Brisa da Primavera escrita por Angel Black
Harry, Rony, Hermione e Gina saíram todos agarradinhos para fora do castelo. Estava nevando ali fora, mas como haviam tomado uma grande quantidade de licor de amêndoas com hortelã, nem sentiam o frio.
Havia alguns casais ali fora que se beijavam. Procuravam se esquivar entre arbustos, dentro das carruagens ou em algum lugar mais escuro e era o que aconteceria com os quatro dali a pouco. Harry olhava com malícia para Rony. Sabia que o amigo tencionava ficar com Hermione naquela noite. Ele ajudou o ruivo a se arrumar, comprando-lhe um terno novo, deu-lhe conselhos e tudo o mais.
Rony parecia mesmo transformado naquela noite. Havia deixado os costumeiros insultos contra Hermione para usar um vocabulário mais delicado e que Harry sabia que ela gostaria. Durante o baile, os dois haviam dançado duas vezes, o que era muito bom até. Agora só faltava o “grand finale”.
Mesmo Harry pensava em ficar com Gina naquela noite. Não que quisesse restabelecer as relações com ela, mas queria dar uma folga a si mesmo. Os acontecimentos dos últimos meses apontavam para uma guerra inevitável e presente. Não havia mais como retornar... então, ao menos gostaria de passar algum tempo com a garota que amava.
E assim saíram os quatro para os jardins de Hogwarts, completamente bêbados e trôpegos. Hermione ria muito e com graça, brincando com uma árvore como se ela fosse seu par de dança.
— Essa noite vai ficar para sempre marcada em minha mente... mesmo se o pior... – o final da frase ficou no ar. Ela se sentiu um pouco triste e começou a caminhar um pouco para frente.
Resolveu, então, brincar sobre o lago congelado.
— Vejam... eu sou uma dançarina!Há, Há, Há! – ria-se ela, deslizando sobre o gelo e caindo com estrondo muitas vezes... – Vem, Rony, seu bobo!!!
— Hermione está bêbada! – disse Gina, olhando para a amiga. – Eu nunca a vi assim...
— Deixe-a... é só por uma noite! – disse Harry sorrindo para Gina. Ele agarrou sua cintura, encostou-a sobre uma árvore e começou a beijá-la, escutando ao longe as risadas de Hermione.
— Você não sabe brincar, Rony... é assim! – riu Hermione mais uma vez...
— Harry... eu te amo tanto! – disse Gina, abraçando Harry como que para se proteger do frio. – Por que insiste em ficar longe de mim, amorzinho?
— Você sabe porque, Gina...
— Hermione? – era a voz de Rony.
— Ah... Harry... porque? Se você me ama... e eu te amo... – disse Gina, apaixonadamente.
— Hermione? – Rony, novamente.
— Você sabe, Gina... Sabe que não dá... eu tenho muitas coisas a fazer... vai ser pior daqui para a frente... Voldemort está claramente me chamando para a briga... e eu não vou poder adiar mais...
— Hermione?
— Mas... Harry... – continuava Gina.
— HERMIONE? – o grito de Rony chamou a atenção de Harry.
Harry virou-se para onde Rony estava. O amigo escorregava sobre o gelo há alguns metros, mas não havia sinal de Hermione.
— Rony? Cadê a Mione? – Harry perguntou, afastando a mão de Gina que tentava manter Harry olhando em sua direção.
— Não sei, Harry... ela sumiu de repente.
— HERMIONE!!! – disse ele, sentindo uma pontada doída no coração. – SE É ALGUMA BRINCADEIRA... PODE PARAR AGORA MESMO!
Mas não houve resposta.
— HERMIONE!!!! – gritou Harry, sentindo o desespero tomar conta de seu corpo.... – MEU DEUS... !!!!
Harry investiu sobre o gelo, ao divisar um monte preto que podia ser a capa de Hermione.
— Harry... sai daí... o gelo está se quebrando!!! Vamos chamar alguém – gritou Gina para ele.
Era verdade. Onde Harry caminhava o gelo começava a se quebrar...
Rony começou a se afastar para a margem, para onde estava Gina.
— HERMIONE!!! – gritou Harry, caminhando com cuidado, mas continuando a avançar.
— SAI DAÍ, HARRY! – gritou Rony, já seguro na margem do lago, mas Harry não lhe deu bola. Sentia o gelo se quebrando sob seus pés, mas continuou. Via agora, claramente que o monte negro era mesmo a capa de Hermione.
