo demais.
Era um pouco difícil me concentrar quando ele estava tão perto.
— Que tal se eu for mais claro a partir de agora? – Suas mãos tocaram minha cintura e foi difícil pensar no que dizer.
Mas eu tentei.
— Acho que poderia ser uma boa ide...
Não consegui terminar.
Por que Scorpius Malfoy estava me beijando.
Parte de mim estava em choque, a outra queria sair gritando “finalmente” pela rua.
Parte de mim estava ciente de que estávamos nos agarrando na frente do meu prédio, a outra não estava ligando muito para os vizinhos.
Parte de mim precisava respirar e outra não queria deixar Scorpius se afastar.
Mas ele o fez.
Tentei pensar em alguma coisa inteligente para dizer, mas eu só conseguia sorrir.
Scorpius acariciou minha bochecha, parecia satisfeito por ter me deixado sem palavras.
— Quem sabe a gente não pode repetir isso ano que vem?
Palavras não eram suficientes para responder essa pergunta, então me ergui e o puxei para outro beijo.
Horóscopo do dia!
Escorpião – 23/10 a 21/11: Hoje Mercúrio em câncer se comunica com o seu Sol em escorpião lhe trazendo memórias afetivas (sobre a noite de ontem, talvez?). O desejo de repetir bons momentos está presente. Então, que tal ir fazer aquela ligação antes que a Lua em Peixes possa te distrair?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
— Horóscopo final feito a partir do céu de hoje mesmo.
— Cartas do Napoleão: https://www.gutenberg.org/files/37499/37499-h/37499-h.htm. Leiam a de 23 de fevereiro de 1796.
Obrigada por lerem.
Dia 13 tem outra Scorose para vocês ♥