After the storm escrita por Dyanna Pereira


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Tive um imprevisto e não consegui postar ontem. Peço desculpas e desejo a vocês uma boa leitura!



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Uma semana já havia se passado desde que saí de casa. O jornal estava concorrendo a um prêmio de melhor site do Reino Unido, o que estava sugando todo o meu tempo. Chegava cedo demais no escritório e saía tarde demais, o que me deixava exausta. Não bastasse o cansaço por conta do trabalho, os enjoos matinais pioraram. Eu não conseguia manter nada dentro de mim por muito tempo. Tudo e todos pareciam conspirar contra mim. Nas reuniões, o cheiro de café ou de perfume sempre me atingiam com força, me fazendo interromper algum de meus colegas e correr para um banheiro. Era muito difícil entender o que meu estômago queria, já que eu estava faminta mas quando comia colocava tudo para fora. Estava com medo de ficar desidratada então pedi para que Amy me trouxesse uma água de coco. Havia combinado de passar o final de semana na casa de meus pais e planejava dirigir a noite toda, para estar lá no sábado de manhã. Depois de passar mal o dia inteiro, meus planos mudaram.

São oito horas quando desligo meu notebook, visto meu sobretudo e saio de minha sala. O escritório está vazio, todos os computadores desligados. O silêncio é ensurdecedor. Ouço um barulho vindo da sala da diretoria e segundos depois, o Sr. Pattinson abre a porta, digitando furiosamente em seu celular. Ele da um pulo ao me ver, depois solta um pigarro, se recompondo.
— Ginevra, não esperava te ver aqui tão tarde.- ele segura uma maleta com a mão livre, equilibrando uma pilha de papéis junto ao corpo.
— Boa noite, Sr. Pattinson. Pois é, muito trabalho hoje. Queria deixar algumas coisas encaminhadas para a próxima semana.- ele sorri, vindo em minha direção.
— Você sempre foi muito dedicada. Obrigado por me ajudar a tocar esse jornal.
— Não precisa me agradecer, faço apenas o meu trabalho.
— Você faz além disso, Gina. Sei que estamos atolados de trabalho, mas não é só uma inscrição que vai nos fazer ganhar aquele prêmio, hein?
— Sim, é verdade. Mas a equipe está muito focada. Temos grandes chances de ganhar.- ele guarda o celular no bolso, parado a poucos passos de mim.
— Você está bem? Sei que tem passado um pouco mal e também fiquei sabendo que você se separou. Sinto muito.- agradeço pelo ambiente estar escuro, já que minhas bochechas queimam. Condeno mentalmente a mim mesma e aos fofoqueiros daquele escritório.
— Está tudo bem. Eu devo estar com alguma intoxicação alimentar ou algo do tipo, não é nada demais.
— Você deveria procurar um médico.
— Irei procurar, Sr. Pattinson. Bem, eu já estava de saída. Boa noite.
— Boa noite, Ginevra. Te vejo na segunda.- assinto para ele e caminho até o estacionamento.

O Sr. Pattinson se chama Oliver e é uns dois anos mais velho que eu, apenas. O pai era dono do jornal e ele assumiu alguns anos atrás, quando o pai faleceu. Ele era bem bonito. Luna o chamava de "chefe gostosão", quando estava longe de Neville. Eu sabia que corria boatos pelos corredores que nós tínhamos um romance. Tenho 26 anos e as pessoas me consideram muito jovem para já ser editora chefe de um jornal tão renomado quanto esse. Mas eu trabalhei duro para conquistar esse cargo, não dormi com o chefe, como algumas pessoas pensam. Destravo o carro e entro, dirigindo até o meu apartamento. Depois de tomar um banho e jantar, preparo uma bolsa pequena para o final de semana na casa de meus pais. Resolvo dormir cedo para acordar bem disposta no dia seguinte.

Quando o som alto de meu despertador toca, pulo de minha cama, animada por visitar meus pais e por sair da cidade. Coloco um moletom confortável e quentinho, já que além da viagem ser longa, o dia estava nublado do lado de fora. Preparo um lanchinho para o caso de sentir fome na estrada e entro em meu carro, organizando tudo no banco de trás. Prendo meu cabelo em um coque, coloco meu cd 21 da Adele para tocar e saio da garagem, acelerando pelas ruas vazias de Londres. Faço questão de cantar bem alto todas as músicas de minha cantora favorita. Cada letra era um tapa na cara. Quando o toque conhecido de Turning Tables toca, os sentimentos afloram e algumas lágrimas surgem em meus olhos. Não me dou o trabalho de limpa-las, deixo-as cair.

