Cheater escrita por Maga Clari


Capítulo 4
Bilhete número 7 e 8


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, meus amores.
Sei que estou em débito com vocês, mas tem sido difícil manter a rotina de escrita, leitura e responder comentários. Principalmente porque gosto de dar as respostas com o carinho que vocês merecem. Falta pouco, essa história vai ter 6 capítulos no total (pelo menos, estou tentando seguir assim o planejamento). Agradeço pelo amor que vocês tem dado para essa história e por se envolverem tanto com ela. Também quero agradecer à Winnie Cooper por me trazer uma nova ideia para o desenrolar dos próximos capítulos "sem querer" através de uma pergunta supondo algo muito melhor do que o que eu havia planejado inicialmente.

Espero que continuem gostando e não desistam de mim.
Prometo responder a todos logo, logo.

Beijinhos. Bisous.



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BILHETE NÚMERO 7

Sim, ele tem outra namorada

Pelas varinhas mofadas de Salazar, viu?!  Eu não consigo acreditar que Rose Weasley seja tão… tão… Rose Weasley! Caramba, estou tentando protegê-la, só isso. O feitiço imobilizador chegou em mim de maneira mais emocional do que real, uma vez que noutro contexto eu certamente teria me livrado dele em questões de segundos, como ocorreu no momento subsequente a ela ter seguido seu caminho. 

Minhas motivações são puramente desprovidas de qualquer interesse pessoal. Eu apenas sinto uma empatia estranha por aquela garota que vive o que vivi com meus pais. Talvez eu nem devesse dizer isso, mas é importante pra entender por que isso é tão importante pra mim. 

Aos oito anos, peguei meus pais brigando feio na sala de visitas, quando uma encomenda chegou do correio. A princípio, pensei se tratar de uma discussão rotineira, que sempre acontecia quando o vovô Lúcio se lembrava que tinha uma família e se preocupava em escrever para nós. Dessa vez, entretanto, era uma encomenda. O pouco que ouvi pode ter sido algo parecido com o diálogo abaixo:

— Esse não é o seu nome, Draco. Não é o meu nome. Não é o nome do Scorpius. Para de mentir, eu sei que tem outra por aí.

— De novo isso? Quando é que você vai parar?

— Quando você deixar de receber correspondência de outro remetente. Ou melhor, de outro DESTINATÁRIO! Você não tem vergonha não?!

— Shhh! Vai acordar o Scorpius!

Anos depois, descobri que a história era ainda mais complicada do que havia imaginado. Papai vivia um romance com outras mulheres que tiveram um passado com ele na época da escola. Ele era um garanhão. Só se casou com a minha mãe por pressão familiar, mas tinha uma alma livre e gostava do que hoje conhecemos como relação poliamorosa. Mamãe não. Ela odiava esse conceito. 

As brigas continuaram. Dona Astória podia ser conivente até. Mas tentava o tempo todo fazê-lo mudar de ideia. Fazê-lo entender o que significava o amor, o casamento, uma família. Aos poucos, percebi que ele meio que entendeu e parou. No entanto, cresci questionando se papai a amava de verdade. Se a amava ao ponto de parar, ou desamava a ponto de existir a vontade de outras pessoas.

O início de minha puberdade foi um pouco conturbada também. Experimentei os primeiros beijos e as fantasias de ter alguém para andar de mãos dadas e encontros em Hogsmeade. Depois, minha personalidade foi se moldando. Descobri que gostava de rock, literatura gótica e poesia francesa. Passei a me sentir solitário, observador, e esperto demais para me deixar entrar numa furada como a que Rose se meteu. Oh, pobre menina. Em nenhuma das minhas intenções tem o cenário de você descobrindo o que ele fez, ou com quem fez. Eu só quero que você o deixe. 



BILHETE NÚMERO 8

Você tem que deixá-lo ir

Entrei no dormitório das meninas determinada a desvendar esse mistério ridículo. Já estava na hora de acabar com a brincadeira do Malfoy. Por isso, peguei todos os bilhetes e os coloquei em várias ordens, procurando enigmas, pistas, qualquer coisa! De alguma maneira, Scorpius (se for ele mesmo, no caso) está tentando me dizer que Lorcan não presta. Algumas perguntas surgiram na minha cabeça, então escrevi todas elas em meu caderno de pergaminho:

1. Por que isso importa para Scorpius?

2. Por que isso importa para mim?

3. Desde quando Scorpius nos observa?

4. Por que Scorpius nos observa?

5. O que Scorpius está tentando me contar?

E a mais importante:

6. Por que o anonimato?

A primeira providência seria descobrir uma maneira de comparar a letra de Scorpius com a letra dos bilhetes que tenho recebido. A segunda seria confrontá-lo com todas essas perguntas e tentar usar alguns pequenos truques para arrancar toda a informação que quero saber. Mas eu não pude continuar o meu momento sherlockiano já que meu irmão, Hugo, me gritou da varanda lufana:

— Rose!

