Mike bateu a porta de seu armário com força assustando quem estava ao seu redor. Aquilo tudo era irritação pelos acontecimentos da noite anterior, os gêmeos desconhecidos simplesmente foram embora depois de terem salvado a vida do grupo e agora muitas perguntas estavam sem resposta diante daquilo tudo.

— Quem eles realmente são? – Dustin dizia confuso.

— Se fechamos o portal como aqueles demogorgon estavam vivos? – Lucas fez mais uma pergunta.

— Eles são como a Eleven né? – Will estava tão curioso quanto os outros.

— Pessoal! – Mike estava irritado – fazer perguntas óbvias não vai adiantar.

Eles entraram no vestuário e trocaram suas roupas já que a educação física iria começar. Sam estava no campo se alongando enquanto seu irmão estava deitado na arquibancada. De imediato ela encarou o grupo de garotos, mas seus olhos pararam em Will. Estranhamente ela sentia uma mesma sensação ao vê-lo, seu irmão sentia o mesmo. Max e Eleven queriam se aproximar para começar a fazer as perguntas que permaneciam sem resposta, mas o apito do professor de educação física dava início a aula colocando todos para correr em volta do campo.

— Vem comigo – a ruiva puxou Eleven para que elas alcançassem a gêmea.

Elas tiveram sucesso e assim que seus passos ficaram em sintonia com os da loira Max fez questão de quebrar o silêncio.

— E então – ela começou – você sabe que temos muitas perguntas certo?

Sam a olhou e deu um suspiro.

— Pensei que esperariam até o fim das aulas – ela respondeu – então eu e meu irmão iriamos até a casa de um de vocês para responder aos questionamentos, mas pelo visto vocês são mais curiosos do que eu deduzi.

— Já passamos por muita coisa – Eleven a encarou – ficamos desconfiados e querendo logo respostas. Eu mais que tudo quero proteger meus amigos.

— Tudo ao seu tempo Eleven – Sam sorriu para ela – depois da aula na casa de algum de vocês.

Max iria protestar e antes de conseguir Sam apressou o passo ficando bem a frente delas. Logo ela olhou para Lucas e acenou como um código de que tudo estava certo. Mike então conseguiu relaxar, mas só um pouco, os gêmeos pareciam esconder bem mais do que a mesma origem de Eleven e isso o assustava.

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Depois do longo dia de aulas o grupo de garotos se dirigiu para a casa dos Bayers para enfim terem as respostas sobre os gêmeos. Os dois pareciam bem tranquilos no trajeto até o local e nada de muito significativo foi dito. A mãe de Will estava na delegacia que era seu novo local de trabalho, mesmo que lembrasse muito Hooper ela estava feliz e realizada. Jonatan deveria estar com Nancy no jornal local onde os dois conseguiram trabalho. Quando entraram na casa Sam e Jason logo foram encarados com expressões curiosas.

— Tudo bem – Jason disse e levantou a manga de sua blusa assim como Sam.

— Four e Five – Mike disse ao ver o número em seus pulsos.

— Eleven – a garota disse mostrando seu número – somos irmãos?

— Se você considerar todos os que passaram pelo mesmo experimento que você como irmãos, então sim – Sam se sentou no sofá ao lado de Will – sabemos que a Eight está viva também.

— Tem mais de nós? – Eleven perguntou.

— One, Two, Three, Six, Seven, Nine e Ten estão todos mortos – Jason disse e todos os olharam surpresos – não resistiram aos experimentos.

Por um momento o silêncio se instaurou no local, todos se sentiam mal por aquela situação.

— Por que estão em Hawkins? – Max quebrou o silêncio.

— Eu tive uma visão com esse lugar – Jason encarou a ruiva – e foi só eu chegar aqui que entendi o porquê.

— Pesquisamos sobre os acontecimentos da cidade e já sabemos de tudo, principalmente sobre o portal – Sam completou.

— Alguém está tentando o abrir outra vez? – Mike disse afoito.

— Não – Jason respondeu rápido – o portal com a passagem para o mundo invertido está bem fechado, o problema é a fenda temporal.

— Fenda temporal? – Dustin se empolgou – não me diga que entre o mundo invertido e o nosso existe uma linha temporal?!

— Existe – o loiro o encarou – aqueles monstros atravessaram essa fenda, eles vieram de algum lugar da linha temporal do passado para a nossa linha temporal.

— Isso é insano – Lucas disse animado.

Sam olhava para Will de canto de olho sem ele perceber, ele parecia ser o mais calado dali já que não tinha falado nada e estava com uma expressão preocupada. Ela sabia que tinha algo de diferente nele, algo que o diferenciava dos outros e então como uma luz ela percebeu do que se tratava.

— É ele! – Sam disse interrompendo a conversa chamando a atenção de todos para si – você já esteve no mundo invertido certo?

— Sim – Will disse surpreso por ela perceber – como sabe disso?