All the I say, you always say more
Tudo o que eu digo, você sempre diz mais
I can't keep up with your turning tables
Eu não posso continuar com suas reviravoltas
Under your thumb, I can't breathe
Sob o seu controle, eu não consigo respirar
So I won't let you close enough to hurt me
Então eu não vou te deixar perto o suficiente para me machucar
No, I won't ask you, you just desert me
Não, eu não vou te perguntar, você simplesmente não me merece
I can't give you what you think you gave me
Eu não posso te dar, o que você pensa que me deu
It's time to say goodbye to turning tables
É hora de dizer adeus as reviravoltas.

Por volta do meio-dia, já estou dirigindo pela minha cidadezinha. Nossa casa ficava próxima ao centro da cidade, que naquele horário já estava cheio. Quando estaciono no meio-fio de frente para a casa de meus pais, minha mãe já me espera nos jardins e acena em minha direção. Claro que ela era ansiosa demais para me aguardar dentro de casa, mas sorrio ao vê-la, saindo do carro com minha pequena mala.
— Filha, como você está linda! Mas está tão magrinha. Tenho certeza que não está se alimentando direito.- abraço minha mãe, sentindo seu cheiro familiar. Ela cheirava a comida e amaciante.
— Estou me alimentando bem, mãe. Mas tenho passado muito mal esses últimos dias, devo ter perdido peso já que nada para em minha barriga.- ela me guia para dentro de casa, em direção a cozinha, onde encontro meu pai lendo o jornal.
— Gina, querida! Como é bom te ter em casa.- sorrio para meu pai, abraçando sua cintura.
— Oi, papai. Estava com muita saudade de vocês.- ele beija minha testa e me segura de frente para ele.
— Nós também estávamos, meu bem.
— Sente-se, filha. Não sabíamos que horas você iria chegar então já almoçamos, mas vou colocar uma comidinha para você. Fiz aquele ensopado, seu favorito.- me sento ao lado de meu pai, esperando enquanto minha mãe coloca meu almoço.
— O cheiro está muito bom mesmo.- ela coloca o prato na minha frente e meu estômago reclama. Como devagar, tentando evitar o enjoo.
— Você viu como está lindo o meu jardim? Não graças ao seu pai, é claro. Ele não se importa que as lagartas devorem minhas plantas. Contratei uma senhora que me ajuda a cuidar de tudo.
— Vi, sim. Mas pensei que era tudo critério seu. Você nunca deixou que chegássemos perto de suas plantas, mas uma estranha pode? - minha mãe revira os olhos para mim e percebo que meu pai está rindo por baixo do jornal.
— Ora, vocês não sabiam a diferença de uma margarida para um girassol, como eu ia permitir que cuidassem de um jardim inteiro? E ela não é uma estranha, o nome dela é Minerva. Uma senhora muito estudada.
— Ah, tudo bem, então. Como vai o trabalho, papai? - meu pai fecha o jornal, colocando o mesmo sobre a mesa.
— Tudo indo bem, querida. E o jornal, como vai? - dou mais uma colherada em meu ensopado, mastigando antes de responder.
— Estamos concorrendo a um prêmio. Melhor site do Reino Unido. Está bem cansativo, mas fico feliz com todos os resultados. É bom fazer o que se ama.- meu pai sorri para mim, segurando minhas mãos.
— Que bom, isso vai ser ótimo para sua carreira.
— Vai mesmo, querida.- minha mãe pisca em minha direção.
— Mas como estão as coisas, Gina? Tem falado com o Ha... Ai, Molly! - meu pai dobra o corpo em direção ao pé e minha mãe me encara com um olhar de desculpas.
— Está tudo bem, mãe. E não, pai. Não falo com Harry desde que saí de casa.
— Molly, não me olhe assim. Gina, vocês vão precisar se falar uma hora ou outra. Quer dizer, você pediu o divórcio? - minha mãe fuzila meu pai apenas com o olhar.
— Sim, pai. Eu sei disso, mas ainda não estou pronta para dar mais esse passo.
— Bom, pelo visto ele também não. Já faz dias que não o vejo naquelas coletivas e na última em que ele apareceu, parecia que tinha comido um morcego no jantar. E vivo.- minha mãe bate nele com o pano de prato e ele se levanta, as mãos voltadas para cima e sai da cozinha.
— Seu pai fala demais, Gina. Não dê ouvidos para as bobagens que ele diz. Esqueça o que ele falou, certo? Lembre daquilo que conversamos. Só você sabe o que é melhor para você.- sorrio para minha mãe.