— Diga! — gritei de volta.

— Me deixa subir!

— Só um instante!

Hesitei, derrotada, sabendo o trabalho que teria que fazer para deixá-lo entrar no dormitório feminino. Toda vez era isso. Encontrá-lo na saída de incêndio, quebrar o feitiço de gênero e puxá-lo pela janela. Tudo para acudir meu irmãozinho em suas rotineiras crises de adolescência tardia.

— Quem devo azarar agora? — perguntei, sem paciência já, me debruçando na janela.

— Código vermelho. Conversa longa dessa vez.

Oh. Então era coisa séria.

— Preciso te contar uma coisa.

— Hugo…

— Ninguém morreu — ele apressou-se em me tranquilizar, se ajeitando no parapeito — É sobre mim.

Fiquei intrigada então corri para ajudá-lo a entrar e acomodar-se nos puffs amarelos. Ele tinha um semblante triste e ligeiramente nervoso. Peguei o outro puff e sentei bem de frente e acionei o aromatizador de lavanda para acalmá-lo, como eu sempre fazia.

— Tudo bem — Hugo começou, respirando fundo — Eu queria muito ir a essa festa, sabe?

— Sei. Continue.

— Sinto que está na hora de tentar me integrar e fazer amigos que não sejam da família…

— Uhum.

— Então chamei uma pessoa para ir comigo. 

— Hugo, eu não tenho o dia todo, meu amor. 

— Tudo bem, tudo bem. Eu chamei uma pessoa para ser meu par na festa. Só que ela disse não.

Amoleci. Meu irmãozinho havia tido o seu primeiro coração partido. Oh, Morgana… Abracei ele com carinho, esperando que retribuisse e entendesse que eu compartilhava aquele momento com mesmo pesar.

— Oh, meu amor… — acariciei as bochechas dele, que enrubesceram — Não fique assim. Quer que eu vá com você?

— Rose!

— O quê que tem? Vergonha de mim?

— Você não entende…

— Claro que entendo, Hugo. Eu também nunca fui chamada para ser par de alguém em festas.

— Óbvio que não. Todo mundo sabe que isso não é bem “a sua praia”. Ser garoto é um saco! É humilhante! As garotas deviam convidar também, só pra variar. 

Vejo o bico emburrado de Hugo e solto um riso escondido recordando-me de quando ele era ainda um bebê querendo brincar com o que não devia.

— Olha, Hugo… — também respirei fundo, olhando-o nos olhos e segurando suas mãos — Vou te confessar uma coisa. Mas você vai ter que guardar segredo.

— Sempre — ele apressou-se em me estender o dedo mindinho.

— Talvez, só talvez, eu também quisesse ir à tal festa — digo, sentindo o estômago embrulhar, entrelaçando o dedinho no dele — Talvez eu até tenha com quem ir. Mas eu não sei se estou pronta para as fofocas chegarem aos ouvidos de papai. Então prefiro ir com você. Vamos, por favor… A gente vai se divertir muito. Como nos velhos tempos. O que acha?

Hugo pareceu considerar a ideia. Eu até vi um sorriso se formar bem discreto no fundo daquele mar de sardas. 

— Vamos juntos — ele disse.

— Combinado! — respondi, levantando-me em direção do meu guarda-roupa para ver se encontrava alguma coisa que fosse útil, para saber se precisaria ir às compras ou não — E eu vou te deixar bem lindo. Essa garota vai ficar morrendo de raiva e inveja.

— Acho difícil, viu?

— Por quê?

— Bom… — Hugo me observou tirar algumas peças do guarda-roupa e desviou o olhar por alguns segundos — Porque ela já tem um par.

— É mesmo? Que pena que terei que azará-lo também.

— Mas, Rose…

— Hum.

— Eu não sei se é um bom momento... Mas tem outra coisa que você não sabe.

— O quê.

— É um garoto. Eu convidei um garoto, Rose.


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