— Eu posso sentir o calor dos corpos ao meu redor e o seu é um tanto diferente – ela respondeu – Jason?

— Certo – ele se aproximou de Will – meu poder é basicamente poder mudar as emoções das pessoas, sinto o que elas sentem e tenho visões tanto com esse mundo quanto com o mundo invertido, posso ler você Will?

O Bayers olhou ao redor como se pedisse auxilio dos amigos que pareciam querer ver o resultado daquilo, mas o que ele teria a perder?

— Tudo bem – ele respondeu e respirou fundo.

— Apenas pense nas sensações daquele dia – Jason respondeu e tocou o rosto dele com as duas mãos.

Sam se afastou um pouco e os outros olhavam com atenção. Ela sabia que Jason apenas iria ajudar Will para que ele pudesse se sentir melhor em relação ao que aconteceu no passado. Ficar no mundo invertido muito tempo como Will havia ficado criara feridas emocionais que não teriam cura. Mas as habilidades do irmão poderiam curar o garoto que se sentiria melhor no final de tudo. Era como drenar sentimentos e sensações ruins.

— Tudo certo – Jason sorriu para o garoto – agora vai se sentir melhor.

— Obrigada – Will realmente se sentia melhor, ele olhou para Sam com um grande sorriso e ela o retribuiu.

— Demais – Dustin disse – e você é como o Superman?

— Prefiro Mulher Maravilha – Sam disse rindo – mas só tenho a super força mesmo.

— A Eleven usa a telecinesia – Mike disse e a garota pareceu se incomodar.

— Usava – ela disse triste.

— Ela está com dificuldades apenas – Mike segurou a mão dela – vai voltar.

— Será que eu posso? – Jason sugeriu e ao olhar para Mike, Eleven permitiu ele se aproximar – apenas relaxe.

Jason vasculhou as emoções de Eleven e bem ao fundo delas ele encontrou como se fosse uma semente o que estava bloqueando os seus poderes. O devorador de mentes tinha conseguido atingi-la fisicamente, mas como ela tirou o parasita ele conseguiu se ligar as emoções dela. Como se estivesse devorando seus poderes.

— Nossa – ele soltou ela e respirou fundo – vamos ter um longo caminho, o devorador de mentes, como vocês chamam, se ligou as suas emoções para devorar seus poderes.

— O que? – Eleven disse surpresa – e o que eu faço agora?

— Eu posso detê-lo se fizermos isso todos os dias – Jason garantiu a ela – mas tem que prometer que não vai tentar usar seus poderes até terminarmos tudo. 

— Eu prometo – Eleven garantiu.

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Sam estava mais aliviada por terem esclarecido algumas coisas no dia anterior, mas sempre que pensava que ainda vinham mais coisas pela frente se preocupava com o que teriam que enfrentar. Jason havia faltado aula naquele dia para ir com a irmã mais velha deles fazer algumas pesquisas, ela era muito esperta e trabalhava como enfermeira no hospital. No fim ela só queria ir para casa descansar, mas ainda tinha uma aula para enfrentar. Ela foi para parte de trás da escola ver se conseguia um pouco de silencio, mas ao chegar no local viu dois garotos encurralando Will. Ela queria dar meia volta e sair dali, mas seu corpo correu em direção ao garoto sem pensar muito.

— Hey o que pensam que estão fazendo? – ela perguntou autoritária.

— Melhor procurara sua turma loirinha – um deles disse.

— Eu prefiro que vocês o deixem em paz enquanto eu estou de bom humor – ela respondeu entre dentes.

— Ou o que? – o garoto socou o rosto do Bayers que caiu no chão.

Ao presenciar aquilo, Sam empurrou um dos garotos contra o muro e socou a barriga dele e o outro que iria segurá-la ela segurou seu pulso e chutou seu estômago. Os dois correram para longe dali.

— Não deviam mexer com uma garota que é lutadora profissional! – ela gritou e se virou para Will que estava no chão – você está bem Will?

— Estou – ele aceitou a ajuda dela para levantar – não deveria ter feito isso, eles vão notar que você é mais forte que qualquer ser humano.

— Relaxa – ela sorriu – eu maneirei na força para parecer apenas uma garota que sabe lutar.

Os dois riram e Will achou o som da risada dela tão gostosa.

— Não tá tão feio – ela estendeu a mão e tocou o canto do lábio dele que havia sido socado.

Will sentiu seu coração acelerar e seu rosto esquentar com o toque dela.

— Vem eu ajudo a limpar – ela disse e segurou na mão dele o guiando para dentro da escola.

O Bayers olhou para suas mãos entrelaçadas e não pode deixar de notar o quão quente elas eram, o que contrastava com a frieza das mãos dele. Algumas pessoas os encaravam curiosos e Sam parecia nem notar, enquanto dentro de Will brotavam sentimentos que ele não sabia que existiam.