— HERMIONE!!! HERMIONE PELO AMOR DE DEUS.... !
Novamente uma pontada tomou conta de seu corpo quando viu por sob o gelo, a face branca de Hermione boiando na água gela.
— HERMIONE!!! – Harry deitou-se sobre o gelo, para que ele não se quebrasse de uma vez e começou a puxar o casaco de Hermione.
Ele a tirou da água com agilidade e a enlaçou pela cintura, arrastando-se para a margem.
— Meu Deus! – gritou Rony... apavorado quando viu Hermione totalmente molhada... - eu vou chamar ajuda – e saiu correndo para o castelo.
Gina tapou a boca com as mãos quando Harry depositou Hermione sobre a neve na margem do lago. Ela estava lívida, pálida como uma boneca de cera, mas seus lábios estava roxos.
— Vamos... Hermione... respire! – disse Harry, soprando forte sobre os seus lábios.
Ele ficou sobre a garota e começou a fazer massagem respiratória no peito, alternando com respiração boca-a-boca...
— Vamos... Mione... por favor... – disse ele, sentindo uma lágrima quente, escapando-lhe dos olhos. – Por favor... - Não queria pensar no pior, mas o medo apertava-lhe o coração, como nunca imaginara. Mesmo a morte de Sirius não lhe pareceu tão desesperadora quanto aquela situação. Não queria pensar que a vida de sua querida Hermione começava a se esvair, escapando-lhe entre os dedos. - Meu Deus, Mione, por favor...
Uhg... cof... cof... cof...
Começou Hermione a tossir vomitando toda a água que engolira.
— Isso, querida... cuspa tudo... – disse Harry, virando a garota de lado, enquanto acariciava os cabelos molhados dela.
Hermione começou a tremer convulsivamente para pavor de Harry. Não suportando ver a cena, Gina virou-se e passou a correr em direção ao castelo.
Rony andava de um lado a outro, sem saber o que fazer.
— Vai ficar tudo bem, Hermione... vai ficar tudo bem... – Harry pensou no que seria mais sábio fazer naquela hora... sabia que não daria tempo de levar Hermione até um local quente, então, deixou-se levar pela ideia mais louca que poderia ter naquela hora.
Tirou as roupas dela, com violência, rasgando o capuz e a blusa pela falta de paciência e tato e depois tirou seu próprio capuz, ficando com a blusa de lã.
Segurou Hermione nos braços, contra seu peito de maneira a passar-lhe quanto calor pudesse e depois a cobriu com o capuz, passando a esfregar as costas de Hermione...
— Não se atreva a me deixar, está bem... não se atreva a me deixar...
Harry ergueu-se e andou rapidamente de volta ao castelo. Encontrou Madame Pomfrey e Macgonagal descendo as escadas junto com Rony e Gina, mas não deixou que lhe tirassem Hermione dos braços e continuou a subir.
— Ela está com hipotermia! – disse Harry, com muito medo, colocando Hermione sobre um das camas da ala hospitalar. – INCENDIO! – conjurou ele uma fogueira de chamas azuis que aqueceu o aposento imediatamente. Quando tirou o capuz de Hermione para tampa-la com os cobertores quentinhos, Gina franziu o cenho, zangando-se com Harry por ter despido Hermione.
— Eu não consegui pensar em outra coisa! – desculpou-se Harry, sem muito entusiasmo, sem desviar os olhos de Hermione e sem largar a sua mão.
— Vai dar tudo certo, Hermione... você vai sobreviver... você é forte... você é a garota mais forte que conheci... Hermione.... Hermione....
Harry começou a chorar copiosamente, ajoelhando-se ao lado da cama de Hermione e deitando-se sobre a amiga quase-morta.
— Harry...! – disse Gina, sem saber o que fazer. Para falar a verdade, ninguém imaginava aquela reação de Harry que havia agido tão ceticamente até aquela hora no intuito de salvar Hermione.
— A culpa é minha! Eu deveria ter cuidado dela. Hermione, por favor... não morra... não morra... eu preciso tanto de você...
— Harry... – Hermione balbuciou, tossindo, enquanto tentava se virar na cama.
Harry ergueu os olhos para Hermione que ainda tremia muito, embora mais controladamente.
— Não chore... – disse ela, antes de desmaiar novamente....
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