Ficamos sentadas na cozinha por um tempo, conversando. Tento não pensar no que meu pai disse, mas aquelas palavras ficam remoendo em minha cabeça. Levo minha mala para meu antigo quarto, que se mantém como era antes, com exceção da roupa de cama que mudou um pouco. Não tinham mais cachorrinhos ou princesas, era liso agora. Tomo um banho relaxante e coloco um pijama confortável. Uma das coisas que aprendi com a terapia era que devíamos nos permitir. Nos permitir sentir, chorar, gritar, procurar. Então quando ligo meu notebook e pesquiso o nome de Harry, não me julgo. Sempre fui uma pessoa muito curiosa, está aí mais um motivo para o qual escolher o jornalismo foi uma tarefa muito fácil. Abro um vídeo referente a uma coletiva de imprensa que aconteceu dois dias depois que saí de casa. Fico levemente desconfortável ao ver Harry. Um misto de sentimentos dentro de mim. Era verdade o que meu pai disse, no final das contas. Olheiras arroxeadas estavam em destaque no seu rosto branco. Quando ele falava, não tinha nenhuma emoção, parecia um robô. Pesquiso o nome da empresa e me surpreendo ao não ver o nome de Harry em nenhum compromisso público. Abro outro link, dessa vez da revista que havia publicado minhas fotos e de Neville. Harry aparecia em um café, com uma expressão muito séria, a blusa social amassada e com o cabelo rebelde mais bagunçado que o normal. Ele está conversando com o padrinho, Sirius. Era o nome dele que aparecia na maior parte dos compromissos. A manchete diz que Harry está muito abalado com nossa separação e que não aparece mais para as entrevistas, está trabalhando apenas dentro da empresa. A matéria é de alguns dias atrás, o que também é estranho. Harry sempre providenciava uma equipe para se livrar daquele tipo de matéria. Por que aquela ainda continuava ali?  Meu celular toca e com o susto, fecho meu notebook, como se alguém pudesse ver o que estou fazendo. Pego meu celular e solto um suspiro aliviada ao ver o nome de Luna no visor.
— Oi, Luna.
— Olá, Gina. Como você está? - pego o notebook de cima da cama e coloco em cima de minha antiga escrivaninha.
— Estou bem, amiga. Me desculpe por não ter retornado sua ligação naquele dia, fiquei em choque com a informação. O trabalho está muito puxado esses últimos dias, então não tive muito tempo.
— Não se preocupe, está tudo bem. Estou ligando para te dizer que segunda vou me encontrar com as madrinhas para vocês experimentarem os vestidos.
— Ah, ótimo. Claro, que horas? - eu havia esquecido que o casamento estava tão próximo agora. Me deito na cama, encarando o teto.
— Vai ser ás seis da noite. Consegue estar lá? Você é a única das madrinhas que só experimentou o vestido uma vez! - mordo meu lábio inferior, pensando no horário que tenho saído do escritório todos os dias.
— Sim, com certeza.
— Perfeito! Vou te passar o endereço por e-mail, agora preciso ir. Neville está preparando o jantar para meu pai.
— Tudo bem. Mande um beijo para o Sr. Lovegood.
— Ele está mandando outro. Tchau, Gina.- ela desliga o telefone e eu suspiro. Ainda bem que eu tinha adiantado o trabalho na sexta.

Desço para a sala, onde encontro meus pais sentados no sofá de mãos dadas, assistindo o jornal. Sorrio ao presenciar aquela cena e me sinto triste também. Eles estão juntos a tantos anos e ainda assim continuam carinhosos e cuidadosos um com o outro. Lembro de olhar para eles e desejar ter um amor igualzinho. Sonhava que meu marido me olhasse da forma como meu pai olhava para minha mãe, com tanto carinho e amor. Me sento entre os dois, encostando minha cabeça no peito de minha mãe e coloco minhas pernas em cima de meu pai. Eles sorriem em minha direção e sinto quando minha mãe beija o topo de minha cabeça, fazendo carinho em meu cabelo. Ela canta baixinho em meu ouvido uma canção de ninar e meus olhos ficam pesados. Acordo de madrugada enrolada em um edredom e com a cabeça apoiada em um travesseiro. Nada havia mudado. Era bom estar em casa.


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Notas finais do capítulo

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